266 resultados para Poesia Lírica


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As potencialidades da escrita no conto “Os corpos cercados”, inserido em Os pregos na erva (1962), de Maria Gabriela Llansol, vêm à tona por meio de “cenas fulgor” (expressão da própria autora) e pela permeabilidade das fronteiras entre os gêneros literários, o que dá origem a um texto em que a forma narrativa conto dialoga com a poesia. Esse aspecto híbrido desloca a narratividade para a textualidade, pois se divisa um enredo que se constrói pela quase total ausência de acontecimentos, enquanto o processo de experimentação com a linguagem domina. O espaço textual sugere um campo de concentração que sobrepõe corpos, sons, ritmo e imagens. Nesse sentido, pretendemos mostrar, no texto da escritora portuguesa, de que forma a estrutura do conto é atingida pela saliência dos momentos líricos, uma vez que aspectos peculiares à prosa cedem espaço, no conto de Llansol, ao afloramento da sonoridade e da expressividade.

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O texto que segue tem como objetivo propor uma leitura do conto “Presepe”, de Guimarães Rosa, mostrando o caminho trilhado pelo personagem Tio Bola para reviver o momento do nascimento do menino Jesus, rompendo os limites impostos pela realidade e recuperando o instante sagrado, com todas as transformações que essa decisão acarreta ao personagem. O conto narra um instante mágico de elevação do sujeito, uma verdadeira torrente de imaginação, poesia e fé. Toda essa atmosfera está repleta de símbolos, que representam o coletivo e o individual, e compõem a trama poética do conto.

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Este ensaio aborda a poética de Harryette Mullen, poetisa afro-americana cuja obra questiona os limites que moldam as expectativas pela inteligibilidade acessível na literatura afro-americana. Os poemas de Mullen exploram as bordas da inteligibilidade, avançando para além das expectativas por uma forma visível/ Rev. Let., São Paulo, v.52, n.1, p.101-120, jan./jun. 2012. 119 inteligível de linguagem que abarcaria a experiência da negritude. Argumenta-se que a escrita na poesia de Mullen funciona como um processo de miscigenação ao jogar com a ilegibilidade da negritude, para além de uma linha visível de distinção entre o que é ou que deveria ser considerado como parte apropriada da negritude, o que possibilita novas formas de reflexão sobre a poesia como um instrumento politicamente significativo para se repensar o papel da poetisa e do poeta negros no espaço da diáspora negra.

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Este trabalho parte do mito de Ulisses retomado por Dante e se concentra na leitura feita por Levi do canto dantesco , bem como da (re) elaboração da última aventura do herói grego no contexto da história pessoal do escritor. Trata-se de um moderno Ulisses apresentando uma visão moderna do Inferno. Em Dante, Ulisses está entre as almas condenadas a pagar eternamente seus pecados e, ao mesmo tempo, testemunhas e narradores, capazes de contar o processo da própria morte. Neste sentido, o viajante grego tornou-se , a partir da publicação da obra de memória do Holocausto escrita por Primo Levi, o símbolo do testemunho dos campos de concentração. O exemplo clássico da presença de Dante na narrativa de Levi é o capítulo XI do livro Se questo è un uomo , intitulado “Il canto di Ulisse”, onde prosa e poesia se encontram. O mito de Ulisses, que representa a exaltação do homem inteligente, ávido de conhecimento, que chega às portas do grande mistério da existência humana torna-se, em Levi, um instrumento didático. Recitar uma poesia assume, no universo do campo de concentração, o valor de um ato político e humano, uma afirmação coletiva dos valores que aquele sistema pretendia destruir.

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A obra Corola, de Claudia Roquette-Pinto (2000), apresenta um projeto poético consistente advindo do emprego de recursos expressivos metalinguísticos e da coesa estrutura da obra. O recurso à intratextualidade favorece a unidade e as reflexões metalinguísticas dos 48 poemas que compõem a obra. O diálogo com a tradição literária é simultâneo à consciência dos enunciadores de que a poesia de Corola é intervalar e físsil. Os 47 primeiros poemas sem título de Corola constroem forte relação de continuidade e interdependência reveladora da presença de uma “teoria” do fazer poético baseada em intempéries. O lirismo de Corola não apresenta marcas de autocomiseração em relação à situação de náufrago anunciada no último poema da obra. Os adjetivos exausto, roto, desacreditado, atribuídos ao eu poético, fazem com que ele se desdobre em outro, apreciador crítico de seus próprios ruídos poéticos e refém consciente de um tempo lacunar e intermitente que favorece a construção de uma poética da paciente espera pelo resgate da poesia e do desdobramento em leitor-espectador de si mesmo e do texto poético. Analisaremos alguns procedimentos metalingüísticos e as inquietações compositivas anunciadas pelos eus poéticos de Corola, além da recorrente figura do jardim como espaço poético.

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Embora seja uma ideia muito divulgada, considerar a poesia como “desvio de linguagem” é, do ponto de vista teórico, uma noção que não se sustenta. A ideia de “anomalia”, nesse caso, não é, na verdade, um conceito cientifi camente embasado senão uma metáfora do senso-comum aceita de modo denotado. As análises que admitem a “anormalidade” da fala poética como um postulado carecem de rigor metodológico e, portanto, não podem ser acolhidas pela linguística.

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Pensar que a Poesia escrita para crianças não deve apresentar complexidade temática e textual é considerar a Literatura Infantil, em suas mais variadas tipologias textuais, um discurso não dialógico para o leitor-mirim. Por isso, neste texto, discutiremos o problema da atual formação do leitor de poesia na escola e sua efetiva interação com o texto poético. Esta interação com a estética verbal, pressupõe que o leitor seja aquele capaz de penetrar gradualmente nas camadas profundas do texto, o que nem sempre acontece no ambiente escolar, seja pelo despreparo do professor diante da poesia seja pela pouca ou má divulgação da poesia infantil de qualidade. Palavras-chave: Ensino; poesia infantil; sensibilidade.

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Sob a influência de seu predecessor mais forte, John Milton, o poeta, pintor e gravurista William Blake reage a essa influência incorporando-a dinamicamente à sua poesia. Porém, a reação à influência poética é mais abrangente que a incorporação do Paradise Lost, de John Milton, ao seu poema Milton: a Poem in Two Books e conduz o autor a criar uma linguagem poética na qual as referências extratextuais verbais e visuais são transferidas, por meio de metalinguagem, para o interior do próprio poema. Sem referências claras para ajudá-lo, o leitor é induzido a criar suas referências subjetivas e dar sentido ao texto, transformando-se, assim, de leitor passivo, em leitor/criador ativo. Palavras-chave: William Blake; iluminuras; John Milton; influência; reação; sistema verbal/visual.

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Ao estabelecer um diálogo com o cogito de Descartes, o cogito torquatiano aponta para um sujeito em crise, fragmentado, contraditório, aberto e plural, desconstruindo a idéia humanista e cartesiana de sujeito como ser autônomo, dotado de uma personalidade coerente. O comportamento de Torquato Neto é muito bem representado pelo mito vampírico e pela metáfora do escorpião, definitivamente amalgamados à persona e à imagem do poeta.Palavras-chave: Torquato Neto; anos 60; arte/comportamento; literatura brasileira; poesia contemporânea; crise do sujeito.

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Apoiando-se na análise do conto “Souvenirs occultes” recolhido na obra Contes cruels (1883) de Villiers de l’Isle-Adam (1839-1888), este trabalho tem a intenção de abordar alguns aspectos gerais da prosa poética do autor, tais como a estrutura formal circular característica da poesia, algumas imagens construídas pela sugestão e jogo de palavras, a questão do ponto de vista e algumas características do tempo, do espaço e do herói que revelam a presença de alguns mitos na obra. O conto “Souvenirs occultes” ilustra bem a osmose que se operou entre os gêneros no século XIX; com efeito, o poema em prosa com o título nervaliano “El Desdichado”, de Villiers, representa um esquemada versão defi nitiva do conto “Souvenirs occultes”, no qual cada uma das três estrofes do poema será retomada e desenvolvida. A análise vertical do texto, isto é, aquela em que procuramos depreender os sinais presentes nas palavras e símbolos por ele empregados, mostra, de fato, um autor brilhante que consegue, por meio da elaboração da linguagem, conduzir, o tempo todo, o leitor pela ambigüidade e dele demanda árduo trabalho para que desvende a segunda narrativa construída sob seu discurso simbólico. Palavras-chave: Villiers de l’Isle-Adam. “Souvenirs occultes”. Contes cruels. Literatura francesa. Simbolismo. Prosa poética.

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Vladimir Maiakóvski (1893-1930) escreveu sua primeira obra dramatúrgica, Vladimir Maiakóvski: uma tragédia, em 1913.3 A Tragédia foi concebida em um momento em que o czarismo e seu projeto de industrialização passavam por profunda crise. Em pleno domínio do Simbolismo, a peça apresenta um experimentalismo cênico que se apossa das conquistas abstratas do Suprematismo, de Malévitch, da poesia e do teatro abstrato do Cubo-futurismo. Palavras-chave: Suprematismo; Cubo-futurismo; Maiakóvski; vanguardas russas.