38 resultados para Artistas brasileiros - Séc. XX
em Universidade Federal do Pará
Resumo:
Esta pesquisa tem como objetivo analisar as pinturas de autoria do artista Antônio Diogo Parreiras, no início do século XX, pertencentes ao Museu de Arte de Belém. São imagens de uma cidade proprietária de uma paisagem equatorial natural que possui também um conjunto urbanístico dos mais representativos de cidades brasileiras, herança de uma época que ficou conhecida como a "Época da Borracha”. Fato que trouxe para o Norte no início do século XX vários artistas, dentre os quais o pintor Antônio Diogo Parreiras que aqui realizou uma exposição de pinturas. As obras de Parreiras que registraram a cidade de Belém são fontes das mais importantes para história. Foi concebida dentro de um contexto no qual faziam parte uma leva de intelectuais e outros artistas brasileiros. Constituem-se como iconografias que possuem em si narrativas irrefutáveis, oferecendo aos espectadores um registro da sociedade e do seu meio ambiente natural, configurando a obra de arte como uma leitura onde é possível revelações, que nos auxiliam na difícil tarefa de compreender a nossa história Social da Amazônia.
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Mário de Andrade e Waldemar Henrique são conceituados artistas brasileiros. O primeiro como intelectual de renomada importância dentro do movimento modernista, da agitada Semana de 1922 às inúmeras pesquisas e estudos sobre música e folclore. Foi um intelectual formador de uma inteligência do pensamento nacional. Waldemar Henrique foi o autor de uma gigantesca obra musical, suas primeiras composições remontam a ―Olhos verdes‖, de 1922, no Rio de Janeiro recebendo a denominação de ―Valsinha do Marajó‖, e ―Minha Terra‖, de 1923. Na década de trinta o seu trabalho ampliou-se tematicamente estendendo-se a motivos de folclore negro, a danças dramáticas regionais, a canções e lendas da Amazônia. Seus estudos de música assim confluíram com o folclore e seu nome constantemente é lembrado pela associação que perdura entre seu trabalho artístico e a Amazônia. Este estudo fundamenta-se na ―noção de experiência‖ da Amazônia, nestes dois intelectuais, em um momento de suas obras em que este lugar conflui pelo conjunto de lendas que dá suporte e constrói a narrativa de Macunaíma, em Mário de Andrade, e pela série musical inspirada no universo lendário amazônico de Waldemar Henrique. Um, nascido e criado nesses matos e rios, nos dá conta de um olhar nativo, o outro, um viajante a conhecer coisas novas e a perceber, como afirma, ―outros brasis‖. Semelhanças e diferenças de suas abordagens movem-nos a conclusões sobre a própria Amazônia.
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O final do século XIX mostrou duas características importantes na área da saúde. A primeira indicava a continuidade da ocorrência de doenças ocasionadas por agentes infecciosos que incluíam a febre amarela, malária, cólera e varíola. Por outro lado, a situação econômica do Estado do Pará com o início da perda da exclusividade na produção extrativista do maior gerador de riquezas para o Estado, a borracha, levou a uma situação em que se tornava cada vez mais difícil e cara a formação de novos médicos paraenses no exterior ou em outros Estados brasileiros. O início do século XX trouxe a abertura de faculdades na cidade de Belém, incluindo duas na área da saúde (Farmácia e Odontologia), além de uma regulamentação nacional para a criação e abertura de cursos de medicina. O Estado do Pará, sob a influência do esforço de Oswaldo Cruz com o seu trabalho de eliminação da febre amarela na cidade de Belém, em uma aplicação prática dos novos conhecimentos gerados pela descrição de agentes infecciosos nas formas de transmissão por meio de vetores e a aplicação de novas maneiras de prevenção e controle de doenças (saneamento e vacinas), após se organizar, a princípio por meio de uma sociedade científica de forma inovadora, cria a oitava escola de medicina do país, em 9 de janeiro de 1919 com o nome de Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará.
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Este trabalho tem como escopo o estudo novela "Buriti" / Noites do Sertão (1956), de Guimarães Rosa, com ênfase nos aspectos da obra em que o tema do patriarcado no Brasil é discutido, com base em referências historiográficas e etnossociológicas contidas em obras como Casa Grande & Senzala (1933) de Gilberto Freyre, Raízes do Brasil (1936) de Sérgio Buarque de Holanda e de outros estudos pertinentes ao assunto provenientes do trabalho de intelectuais brasileiros contemporâneos de Guimarães Rosa e de outros mais recentes. Tendo em vista a análise das linguagens ficcional, estética e documental da literatura rosiana, buscou-se também fundamentação no estudo da recepção pela crítica no período entre 1970 e 2007, nas diversas perspectivas sob as quais não apenas a novela em pauta, mas o conjunto da obra de Guimarães Rosa tem sido estudado, no intuito de apreender as diversas dimensões em que as questões ligadas às instituições patriarcais no Brasil são ressignificadas, a fim de compreendê-las como contribuições narrativas sobre uma fase sensível da vida brasileira ? a primeira metade do século XX. E, sobretudo, como uma forma de escritura na qual Guimarães Rosa exercita um viés particularmente arguto da sua criação: a rememoração historiográfica aliada a um tipo de narrativa que, nesta pesquisa, convencionou-se chamar de fusão dos horizontes histórico e estético, numa perspectiva que propõem ao leitor numerosos questionamentos sobre o tempo, a arte e a literatura brasileira desse período. Problemas que este estudo pretendeu, de alguma forma, entender e atualizar, sob um enfoque crítico, em face da importância da literatura para a iluminação de novas dimensões ainda ocultas da vida brasileira, em especial da obra rosiana.
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Esta dissertação discute as imagens e representações encontradas na Literatura e as lutas pelo controle da cultura no exemplo da Festividade, da Irmandade e da Marujada de São Benedito, na cidade de Bragança, Estado do Pará, na Amazônia brasileira, a partir da década de 1930, no século XX. Analisando uma farta bibliografia nos temas Folclore, Memória, Tradição Popular e Antropologia, o estudo tenta explicar como se construíram as relações sociais entre os sujeitos históricos da Igreja Católica pela Prelazia do Guamá e da Irmandade do Glorioso São Benedito de Bragança, relacionando-os com o recurso literário e com os principais teóricos da historiografia, para entender o catolicismo popular e oficial em suas representações assim como os símbolos construídos no tempo, como elementos da História de tensão entre as ideias e regras de controle eclesiástico católico e a reação popular dos irmãos de São Benedito.
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A dissertação discute o vestuário feminino em Belém do Pará nas duas primeiras décadas do século XX, buscando compreender os múltiplos sentidos dados à roupa feminina pelas próprias mulheres e pelos cronistas de revistas e jornais que circulavam na capital paraense como A Semana, Belém Nova, A Tarde, A Palavra, a Folha do Norte dentre outros. Nesse sentido, as reflexões se voltam para as relações entre o consumo de elementos de moda e o avanço da modernidade em Belém, tendo como pano de fundo as profundas transformações urbanas por que passou a cidade nas primeiras décadas do século XX, marcadas posteriormente pela crise nos negócios da borracha. Revelam-se assim, a busca por mudanças de algumas dessas mulheres construídas a partir do corte dos cabelos, do comprimento das saias, a construção de uma nova aparência, e as preocupações em disputar espaços além da ambiência do privado. Assim, a sociabilidade construída por muitas mulheres da elite, sugere o questionamento do seu papel social, em que a moda, por vezes, funcionava como discurso não-verbal.
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Este trabalho procura demonstrar, através do percurso percorrido pela personagem Alfredo, ao longo do itinerário que vai de Cachoeira até à cidade de Belém, em uma criação dalcidiana, o processo de gradual desalienação de um menino que aos poucos vai se tornando um rapaz. A formação da personalidade passa por um sofrido processo, que na vida do herói conduz ao choque necessário provocado por algumas desilusões. Confrontando-se com sentimentos ambivalentes, com estados de indefinição e indecisão, Alfredo vai abrindo caminho através do labirinto de seu ser palmilhado pelo que representa a cidade enquanto também um labirinto não menos desafiador. Nesse processo de integração, o objetivo final é o resgate da dignidade humana que não se limita ao ser do herói, Alfredo, mas abarca um amplo projeto político que é buscado como alternativa popular.
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O romance As Meninas suscita relevante discussão sobre a produção ficcional introspectiva de Lygia Fagundes Telles. Suscita também implicações de cunho sociológico, político e literário, indicadores da manifestação artística da autora em sintonia com a perspectiva do homem contemporâneo, que vive as agruras do confronto entre si mesmo e as convenções coletivas, concomitante, o desalento desse mesmo homem na busca de sua identidade enquanto ser humano numa sociedade cujos valores sociais, políticos e humanos são decadentes. Nesse sentido, além de refletirmos sobre a importância canônica de Lygia Fagundes Telles no espaço literário brasileiro contemporâneo, refletimos ainda sobre manifestações de choque entre indivíduo e as convenções coletivas (indivíduo x mundo), e os aspectos sociológicos subjacentes à obra. As Meninas. Assim, baseando-nos nos estudos de Lucien Goldmann e Georg Lukács, mas, principalmente, nos estudos de Antonio Cândido, procuramos analisar as relações literário-político-sociais, as quais interferem e contribuem para a ruptura entre indivíduos e convenções sociais estabelecidas em As Meninas, de Lygia Fagundes Telles.
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Analisa através das ferramentas dos estudos culturais, o erotismo na obra Batuque do poeta Bruno de Menezes, como meio de leitura para se estudar a identidade negra. Para tanto se estudou o conceito de erotismo relacionado ao corpo e ao sagrado, enquanto manifestação identitária negra. O estudo do fenômeno da identidade do erotismo serviu de base para a análise de como o autor, através do erotismo na linguagem, construiu o signo poético, fruto do fenômeno do hibridismo.
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Analisa os poemas da Trilogia Amazônica (Cantares Amazônicos) com o objetivo de apontar como o poeta aborda as formas do mito e como revive e recria um pouco da história da Amazônia. Os conceitos teórico-metodológicos que a permeiam são do próprio poeta, tais como conversão semiótica e epifania negativa, dentre outros. Utilizam-se, também, algumas obras que retratam a situação da Amazônia a partir dos anos 50, período da implantação do projeto de desenvolvimento para modernização da região. A leitura dos poemas se realiza à luz desse contexto histórico e cultural em que a chegada de novos capitais à região desestrutura as relações aí existentes. Como se deu esse processo? Quais as suas conseqüências para as populações autóctones e para a natureza, que virou espaço paradoxal de civilização e barbárie, produto de exploração e cobiça, perturbando o homem amazônico? Como se processa a passagem de uma mentalidade mítica a uma racionalidade, isto é, a deslenda mítica e a visão da cidade como um espaço de ruína: memória e esquecimento é desse trajeto, entre poesia e realidade, que o poeta colhe o material para sua escritura, convertendo a realidade como material estético, não para estetizar a miséria, mas como maneira de dar forma poética ao tempo histórico que cruza e é cruzado com o mito, ou as formas poéticas do mito.
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Esta pesquisa privilegia, a priori, cinco aspectos importantes concernentes à influência do Surrealismo na produção literária de Murilo Mendes, especialmente em A Poesia em Pânico, tais como: a poética da construção por vias da negação; a conciliação de objetos e idéias divergentes que acena para a busca da totalidade; o duplo, indiretamente ligado aos temores da repressão; a mulher e o amor, como confluências necessárias para o estabelecimento do projeto de construção surrealista; e a poesia como espaço da palavra salvadora. Tais aspectos estão em consonância com os estudos propostos por André Breton, Ferdinand Alquié, Chénieux-Gendron, Walter Benjamin e outros. Relacionada à produção de poetas simbolistas e surrealistas, a obra em foco deixa-se ilustrar por alguns trabalhos artísticos do pintor paraense Ismael Nery ¾ com quem Murilo Mendes estabelece grande amizade ¾ e fragmentos de textos de poetas tais como Artur Rimbaud, Charles Baudelaire, Lautréamont, Stéphane Mallarmé, André Breton. Murilo Mendes, para quem as idéias não tem fronteiras, foi um dos autores mais representativos da escrita surrealista no Brasil que, embora notificada aqui em apenas uma de suas obras, constitui traço permanente em toda a sua trajetória poética.
Resumo:
Esta dissertação discute os significados atribuídos à Interventoria de Magalhães Barata e à Amazônia pelos intelectuais vinculados ao Instituto Histórico e Geográfico do Pará no período de 1930 a 1937. As principais fontes analisadas correspondem aos volumes da Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Pará e aos artigos do Jornal Folha do Norte. A partir da produção desses intelectuais e em diálogo com a bibliografia selecionada, este estudo procura compreender como se constrói a relação entre o Instituto e o Estado e como se define a concepção de Amazônia em uma temporalidade social, na qual se estruturam o imaginário da Revolução de 1930.
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O trabalho em questão procura atentar para os simbolismos que os castanhais do Médio Tocantins adquiriram no decorrer de mais de meio século de ocupação, desde pelo menos 1892, sobretudo nos limites que constituíram os municípios de Marabá e Itupiranga, no Pará. Para uns, as terras de castanhais não passaram de fontes de renda, importantes vias de lucros, motivos que levaram às sucessivas apropriações dos espaços e dos produtos oriundos da floresta, principalmente por fazendeiros, comerciantes de castanhas e representantes municipais. Para outros, tornaram-se espaços inerentes à vida, e cujo próprio meio natural se revelou a essência da produção cultural, no caso dos agricultores tradicionalmente instalados em pequenos povoados e localidades isoladas que adequaram tradições aos meios ocupados e desenvolveram pequenas agriculturas, valendo-se de produtos da floresta como complemento para suas subsistências. Com base em fontes escritas e análise da memória acerca dos castanhais médio-tocantinos, além da leitura do seu espaço, essa pesquisa procurou interrogar vários desses sujeitos, destacando o período entre 1948 e 1980, com a finalidade de visualizar as causas e consequências desse antagonismo de ideias e pontos de vista relacionados aos modos de lidar com a terra e com os recursos disponibilizados por ela.
Resumo:
O Tetraneto Del-Rei é uma obra que mescla linguagens, gêneros, discursos e tece, nesse emaranhado de fios, um texto original que recria parte de nosso período colonial questionando destrutivamente o discurso cristalizado pela história e mesmo por textos que compõe nosso cânone literário. Os textos utilizados na obra do paraense Haroldo Maranhão são reconstruídos num tom, sobretudo crítico, revelando uma outra visão do processo de colonização. Assim, partindo da produção literária dos países com colonização semelhante ao nosso, inicio a leitura considerando alguns trabalhos como os de Silviano Santiago, Antonio Candido e Roberto Schwarz. Além disso, há que se considerar aspectos históricos e sociais da empreitada portuguesa e dos discursos construídos acerca das terras recém descobertas e dos seus habitantes, discursos esses que serão reafirmados e reconstruídos pelo texto literário. Nesse sentido, serão utilizados alguns textos quinhentistas que auxiliarão a demonstrar os aspectos do discurso colonial e sistematizá-los com base em Eni Orlandi, Homi Bhabha e Michel de Certau. Ademais, serão observadas as estratégias textuais escolhidas por Haroldo Maranhão para recriar ficcionalmente nosso período de colonização.
Resumo:
A temática do negro na literatura tem ocupado cada vez mais espaço nas discussões e debates em torno da questão da valoração da cultura negra no Brasil, especialmente no que tange a aspectos tais como o desmascaramento de determinados estereótipos há muito alicerçados, mas, acima de tudo, tem assumido particular relevância o papel da resistência negra, que ora analisamos a partir da perspectiva de um viés social, perpassando os enfoques histórico, religioso e cultural. Cada um desses enfoques adiciona uma importância diferente para a presença negra na poesia de Bruno de Menezes, nosso objeto de investigação, daí ser possível deduzir, o que acreditamos ser de fundamental importância, não nos subtrairmos a nenhuma das abordagens ressaltadas. A obra que doravante analisaremos intitula-se Batuque, do poeta supracitado, obra esta responsável por inscrever no contexto da literatura amazônica, e mais que isso, no seio da cultura de cunho nacional, um novo capítulo, isto é, uma nova perspectiva acerca da condição do negro na sociedade brasileira. Aliando-se a essas perspectivas, acrescentaremos o ponto de vista do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, como arcabouço teórico para as problematizações que pretendemos levantar no decorrer do texto. A presente pesquisa teve por objetivo investigar a influência do processo civilizador europeu versus negro e os cerceamentos (culturais/religiosos) decorrentes dessa influência, assim como as consequências negativas que incidirão sobre a perspectiva que o negro tem acerca de seu próprio corpo e lugar na cultura, muitas delas também provenientes da visão de mundo cristã que lhes foi imposta.