19 resultados para Ficção brasileira
em Universidade Federal do Pará
Resumo:
Homens e caranguejos (1967), única narrativa ficcional de Josué Apolônio de Castro (1908-1973), a priori publicada em francês (1966), durante o forçoso exílio do autor em Paris, é sumariamente expressiva desde o prólogo que antecede a trama. Nomeando as páginas introdutórias deste romance como Prefácio um tanto gordo para um romance um tanto magro, Josué de Castro distende, ao retomar num tempo que já considerava anacrônico, o hábito pela escrita prefacial, a concepção de paratexto ampliada por Gerard Genette (1930), em Palimpsestes (1982). Apresentando a fome pelas recordações infantis que dela possui, o autor aguça no público-leitor a vontade de tatear, rente a seu olhar aparentemente ingênuo de criança e, de ficcionista de “primeira viagem”, o macrocosmo de memórias da fome que lhe serve como porto de partida para a criação de um microcosmo lúdico e faminto, pelo qual a imaginação e impossibilidade de re-apresentação total do vivido na linguagem, rearranjam a realidade da condição humana, reinventando-a pela articulação dramática dos elementos formais, sobretudo, tempo-espaço, narrador e personagem. A ficção se põe no ritmo fragmentado de aventuras e desventuras assumidas a partir dos intervalos da memória. Serão sumários nos estudos mnemônicos, as apreciações de Henri Bergson em Matéria e memória (1896), Jacques Le Goff em História e memória (1924) e Maurice Halbwachs, na publicação póstuma de A memória coletiva (1950), em face de serem fontes subsidiárias da aproximação entre os estudos da memória e a literatura. Lança-se mão da lembrança a fim de legendar os diálogos futuros entre o protagonista infantil, João Paulo, ávido pela liberdade sonhadora própria da criança, e as memórias de outros experientes personagens, nem tão esperançosos assim. Dá-se na narrativa o tom que oscila entre a transformação e a acomodação do eu e do outro, de espaços simbioticamente incertos e unidos por suas fomes. Fome que é, desde então, a personagem modeladora, que provoca o diálogo da presente pesquisa com o modo de apreensão que é dado por Angela Faria, na dissertação Homens e caranguejos: uma trama interdisciplinar. A literatura topofílica e telúrica (2008). Vislumbra-se no elemento famélico uma função que vai além da tematização social do subdesenvolvimento, como agente que apalpa com mãos-de-ferro o estrato formal e interno da obra.
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Este trabalho procura demonstrar, através do percurso percorrido pela personagem Alfredo, ao longo do itinerário que vai de Cachoeira até à cidade de Belém, em uma criação dalcidiana, o processo de gradual desalienação de um menino que aos poucos vai se tornando um rapaz. A formação da personalidade passa por um sofrido processo, que na vida do herói conduz ao choque necessário provocado por algumas desilusões. Confrontando-se com sentimentos ambivalentes, com estados de indefinição e indecisão, Alfredo vai abrindo caminho através do labirinto de seu ser palmilhado pelo que representa a cidade enquanto também um labirinto não menos desafiador. Nesse processo de integração, o objetivo final é o resgate da dignidade humana que não se limita ao ser do herói, Alfredo, mas abarca um amplo projeto político que é buscado como alternativa popular.
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Procura-se fazer um estudo das relações entre Literatura e História na recepção crítica dos contos de Inglês de Souza. No primeiro momento, foi feita uma síntese da contextualização literária do autor, dando ênfase ao Realismo-Naturalismo e à etnografia inglesiana. No segundo momento, foi abordada a concepção de leitor e a Estética da recepção, com ênfase sobre a idéia de leitor, a construção de sentidos, o efeito e a recepção, o leitor na conceituação Jauss, segundo Regina Zilberman. No terceiro momento, foi destacado o movimento da Cabanagem. No quarto momento, fez-se a análise da recepção dos Contos Amazônicos, com destaque para a leitura dos contos, "A Quadrilha de Jacó Patacho" e "O Rebelde", os mosaicos da crítica e a análise dos contos. Por fim, através desta pesquisa, buscase contemplar o cenário da vida amazônica a partir da natureza, dos mitos e de tantas outras cenas da Região Amazônica
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O romance As Meninas suscita relevante discussão sobre a produção ficcional introspectiva de Lygia Fagundes Telles. Suscita também implicações de cunho sociológico, político e literário, indicadores da manifestação artística da autora em sintonia com a perspectiva do homem contemporâneo, que vive as agruras do confronto entre si mesmo e as convenções coletivas, concomitante, o desalento desse mesmo homem na busca de sua identidade enquanto ser humano numa sociedade cujos valores sociais, políticos e humanos são decadentes. Nesse sentido, além de refletirmos sobre a importância canônica de Lygia Fagundes Telles no espaço literário brasileiro contemporâneo, refletimos ainda sobre manifestações de choque entre indivíduo e as convenções coletivas (indivíduo x mundo), e os aspectos sociológicos subjacentes à obra. As Meninas. Assim, baseando-nos nos estudos de Lucien Goldmann e Georg Lukács, mas, principalmente, nos estudos de Antonio Cândido, procuramos analisar as relações literário-político-sociais, as quais interferem e contribuem para a ruptura entre indivíduos e convenções sociais estabelecidas em As Meninas, de Lygia Fagundes Telles.
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Este trabalho pensa o romance Marajó de Dalcídio Jurandir como um bem de cultura numa perspectiva pós-colonial, na qual se questiona e se rearticula os discursos hegemônicos e homogeneizadores da modernidade. Proponho, desse modo, defender a idéia de que, à semelhança do arquipélago do Marajó, o romance homônimo de Dalcídio Jurandir pode nos dizer que sob a aparente homogeneidade da região está o ambivalente e o heterogêneo, e que essa narrativa redefine, portanto, o processo simbólico e o imaginário social sobre a Amazônia que, tradicionalmente, têm constituído a imagem dessa região.Para tanto, demonstro como se forja um novo signo cultural a partir da representação de um espaço que oscila entre o documento e ficção, bem como da representação de um sujeito em condição fronteiriça e ambivalente e de uma escrita que se faz dupla e fragmentária. A fundamentação teórica desse estudo consiste, sobretudo, nos pressupostos a respeito da construção de narrativas que representam uma nação e criam uma identidade cultural estabelecidas, principalmente, por Timothi Brennan, Homi Bhabha e Stuart Hall, bem como, na idéia de dissimulação e suplemento depreendidas dos estudos de Barthes e Jacques Derrida; nas contribuições de Deleuze e Guatarri, Donaldo Schuller, Finazzi-Agro,Garcia Canclini, Costa Lima, Angel Rama, dentre outros, para se pensar a condição do sujeito e a construção do espaço na narrativa dalcidiana, e, ainda, nas contribuições analíticas de pesquisadores da obra dalcidiana como Assmar, Vicente Salles, Marli Tereza Furtado, Castilo,dentre muitos outros.
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Este trabalho tem como escopo o estudo novela "Buriti" / Noites do Sertão (1956), de Guimarães Rosa, com ênfase nos aspectos da obra em que o tema do patriarcado no Brasil é discutido, com base em referências historiográficas e etnossociológicas contidas em obras como Casa Grande & Senzala (1933) de Gilberto Freyre, Raízes do Brasil (1936) de Sérgio Buarque de Holanda e de outros estudos pertinentes ao assunto provenientes do trabalho de intelectuais brasileiros contemporâneos de Guimarães Rosa e de outros mais recentes. Tendo em vista a análise das linguagens ficcional, estética e documental da literatura rosiana, buscou-se também fundamentação no estudo da recepção pela crítica no período entre 1970 e 2007, nas diversas perspectivas sob as quais não apenas a novela em pauta, mas o conjunto da obra de Guimarães Rosa tem sido estudado, no intuito de apreender as diversas dimensões em que as questões ligadas às instituições patriarcais no Brasil são ressignificadas, a fim de compreendê-las como contribuições narrativas sobre uma fase sensível da vida brasileira ? a primeira metade do século XX. E, sobretudo, como uma forma de escritura na qual Guimarães Rosa exercita um viés particularmente arguto da sua criação: a rememoração historiográfica aliada a um tipo de narrativa que, nesta pesquisa, convencionou-se chamar de fusão dos horizontes histórico e estético, numa perspectiva que propõem ao leitor numerosos questionamentos sobre o tempo, a arte e a literatura brasileira desse período. Problemas que este estudo pretendeu, de alguma forma, entender e atualizar, sob um enfoque crítico, em face da importância da literatura para a iluminação de novas dimensões ainda ocultas da vida brasileira, em especial da obra rosiana.
Resumo:
Este trabalho não pretende discutir as inúmeras leituras que as obras de Dalcídio Jurandir vem merecendo ao longo dos anos; deseja, tão somente, apresentar uma proposta de leitura do romance Passagem dos Inocentes, na perspectiva do Materialismo histórico-dialético. A ênfase do trabalho reside na metáfora que aproxima semanticamente o título do romance ao processo de emancipação crítica verificado em seu protagonista. As fases dialéticas da tese, antítese e síntese, no processo de auto-realização verificado em Alfredo, processam-se numa cadeia contínua a partir dos seguintes estágios: ilusão ideológica; decepção com a urbs e, por último, auto-realização com a construção de um percurso contrário a urbs.
Resumo:
Esta dissertação analisa os aspectos sociais do romance Safra (1937) de Abguar Bastos, que aborda a economia da castanha na Amazônia no início do século XX, período em que a semente foi uma das poucas alternativas para os produtores após a falência da atividade de extração da borracha. A situação dos personagens, principalmente os mais pobres, da vila de Coari revela não só uma obra com tom de denúncia, como uma reflexão sobre o ser humano, o poder e as suas consequências. Nesta exposição observam-se três pontos inseparáveis. O primeiro é o contexto histórico à época em que os dois produtos, a borracha e a castanha, foram as principais fontes de lucro para a população e como se deu a passagem de uma para a outra. O segundo indica o romance como regionalista da 2º geração modernista do Brasil, por isso a carreira do escritor é apresentada com intuito de observar o percurso feito por ele, quais as idéias do movimento e qual posição política é assumida em seu trabalho. Por fim, a terceira parte aborda a maneira como a população foi retratada no livro, as características do protagonista e quais os discursos estão escondidos na narrativa.
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O presente trabalho aborda o romance Galvez Imperador do Acre, publicado em 1976, pelo escritor amazonense Márcio Souza, estabelecendo as relações entre o texto literário e as propostas estéticas das vanguardas modernistas, tanto européias quanto brasileiras, propondo, assim, a investigação das relações entre modernismo e pós-modenismo, bem como as relações entre literatura, sociedade, história e cultura. Abordaremos questões como a ressignificação de textos literários ou não em Galvez imperador do Acre por meio do processo de colagem e intertextualidade, as relações entre o romance e o momento histórico que retoma e com aquele em que foi produzido, a operação de retomada do passado de forma crítica e transformadora e as possibilidades de leitura do texto literário com vista a algumas teorias pós-modernistas e pós-colonialistas. Observaremos, assim, a maneira como o mesmo retoma a Belle Époque e a extração do látex na Amazônia e sua estética fragmentária, constituída de diversas citações de autores canônicos, investigando o funcionamento da colagem e da antropofagia como principais ferramentas de denúncia e subversão ao processo cultural de importação de valores europeus vivido pelas capitais amazônicas no momento representado pelo romance e cuja crítica pode ser extrapolada para todo um processo de formação cultural no Brasil e na Amazônia. Para isso, poremos em causa as teorias de Jaques Derrida, Walter Benjamim, Claude Levi-Strauss, Fredric Jameson, Luiz Costa Lima, Antonio Candido, Aijaz Ahmad, Homi Bhabha, Stuart Hall, Canclini, Silviano Santiago, Angel Rama, Linda Hutcheon, Antoine Compagnon, entre outros, afim de, a partir do romance em análise, aprofundarmos a discussão teórica acerca das relações comparativas entre textos literários e entre os Estudos Literários e outros campos de estudo.
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Esta pesquisa insere-se no eixo temático literatura e cultura e investiga a protagonista da trilogia da escritora Lindanor Celina composta pelas obras: Menina Que Vem de Itaiara, Estradas do Tempo-foi e Eram Seis Assinalados. O trabalho rastreia a trajetória da protagonista Irene desde a infância até a maioridade, tentando capturar todos os condicionantes que influenciaram na formação de sua personalidade e de seu comportamento. O trabalho divide-se em quatro capítulos, sendo que o primeiro aborda os pressupostos teóricos que lhe dão suporte. São eles principalmente: autobiografia; dialogismo, polifonia e intertextualidade; teoria de gênero e teorias psicológicas do campo da psicanálise. O segundo capítulo apresenta a vida e a obra da escritora, discute a abordagem biográfica nas obras estudadas, bem como mostra a crítica sobre a trilogia. O terceiro capítulo analisa a intertextualidade entre os romances em estudo e também de dois destes com o romance Chove nos Campos de Cachoeira de Dalcídio Jurandir. O quarto capítulo dedica-se à análise das obras e às conclusões a que o estudo chegou.
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Este trabalho realiza uma leitura da obra Três Casas e um rio de Dalcídio Jurandir, seguindo alguns percursos para a formação da identidade de Alfredo. Preocupa-nos, primeiramente, verificar como a identidade de Alfredo se articula diante das diferenças culturais e dicotomias como popular/erudito; oral/escrito. Popular e oral, ligados a valores da mãe negra, D.Amélia, e erudito e escrito, relacionado ao pai, Major Alberto. Em seguida, apresenta os traços fronteiriços auxiliadores da elaboração da identidade de Alfredo, Finalmente, verifica-se como as narrativas presentes na obra estão incorporadas no texto dalcidiano, e sua importância para a resolução de alguns conflitos vivenciados pelo protagonista.E para que se possa visualizar a abordagens teóricas aqui trabalhadas, contribuem com este estudo autores como Stuart Hall, D. Shüller, Zilá Bernd e, ainda, serão citados Walter Benjamin, Anthony Giddens, entre outros.
Resumo:
O Tetraneto Del-Rei é uma obra que mescla linguagens, gêneros, discursos e tece, nesse emaranhado de fios, um texto original que recria parte de nosso período colonial questionando destrutivamente o discurso cristalizado pela história e mesmo por textos que compõe nosso cânone literário. Os textos utilizados na obra do paraense Haroldo Maranhão são reconstruídos num tom, sobretudo crítico, revelando uma outra visão do processo de colonização. Assim, partindo da produção literária dos países com colonização semelhante ao nosso, inicio a leitura considerando alguns trabalhos como os de Silviano Santiago, Antonio Candido e Roberto Schwarz. Além disso, há que se considerar aspectos históricos e sociais da empreitada portuguesa e dos discursos construídos acerca das terras recém descobertas e dos seus habitantes, discursos esses que serão reafirmados e reconstruídos pelo texto literário. Nesse sentido, serão utilizados alguns textos quinhentistas que auxiliarão a demonstrar os aspectos do discurso colonial e sistematizá-los com base em Eni Orlandi, Homi Bhabha e Michel de Certau. Ademais, serão observadas as estratégias textuais escolhidas por Haroldo Maranhão para recriar ficcionalmente nosso período de colonização.
Silenciosas narrativas em imagem-tempo: João Gilberto Noll, esvaziamento discursivo e cinema moderno
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Este trabalho consiste num exercício de leitura da narrativa literária do escritor brasileiro João Gilberto Noll, promovendo uma aproximação de sua obra ao conceito de imagem-tempo, do filósofo Gilles Deleuze, no tocante a aspectos narrativos e à tendência ao esvaziamento discursivo, ao silêncio, enquanto elemento significativo na produção artística e tendência na arte moderna. O conceito imagem-tempo foi engendrado pelo filósofo francês para pensar o cinema moderno, que se perfaz num regime de imagens que rompe com a narratividade clássica, com a percepção baseada no esquema sensório-motor. Neste trabalho, no entanto, o conceito é pensado em relação à obra literária de João Gilberto Noll, que guarda forte relação com o cinema moderno e se nos apresenta em fragmentada tessitura imagética, tendendo ao esvaziamento discursivo. Assim, tendo como ponto de reflexão a obra de Noll, buscamos discutir como a imagem-tempo e o silêncio compõem a obra do escritor. Após apresentação e discussão do conceito de imagem-tempo e de silêncio, procedemos a uma leitura de pontos significativos da obra ficcional de Noll, ensaiando uma relação entre cinema, literatura e outras artes no que concerne basicamente à produção de imagens numa determinada forma narrativa, bem como às implicações dessas formas para o pensamento. Por uma questão de economia estratégica, para a formação de um recorte de expressão significativa da produção do escritor, suas obras diretamente consideradas neste trabalho são Hotel Atlântico (1989) e O quieto animal da esquina (1991). Pretende-se com essa relação (1) propor alguns caminhos interpretativos para a obra de Noll e (2) investigar como a produção narrativa moderna, sobretudo a que se aproxima do conceito de imagem-tempo, constituída de forte apelo visual, que se perfaz na produção de imagens ambíguas, de narrativas descontínuas, de protagonistas errantes, tende a esse esvaziamento discursivo, ao silêncio.
Resumo:
O presente estudo constitui-se em uma leitura fincada nos moldes estético-recepcionais do romance Grande sertão: veredas, do escritor João Guimarães Rosa (1908-1967). Após um estudo histórico-artístico das categorias de heróis apresentadas no decorrer da história literária universal e analisadas pela crítica, tais como na epopéia (herói épico), no medievo (herói medieval), na tragédia (herói trágico) e no romance (herói romanesco), incluindo a categoria de herói formulada por Georg Lukács: o herói demoníaco, bem como o herói na modernidade (herói moderno), apresentar-se-á um exame diferenciado da figura da persona baseado na tipologia teórico-crítica jaussiana de herói, que, por sua vez, será utilizado para consideração de um estudo interpretativo e de recepção crítica sobre a personagem na obra rosiana, sobretudo a partir de 1956. Dessa forma, demonstrar-se-á que a atualidade do tema é sustentada pelas obras literárias, que se oferecem como objetos de interrogação para o pensamento crítico, renovando os princípios teóricos de cada época. Para tanto, a análise volta-se para o estudo de importantes nomes da crítica literária no Brasil e no exterior, cuja seleção se deu em função da categoria do herói, tais como Manuel Cavalcanti Proença (1958), Mario Vargas Llosa (1966), Antonio Candido (1969), Walnice Nogueira Galvão (1972), Benedito Nunes (1982), Davi Arrigucci Jr (1994), José Antonio Pasta Jr (1999) e Ettore Finazzi-Agrò (2004), com a finalidade de compreender e explicitar a importância da reconstrução do horizonte de expectativa a partir da tríade hermenêutica que permite ao leitor participar da gênese do objeto estético, expandindo seu contexto e significações.
Resumo:
O escritor paraense Dalcídio Jurandir (1909 – 1979) além de publicar os dez romances que compõem o chamado Ciclo do Extremo Norte, contribuiu para diversos periódicos de Belém e do Rio de Janeiro e escreveu o livro Linha do Parque (1959) sob encomenda do Partido Comunista Brasileiro (PCB) do qual era membro. Esse romance, escrito aos moldes do Realismo Socialista – estética oficial da União Soviética (URSS) naquele período, que se estendeu também a vários outros países, por meio de seus partidos comunistas – narra as lutas dos operários na cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, no decorrer da primeira metade do século XX. Nessa obra, é perceptível o destaque dado ao trabalho das mulheres nas fábricas e nas reuniões da União Operária, as quais participam ativamente, em igualdade com os homens, do movimento operário retratado no livro. Este trabalho, portanto, objetiva analisar a importância das personagens femininas para o desenvolvimento de tal narrativa, dando destaque àquelas que tiveram grande participação nas lutas dos operários descritas no romance, refletindo também sobre as manifestações ideológicas que estão presentes na obra.