351 resultados para Cultura acadêmica
Resumo:
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)
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Por meio de minuciosa pesquisa, o autor procurou compreender as ações realizadas para a promoção da saúde e da qualidade de vida dos travestis que se prostituem em uma cidade do interior de São Paulo, assim como a atitude dos travestis diante dessas ações. Baseada em técnicas emprestadas à etnografia - que pressupõe o contato inter-subjetivo entre o pesquisador e seu objeto - e na observação do cotidiano dos travestis, a investigação mapeou as interações no mercado do sexo de Charmosa (o nome-fantasia da cidade estudada), e também os significados atribuídos pelos travestis ao adoecimento e à saúde, às situações de risco e à AIDS. O autor verificou ainda como a prevenção da AIDS opera naquela cidade, basicamente a partir da clássica política de disciplinar os travestis e de alargar seu campo de direitos à saúde. Pesquisou também a postura dos representantes institucionais da saúde frente aos dilemas colocados pelas necessidades diferentes dos travestis para uma vida qualificada, e averiguou até que ponto as injunções desses agentes envolvem o cotidiano daqueles profissionais do sexo
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Traçar a identidade do microempreendedor da área têxtil da cidade paulista de Franca, analisando as suas especificidades, seu caráter inovador e os reflexos de suas atividades no espaço coletivo é o desafio a que se propôs o pesquisador Mateus Beordo. Ele mostra nesta obra que o ramo de confecções emergiu da crise da indústria calçadista, tradicional na cidade e atrelada à história de seu desenvolvimento econômico (Franca firmou-se como importante polo de calçados a partir dos anos 1930). Desde a década de 1990, no entanto, com o processo de globalização e a abertura do mercado brasileiro, a indústria calçadista viu-se em dificuldades diante da concorrência internacional. Com o conhecimento obtido na produção de calçados, porém, mulheres passaram a montar microconfecções em suas residências, já que a atividade exigia baixos investimentos iniciais - em geral, bastava adquirir uma máquina de costura, tecidos e outros artefatos para a montagem e modelagem de lingeries. E o que era, a princípio, uma simples alternativa de renda familiar, foi ganhando vulto: hoje parte da produção das microempresárias é exportada para Europa, Estados Unidos e Japão. De acordo com o autor, o estudo permitiu não somente a identificação do caráter empreendedor das microempresárias da área têxtil de Franca, como uma reflexão sobre suas condições de vida e trabalho, por meio de seus problemas concretos, potencialidades e estratégias
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O livro é um estudo fonológico da língua indígena Deni, pertencente à família Arawá e falada no estado do Amazonas por cerca de 1.200 pessoas, distribuídas por nove aldeias. Ele reveste-de de importância na medida em que, embora a língua Deni já seja conhecida há algum tempo, os estudos a seu respeito eram até agora esparsos e inconsistentes, realizados por missionários que visavam à catequese. Fruto de pesquisa de campo com falantes nativos, o livro aprofunda alguns aspectos pouco compreendidos da língua Deni, como suas relações com as outras cinco línguas da família linguística Arawá, que em sua maioria são faladas por povos amazônicos. Traz ainda uma análise fonológica preliminar que permite melhor entendimento do sistema de consoantes e vogais do Deni, assim como da constituição das sílabas e do padrão acentual. Muitas línguas indígenas brasileiras foram extintas sem deixar nenhum tipo de estudo, quando se sabe que as pesquisas realizadas sobre as línguas indígenas no mundo contribuíram enormemente para o desenvolvimento da Linguística. No Brasil, este cenário paulatinamente começa a mudar. O livro comprova que há de fato um novo interesse pela análise e documentação das línguas indígenas no país
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Loucura, saúde mental e reforma psiquiátrica são os temas centrais em questão neste livro, escrito em formato de ensaio-fílmico e dividido em três partes principais - pré-produção, produção e pós-produção, etapas da realização cinematográfica. O ensaio-fílmico é formado pela montagem de cenas obtidas a partir de algumas sessões de cinema e de produções de usuários de saúde mental do Centro de Atenção Psicossocial (Caps I) do município paulista de Santa Gertrudes. Mas diferentemente do cinema tradicional, no qual enredos, personagens e narrativas são lineares e previstos, no ensaio-fílmico proposto pelo autor esses elementos foram se concretizando ao longo do processo de pesquisa, de acordo com os acontecimentos que se sucediam nos encontros do pesquisador com os usuários e a coordenação do serviço do Caps. Os miniensaios que formam os chamados planos-fragmentos são constituídos por reflexões do autor acerca de conceitos relacionados a controle, loucura e saúde mental. Aqui, a discussão tem como suporte ideias de pensadores, como os franceses Felix Guattari, Giles Deleuze e Michel Foucault, assim como músicas, imagens e trechos de filmes em uma perspectiva de transversalidade e subversão à lógica de compartimentalização dos saberes e fazeres cinematográfico e do meio científico
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A autora investiga o romance O selvagem da ópera, de Rubem Fonseca, publicado em 1994 e que se destaca por certa excepcionalidade dentro da obra do escritor, conhecido pelo uso da linguagem das ruas e pela ênfase nas situações de violência social - embora neste texto, publicado quatro anos após ter lançado Agosto, em que mesclava história e ficção para narrar os acontecimentos do mês em que Getúlio Vargas se suicidou, também volte a utilizar esses elementos. No livro, Fonseca debruça-se sobre a vida do compositor Carlos Gomes, famoso por sua ópera O Guarani, desde a sua partida de Campinas para o Rio de Janeiro de D. Pedro II, e depois para a Itália, onde encontraria a glória e o fracasso. O autor não se limita, porém, à simples narrativa histórica: investe também no hibridismo de gêneros, já que é contado para o leitor que o romance servirá de base para um filme de longa-metragem. Dessa forma, segundo a pesquisadora, Fonseca, empregando o recurso da metaficção, monta um jogo de simulacros e armadilhas, deixando o leitor indeciso se está diante de um material biográfico ou de um roteiro cinematográfico. Além da análise formal, o livro também discute as implicações trazidas pelo olhar inovador de Fonseca diante do cenário artístico e cultural da segunda metade do século 19
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A autora defende a hipótese de que o conceito de ponto de vista em Semiótica diluiu-se no corpo da teoria, porém ressurgiu sob outra roupagem a partir das reflexões sobre a tensividade. Utilizando como objeto de análise a novela A hora da estrela, de Clarice Lispector, ela procura estabelecer as origens desse conceito e seguir seus traços de permanência, verificando ainda como a noção de ponto de vista substituída pela noção de campo de presença opera em uma narrativa concreta. A escolha de A hora da estrela de modo algum foi aleatória. Para a autora, a novela fornece informações relevantes para o enfoque da pesquisa, por apresentar, por exemplo, uma construção enunciativa complexa, atravessada por diferentes pontos de vista. A fundamentação teórica empregada na análise é aquela preconizada pela Semiótica francesa em seus desdobramentos mais atuais, desenvolvidos principalmente por Claude Zilberberg e Jacques Fontanille. Muito devido ao trabalho deles, se em um primeiro momento a Semiótica focou-se nos conteúdos inteligíveis do discurso, atualmente aborda os seus conteúdos sensíveis, abrindo novas perspectivas para a disciplina
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Neste livro são analisados os valores que a forma verbal pretérito perfecto compuesto, o equivalente ao pretérito perfeito composto da língua portuguesa do Brasil, adquirem no espanhol falado na Argentina. O estudo revela que, ao contrário do que apontam algumas pesquisas, os valores atribuídos ao pretérito perfecto compuesto não podem ser generalizados para todo o território, nem polarizados entre os verificados na capital argentina e em um genérico norte do país. Tomando por base 33 entrevistas radiofônicas de diversas regiões da Argentina obtidas na internet, Leandro Silveira de Araujo detectou sete valores atribuídos ao uso da forma verbal estudada. Ao verificar a existência de comportamentos relativamente semelhantes do uso do pretérito perfecto compuesto, o autor delimitou três macrorregiões, que mostram uma relação direta com o processo de colonização da Argentina. O autor ainda discorre sobre temas como a dialetologia hispânica, sobre o qual discute a relevância do espaço para o estudo da língua, e as categorias verbais do tempus e aspecto nas línguas naturais, em especial em relação ao sistema castelhano. Os resultados desse estudo, aponta o autor, devem auxiliar na divulgação de conteúdos linguísticos sobre as variedades do espanhol usado no cone sul-americano. E, fundamentalmente, contribuir para a descrição mais clara de uma construção linguística que muitas vezes é vista como dificultosa na aprendizagem de língua espanhola por brasileiros
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O livro compara duas importantes obras de poesia em prosa das literaturas brasileira e francesa, o Poliedro, de Murilo Mendes e o Le parti pris des choses, de Francis Ponge, publicadas respectivamente em 1972 e 1942. Para a autora, a aproximação se justifica pelo foco dado nas duas obras aos objetos mais cotidianos possíveis e, ainda, pelo posicionamento diferente dos sujeitos líricos muriliano (menos objetivo) e pongiano (mais objetivo) diante das coisas simples do mundo. O brasileiro e o francês também partilhariam de uma determinada comunidade de interesses históricos, literários e sociais, ainda que as obras em questão estejam separadas por um intervalo de publicação de trinta anos e, neste intervalo, tenham ocorrido acontecimentos políticos, sociais e artísticos que reverberaram inevitavelmente na literatura desses poetas. Para a autora, a própria escolha da forma do poema em prosa pelos dois autores também os uniria, na medida em que este formato contribuiu enormemente para a construção singular dos objetos, bem como das duas vozes líricas tão particulares
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A autora discute o tratamento jurídico-penal dispensado aos embriões humanos excedentes das técnicas de reprodução assistida, previsto hoje no Brasil principalmente pela Lei de Biossegurança, de 2005, que dispõe sobre os crimes relacionados à proteção do genoma humano. Para ela, a questão tende a se tornar cada vez mais pertinente devido ao vertiginoso crescimento da engenharia genética e a multiplicação dos embriões in vitro mantidos estocados em laboratórios. No trabalho, defende que, embora a existência de vida no embrião extrauterino não tenha sido comprovada, não se pode negar a ele o atributo da dignidade humana, porque seria portador do conjunto de genes que formam o patrimônio genético da humanidade, conferindo especial identidade à espécie. Assim, a autora, se vê com bons olhos o fato de o Direito Penal, como um subsistema do ordenamento jurídico do país, emprestar formas especiais de tutela a este novo bem jurídico e alerta que pode estar faltando, ao mesmo tempo, maior abrangência e focos mais específicos para os riscos de lesão ou destruição dos genomas. Ela também julga indispensável que as novas tecnologias genéticas que vêm surgindo sejam sempre tratadas e refletidas na esfera jurídico-penal
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O livro analisa três cidades do estado de São Paulo - Bauru, Marília e São José do Rio Preto - a partir do conceito de heterarquia urbana, desenvolvido pelo professor do Departamento de Planejamento, Urbanismo e Ambiente da Unesp, Márcio José Catelan. O objetivo do estudo é propor uma leitura do espaço da rede urbana e das cidades médias, de acordo com as complexas interações espaciais observadas no mundo contemporâneo, as quais articulam escalas geográficas e alteram as lógicas e a produção do espaço, tornado-se resultado, também, dos interesses e dos destinos do capital empresarial. A heterarquia urbana, de acordo com o autor, serve como meio para compreender teoricamente o espaço em rede, no que tange ao debate sobre a estruturação e as articulações em rede: De princípio, podemos dizer que a heterarquia urbana representa o que é a rede de fato, quais são suas propriedades, como elas se articulam e quais são seus atributos - que dentre outros conteúdos abrangem o espaço, as escalas geográficas, os agentes econômicos e o capital. Dentre outras conclusões do autor, está a de que a diversidade de cidades, tomadas do ponto de vista hierárquico, ou por subordinação, por conta das diferentes funções e papéis de cada uma, pode ser vista por meio da heterarquia urbana. E a partir dessa referência é possível identificar articulações de complementaridade entre as cidades de diferentes funções no âmbito da rede
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É sobre o processo tradutório empreendido por José Feliciano de Castilho Barreto e Noronha (1810-1879) sobre os versos de Marcial, o grande epigramatista latino do século I d. C, que a autora foca, aqui, sua análise. O trabalho não só contribui para o debate sobre a constituição de uma História das Traduções, como oferece ao leitor interessado em poesia uma antologia, até então inédita, de versões oitocentistas em língua portuguesa para 49 epigramas latinos do poeta. Também apresenta a vida e obra de José Feliciano Castilho e pontua sua importância no contexto literário do século XIX. José Feliciano de Castilho ou Castilho José, como ficou conhecido, nasceu em Portugal e viveu no Rio de Janeiro a partir de 1847. Doutor e bacharel em Direito, Medicina e Filosofia, publicou no Brasil a Livraria clássica portuguesa e o periódico Íris, no qual figuravam textos de escritores como Joaquim Manuel de Macedo e Antônio Gonçalves Dias. Os debates que Castilho José manteve com José de Alencar, em defesa da Lei do Ventre Livre, o tornaram conhecido e, por conta desse episódio, ele aparece citado em obras clássicas sobre literatura brasileira. Neste livro, Joana Junqueira Borges busca resgatar, pelo menos parcialmente, sua obra literária, filológica e tradutória, que foi pouco explorada. Entre suas produções mais relevantes estão os comentários e anotações feitos por ele às traduções dos poemas de Ovídio, produzidas por seu irmão, o poeta Antônio Feliciano Castilho. Ali, José Feliciano Castilho atuou ele mesmo como tradutor de versos de outros poetas latinos, como Propércio, Tibulo, Lucano, Catulo e Marcial
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Neste livro, Danielle Oliveira Mércuri analisa as formas e expressões do poder sagrado, durante o Medievo, dos reis portugueses e castelhano-leoneses, ou seja, propõe um estudo comparativo sobre as atitudes, palavras e gestos, conforme relatados pela crônica da época, que permitiram a esses monarcas colocar em evidência o poder que julgavam divino. Entre os séculos XIII, XIV e XV, os soberanos medievais cristãos não eram percebidos apenas como intermediários entre os homens e Deus, mas também como responsáveis por construir seu reino na terra à semelhança do reino celeste. Ao rei também era dada a missão de ser o modelo das perfeições terrestres e, consequentemente, a sua capacidade de ordenar o mundo dependia de sua conduta moral. Dessa forma, seus atos, gestos e palavras eram referências para uma boa governança. Profanos, mas também sagrados, os reis sustentavam o poder tanto no âmbito temporal como na esfera espiritual e ofereciam à sociedade as maneiras de se conduzir e a rota a seguir. As cerimônias e rituais que envolviam o cotidiano régio o associavam a uma realidade transcendente. A autora foca as produções cronísticas realizadas em Castela, no fim do século XIV e início do XV pelo chanceler Pero López de Ayala, referentes à ascensão da casa real Trastâmara. E em Portugal, em meados do século XV, as escritas pelo primeiro cronista oficial português Fernão Lopes, que acompanha a chegada ao poder da Dinastia de Avis
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O livro procura discutir em que medida a recente interiorização do processo de urbanização no Brasil, com a formação e consolidação de várias cidades de porte médio, teve relação com a desconcentração espacial das atividades industriais na década compreendida entre 1995 e 2005, e que ainda está em curso. No estudo, o autor parte da constatação de que a desconcentração espacial das atividades industriais ocorrida entre meados 1960 até os anos 1980 diferencia-se da atual. Naquela, o governo federal teve papel decisivo no processo, inclusive criando economias em áreas distantes do centro dinâmico do país e orientando novos investimentos. Já a recente redistribuição é muito mais espontânea, isto é, menos condicionada por ações diretas do governo, embora ainda esteja sujeita a injunções normativas e técnicas do Estado. O trabalho, porém, alerta para o fato de que a desconcentração das atividades do grupo industrial tradicional tem sido mais ampla que a do grupo industrial tecnológico, cuja preferência continua se restringindo ao Centro-Sul. De outro lado, as atividades de comando empresarial centralizaram-se ainda mais em espaços já consolidados ou em vias de consolidação
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Pós-graduação em Ciência da Informação - FFC