2 resultados para Grécia Antiguidades

em Universidade Federal do Pará


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A metamorfose, de acordo com Jean Chevalier e Alan Gheerbrant, definida neste estudo como a transformao fsica e/ou comportamental de um ser em outro, sem a perda da identidade e cincia do primeiro ser. Esta transformao um fenmeno recursivo em diversas mitologias e culturas. O presente trabalho tem por objetivo estabelecer, numa abordagem comparativa, as correlaes e diferenas entre o tema da metamorfose recorrente nos mitos gregos relatados por Homero, em sua Odisseia, nos mitos gregos descrevidos pelo poeta latino Publius Ovidius Naso, conhecido como Ovdio, em sua obra Metamorfoses, nos cinco primeiros livros, e entre as narrativas orais que referem casos de metamorfoses ocorridos no municpio de Belm do Par, inventariadas no perodo de 1994 a 2004. Foram consideradas as obras Odisseia e Metamorfoses por serem ambas, respectivamente, expoentes da literatura ocidental de uma Grécia dos sculos VIII a VII a.C e de uma Grécia do sculo I d.C retratada pelo poeta latino Ovdio, e que carregam o tema da metamorfose. Isto porque o estudo prvio ratifica a formao de ndices mticos no somente nas narrativas da mitologia grega, mas tambm nos casos de metamorfoses oriundos de Belm. Em todo o caso, nota-se a configurao espao-temporal como entidades que sedimentam e organizam o mundo mtico, articulando tais dimenses a representaes no mundo fsico-espiritual. O tema da metamorfose, contudo, conformado de forma diferenciada, conforme o contexto histrico-cultural de cada narrativa, o que refletido na multiplicidade de smbolos e sentidos perseguidos por cada narrativa. A fim de enriquecer o estudo dos smbolos e do contexto histrico-geogrfico dos mitos gregos abordados, utilizam-se como fonte complementar os manuais de Junito Brando, a saber, a obra Mitologia de Junito Brando, nos volumes I, II e III, bem como os dois volumes do Dicionrio Mtico-Etimolgico da Mitologia Grega. Para uma anlise comparativa mais eficaz, precisou-se ir alm do estudo contextual de produo e representao dos cdigos subjacentes a cada narrativa, pois o mito, nas palavras de Ernest Cassirer, experimentado na conscincia, porm anterior a ela; o homem vive o mito, logo, o mito anterior ao homem, posto que medida que toma conscincia de sua existncia e das relaes que tece com o mundo, o homem se vale do mito para estabelecer relaes de valor e sentido, bem como representaes para singularizar suas experincias. Trata-se, portanto, de uma questo filosfica de vital importncia, por isso, buscou-se, para este estudo ltero-narratolgico, os fundamentos da Filosofia da mitologia, junto a consideraes de uma Antropologia cultural, associado ao levantamento contextual-histrico do cosmo que constitui cada narrativa, a fim de lanar bases elucidativas sobre as relaes do homem com seu mundo a partir de determinadas transformaes. Sob este foco, diante da pesquisa prvia das narrativas que sero analisadas, percebeu-se que as metamorfoses apresentavam maiores ocorrncias quando: 1) simbolizavam o mal na figura dos metamorfoseados; 2) apresentavam motivaes de cunho sexual e 3) consistiam em explicaes para acontecimentos do mundo fsico-espiritual. Trata-se de uma diviso metodolgica que objetiva viabilizar a organizao e visualizao do estudo comparado. Conclui-se, ento, que alm de possibilitar a leitura e o conhecimento dos mitos gregos e de relatos da Amaznia pelos smbolos constitudos na conscincia mtica, este estudo pode servir como uma base para verificao do exerccio literrio da linguagem criadora por meio do narrar, bem como ampliar a compreenso do que seja e faz a conscincia humana enquanto arrimo para a difuso de comportamentos e crenas compartilhados pelo indivduo em sociedade.

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Este trabalho analisa a obra O Nativo de Cncer, do escritor paraense Ruy Barata, publicado como fragmento em 1960. Buscamos estudar os elementos mitolgicos e picos presentes na composio do poema O Nativo de Cncer. No primeiro captulo faremos um estudo do mito, apresentando as ideias de Mircea Eliade sobre a ocorrncia do mito nas sociedades tradicionais por meio do texto Mito e Realidade. Tambm exporemos o pensamento de Roland Barthes, no texto Mitologias, que aborda as maneiras em que o mito ocorre na contemporaneidade. Adicionalmente, esboaremos conceitos acerca da epopeia, contextualizando sua ocorrncia na Grécia e indicando suas configuraes, as quais sero contextualizadas posteriormente. No segundo captulo, trataremos das narrativas dos naturalistas e estudiosos que viajaram pela Amaznia nos sculos passados, a fim de compreendermos como ocorrem os mitos fundadores na regio e como Ruy Barata tenta desfaz-los por meio de sua poesia moderna. No terceiro captulo, analisaremos auxiliados pela "Estilstica Gentica" de Leo Spitzer os dois cantos do poema O Nativo de Cncer, justificando a utilizao de determinadas figuras retricas, a fim de apresentarmos em que momentos e de que maneira o poema pode se assemelhar ao mito e epopeia e como estas configuraes exprimem a luta do poeta nativo pela poesia na Literatura da Amaznia.