43 resultados para Ecologia comportamental


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A Análise do Comportamento oferece diversas explicações para o fenômeno denominado depressão, uma das quais envolve a referência ao modelo do desamparo aprendido. O desamparo aprendido é definido como a dificuldade de aprendizagem resultante da exposição a estímulos aversivos incontroláveis. Como produtos desta exposição, surgiriam padrões comportamentais comuns àqueles observados em indivíduos depressivos, a exemplo de inatividade. Em razão do paralelo entre os efeitos da experiência com incontrolabilidade sobre o repertório comportamental em humanos e não-humanos, o desamparo aprendido tem sido apontado como um modelo animal de depressão. Frequentemente, menções à experiência com incontrolabilidade são encontradas na literatura em associação com o desamparo aprendido, cuja ocorrência é estritamente vinculada àquela condição. A incontrolabilidade também parece relevante para a instalação de respostas identificadas com a depressão. No presente trabalho, descrevem-se as definições de incontrolabilidade referidas por publicações da área comportamental experimental e clínica, discutindo-se a pertinência deste conceito em explicações funcionais da depressão na Análise do Comportamento, bem como suas possíveis contribuições para um modelo de intervenção clínica da depressão à luz desta abordagem. A relação entre incontrolabilidade e depressão é tratada a partir de cinco categorias de análise: 1) Variabilidade de fenômenos investigados, de resultados produzidos e de definições oferecidas; 2) Efeitos diferenciais da incontrolabilidade frente a estímulos aversivos e apetitivos; 3) Enfoques transversais das variáveis relevantes: instaladoras x mantenedoras, históricas x atuais, exclusivas x sobrepostas a outros fenômenos; 4) Incontrolabilidade em Humanos: suposições numerosas, evidências empíricas escassas e Contingências Verbais; 5) Tratamento da depressão: pontos de contato e de distanciamento frente à investigação empírica. Diferentes usos do conceito de incontrolabilidade são assinalados, indicando-se como a mesma topografia verbal é emitida por diversos autores sob controle de eventos distintos. Variáveis relevantes para a generalidade do desamparo aprendido – enquanto modelo experimental e equivalente animal da depressão – são discutidas, justificando-se a necessidade de maior investigação de aspectos como: correspondência entre o conceito de incontrolabilidade e a condição experimentalmente estabelecida no laboratório; efeitos de diferentes tipos de estimulação incontrolável; produção de desamparo aprendido em humanos e participação de processos verbais; diferentes efeitos da sinalização pré-aversiva de estímulos incontroláveis. Assinala-se que, em geral, o tratamento analítico-comportamental da depressão é constituído por procedimentos com foco sobre a aprendizagem de que responder controla o ambiente e pode disponibilizar reforçadores. É examinado o papel da incontrolabilidade na instalação da depressão, constatando-se, por fim, que se apresenta como condição suficiente, porém não necessária para a ocorrência e/ou manutenção do fenômeno.

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Os filhotes de Cebus durante os dois primeiros meses de vida, dependem quase que exclusivamente de sua mãe. Só a partir do terceiro mês o filhote passa a se locomover independentemente, e é nesse período que corre uma importante mudança no seu padrão comportamental, pois há um aumento em seu repertório manipulativo. O principal objetivo desse estudo foi acompanhar o desenvolvimento do comportamento manipulativo em três filhotes de Cebus cf. apella e verificar a possível preferência pelo olhar mútuo entre macacos-prego. No Experimento 1, com o método de animal focal foi medida a freqüência de linha de base das categorias comportamentais de três Cebus cf. apella filhotes, e em seguida inseridos quatro tipos de objetos, um a cada semana, para o acesso ao desenvolvimento de comportamentos manipulativos. No Experimento 2, foi realizado teste de discriminação simples, usando como estímulos fotos de macacos-prego com diferentes direções do olhar. No Experimento 3, foi realizado um treino de discriminação simples, com dois pares de estímulos: rosto frontal e olhar direto versus desviado e rosto de frente versus de perfil. Os resultados demonstram que os filhotes de mesma faixa etária despenderam tempo semelhante manipulando objetos. Não foi possível observar um padrão claro quanto a preferência em observar imagens com olhar direto ou desviado (Experimento 2). Os sujeitos foram capazes de discriminar a direção do olhar no Experimento 3.

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A comunicação acústica em beija-flores durante muito tempo foi negligenciada em função da coloração conspícua que representa uma sofisticada comunicação visual da maioria dos representantes deste grupo. Entretanto, estudos recentes constataram que há indícios de aprendizagem vocal em algumas espécies de Trochilidae. O presente estudo aborda o comportamento vocal do beija-flor Phaethornis superciliosus, espécie abundante na região amazônica. Esta espécie apresenta como sistema de acasalamento a formação em arena, que consiste na agregação de machos em um pequeno território, onde se exibem para outros machos e fêmeas, com o intuito de atrair estas últimas para acasalar. O objetivo geral deste trabalho foi analisar o comportamento vocal de P. superciliosus dispostos em seis arenas no Parque Ecológico de Gunma, Santa Bárbara do Pará, 50 km ao norte de Belém, considerando a emissão e estrutura física do canto, seu repertório, a frequência de emissão ao longo do dia e do ano e a dinâmica das arenas. Verificamos que a população estudada apresenta um repertório vocal composto de duas notas que são emitidas de maneira alternada. Os cantos dos indivíduos analisados apresentaram diferenças significativas entre si considerando os parâmetros físicos do som (frequências máxima e mínima, duração e intervalo entre as notas e o ritmo de emissão das notas). Esta diferenciação inter-individual pode estar relacionada à seleção sexual, na qual o canto pode permitir o reconhecimento individual, sua posição social e seu desempenho para a atração das fêmeas. Constatamos que a atividade vocal é mais intensa no segundo semestre, entre junho e novembro, período que provavelmente corresponde à estação reprodutiva. Realizamos testes de playback, que consistem em reproduzir um som previamente gravado e registrar a resposta provocada em uma das arenas em dois pontos distintos, simulando a entrada de outro indivíduo. Constatamos que o som emitido em resposta ao teste diferiu significativamente do canto espontâneo em todos os parâmetros físicos analisados. A resposta ao playback mostra que houve uma redução na faixa de frequência com que o canto foi emitido e o ritmo de emissão de notas mais rápido. Tais características do canto podem estarrelacionadas a um comportamento mais agressivo. As arenas são formadas emáreas de borda e sempre próximas a igarapés, com o tamanho da área variando entre 86m2 e 14m2, compostas de dois a quatro indivíduos distantes de 7m a 72m entre si. Nossos resultados mostraram que a organização social da arena deve ser melhor compreendida através de estudos mais detalhados sobre o possível significado que as diferenças individuais no canto podem representar para o estabelecimento da posição hierárquica dos indivíduos nas arenas.

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O transtorno epiléptico apresenta alta prevalência e severidade. Além da gravidade da epilepsia per se, este distúrbio pode ser acompanhado de várias comorbidades, sendo a depressão a principal comorbidade psiquiátrica. Os mecanismos envolvidos na relação epilepsia/depressão ainda não estão bem esclarecidos, e sabe-se que o tratamento de ambos os distúrbios pode ser problemático, já que alguns anticonvulsivantes podem causar ou aumentar sintomas depressivos, enquanto alguns antidepressivos parecem aumentar a susceptibilidade a convulsões. Por outro lado, estudos têm demonstrado que alguns antidepressivos, além de seguros, também possuem atividade anticonvulsivante como a venlafaxina, um inibidor da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN). Considerando que a duloxetina, outro IRSN, apresenta uma inibição mais potente sobre transportados monoaminérgicos e que não existe nada na literatura a respeito de sua influência sobre convulsões apesar de que está sendo aplicado atualmente na clínica, o objetivo do nosso estudo é verificar o possível efeito anticonvulsivante da duloxetina através do modelo de convulsões induzidas pelo pentilenotetrazol (PTZ) em camundongos. Para tal, camundongos foram pré-tratados com duloxetina (10, 20, 40 mg/kg/i.p.) e trinta minutos após receberam uma injeção intraperitoneal de PTZ (60 mg/kg). Por vinte minutos os animais foram monitorados para a avaliação dos tempos de latência para o primeiro espasmo mioclônico e a primeira crise tônico-clônica, como também o tempo de duração das convulsões e de sobrevida. A análise eletroencefalográfica foi utilizada para avaliar a severidade das crises (aumento da amplitude das ondas). Após esse período os animais foram sacrificados, o córtex cerebral dissecado e análises bioquímicas (atividade da superóxido desmutase (SOD), catalase (CAT), níveis de nitritos e peroxidação lipídica) foram feitas para investigação dos mecanismos pelos quais a droga influencia as convulsões. Os resultados preliminares demonstraram que a duloxetina apresenta atividade anticonvulsivante, sendo capaz de aumentar significativamente o tempo de latência tanto para o primeiro espasmo clônico, como para a primeira convulsão tônico-clônica induzidas pelo pentilenotetrazol. Ainda a avaliação eletroencefalográfica demonstrou que a duloxetina na dose de 20 mg/kg diminuiu significativamente a amplitude das ondas enquanto a dose de 40 mg/kg aumentou significativamente a amplitude em comparação a todos os tratamentos. Quanto à avaliação da influência no estresse oxidativo, animais tratados apenas com PTZ apresentaram um aumento significativo do nível de peroxidação lipídica, e diminuição da atividade da SOD e da CAT. Quanto ao nível de nitritos não houve nenhuma alteração significativa entre os tratamentos. A duloxetina na dose de 20 mg/kg se mostrou efetiva para evitar as alterações induzidas pelo PTZ nos parâmetros de estresse oxidativo avaliados. A atividade anticonvulsivante da duloxetina (20 mg/kg) colabora com a teoria que tem sido apresentada nos últimos ano de que a modulação da neurotransmissão serotonérgica e noradrenérgica pode ter efeito anticonvulsivante. Ainda, a capacidade da duloxetina de inibir a exacerbação do estresse oxidativo envolvido nas convulsões induzidas pelo PTZ corrobora com estudos que demonstram que algumas substâncias anticonvulsivantes podem modular as convulsões pelo menos em parte por sua atividade antioxidante. Portanto concluímos que a duloxetine é um adjuvante promissor para o tratamento de pacientes que apresentam a comorbidade epilepsia e depressão.

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O reservatório da UHE Coaracy Nunes no rio Araguari esta localizado entre os municípios de Ferreira Gomes e Porto Grande no estado do Amapá-Brasil, distando 200 km do Oceano Atlântico. A usina Coaracy Nunes foi a primeira hidrelétrica a ser construída na Amazônia brasileira, tendo suas obras iniciadas em 1967. O rio Araguari e o principal rio do estado do Amapá e representa fonte de geração de renda através da pesca, atividades agropecuárias em sua várzea, navegação, mineração, geração de energia e lazer. O presente estudo teve por objetivo avaliar as alterações impostas pela construção do reservatório da UHE Coaracy Nunes, através das assembleias de peixes de quatro áreas de influencia direta desta usina. Para isso, no período de maio de 2009 a julho de 2010, foram realizadas coletas bimensais, de peixes, com redes de malhas padronizadas variando de 1,0 a 10,0 cm entre nos adjacentes e outras técnicas auxiliares. A partir destas coletas, no capitulo 1 foi verificado a composição, abundancia (CPUEn) e biomassa (CPUEp) relativas da ictiofauna, eficiência amostral (curva do coletor, curva de rarefação e Jacknife) e descritores ecológicos de comunidades (riqueza, diversidade, equitabilidade e dominância) das assembleias das quatro áreas. Foram efetuadas analises de variância (ANOVA: bifatorial), Kruskal-Wallis, teste-T e Mann-Whitney para verificar se havia diferenças significativas dos descritores entre as áreas e períodos sazonais. Estas análises foram corroboradas por analises multivariadas de agrupamento (cluster), ordenamento (MDS), Anosim e Simper. No capitulo 2, os estados ecológicos das quatro áreas foram verificados utilizando como indicadores: curvas espécie abundancia, curvas K-dominância e curvas ABC, assim como modelos espécie-abundancia serie geométrica, log serie, log normal e broken stick, e modelo de regressão linear de espectros de tamanho. No capitulo 3, a estrutura trófica foi estimada a partir da categorização das espécies de cada área em 5 guildas: piscívora, onívora, detritívora, carnívora e herbívora. A abundancia, biomassa e índices ecológicos destas guildas foram estimados e verificados suas variações espaço-temporais, por analises de variância (ANOVA: bifatorial e Kruskal-Wallis) e teste t. No capitulo 4, a dieta das espécies mais abundantes das assembleias de cada área foi verificada e suas variações espaço-temporais detectadas por analise de variância (ANOVA: bifatorial e Kruskal-Wallis). Também foram estimados a amplitude e sobreposição de nicho das espécies mais abundantes, assim como a existência de competição entre as espécies através de modelagem nula. No capitulo 5 foi realizada a avaliação ecossistêmica das quatro áreas através de modelos de fluxo de biomassa na rede trófica do ecossistema, usando como instrumento de modelação o software Ecopath. Essas análises tinham por objetivo descrever as variações dos atributos ecológicos que quantificam as propriedades de maturidade, estabilidade e resiliência ecossistêmica que pudessem refletir os estados ecológicos dessas áreas. O modelo incluiu compartimentos funcionais desde produtores primários ate predadores de topo. No geral, todas as análises indicaram sensíveis alterações na ictiofauna atribuídas a implantação da UHE Coaracy Nunes, que se refletem nos três níveis de organização: ecossistema, comunidade (assembleia) e guilda. Os resultados indicaram a captura de 1.977 peixes distribuídos em 2 classes, 9 ordens, 23 famílias, 73 gêneros e 108 espécies. As curvas de acumulação de espécies e curvas de rarefação individualizadas demonstraram que houve suficiência amostral nas áreas Reservatório e Lacustre. Os resultados mostraram que a área Jusante foi mais rica, diversa e equitativa em relação as demais e que a sazonalidade não influenciou na variação destes índices. A abundancia relativa (CPUEn) foi superior nas áreas Reservatório e Lacustre e a biomassa relativa (CPUEb) foi superior na área Jusante, não havendo diferenças sazonais para esses descritores em todas as áreas. As analises de agrupamento (cluster) e ordenamento (MDS) da ictiofauna permitiram identificar a formação de três assembleias distintas: Jusante, Montante e uma assembleia que compreende as áreas Reservatório e Lacustre, ratificando a similaridade dessas duas áreas. Os resultados das curvas whitakeplot, ABC e K-dominância, assim como o ajuste satisfatório do modelo broken stick e os padrões das curvas de espectro de tamanho para a assembleia da área a jusante indicam que esta área foi a mais equilibrada em termos ecológicos. Nas áreas Lacustre e Reservatório, os resultados tanto do ajuste ao modelo serie geométrica, quanto os resultados das curvas whitake-plot, ABC e K-dominância e o espectro de tamanho, assim como os resultados das curvas e ajustes ao modelo série e menor espectro de tamanho para a assembleia da área Reservatório, refletem que os peixes destas áreas, em sua maioria, são indivíduos pequenos com elevada dominância e baixa equitabilidade, caracterizando comunidades típicas de áreas impactadas. A estrutura trófica das assembleias de peixes das áreas represadas (Reservatório e Lacustre) foram formatadas em função do barramento do rio, que isolou e fragmentou o ambiente, determinando sua modificação física, impondo o estabelecimento de uma ictiofauna de espécies pré-adaptadas as condições ambientais de represamento, diferente, em parte, da estrutura da ictiofauna fluvial pre-barramento, destacando as piscívoras, onívoras e detritívoras, que foram as mais ricas e abundantes em função da disponibilidade, nas duas áreas, dos recursos alimentares de sua preferencia. Os resultados demonstraram que as dietas das assembleias de todas as áreas foram similares quanto ao predomínio do consumo de peixes e detritos, seguidos de alimento vegetal aloctone, revelando um padrão com poucos nichos amplos e uma concentração maior de espécies com nichos mais estreitos. Contudo, o padrão de baixa amplitude trófica foi evidenciado pelo predomínio da guilda piscívora, somada as guildas detritívora e herbívora. A sazonalidade pouco influenciou na alimentação da maioria das espécies em todas as áreas. Os padrões comparativos da dieta entre as áreas Montante e Jusante com as áreas Reservatório e Lacustre indicam que a maioria das espécies das áreas represadas pertenciam as guildas piscívora, onívora e detritívora antes do barramento do rio, que colonizaram estes ambientes, influenciadas, principalmente, pela abundancia dos recursos alimentares de suas preferencias e das condições físicas ambientais favoráveis. Interações competitivas foram evidenciadas pelos modelos nulos, sugerindo que a competição também foi um fator importante na estruturação das assembleias. Ecossistemicamente, os quatro modelos de fluxo de biomassa representam ecossistemas com elevada produção primaria oriunda da floresta riparia e algas filamentosas, que são utilizadas parcialmente. A cadeia trófica baseada em detrito apresentou ser mais importante que a que tem como base a produção primaria nas áreas Reservatório e Lacustre. A maioria dos fluxos ocorre nos compartimentos de níveis tróficos baixos. As propriedades ecossistêmicas da área Jusante indicam que este ambiente se encontra mais desenvolvido e maduro em relação aos outros, caracterizado por resiliência e entropia altas. As áreas represadas (Reservatório e Lacustre) apresentaram atributos ecossistêmicos que lhe conferiram características de menos resiliente e menos maduro que as áreas de rio. A área Montante apresentou um padrão intermediário de resiliência, estabilidade e maturidade. Esses resultados evidenciam que apos quarenta anos da construção da barragem do reservatório de Coaracy Nunes, a fragmentação do ambiente proporcionou alterações ecossistêmicas negativas, refletidas nas assembleias de peixes das áreas acima do barramento e na analise ecossistêmica, evidenciando que a área jusante apresenta características de ambiente em bom estado ecológico, com baixa alteração de origem antrópica e capaz de suportar distúrbios.

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H. zebra é uma espécie de peixe da família Loricariidae, subfamília Ancistrinae, endêmica do rio Xingu, com distribuição desde Belo Monte até a confluência dos rios Xingu e Iriri. Por ser uma espécie com grande valor no mercado aquariofilista ornamental, sua captura tornou-se desenfreada, tornando-o uma espécie ameaçada de extinção. Apesar da forte pressão exercida sobre H. zebra, ainda são escassos os estudos sobre a espécie. Assim, perante a escassez de informações básicas e as constantes ameaças, conhecer aspectos da biologia e ecologia de H. zebra, agregando aos resultados das pesquisas científicas, também o conhecimento ecológico local dos pescadores ornamentais sobre esta espécie torna-se uma ferramenta fundamental para a conservação da espécie. A distribuição de H. zebra é restrita a um pequeno trecho do rio Xingu, entre Gorgulho da Rita e Itaubinha, e não ocorre de forma homogênea, dependendo da presença de blocos rochosos. Um total de 283 indivíduos de H. zebra foi visualizado nos afloramentos rochosos da área estudada, dos quais 232 foram capturados. A menor abundância média foi em Gorgulho da Rita, em oposição ao sitio Jericoá com a maior abundância. Entre os períodos, verificou-se uma maior abundância na seca do rio e menor valor para o período de enchente. Os fatores ambientais não apresentaram influências significativas sobre a abundância de H. zebra. H. zebra é uma espécie generalista, alimentando-se principalmente de algas perifíticas, detritos, restos vegetais e esponjas, enquanto que nematódeos e miriápodes foram considerados itens ocasionais. Não houve diferenças significativas na composição e abundância da dieta de H. zebra, quanto aos sítios de coleta, períodos do ano e ontogenia. Considerando a composição e abundância da dieta, H. zebra pode ser considerada uma espécie iliófaga-onívora, e com possibilidades de adaptação as mudanças na disponibilidade de alimento com a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Os pescadores ornamentais zebra evidenciam conhecimento especializado quanto à distribuição e abundância, hábitat, alimentação, predação e reprodução da espécie, o qual pode ser aproveitado para otimizar trabalhos futuros e para facilitar medidas de manejo.

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Macrobrachium surinamicum é uma espécie de camarão do Atlântico cuja biologia ainda é pouco conhecida. Na Amazônia ele é frequentemente capturado como fauna associada à M. amazonicum, espécie predominantemente dulcícola amplamente comercializada na região amazônica pela pesca artesanal, atendendo as necessidades alimentícias e econômicas da comunidade ribeirinha. Com o objetivo de caracterizar a distribuição espaço-temporal do camarão dulcícola M. surinamicum na Baía do Guajará e Ilha de Mosqueiro, correlacionando a abundância desta espécie com fatores abióticos (temperatura e salinidade) e, além disso, investigar a estrutura populacional, as principais relações biométricas e elucidar alguns aspectos da reprodução desta espécie, foram realizadas expedições mensais na Baía do Guajará e na Ilha de Mosqueiro de maio/2006 a abril/2007. As amostragens foram realizadas com utilização de armadilhas conhecidas localmente como matapis. Um total de 361 camarões foram capturados sendo a maior abundância em dezembro e a menor em julho de 2006. A maior captura foi na Ilha de Arapiranga e menor na Ilha de Mosqueiro. A abundância diferiu significativamente em dezembro/06 e nenhuma variável estudada teve influência significativa na abundância de M. surinamicum. Os machos foram maiores que as fêmeas e a proporção sexual total não diferiu significativamente do esperado de 1:1. A frequência de fêmeas e machos entre locais e meses foi maior em dois períodos do ano, denotando dois prováveis períodos de recrutamento: um maior de novembro a fevereiro e outro menor, de abril a maio. As relações entre o comprimento do cefalotórax (CC) e as demais variáveis indicaram crescimento alométrico positivo. A maturidade sexual de M. surinamicum ocorreu em tamanhos diferentes para fêmeas e machos, sendo que o tamanho médio da primeira maturação (L50) de fêmeas foi 5,47 mm de CC e de machos 8,85 mm, sendo 6,08 mm para os sexos agrupados. A combinação das maiores freqüências de estágios maturos, ovígeras e desovadas de fêmeas, com os picos de fator de condição relativos (Kr) indicam que as desovas são intermitentes, apresentando, no entanto, um pico desova em janeiro e fevereiro, coincidindo com a maior pluviosidade na região. A Baía do Guajará, especialmente os locais mais abrigados como a Ilha de Arapiranga e do Combu, propiciam o desenvolvimento de M. surinamicum, o que indica que esta espécie tenha preferência para áreas menos antropizadas, se mantendo no estuário tanto nas etapas juvenis quanto adulta, que todos os estádios de maturação gonadal foram encontrados o que torna a Baía de Guajará e a Ilha de Mosqueiro locais importantes para a conservação desse crustáceo.

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A presente pesquisa tem a finalidade de contribuir para o conhecimento da biologia e ecologia trófica da espécie H. unimaculatus no rio Araguari, na área de influência da UHE Coaracy Nunes, Amapá, Brasil. A região de estudo corresponde a uma porção da bacia do rio Araguari. As coletas foram realizadas bimestralmente entre Maio de 2009 à Julho de 2010. Foram utilizadas baterias de redes de malhas (2; 2,5; 3; 4; 5; 6; cm entre nós opostos com 10 m de comprimento x 1,5 m de altura) e tarrafa (15 e 20 mm). As malhadeiras ficaram expostas por 17 h, com revistas a cada 3h. Os exemplares capturados foram conservados no gelo e fixados em formalina 10%. Os mesmos foram pesados (PT) e medidos (CT). O sexo foi identificado a partir da análise macroscópica das gônadas, onde foram pesadas e fixadas em formol 10%. Os estômagos foram pesados e conservados em álcool 70%. O ambiente foi caracterizado através de análises multivariadas. A estrutura em comprimento da população, relação peso-comprimento, proporção sexual, abundância e biomassa relativa foram avaliados. O local e período de reprodução, tamanho de primeira maturação e tipo de desova, também foram estudados. A ecologia trófica foi avaliada pela atividade alimentar, e conteúdo com matéria orgânica. Os itens alimentares foram analisados pelos métodos de frequência de ocorrência (Fi), grau de preferência alimentar (GPA) e índice alimentar (IAi). Os resultados obtidos mostraram que na área a jusante da represa e na área lacustre houve maior transparência da água, no reservatório predominou a profundidade e na montante houve valores maiores de pH. O comprimento médio foi 193.74 mm (80-258 mm ± 22.71 mm) e o peso médio foi de 70.90 g (10-160 g ± 23.99 g). Houve diferença significativa do comprimento em relação aos períodos do ano. O crescimento relativo da espécie foi alométrico negativo (b = 2.34). A proporção sexual foi de 2:1 a favor das fêmeas. A abundância e biomassa relativa foram maiores no reservatório e na área lacustre. A desova ocorreu entre os meses de novembro 2009 e janeiro 2010; preferencialmente os indivíduos desovam no reservatório e no lago. O tipo de desova é total e o tamanho de primeira maturação é a partir de 157.5 mm. A espécie tem hábito alimentar iliófaga-detritívora com tendência a onivoria. A estratégia alimentar é generalista, mas dominante para os itens fitoplâncton e detrito. A espécie H. unimaculatus, adaptou-se com sucesso ao represamento e sua dieta pode ter sofrido alteração frente às mudanças causadas pelo ambiente.

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O estudo das palmeiras nativas é importante por seu grande valor econômico e na manutenção das comunidades de várias espécies de vertebrados e invertebrados que se alimentam de seus frutos, sementes e folhas. A eficiência na produção dos frutos das palmeiras está diretamente relacionada com a presença de insetos polinizadores, principalmente besouros, abelhas e moscas. A palmeira Mauritia flexuosa, comumente conhecida como buriti, é a espécie mais abundante do Brasil e é também chamada de “árvore da vida”, por ser 100% utilizável. Este trabalho teve como objetivo contribuir para o conhecimento da ecologia da polinização do buriti em ambiente de restinga, no município de Barreirinhas, Maranhão, Brasil. Para tanto, obteve-se dados sobre fenologia reprodutiva, biologia floral, sistema reprodutivo e visitantes florais. Para o acompanhamento fenológico foram selecionados 25 indivíduos de cada sexo, os quais foram observados de agosto/2009 a outubro/2012. As fenofases de floração e frutificação foram relacionadas com as variáveis climáticas através de correlação de Spearman. O processo de abertura e longevidade floral foi acompanhado durante o pico de floração da espécie, verificando-se a viabilidade polínica, a receptividade estigmática, as regiões emissoras de odor e a ocorrência de termogênese. Para determinar o sistema reprodutivo foram feitos testes de polinização cruzada e apomixia. O transporte de grãos de pólen pelo vento foi observado, por meio de lâminas de vidros untadas com vaselina que permaneceram penduradas próximas às inflorescências pistiladas durante 24 horas. Os visitantes florais foram coletados através do ensacamento de 20 inflorescências de cada sexo, sendo classificados de acordo com a frequência e o comportamento. O buriti apresentou padrão fenológico anual, sincrônico e sazonal, com floração de agosto a novembro e pico de queda dos frutos em setembro, o que corresponde à estação seca, diferindo do observado na Amazônia, onde estes eventos fenológicos ocorreram na estação chuvosa. Esta diferença pode ser justificada pela grande disponibilidade de água na região, o que faz com que o buriti não necessariamente dependa das chuvas para florescer. Este fato foi evidenciado pela correlação significativa negativa das fenofases com a precipitação e com a umidade relativa. A forte incidência solar e a disponibilidade de água no ambiente contribuíram para o sucesso na floração e frutificação do buriti. Além disto, fatores bióticos podem ter exercido influência no comportamento fenológico, cuja estratégia reprodutiva adotada parece ser a sincronização da floração e da frutificação com a atividade dos polinizadores e dispersores. Dessa maneira a espécie garante a sua reprodução em um período ótimo para a germinação de sementes e estabelecimento de plântulas. O sistema reprodutivo do buriti é xenogâmico. O conjunto de características florais, aliado à abundância de pólen e ao forte odor leva a crer que essa palmeira tenha como principal estratégia de polinização a cantarofilia, porém o vento também possui grande importância na polinização. Além de apresentar polinização do tipo misto (ambofilia), as flores do buriti atraíram uma grande variedade de visitantes, cuja riqueza foi maior que a observada na Amazônia.

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Esta tese apresenta informações sobre a ecologia de A. ucayalensis, avaliando a influência da variação pluviométrica, sexual e interindividual na biologia reprodutiva e trófica da espécie, além da contribuição para o conhecimento anatômico e histológico do sistema reprodutor dos machos. Foram realizadas pescas experimentais mensais para a coleta dos espécimes, os quais tiveram seus aspectos ecológicos e morfológicos estudados conforme as análises de rotina para esses parâmetros. A variação pluviométrica influenciou a reprodução dessa espécie, que apresentou desova total e se reproduziu no período com maior intensidade de chuvas. A espécie apresentou hábito alimentar carnívoro com forte tendência a piscivoria e a sua ecologia trófica não foi influenciada pela variação pluviométrica ou pelo sexo, sofrendo influência apenas da especialização individual. A morfologia dos testículos de A. ucayalensis diferiu da registrada para outras espécies de Auchenipteridae e foi evidenciada a inseminação, que pode corresponder a uma associação gamética interna para garantir que os espermatozoides consigam fertilizar os oócitos quando liberados no meio aquático. Desta forma, o presente trabalho fornece importantes informações sobre a autoecologia e a morfologia do sistema reprodutor dos machos dessa espécie, que por ser carnívoro desenvolve um importante papel na cadeia alimentar.

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Este trabalho aborda a depressão de acordo com o referencial teórico da análise do comportamento e, a partir do trabalho de Dougher e Hackbert (1994), discute alguns sintomas desse fenômeno em relação a conceitos e princípios comportamentais estabelecidos, sem a intenção de avaliar estratégias de tratamento. Basicamente, argumenta-se que no âmbito de uma perspectiva analítico-comportamental a depressão deve ser entendida como um conjunto complexo de comportamentos; um padrão de interação com o ambiente. Por essa ótica, não há como compreender o comportamento depressivo sem recorrer a uma análise funcional do mesmo em relação ao contexto particular no qual ocorre.

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Desde os anos 1950, tem se constatado que, em alguma medida, os valores do terapeuta se fazem presentes na psicoterapia, podendo, inclusive, influenciar os valores dos clientes. Embora apresente uma concepção de valores diferente das tradicionais, a terapia analítico-comportamental não é uma exceção. Este trabalho busca esclarecer como os valores do terapeuta podem se manifestar na clínica analítico-comportamental, sejam esses valores pessoais ou compartilhados com alguma cultura (e.g., sociedade em geral, Psicologia, Análise do Comportamento). Para tanto, mostra-se como o conceito de valor tem sido abordado na Análise do Comportamento e o que possibilita a manifestação dos valores do terapeuta na clínica analítico-comportamental. Por fim, discutem-se brevemente algumas implicações do tema para a prática clínica.

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Este artigo oferece uma análise dos diferentes usos do conceito de incontrolabilidade vinculados ao modelo do desamparo aprendido, apontado como um modelo animal de depressão, indicando como a mesma topografia verbal é emitida sob controle de eventos distintos. Discute-se a generalidade do conceito de desamparo aprendido a partir de dados obtidos com humanos, abordando-se também aspectos relativos à participação de contingências verbais na ocorrência do efeito. Variáveis relevantes para a generalidade do desamparo aprendido – enquanto modelo experimental e equivalente animal da depressão na análise do comportamento – são discutidas, justificando-se a necessidade de maior investigação da correspondência entre o conceito de incontrolabilidade e a condição experimentalmente estabelecida em laboratório e da produção de desamparo aprendido em humanos com participação de processos verbais.