3 resultados para Autocracia burguesa
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Resumo:
Marques Rebelo adopts the suburban areas of the city of Rio de Janeiro as a privileged space to situate his narratives, choosing individuals who represent the lower classes of society as characters. These characters, given the precarious nature of their condition, living in border situation between order and disorder, oscillate between hope and disillusion, sometimes glimpsing the remote possibility of upward mobility, now threatened by the fear of poverty and marginality. By doing this, the writer puts into scene two different social worlds living side by side and peacefully: those who seek to live according to the values of the bourgeois social order and those who transgress the laws and moral principles and live by artifices and illegal means. This article examines some aspects of the short story "Oscarina", trying to understand how the worlds of order and disorder, or work and trickery are configured in narrative form through the trajectory of the character Jorge, the protagonist of the story. We seek to demonstrate that the boundaries between the two supposedly antagonistic universes are eventually diluted by the movement of the protagonist, who moves between the two spaces, which communicate and intertwined dialectically.
Resumo:
O presente trabalho estabelece a relação entre questão nacional e autoritarismo na América Latina. Partindo-se do pressuposto de que a soberania nacional é condição fundamental para o estabelecimento da democracia, mas considerando também que as relações externas entre os países latino-americanos e os centros hegemônicos caracterizam-se como uma relação de dependência, consideramos que a democracia nestes países continua sendo uma meta a ser alcançada. Dentro deste contexto, a arte, mais especificamente a literatura, pode e deve desempenhar um papel de grande importância, desmascarando o discurso oficial e tornando visível uma nação que nossas elites insistem em não ver. Por trás do corpo visível destas nações existe um corpo invisível, apesar de não menos real, formado por uma diversidade de raças, línguas, culturas e religiões, que esconde uma profunda desigualdade social, política e econômica. Na literatura fantástica, este corpo surge como uma ameaça à ordem burguesa, subvertendo a aparente pureza e unidade que esta luta por preservar, zelando assim pela manutenção de uma nação específica, sua máscara e retrato, ou seja, branca e católica. A fim de ilustrá-lo, analisamos o conto Apocalipsis de Solentiname, de Julio Cortázar. Neste relato, o escritor argentino coloca em questão a relação entre vida e arte, destacando o quanto os seus limites são tênues, ainda que a cultura ocidental e cristã empenhe-se em relegar a segunda ao reino da fantasia e da ilusão. Uma questão que reveste-se de um interesse especial ao constatarmos que menos de dois anos depois de escrito, as imagens de violência, morte e tortura presentes neste conto aconteceriam de fato, quando então a guarda nacional do ditador Somoza invade a Ilha.
Resumo:
A partir do século XVII, inúmeros autores, como os irmãos Grimm e Hans Christian Andersen, pesquisaram e, posteriormente, publicaram histórias baseadas no folclore popular europeu. Como o período em que tais fenômenos ocorreram converge com o nascimento da família burguesa, que redirecionou a visão acerca da criança, as histórias produzidas por esses autores acabaram por ser adaptadas ao universo infantil. A figura do diabo fazia parte da memória coletiva europeia, sua presença é notadamente perceptível no ideário da Idade Média, logo, a inserção desse personagem em obras fictícias para crianças tornou-se comum nos enredos infantis da época. O artigo analisará, em alguns contos produzidos entre os séculos XVIII e XIX, as similitudes perceptíveis na criação do personagem, e comprovará seu caráter folclórico, bem como sua construção literária a partir de um denominador coletivo comum: a memória popular, que inspirou as primeiras histórias infantis, uma vez que o gênero antes de ocupar o espaço da escrita, esteve presente na memória dos povos e foi levada de geração a geração por meio da oralidade.