7 resultados para Intoxicação de plantas
em Universidade Federal do Pará
Resumo:
Através de estudo experimental, verificou-se que, embora o quadro clínico-patológico seja essencialmente o mesmo, o búfalo é pelo menos duas vezes mais resistente que o bovino à ação tóxica de Arrabidaea bilabiata (Sprague) Sandw. Os experimentos demonstraram também, que as folhas novas desta planta são duas vezes (em outubro, fim da época de seca) ou uma vez e meio (em maio, fim da época de chuva) mais tóxicas do que as folhas maduras, e que a planta é mais tóxica em outubro. Esses dados indicam que a menor incidência de intoxicação por plantas do grupo das que causam morte súbita, em búfalos na Amazônia, deva-se, em parte, à maior resistência dessa espécie animal. Também parece importante a coincidência do habitat preferencial dos búfalos (várzea) com o habitat de A. bilabiata, planta menos tóxica que Palicourea marcgravii St.Hil., encontrada em terra firme que é o habitat preferido pelos bovinos.
Comparação da sensibilidade de bovinos e búfalos à intoxicação por Palicourea marcgravii (Rubiaceae)
Resumo:
O presente estudo foi realizado para verificar se búfalos são mais resistentes do que bovinos à ação tóxica de Palicourea marcgravii, mediante a administração da planta por via oral, simultaneamente, a bovinos e a búfalos. Foram usados sete búfalos e três bovinos. Verificou-se que em búfalos doses de 0,5 g/kg, 1,0 g/kg e 2,0 g/kg não causaram sintomas de intoxicação. As doses de 3,0 g/kg, 4,0 g/kge 6,0 g/kg causaram a morte dos búfalos. Em bovinos, a dose de 0,25g/kg não causou sinais clínicos de intoxicação, enquanto que doses de 0,5 g/kg e 2,0 g/kg causaram a morte. A influência do exercício sobre o aparecimento dos sintomas, o prazo decorrido desde o começo da administração da planta até o início de sintomas, e os próprios sintomas, foram semelhantes nas duas espécies animais. O curso clínico foi mais longo nos búfalos. Enquanto nos bovinos o período entre o aparecimento dos sintomas graves e a morte foi de 9 a 17 minutos, nos búfalos variou de 10 minutos a 1 hora e 28 minutos. Pode se concluir que os bubalinos são aproximadamente seis vezes mais resistentes do que os bovinos à ação tóxica de P. marcgravii. O menor índice de mortes pela ação de plantas tóxicas na Amazônia em búfalos é, pelo menos em parte, devido à maior resistência do búfalo à intoxicação por essa planta. Outro fator responsável pelo menor número de mortes em búfalos pela intoxicação por plantas, na Amazônia, poderia ser que os búfalos preferem a várzea, que é o habitat de Arrabidaea bilabiata, a segunda planta tóxica mais importante da Amazônia, menos tóxica do que P. marcgravii, e com habitat na terra firme. Em áreas onde ocorre P. marcgravii seria mais prudente, para diminuir os prejuízos, criar búfalos em lugar de bovinos. A causa dessa maior resistência do búfalo merece ser investigada para a eventual elaboração de métodos profiláticos da intoxicação por P. marcgravii em bovinos. Por outro lado, pesquisadores australianos modificaram geneticamente a bactéria ruminal Butyrivibrio fibrisolvens, mediante a introdução de um gene, isolado de Moraxella sp, que codifica uma dehalogenase, capaz de hidrolizar fluoroacetato. A transferência de B. fibrisolvens geneticamente modificado para o rúmen de animais ingerindo plantas que contêm fluoroacetato, como é o caso de P. marcgravii, seria um método viável para o controle da intoxicação mediante a detoxificação ruminal do princípio ativo. Em contatos preliminares o diretor responsável do consórcio na Austrália responsável pela modificação da bactéria, declarou o interesse em vender a tecnologia ao nosso país, porém seria necessário saber se é possível importar essa bactéria geneticamente modificada no Brasil. Caso positivo, seria indispensável realizar pesquisas sobre a viabilidade e a metodologia para o uso dessa bactéria em nosso meio.
Resumo:
Foram realizados três experimentos para determinar a eficácia de vários métodos de aversão a Baccharis coridifolia em bovinos: administração oral forçada de 0,5g kg-1 de peso vivo de B. coridifolia fresca; inalação forçada da fumaça proveniente da queima de B. coridifolia e esfregação da planta no focinho e na boca dos animais; e introdução dos animais em pastagens com baixa infestação por B. coridifolia. Os resultados demonstraram que os animais forçados a ingerir pequenas doses tornaram-se fortemente avertidos, quando introduzidos nos piquetes entre 23 a 26 horas após a aversão. Entretanto, bovinos introduzidos nos piquetes após 1 a 10 horas não foram totalmente avertidos. Inalação da fumaça de B. coridifolia e esfregação da planta no focinho e boca dos animais não foram eficientes para produzir aversão. A introdução de bovinos em piquetes com aproximadamente 1% de B. coridifolia foi eficiente quando os animais permaneceram cinco meses na área, mas não quando ficaram apenas 60 horas, pois os bovinos precisam de tempo para aprender a evitar a planta.
Conditioned food aversion to Ipomoea carnea var. fistulosa induced by Baccharis coridifolia in goats
Resumo:
Baccharis coridifolia é uma planta tóxica que possui forte poder aversivo em ruminantes. Os objetivos deste trabalho foram induzir aversão condicionada a Ipomoea carnea avar. fistulos em caprinos utilizando B. coridifolia como agente aversivo e comparar a eficiência desta aversão com a aversão induzida por cloreto de lítio (LiCl). Treze cabras foram divididas em dois grupos: o Grupo 1 com seis cabras foi avertido com 175mg/kg de peso corporal (pc) de LiCl e o Grupo 2, com sete cabras, foi avertido com 0,25g/kg de pc de B. coridifolia seco. Todas as cabras foram avertidas no dia 1 logo após a ingestão de I.carnea. A aversão foi repetida nos dias 2, 3 e 7 nos caprinos que ingeriram qualquer quantidade de I. carnea, utilizando-se o mesmo procedimento do dia 1. Os caprinos de ambos os grupos foram desafiados nas baias nos dias 23 e 38 após o último dia da aversão e desafiados na pastagem nos dias 11, 15, 18, 20, 22, 25, 27 e 29 após o último dia da aversão. Posteriormente os caprinos foram desafiados a cada 15 dias na pastagem até o 330º dia após o último dia da aversão (7º dia). Duas cabras do Grupo 1 ingeriram I. carnea no primeiro dia do desafio na pastagem, quatro dias após o ultimo dia da aversão nas baias. Além disso, outra cabra do mesmo grupo reiniciou a ingestão da planta no 18º dia e outras duas no 20º dia. Uma cabra do Grupo 1 que nunca havia ingerido a planta após a aversão morreu no 55º dia. Uma cabra do Grupo 2 começou a ingerir I. carnea no primeiro dia de desafio na pastagem e uma segunda reiniciou o consumo da planta no 182º dia. No final do experimento no 330º as cinco cabras avertidas com B. coridifolia permaneciam sem ingerir a planta. Estes resultados sugerem que B. coridifolia ou algum princípio ativo dessa planta pode ser utilizado para induzir aversão condicionada a plantas tóxicas. A utilização de B. coridifolia como agente aversivo é aparentemente mais barato e mais fácil de ser utilizado do que o LiCl, o qual requer o uso de sonda oro-gástrica e pessoal qualificado para sua implementação.
Resumo:
Para estudar as intoxicações por plantas que ocorrem na Ilha de Marajó foram visitadas 7 fazendas. Em todas as fazendas visitadas as pastagens eram constituídas de campo nativo, tinham pouco ou nenhuma disponibilidade de forragem e estavam severamente invadidas por Ipomoea asarifolia. Nas 5 propriedades foi relatada a ocorrência da intoxicação por esta planta em ovinos. Animais jovens são mais afetados do que adultos. Em duas dessas propriedades foram observados ovinos com sinais clínicos. Em 4 fazendas, os proprietários relataram a ocorrência da intoxicação por I. asarifolia em bovinos e, em uma dessas, foram observados bovinos com sinais clínicos em duas visitas realizadas, uma no período seco e outra no início do período chuvoso. Em bovinos as mortes ocorrem principalmente quando são afetados bezerros. A doença é observada todos os anos, com morbidade variável e baixa mortalidade. Os sinais clínicos foram característicos de uma doença tremogênica. Um bovino e um ovino, que apresentavam sinais clínicos acentuados e foram eutanasiados e necropsiados, não apresentavam alterações macroscópicas nem histológicas de significação. Em todas as fazendas visitadas eram criados bubalinos juntamente com bovinos e/ou ovinos e em 3 propriedades eram criados caprinos, mas nenhum proprietário relatou a ocorrência da intoxicação nestas duas espécies.
Intoxicação por Ipomoea carnea subsp. fistulosa (Convolvulaceae) em caprinos na Ilha do Marajó, Pará
Resumo:
Ipomoea carnea subsp. fistulosa é uma planta que contém swainsonina causando doença de depósito lisossomal em ruminantes, principalmente em caprinos na região Nordeste do Brasil. Para o estudo das plantas tóxicas da Ilha de Marajó, foram visitadas sete propriedades rurais na Ilha de Marajó, seis localizadas no município de Cachoeira do Arari e uma no município de Soure. Em todas as propriedades visitadas as pastagens eram constituídas de campo nativo, tinham pouca disponibilidade de forragem e I. carnea subsp. fistulosa encontrava-se em grande quantidade. Nas três propriedades onde eram criados caprinos foram observados animais com sinais nervosos, incluindo tremores de intenção, aumento da base de sustentação quando em estação, ataxia, hipermetria, nistagmo, paresia espástica ou debilidade, alterações posturais, perda de equilíbrio e quedas. Em duas fazendas a prevalência foi de 32% (23/71) e 100% (32/32) e em outra havia um animal com sinais acentuados e o resto do rebanho, de 19 caprinos, não foi examinado clinicamente. Bovinos, ovinos e bubalinos não foram afetados. Foram eutanasiados e necropsiados seis caprinos que apresentavam sinais clínicos acentuados. Macroscopicamente não foram observadas alterações. Na histologia observou-se vacuolização do pericário de neurônios e do citoplasma de células epiteliais da tireóide, rim, fígado, pâncreas e macrófagos de diversos órgãos. No sistema nervoso central a vacuolização era mais grave nos neurônios de Purkinje do cerebelo e nos neurônios dos núcleos cerebelares e do tronco encefálico. Observaram-se também degeneração walleriana dos axônios e gliose. A alta freqüência da intoxicação nas três fazendas que criavam caprinos sugere que a intoxicação por I. carnea subsp. fistulosa é muito importante para caprinos na Ilha de Marajó, onde há abundante quantidade da planta, que permanece verde durante todo o período seco.
Resumo:
Na Ilha de Marajó, embora exista grande quantidade de I. asarifolia e I. carnea subsp. fistulosa, não há relatos de intoxicação por essas plantas em caprinos, ovinos e bubalinos. A intoxicação por I. asarifolia foi observada nessa região somente em bovinos (Barbosa et al. 2005). O objetivo do presente trabalho foi descrever a intoxicação por em bovinos e ovinos e a intoxicação por I. carnea subsp. fistulosa em caprinos na Ilha de Marajó, sendo constituído de dois capítulos: Capitulo I- Intoxicação por Ipomoea carnea subsp. fistulosa (Convolvulaceae) em caprinos na Ilha de Marajó; e Capítulo II- Intoxicação por Ipomoea asarifolia (Convolvulaceae) em ovinos e bovinos na Ilha de Marajó.