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Resumo:
O objetivo do presente artigo é analisar como Cuiabá e a cuiabania integram temática e retoricamente textos em prosa e verso de Silva Freire, construindo uma espacialidade que é tanto simbólica quanto política, o que implica entender como o poeta cartografou não só o espaço da cidade, mas também, em alguma medida, o direito de pertença à mesma. Assim, em lugar de ler o regional como um valor em si ou como uma instância transcendida com vistas a um estético absoluto, a perspectiva que aqui se adota é a de que Silva Freire constrói uma dinâmica desterritorializadora e reterritorializadora (DELEUZE; GUATTARI, 1997; HAESBAERT, 2011) da cidade em seus escritos. Desse modo, Freire mapeia movediços limites entre os distintos grupos que passam a ocupar o espaço da cidade ao longo do século XX, mas também invisibiliza as comunidades que habitavam o território local antes da colonização. Ao recriar poeticamente uma Cuiabá, o autor assume distintas posições discursivas nas intrincadas negociações identitárias que se dão na cidade nesse período, redefinindo, a cada novo texto, a quem de direito são a manga e o caju que a terra dá.