2 resultados para Projetos culturais
Resumo:
O artigo tratará dos resultados preliminares de minha pesquisa de mestrado, ainda em andamento, cujo objetivo é refletir sobre as "equivocaçâo" (Viveiros de Castros, 2004) que ocorrem com a implantaçâo de projetos de manejo sustentável de animais entre populaçôes indígenas da Amazônia. Pretendo mostrar que essas equivocaçôes se devem ao fato de que os membros de projetos ecológicos e as populaçôes indígenas, apesar de semelhanças superficiais e interesses comuns possuiriam concepçôes e atitudes totalmente diferentes em relaçâo ao que chamamos de natureza e meio ambiente, que nâo existem sob a forma de uma esfera autônoma para muitos desses povo. A partir dessa discussâo, serâo focalizados alguns exemplos específicos de projetos em andamentoou concluídos, estabelecendo um diálogocom autores que discutem experiências de "desenvolvimento" entre povos indígenas.
Resumo:
As verdadeiras razões das guerras no mundo primitivo constituem uma questão que merece maior atenção dos estudiosos. Um motivo óbvio dessas guerras no mundo primitivo era a disputa pela exploração do meio ambiente, mas isso geralmente não ocorria entre os indígenas brasileiros, devido à vasta extensão territorial do país. Mesmo no caso dos guerreiros Munduruku, a “razão beligerante” da tribo permanece pouco explorada. O que mais se encontra são descrições dos ataques aos inimigos, do valor social atribuído aos guerreiros, do objetivo imediato da guerra - a caça às cabeças – e das festas em que essas peças eram enfeitadas tornando-se os mais valiosos troféus. Sua importância se devia ao fato de que, de acordo com as crenças indiígenas, elas propiciavam sucesso às atividades de caça, coleta e agricultura, tornando-se então necessárias ao bem estar da tribo. Nossa proposta é considerar a guerra como o elemento central da vida Munduruku, ou seja, a razão mesma de sua existência. Nessa atividade se ancoravam os valores culturais por excelência do grupo, bem como os elementos básicos da sua organização social. Independentemente de vinganças, de disputas ou de qualquer outro motivo “justo”, a guerra tinha que acontecer para os Munduruku: a vida da tribo dependia da morte dos inimigos e de suas valorizadas cabeças. Nossa hipótese é que uma explicação de base genética pode explicar mais coerentemente essa radical “necessidade” da guerra perpetrada pelos Munduruku.