1 resultado para Imaginação nas crianças Teses

em Universidade Federal do Pará


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A dissertao trata do sentido de corpo para crianças acolhidas em um abrigo. Primeiramente, apresentamos a fundamentao conceitual de corporeidade focada no existencialismo, desvelando sua dimenso educativa. A seguir, apresentamos a medida de acolhimento em abrigo institucional para crianças numa perspectiva historicizada, abordando-a como espao-tempo-vivido de cuidado e educao. Isto possibilita perspectivar a criana abrigada vivendo as dimenses de ser-corpo em um contexto de cuidado e educao institucional, pautado em normas e costumes diferentes daqueles familiares e que na atualidade tem se caracterizado como modelo disciplinar flexvel. Este trabalho uma pesquisa de campo com enfoque qualitativo, realizada com autorizao da FUNPAPA e da instituio locus da pesquisa. O universo investigado foram quatro crianças do sexo masculino, com idades entre oito e onze anos, acolhidas institucionalmente a mais de trs meses. Aplicamos formulrios para caracterizao dos sujeitos e da instituio; e para contemplar o fenmeno utilizamos a observao sistemtica, registrada em filmagens e dirio de campo. Os dados foram analisados com base no mtodo de interpretao fenomenolgico na perspectiva do Fenmeno Situado, que usa as Unidades de Significado para alcanar generalizaes sobre o fenmeno pesquisado. Nossos resultados indicaram que a instituio pesquisada embora nasa sob o sopro das mudanas vindas com o ECA, mantm elementos da pedagogia das antigas instituies, pois embora os infantes tenham certa flexibilidade para escolher o que, onde e com quem fazer atividades no tempo livre, isto no significa ausncia de controle sobre seus comportamentos e condutas. Falta liberdade de como fazer, que acaba afetando s demais possibilidades de escolhas (corpo-opo). O tempo livre tido como ocioso e ocorre dentro da instituio (corpo-recluso). A imaginação a frmula encontrada pelos infantes para escapar da monotonia (corpo-imaginação). O corpo experimentado como instrumento de poder (entre os coetneos e com os adultos); e tambm para demarcar propriedade (corpo-domnio). Todavia elo com o outro, pois possibilita ver e ser visto como existncia (corpo-presena), sendo experimentado como maneira de ser consigo e com o outro (corpo-identidade). Mas os infantes continuamente experimentam o corpo limitado pela coletividade (corpo-disciplina) e na busca por interaes afetuosas ou ante situaes frustrantes, o corpo extravasa sentimentos (corpo-aconchego). O corpo-criana objetivado pelo adulto (corpo-disciplina); e por isso destitudo de intencionalidade pelo ltimo (corpo-translcido). Mas no significa que o sujeito subjugado, j que se insurge de maneira velada ou explicita contra este controle (corpo-resistncia). O sentido de educao do abrigo no estimula a individualidade e a autonomia, incapaz de satisfazer demandas afetivas, emocionais e sociais. Esta pedagogia separa os sujeitos em corpo e mente e igualmente busca o controle do corpo para submisso da vontade. Ento, o corpo vivido no acolhimento subjetividade aprisionada no corpo-objeto, mas insurgente contra este modelo.