7 resultados para Ethics of psychoanalysis
em Universidade Federal do Pará
Resumo:
Meio ambiente e tica so temas recorrentes nas pautas de discusses sobre os desafios da educao brasileira. O mundo est imerso em uma crise ambiental e tica que nos convida ao movimento dialtico da ao-reflexo-ao. O objetivo deste trabalho foi investigar as concepes e as relaes entre os Temas Transversais Meio Ambiente e tica dos professores de Cincias, tcnicos educacionais e alunos de 5 a 8 srie do Ensino Fundamental, de uma escola da rede particular de Belm. O estudo apoiou-se em Sauv, Reigota, Snchez Vsquez, Leff, Grn, Valls, Bardin, Zabala, Freire, Ldke, Andr, entre outros. O caminho metodolgico foi o da abordagem qualitativa. Para mergulhar nos dilogos intersubjetivos, que so as prticas pedaggicas, foram utilizadas as tcnicas de pesquisa de campo e pesquisa documental. A primeira consistiu na realizao de entrevistas semiestruturadas com 16 estudantes, 3 professores e 2 tcnicos da Escola - Alfa; a segunda envolveu os Parmetros Curriculares Nacionais, os livros didticos de Cincias e os documentos entregues aos alunos e professores, em 2008, na Escola. A interpretao dos dados se baseou na anlise de contedo, em sua modalidade temtica. Foram trabalhados dois temas: Concepes de Meio Ambiente e Concepes de tica. A unidade de contexto, o pano de fundo do estudo, foi uma escola da rede particular de ensino, dotada de boa infraestrutura, cuja clientela formada, em sua maioria, por alunos da classe mdia alta. Para definio das categorias, foi preparado um caderno com as entrevistas, o que facilitou o agrupamento, a classificao e a anlise interpretativa dos dados. Isso resultou na sntese em sete categorias de anlise: Concepo de Meio Ambiente como natureza; Concepo de Meio Ambiente como o local onde se vive; Concepo de Meio Ambiente como relao dos seres entre si e deles com o ambiente; Concepo de Meio Ambiente como sustentabilidade; Concepo de tica como respeito; Concepo associada a princpios e valores e Concepo relacionada ao meio ambiente e ao respeito s pessoas. Os resultados revelam, contraditoriamente, a prevalncia da lgica disciplinar nos PCN e na Escola Alfa; os livros adotados pela Escola no se limitam aos contedos factuais e conceituais; em relao s concepes de Meio Ambiente e tica, os entendimentos do que vem a ser ambiente e tica so reducionistas. Os sujeitos, de uma maneira geral, no estabelecem conexo necessria entre Ambiente e tica. Nas turmas de 5 a 8 srie, a Escola no trabalha os Temas de forma efetiva. As reflexes finais pontificam um convite Escola para refletir e buscar alternativas que revertam o quadro de suas aes educacionais relativas ao Meio Ambiente e tica. As escolas precisam se sentir desafiadas a inserir a Educao Ambiental em seu cotidiano, com o fito de colaborar na construo de uma educao cidad.
Resumo:
Esta pesquisa teve por objetivos explicitar se e como a Biotica tratada em Livros Didticos de Biologia do Ensino Mdio, bem como analisar de que maneira a abordagem do tema nestes livros contribui para que os estudantes possam conhec-lo, tornando-se capazes de compreender e refletir, criticamente, sobre o assunto e suas questes no contexto contemporneo. Para isso, investiguei livros propostos pelo Programa Nacional do Livro Didtico para o Ensino Mdio (PNLEM), luz de alguns pressupostos da Metodologia de Anlise de Contedo. Balizei esta pesquisa em duas questes norteadoras, a saber: (i) O que se escreve sobre biotica nos livros didticos de biologia? (ii) Com que frequncia e intensidade este tema apresentado nestes livros didticos? Nesta perspectiva, para a primeira questo, as proposies dos livros que subjazem ao tema puderam ser enquadradas em duas grandes categorias: biotica mdica e biotica holstica. Essas categorias de maior amplitude puderam ser divididas em subcategorias relativas aos diferentes tpicos e aspectos (clonagem, clulas-tronco, etc.) que fazem parte do campo terico da biotica, em relao aos quais procurei fazer algumas inferncias a respeito dos contedos manifestos e explcitos nos livros selecionados, que expressam algum tipo de reflexo sobre a tica dos assuntos enfocados, analisando-os luz de referenciais tericos da biotica. A anlise da segunda questo prescindiu de diviso em subcategorias, pois, de maneira geral, a biotica escassa e demasiadamente superficial na forma como tem sido apresentada nos livros didticos, deixando de suscitar reflexes por parte do leitor. A abordagem de temas de biotica na Educao Bsica essencial, uma vez que os impactos causados pelo desenvolvimento tecno-cientfico esto cada vez mais acentuados na sociedade e no ambiente. Dessa maneira, torna-se imprescindvel que os livros didticos de Biologia passem por uma intensa reformulao no intuito de serem pedagogicamente complementados para acompanharem as mudanas propaladas pelas novas diretrizes e bases do sistema educacional brasileiro que, pelo menos em teoria, preconizam aes da Educao, sobretudo, da educao escolar, voltadas para uma eficiente e eficaz formao tica e cidad.
Resumo:
Neste trabalho so analisadas as relaes entre escolarizao (configurada na Casa Familiar Rural) e as estratgias de reproduo das organizaes sociais representativas do campesinato em interface com as famlias de agricultores na Transamaznica, frente pioneira de colonizao no Oeste do Par, particularmente no municpio de Medicilndia. Esta escola, pensada por estes agentes sociais e coletivos em um cenrio nacional e regional de publicizao dos quadros que fragilizam a agricultura de base camponesa, a partir de meados da dcada de 1990, tem sido instrumento da luta social. As tenses no espao social, lidas como crise da base e crise dos sistemas de produo, teriam desenhado simultaneamente uma crise de formao na qual as finalidades da escola foram sendo construdas por desafios scio-econmico e polticos. Este cenrio teria constitudo os jovens agricultores como categoria social, investidos da expectativa coletiva de tornarem-se, sob a mediao da CFR, tcnicos agrcolas e/ou dirigentes, a fim de dar continuidade ao grupo (seja dos atores, nos campos das organizaes sociais/sindicais e comunitrio-religiosas; seja das famlias, na sucesso agrcola e na manuteno de sua posio social). As repercusses da CFR na condio camponesa destes jovens so analisadas a partir de dados qualitativos e quantitativos, tomando-se como referncia os interesses e investimentos dos agentes sociais, das famlias, bem como as inseres scio-profissionais no campo e/ou na cidade destes jovens aps a escolarizao. Os resultados da CFR, considerando-se esta escola como estratgia coletiva organizada que visa transformar para conservar o campo de lutas enquanto sistema de relaes objetivas do grupo social que a constitui, revelam que a mesma tem possibilitado a permanncia dos jovens agricultores no campo sob diversos arranjos em que se imbricam as relaes com o campesinato, com a cidade, com o conhecimento escolar/tcnico, e com uma tica de trabalho e relao com a terra/natureza ambientalizada. No mbito dos grupos domsticos e da coletividade camponesa (nas quais se incluem as organizaes representativas do grupo estudado), a posio social destes jovens caracteriza-se por formas de distino social visveis nas prticas scio-produtivas intercedidas pelo capital escolar, bem como na posio de mediadores dirigentes e tcnicos.
Resumo:
Este trabalho consiste em estudar a prtica clnica e institucional na formao do psiclogo sob a perspectiva da integralidade em sade no Hospital Universitrio Joo de Barros Barreto - HUJBB. A escolha do campo de estudo deveu-se ao conhecimento do hospital enquanto rea de trabalho, assim como pelo fato deste ser um dos trs nicos locais no SUS que servem de prtica para o Curso de Psicologia da UFPA, onde se propicia aos alunos terem contato com a prtica clnica e institucional, aplicando referenciais terico-metodolgicos de Psicanlise, anlise institucional, processos grupais e de comunicao e conhecimentos de Sade Pblica. Utilizando-se da abordagem qualitativa, os procedimentos de coleta de dados foram a entrevista semi-estruturada, os questionrios e a observao participante. Entre os aspectos relevantes o estudo observou: a fragmentao constante do trabalho dos diversos profissionais envolvidos e a busca do psiclogo por um espao mais consolidado e articulado de atuao na equipe de sade; a falta de conhecimentos prvios de sade coletiva por parte dos discentes motivando um esforo concentrado dos supervisores e orientadores de campo na relao ensino-servio; o sucateamento das instalaes fsicas e dos equipamentos do hospital gerando dificuldades, mas, simultaneamente, estimulando uma subjetividade expressa na colaborao entre funcionrios e alunos; o esforo do Servio de Psicologia em reconduzir o trabalho centrado no ato mdico e no corpo enfermo para uma ateno marcada pela relao com o paciente como sujeito e para os distintos modos de subjetivao psicopatolgicos que constituem o problema terico-metodolgico colocado para sua eficcia psicoterpica; e, por fim, sua insero nas equipes multiprofissionais. A trama formada pelo conjunto desses protagonismos configura o desafio do psiclogo, junto com os demais profissionais, para compreender e levar a cabo a integralidade da ateno, em exerccio permanentede construo no hospital. Dois tericos destacam-se na argumentao que problematiza a ateno integral no hospital - Canguilhem, para a discusso do conceito de sade enquanto possibilidade de viver em conformidade com o meio e Winnicott, na perspectiva clnica possvel nesse ambiente.
Resumo:
Duas formas de peregrinao, em duas regies distintas do Brasil. Em So Paulo, no sudeste brasileiro, em direo cidade-santurio de Bom Jesus de Pirapora, um "sacerdote particular" imita Cristo ao carregar enorme cruz que afirma pesar mais de cem quilos, em um trajeto de cerca de sessenta quilmetros. Isso feito tambm, todos os anos, por muitos outros, homens e mulheres, durante a Semana Santa, partindo de vrias cidades da regio, embora carreguem cruzes bem menos pesadas. Em Belm do Par, na Amaznia, muitas imagens de Nossa Senhora de Nazar peregrinam pelas ruas da cidade, durante a festa do Crio de Nazar, que culmina com enorme procisso, anualmente, no ms de outubro. Essas duas formas de peregrinao so especiais, porque, nelas, quem caminha no so propriamente os romeiros, mas o Filho de Deus e sua Santa Me, que o fazem simbolicamente, sendo "corporificados" ou tendo suas imagens conduzidas pelos peregrinos humanos, de ambos os sexos. Este artigo pretende explorar analiticamente aspectos simblicos desses eventos, luz da teoria antropolgica, a partir de pesquisa de campo (com observao direta) e da bibliografia disponvel sobre o tema. Um dos objetivos mostrar que, na "tica da peregrinao" (Victor Turner), as formas inventivas do imaginrio permitem uma troca de papis entre a divindade e o fiel que perfeitamente adequada a essa possvel gramtica do sagrado.
Resumo:
O presente trabalho trata da anlise terica da plurifuncionalidade da Segurana Alimentar e Nutricional (SAN) no meio ambiente, que se sustenta como um dever de solidariedade agroambiental. O trabalho foi dividido em trs partes, cada uma com dois captulos, que foram desenvolvidos inicialmente com o estabelecimento do contexto em que se encontram os assuntos abordados, e finalizados com observaes acerca das principais ideias estudadas, at a elaborao de consideraes finais, que demonstram os resultados alcanados pelo trabalho. Utiliza-se a metodologia terica e o raciocnio indutivo-crtico, pois se parte do estudo de um fenmeno individualizado, a SAN, para se prejetarem hipteses que considerem seus efeitos e interaes com o meio ambiente natural, para ao final buscar generalizar as solues encontradas, notadamente a solidariedade em sua dimenso de dever jurdico. Procura-se sustentar a argumentao com obras de referncia bibliogrficas e outras produes cientficas de entidades nacionais e estrangeiras. Discute-se introdutoriamente alguns motivos que levaram realizao da tese, quais sejam os graves problemas que envolvem a alimentao humana na contemporaneidade, destaca sua aproximao com os direitos humanos, especialmente com o princpio da solidariedade e suas caractersticas de transdisciplinaridade metodolgica, que gera necessariamente efeitos em vrios outros campos do conhecimento. So revisados criticamente conceitos firmados pela Organizao das Naes Unidas para Agricultura e Alimentao (FAO), especialmente os referentes ao direito alimentao, direito a estar alimentado, soberania alimentar, Segurana Alimentar e Nutricional (SAN), desnutrio, subnutrio e m nutrio. Considera-se a SAN em sua dimenso plurifuncional porque implica necessariamente em repercusses ticas e jurdicas no mbito dos direitos humanos, a partir da ideia terica da solidariedade, que estudada desde a sua formao antiga, quando associada virtude, at modernidade e a aproximao com a poltica e o direito, entendida no presente como princpio que sustenta o dever jurdico ligado gesto racional de bens ambientais voltados alimentao, delimitados em especial no direito agroambiental, percebendo-se a solidariedade ento como fundamento de direitos, valor superior qualificada pela fraternidade, e ao mesmo tempo prevista em documentos internacionais de direitos humanos e em diversas constituies. Os interesses difusos so necessariamente examinados, pois a SAN um interesse geral da sociedade humana, e implica na preservao dos bens ambientais alimentares, considerados indivisveis na viso solidria, que deve ser integrada aos valores liberdade e igualdade, tornando-os princpios com interpretao mais humana, limitando seu exerccio absoluto e ainda justificando-os. A ideia de solidariedade faz com que seja possvel chegar aos direitos partindo do dever agroambiental e, diante das vrias correntes tericas que tratam do dever jurdico, considera-se que seja autnomo em relao ao direito subjetivo, mas traduzindo deveres ligados a finalidades sociais, de interesse pblico, que se manifestam em ambiente democrtico, podendo o dever agroambiental ser considerado fenmeno com razes de tica pblica, com elevados valores ambientais, decisivos em sua dimenso jurdica de obrigaes e responsabilidades, de todos em relao a todos, inclusive com normas objetivas nacionais e internacionais de proteo de bens agroambientais. Sustenta-se que nesse sentido a tica pblica ligada tica ambiental pode ser decisiva na observncia ao direito, para alm do convencimento meramente externo, mas enquanto manifestao tambm interna, tica, que carrega de sentido o dever jurdico solidrio ligado plurifuncionalidade da SAN. Tambm so elaboradas crticas tradicional argumentao acerca dos direitos das geraes futuras, pela impreciso e incerteza cientfica que os cinge, afastando-os da possibilidade de figurarem como objeto do direito, para assentar que os direitos de que se falam so precisamente traduzidos como deveres das geraes presentes, sendo estes deveres o vnculo jurdico entre geraes sucessivas. Nesse sentido, a solidariedade intergeracional passa a ter um liame jurdico contnuo, estudado atravs da teoria dos direitos fundamentais, o que lhe confere como caracterstica a fluidez entre as geraes, e que por isso exige o aproveitamento racional dos recursos ambientais naturais, amparado nos princpios da precauo e informao, na tica da responsabilidade dirigida a todas as geraes, que demanda a incorporao de longo tempo nas aes humanas, que possibilite a ampla educao ambiental, e o desenvolvimento do pensamento altrusta, transtemporal, que considere problemas ambientais transfonteirios e os bens ambientais naturais finitos, sendo indispensvel conscientizao da gerao presente e de sua classe poltica para a afirmao da solidariedade. Estuda-se ainda que o dever de gesto racional dos bens ambientais naturais alimentares dever de solidariedade, pois se considera que cada indivduo usa uma parcela imaterial e indivisa desse bem coletivo, que pode ser pblico ou privado, mas que se sujeita solidariedade. Nesse contexto s prevalece o direito de propriedade, em relao aos seus atributos tradicionais, se o objetivo comum de preservao dos bens ambientais alimentares no fornecer uma justificativa suficiente para impor readequao da atividade, absteno de conduta, ou mesmo medidas sancionadoras decorrentes de responsabilizao objetiva. Finalmente, enquanto contribuio cientfica, o trabalho apresenta um ensaio para a construo das caractersticas do dever de solidariedade agroambiental, quais sejam, o seu objeto e os sujeitos, a sua estrutura, que abrange a natureza das obrigaes dele decorrente, e o regime principiolgico. A concluso geral apresentada que o dever de solidariedade agroambiental, demonstrado sua ocorrncia pela plurifuncionalidade da SAN, corresponde ideia de justia e moralidade poltica, fenmeno no qual percebida intensa conexo entre o direito e a tica ambiental, compreenso relevante para resoluo de conflitos que envolvam alimentao humana e a utilizao de bens ambientais naturais.
Resumo:
O artigo discute a possibilidade do acolhimento da Alteridade no processo teraputico da Abordagem Centrada na Pessoa. Tem-se como referncia a tica de Emmanuel Lvinas, para quem a subjetividade seria constituda a partir da relao com o absolutamente outro. Questiona-se o processo de mudana teraputica que visa uma maior integrao da experincia pelo self. Em direo distinta, a partir de uma releitura de um caso clnico rogeriano, aponta-se a exterioridade da experincia como estranhamento que permite uma recriao de si. O relato analisado mostra a interioridade ser solapada pelo organismo que se coloca como um outro-de-si, crivo para as experincias. Conclui-se que a psicoterapia centrada na pessoa, alm de um encontro consigo mesmo, parece apontar como um de seus efeitos o embate com o radicalmente diferente. Tal discusso alude a um reposicionamento poltico da Abordagem Centrada na Pessoa em sua lida com a diferena.