68 resultados para Couto, Mia, 1955- Crítica e interpretação
Resumo:
A proposta desta dissertao examinar a recepo crítica em lngua espanhola de Grande serto: veredas (1956), obra de Guimares Rosa (1908-1967). Desde a sua edio no idioma espanhol, a referida narrativa provocou certo impacto na sociedade de lngua cervantina por abordar um tema polmico como a relao ambgua de Riobaldo e Diadorim, oculta at o final da primeira leitura e por escrever numa linguagem potica acerca dos conflitos humanos e existenciais, inseridos na descrio de uma regio que ultrapassa os limites geogrficos, para a construo de um serto universal. A recepo crítica em lngua espanhola, de fato, iniciou-se em 1967 com a publicao de Grn sertn: veredas, pela editora Seix Barral, traduzida por ngel Crespo. Este trabalho prope uma leitura sobre as interpretaes da narrativa que causou grande repercusso entre os intelectuais hispano-falantes que, ao se debruarem sobre o serto, procuraram desvendar os sentidos forjados na obra. nessa perspectiva que sero abordados os textos do arquivo da Revista de Cultura Brasilea da dcada de 1960, elemento primordial para o desenvolvimento deste estudo e da recepo crítica mais contempornea de Soledad Bianchi (2004), Antonio Maura (2007), Maria Rosa lvarez Sellers (2007) e Pilar Gmez Bedate (2007), alm de outros crticos literrios brasileiros. Como base metodolgica desta pesquisa, recorrer-se- entre outras referncias, ao estudo sobre a teoria da recepo de Hans Robert Jauss no que concerne ao leitor como construtor de um novo objeto artstico. O trabalho est dividido, em trs captulos: no primeiro, far-se- uma abordagem dos pressupostos da Esttica da Recepo, de Hans Robert Jauss (1921-1997) e, sucintamente, far-se- uma discusso sobre o texto A tarefa do tradutor de Walter Benjamin e os princpios tericos de Antoine Berman no que tange ao ato tradutrio. Nos captulos posteriores, ser desenvolvido o trabalho especfico sobre a crítica no idioma espanhol, e por meio desta anlise, destacar-se-o as divergncias entre as obras de lngua portuguesa e espanhola, focando nos elementos pertinentes linguagem potica na construo do texto para os hispano-falantes e a insero da obra no contexto scio-histrico da fico rosiana nos pases de lngua hispnica.
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Este trabalho visa a discutir alguns aspectos da crítica literria produzida em larga escala nos jornais de meados do sculo XX, conhecida como crítica jornalstica ou de rodap, mais precisamente a contribuio crítica de Franklin de Oliveira (1916-2001) para as trs primeiras publicaes literrias do autor Guimares Rosa (1908-1967), Sagarana (1946), Corpo de baile (1956) e Grande serto: veredas (1956), verificando quais teorias e mtodos eram usados por esse crtico para analisar um conjunto de obras que se mostrava, primeira vista, como desafio aos atentos crticos da poca. Franklin de Oliveira, mencionado por Benedito Nunes, em Rumos da crítica (2000), como injustamente esquecido nas referncias das publicaes acadmicas, deixou um vastssimo conjunto de ensaios humansticos sobre msica, literatura, poltica, entre outros, do Ocidente, esclarecendo a importncia da arte e da literatura para a formao de um homem total, no alienado e consciente de sua humanidade. Os seus ensaios, de alta erudio, refletem a complexidade da obra rosiana sob o prisma filosfico, poltico e, principalmente, esttico, pois tem o entendimento de que as situaes externas obra literria devem emergir no gnero literrio considerando artisticamente o fato exposto. Por isso, para Franklin de Oliveira, Guimares Rosa foi um escritor revolucionrio, por ter realizado uma mmesis que no ficou presa ao seu tempo presente, e, por meio do elemento lingustico, literrio e metafsico, conseguiu promover a transcendentalizao da prosa literria brasileira. Assim, esta dissertao est estruturada em um panorama geral dos assuntos aqui apresentados e em trs captulos, quais sejam: Por uma definio de crítica literria, Do intelectual ao crtico jornalista: Franklin de Oliveira, um humanista por excelncia e Legado de Franklin de Oliveira crítica rosiana: sob o foco da revoluo rosiana, a fim de alcanar o entendimento sobre a importncia de se estudar as anlises escritas em outra poca a respeito das obras de um autor de literatura, como Guimares Rosa, que ainda hoje so muito lidas e discutidas. Para tanto, um dos pressupostos tericos para este estudo tem em vista o experienciar dinmico da obra literria por parte do leitor, algo salientado pela Esttica da recepo no livro A histria da literatura como provocao a teoria literria (1994), de Hans Robert Jauss, este trabalho possibilita questionar ou legitimar a tradio de uma crítica por meio da trade hermenutica do compreender, interpretar e aplicar.
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Este trabalho analisa a obra O Nativo de Cncer, do escritor paraense Ruy Barata, publicado como fragmento em 1960. Buscamos estudar os elementos mitolgicos e picos presentes na composio do poema O Nativo de Cncer. No primeiro captulo faremos um estudo do mito, apresentando as ideias de Mircea Eliade sobre a ocorrncia do mito nas sociedades tradicionais por meio do texto Mito e Realidade. Tambm exporemos o pensamento de Roland Barthes, no texto Mitologias, que aborda as maneiras em que o mito ocorre na contemporaneidade. Adicionalmente, esboaremos conceitos acerca da epopeia, contextualizando sua ocorrncia na Grcia e indicando suas configuraes, as quais sero contextualizadas posteriormente. No segundo captulo, trataremos das narrativas dos naturalistas e estudiosos que viajaram pela Amaznia nos sculos passados, a fim de compreendermos como ocorrem os mitos fundadores na regio e como Ruy Barata tenta desfaz-los por meio de sua poesia moderna. No terceiro captulo, analisaremos auxiliados pela "Estilstica Gentica" de Leo Spitzer os dois cantos do poema O Nativo de Cncer, justificando a utilizao de determinadas figuras retricas, a fim de apresentarmos em que momentos e de que maneira o poema pode se assemelhar ao mito e epopeia e como estas configuraes exprimem a luta do poeta nativo pela poesia na Literatura da Amaznia.
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O escritor paraense Dalcdio Jurandir (1909 1979) alm de publicar os dez romances que compem o chamado Ciclo do Extremo Norte, contribuiu para diversos peridicos de Belm e do Rio de Janeiro e escreveu o livro Linha do Parque (1959) sob encomenda do Partido Comunista Brasileiro (PCB) do qual era membro. Esse romance, escrito aos moldes do Realismo Socialista esttica oficial da Unio Sovitica (URSS) naquele perodo, que se estendeu tambm a vrios outros pases, por meio de seus partidos comunistas narra as lutas dos operrios na cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, no decorrer da primeira metade do sculo XX. Nessa obra, perceptvel o destaque dado ao trabalho das mulheres nas fbricas e nas reunies da Unio Operria, as quais participam ativamente, em igualdade com os homens, do movimento operrio retratado no livro. Este trabalho, portanto, objetiva analisar a importncia das personagens femininas para o desenvolvimento de tal narrativa, dando destaque quelas que tiveram grande participao nas lutas dos operrios descritas no romance, refletindo tambm sobre as manifestaes ideolgicas que esto presentes na obra.
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Nesta obra, o autor obidense, Herculano Marcos Ingls de Sousa, valoriza a mitologia amaznica ao destacar as lendas da cobra- grande, do pssaro acau, do taj, do boto e o temor presente no imaginrio das pessoas que habitam regies fronteiras floresta amaznica, cenrio de ocorrncias fantsticas. A dissertao visa uma anlise mais detalhada da narrativa Acau, por ser aquela que rene um nmero significativo de caractersticas fantsticas. Para desenvolver este trabalho, utilizou-se, como suporte terico, principalmente, o blgaro Tzvetan Todorov, que compreende o fantstico como um gnero proveniente de fatores que contrariam os fenmenos regidos por leis naturais, o que propicia dvidas acerca desses fatores. Em decorrncia disso, busca-se a compreenso em gneros vizinhos, quais sejam: o estranho e / ou maravilhoso. Ser ainda utilizado o estudo proposto pela francesa Irne Bessire, que entende o relato fantstico amparado em padres socioculturais para fomentar o entendimento da imbricao dos dois campos: o natural e o sobrenatural. O trabalho est dividido em quatro captulos: o primeiro traz algumas informaes sobre a vida de Ingls de Sousa, um curto panorama do Realismo/Naturalismo e a estruturao do cnone; o segundo constitudo de uma viso conceitual tanto do fantstico quanto dos ndices de estranhamento insertos no texto literrio; o terceiro pe em evidncia as obras de Sousa, como exemplo de literatura marcada pelo fantstico e pelo imaginrio, e uma teia narrativa, cujo centro o conto Acau, alm de uma comparao entre a narrativa Acau de Sousa e a de Nery; e o quarto captulo consiste em uma proposta de anlise do conto fantstico Acau sob a reflexo de Felipe Furtado.
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O estudo da novela "Uma estria de amor", de Guimares Rosa (1908-1967), que pretendemos desenvolver na realizao desta Dissertao de Mestrado, traz como principal mote a recepo crítica e a interpretação das cantigas, narrativas e estrias cantadas e contadas durante a "Festa de Manuelzo" (espcie de subttulo de "Uma estria de amor"). Desse modo, nosso trabalho ter sua metodologia desenvolvida com fundamento na Esttica da Recepo, formulada por Hans Robert Jauss (1921-1997), porm, no se trata de amparar a feitura dessa Dissertao, nica e exclusivamente, nos mtodos esttico-recepcionais, mas, de amparados pelos estudos hermenuticos, sobretudo os formulados por Jauss, constituir um cenrio possvel para a obra de Guimares Rosa, considerando suas vrias interpretaes e sua importncia para a afirmao do carter vanguardista atribudo ao seu legado, em especial "Uma estria de amor". Durante a realizao da festa que marcar a inaugurao da fazenda, os muito contadores e cantadores chegam Samarra (propriedade de Federico Freire, patro de Manuelzo) com a misso de contar narrativas e cantigas que conduziro o velho vaqueiro a um raro momento de parada dos seus afazeres na fazenda, levando-o a fazer parte da celebrao de sua festa. Com vista a realizar o objetivo proposto nesta Dissertao, sua diviso estrutura-se na construo de trs captulos, sendo cada um, subdividido em duas partes. Tal diviso h de servir ao alcance das questes, concluses e possibilidades interpretativas sobre "Uma estria de amor". Assim que, j no primeiro captulo do texto, explorar-se- a recepo crítica de "Uma estria de amor", bem como seu carter vanguardista, tomando como exemplo a Literatura oral, que torna a novela de Guimares Rosa objeto mais do que suficiente aos estudos propostos por Jauss. No segundo captulo, dissertar-se- sobre o amor, segundo a discusso empreendida por Derrida acerca do phrmakon, teorizado em A farmcia de Plato (1991), como recorrncia, ao mesmo tempo, desencadeadora de um veneno e de um poder curativo, que atribuem, ao protagonista da novela em questo, o papel do ouvinte ainda capaz de se emocionar e surpreender-se com a simples audio de relatos, aparentemente to ingnuos sobre estrias adquiridas e perpassadas ao longo dos anos pela oralidade. No captulo final, intenta-se realizar uma anlise de alguns cantos, e, especificamente, de trs narrativas condicionadas em "Uma estria de amor", dialogando com leituras mais recentes da obra (Sandra Vasconcelos, em Puras Misturas [1997], por exemplo), para demonstrar a importncia do relato transmitido pelas vrias geraes que procedem narrativa original, as quais, indiferente s mudanas de rumo constantes nesses possveis textos, muitas vezes, parecem discordar do original.
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Tendo como objeto de estudo o livro Lavoura arcaica, de Raduan Nassar, e a obra cinematogrfica homnima, de Luiz Fernando Carvalho, este trabalho se debrua sobre as anlises possveis no processo de adaptao como recriao da obra, interpretando temas como a famlia, as paixes proibidas e o trgico. Para tal estudo, a viso terica de autores como Freud, Bataille, Marcuse, Bakhtin e Nietzsche, em seus pontos convergentes, auxilia a compreenso secular de interditos, proibies e transgresses, presentes na obra de Nassar.
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O presente trabalho busca compreender a recepo crítica da potica de Max Martins no decorrer de 50 anos de atividade artstica. A partir de uma abordagem esttico recepcional, averiguaremos como as sucessivas leituras por parte de jornalistas e crticos determinaram a aceitao de sua produo e sua respectiva insero dentro do cenrio literrio local e nacional. Baseando-se na perspectiva terica da Esttica da Recepo pretenderemos assim compreender diacronicamente o efeito causado pela obra de Max Martins junto aos seus leitores imediatos, e consequentemente perfazer uma histria de sua recepo. A abordagem realizada por meio dos pressupostos apresentados por H. R. Jauss (em A Histria da Literatura como Provocao Teoria Literria) - como o termo "horizonte de expectativa" - nos orientar quanto historicidade da produo potica de Max Martins, esclarecendo o motivo que levou algumas leituras equivocadas de sua obra a se perpetuarem at o presente. Desse modo, por meio da reconstruo do horizonte de expectativa poderemos compreender a que demanda ou pergunta obra de Max Martins atendeu no momento de sua publicao, alm de averiguarmos como o trabalho de editorao da sua obra (G.Genette, 2009) influenciou sua leitura no decorrer do tempo, atualizando assim sua compreenso crítica e revelando algumas incongruncias persistentes em estudos acadmicos contemporneos.
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Traduo e criao literria em Gran sertn: veredas: anlise de processos neolgicos da verso espanhola uma pesquisa que tem como objetivo analisar os neologismos presentes em retratos femininos de Gran sertn: veredas (1967) sob o enfoque transcriativo. Compreende-se neologismo em seu carter literrio como ponto de criao da palavra capaz de estimular o leitor a perceber novos significados e, especificamente em Guimares Rosa, como um dos aspectos que tornam sua linguagem singular. O enfoque transcriativo baseia-se em Haroldo de Campos (1929-2003) e contribui para uma concepo crítica da prtica tradutria, que reivindica autonomia para a obra de chegada e que entende o tradutor como o responsvel por reconstituir os sentidos da obra de partida. A metodologia do trabalho compreende as seguintes etapas: estudo bibliogrfico, no qual se problematiza a conceito de transcriao e suas implicaes na prtica tradutria. Em seguida, iniciando pela obra de partida, sob a perspectiva esttico-receptiva, investigam-se os crticos Cavalcanti Proena, Nei Castro e Nilce Martins quanto a suas apreciaes acerca das inovaes presentes na linguagem de Guimares Rosa, sobretudo no que diz respeito aos procedimentos neolgicos adotados pelo autor mineiro e suas motivaes ao modificar a palavra. Posteriormente, so examinadas as leituras críticas da traduo espanhola, observando o olhar do prprio tradutor, ngel Crespo, sobre seu labor criativo e o dos crticos Pilar Bedate, Mario Vargas Llosa e Antonio Maura, sobre o grau de elaborao da obra de partida adotado pelo tradutor. Ento, analisa-se a transcriao em Gran sertn: veredas, detendo-se sobre os neologismos compreendidos como potenciais instrumentos de criao nas mos do tradutor espanhol.
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Este trabalho interpreta as categorias cultura e identidade a partir da trilogia Cenas da vida do Amazonas de autoria do escritor paraense de bidos, Herculano Ingls de Sousa. A anlise foi realizada com base na perspectiva terica dos Estudos Culturais que se preocupam em conectar cultura, significado, identidade, poder e territrio, privilegiando a concepo de Identidade.
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Este estudo apresenta os resultados de uma pesquisa que teve como corpus letras de msicas produzidas no perodo de 1966 a 1985, de Chico Buarque de Holanda, cuja temtica a vadiagem. Sob o ttulo Um Olhar acerca da Vadiagem em Canes de Chico Buarque de Holanda, busca-se desvelar os conceitos presentes nos estudos de Michel Maffesoli referentes Vadiagem, Vagabundagem e ao Nomadismo em letras de msicas desse importante artista brasileiro, como: Vai trabalhar Vagabundo, de 1976; Homenagem ao Malandro e Hino de Duran, ambas de 1978; A volta do Malandro, de 1985; dentre outras. Alm da anlise de Michel Maffesoli (2001; 2004), outros tericos nortearam o vis reflexivo desse estudo, como Roberto da Matta (1997), Srgio Buarque de Holanda (1973), Antonio Candido (1993), Roberto Schwarz (1979) e Michel Foucault (1992).
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Esta dissertao o produto de um estudo analtico do livro de poemas Batuque, de Bruno de Menezes, com foco nas narrativas de memria. Tomam-se como referncia as manifestaes culturais de origem africana representadas no livro, em consonncia com teorias pautadas sob uma tica direcionada conexo entre a subjetividade literria e a objetividade histrica, tendo como referncia os conceitos de Histria Social, propostos por Peter Burke, a ideia de cultura de Terry Eagleton e a identidade cultural, de Stuart Hall. Esses instrumentos possibilitam a observao da presena africana como elemento de composio de uma identidade cultural na Amaznia, sob trs aspectos: o primeiro, relacionado ao lirismo, demonstrado, sobretudo, nos poemas Me Preta e Pai Joo; o segundo, direcionado musicalidade, observada em poemas como Batuque e Alma e ritmo da raa; e o terceiro versa sobre a religiosidade, apresentada em poemas como Toi Verequte e Orao da Cabra Preta. Destes trs aspectos, o que mais despertou nossa ateno foi a religiosidade, em especial quanto relao entre sagrado e profano e viso de bem e mal, muito evidentes na obra. Os resultados obtidos do-nos a ideia de que, pela leitura das narrativas de memria do autor e de sua relao com o ambiente em que viveu, as influncias do meio na criao artstica do poeta e na produo de uma obra voltada para as manifestaes culturais contribuem, significativamente, para a melhor compreenso da presena negra na cultura brasileira.
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No ano de 1970 houve a publicao da obra pstuma Ave, palavra de Guimares Rosa (1908-1967) que rene alguns textos do autor, desta coletnea de textos se faz a escolha das crnicas O mau humor de Wotan, A velha e A senhora dos segredos, que giram em torno do contexto do Nazismo alemo e expem uma posio contraria ao Nacional Socialismo. Num primeiro momento o trabalho busca mostrar como Benedito Nunes (1929-2011) se guiou por uma tendncia interpretativa concebida por comentadores heideggerianos antes das obras completas [Gesamtausgabe] (2001), tal tendncia postula que no h na Filosofia de Martin Heidegger (1889-1976) um vnculo entre o pensamento poltico e o filosfico. O passo seguinte expe a noo heideggeriana em Ser e Verdade (2001) em que o filsofo alemo prope uma fundamentao ideolgica para o Nazismo, sendo favorvel a este com certas ressalvas. Assim, mostra-se como as obras completas expem argumentos que apontam uma limitao em relao aos comentadores que produziram antes de sua publicao sobre a Poltica e a Filosofia em Heidegger. No subcaptulo sobre O local da diferena (2005), trata-se do trauma e do testemunho como conceitos centrais que o autor coloca para teorizar as Literaturas do sculo XX nos contextos de guerra e de regimes autoritrios. Aps, faz-se uma leitura crítica com base na premissa do pensamento poltico filosfico em Heidegger nas crnicas rosianas, pois estas expem imagens do perodo da Alemanha nazista que o escritor mineiro esteve como diplomata. A segunda crítica das crnicas de guerra ser feita com base nos conceitos de trauma e de testemunho formulados por Seligmann-Silva (1964), pois, as obras rosianas tratadas demonstram o teor de autoritarismo do partido nazista. Por fim, ser feita uma definio do conceito de recepo de Hans Robert Jauss (1921-1997) para em seguida discutir os autores que fizeram a recepo críticas das crnicas rosianas.
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Esta dissertao tem como objetivo geral investigar a recepo crítica americana de Grande serto: veredas (1956), logo aps a publicao desta, em 1963, e ler as opes tradutrias da primeira traduo de Harriet de Ons (1869-1968) e de James Taylor (1892-1982), e em seguida trechos da segunda traduo americana mais recente, Grand serto: veredas (2013), de Felipe W. Martinez. Como mtodo utilizado para analisar a recepo crítica americana, destacam-se os estudos hermenuticos literrios de Hans Robert Jauss (1921-1997). Dessa forma, prioriza-se uma discusso com a traduo americana de Grande serto: veredas, pois pontuam-se alguns trechos da traduo americana que serviro como objeto de anlise da traduo, tendo como critrio para as escolhas dos trechos relativos ao serto (backlands), e ao encontro de Riobaldo e Diadorim em O-de-janeiro. Os parmetros analisados na primeira traduo sero: a perda da poeticidade, os apagamentos, a alternncia de nomes e palavras e alguns neologismos. Aps a comparaes a partir dos parmetros entre Grande serto: veredas e The devil to pay in the backlands, visa-se constatar o distanciamento do projeto dos tradutores e do projeto potico de Joo Guimares Rosa. Com isso, embasamo-nos nos estudos de traduo de Antoine Berman (1942-1991), Lawrence Venuti (1953) e Andr Lefevere (1945-1996). Berman considera que a traduo uma relao, um dilogo e uma abertura para o estrangeiro. Alm dos parmetros que comprovam uma traduo americana etnocntrica, utilizam-se alguns recortes de peridicos cedidos pelo Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de So Paulo (IEB) num total de 10 textos sobre Guimares Rosa. Esses recortes de jornais foram escritos em 1963. Por fim, nesta dissertao abordar sobre os posicionamentos dos jornalistas americanos diante da publicao da traduo rosiana de 1963 e a recepo crítica atual da traduo americana segundo Perrone (2000), Armstrong (2001), e Krause (2013).
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No presente trabalho interpreta-se a poesia de Max Martins, focando, principalmente, a abertura que ela oferece para o acontecer do silncio da linguagem. Pensa-se, aqui, no silncio como uma questo que fala e se confunde com a questo da essncia da linguagem e, por conseguinte, tambm com a da essncia do potico. Sendo assim, a dissertao desdobra-se em discusses potico-filosficas, articulando essas duas esferas criativas nas vrias dimenses em que a obra martiniana manifesta o silncio: na linguagem, no dilogo com o pensamento e a poesia orientais, no erotismo e na verbivocovisualidade. Busca-se a escuta da voz do silncio, como aparece no ttulo do trabalho. Nessa travessia, importante dizer, as reflexes implementadas pelo filsofo alemo Martin Heidegger acerca da linguagem, assim como suas ideias sobre hermenutica potica, so de grande valia. Certamente, alm de Heidegger, h outros pensadores cujos nomes ecoam pelo trabalho, mas o do alemo merece destaque, pois a compreenso da essncia da linguagem como fala silenciosa encontra abrigo tanto em sua filosofia como na obra potica de Max Martins. Realizando um dilogo entre poesia e filosofia no que elas tm em comum o pensamento de questes , aqui no se aplicou uma teoria prvia ao acontecer da arte. Procurou-se, ao contrrio, empreender ao longo desta jornada interpretativa a escuta da potica que os prprios textos martinianos pe em obra.