2 resultados para emigrante

em Repositório Digital da UNIVERSIDADE DA MADEIRA - Portugal


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A Ilha da Madeira, rodeada pelo Oceano Atlântico, foi sempre um ponto estratégico de passagem de barcos, de diversos países, pelos mais variados motivos. O contacto com os tripulantes originou um crescente desejo de emigrar, de conhecer o que estava para além do vasto mar. Começaram a circular notícias sobre as facilidades de emprego noutros países que se estavam a desenvolver, como Brasil, Curaçau, África do Sul, Venezuela, bem como noutras partes do mundo. O trabalho na Ilha era árduo. O madeirense, cansado de trabalhar em terrenos de difícil cultivo e de transportar mercadoria às costas por caminhos íngremes e perigosos, deixou-se incentivar por estas notícias, que eram realçadas pelos engajadores. O ilhéu começou a olhar para a emigração como uma possibilidade de melhorar as condições de vida e de trabalho. As novidades do sucesso de outros conterrâneos na Venezuela motivaram os madeirenses. Depois de obterem a documentação necessária, nomeadamente a autorização consular (permisso) e o termo de responsabilidade ou carta de chamada, partiam para este país com o desejo de lucro. Começando, muitas vezes, a trabalhar por conta de outrem, os madeirenses, por serem empreendedores, rapidamente tornavam-se comerciantes. Dominaram e enriqueceram nas mais diversas actividades: padarias, snacks de sandes e sumos (fuentes de soda), mercearias (abastos), restaurantes, construção civil, agências de viagens, transportes colectivos, entre outras. A par da documentação histórica, há que considerar o tratamento literário da emigração para a Venezuela: a criação da imagem do país de acolhimento, do “outro”, o venezuelano, e do “eu” emigrante, o português, que se depara com uma situação existencial de diferença. A literatura recorre a aspectos relacionados com o ambiente sócio-cultural e com a época em questão: o casamento por procuração, a partida do homem que deixa a noiva ou a mulher em terra natal, as remessas enviadas pelos emigrados, a viagem no transatlântico Santa Maria, um dos mais prestigiosos navios da Companhia Colonial de Navegação, entre outros assuntos. Em suma, a literatura funciona como um espelho da realidade da história da emigração.

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A Emigração é um marco fundamental na História e na Cultura de Portugal, tendo-se tornado um novo mito, segundo Eduardo Lourenço, no seu ensaio intitulado “A Emigração como Mito e os Mitos da Emigração”, incluído na obra O Labirinto da Saudade. Na Madeira, as graves crises económica, financeira, agrícola e vinícola também despoletaram e acentuaram este fenómeno. O presente estudo incide na leitura e análise da problemática da Emigração, não tanto através da História e da Sociologia mas, sobretudo, nos reflexos que este acontecimento tem na Literatura. O nosso breve périplo pelas diversas áreas do saber das ciências sociais, históricas e literárias tem como objectivo perceber como a Literatura pode ser entendida como cosmovisão de uma época. A Literatura apresenta-se como uma forma de expressão da Cultura de um povo. Com efeito, ao partirmos do príncipio que a Emigração é um dado cultural, então os textos e as obras literárias podem espelhar essas mobilidades como expressão de um povo, de uma sociedade e de um país. O estudo de textos de autores oriundos da Madeira ou ligados à Região levou-nos a entender as múltiplas representações do Emigrante, as causas que o levaram a deixar as raízes em busca de um futuro risonho. Os diversos textos não deixarão de referir o regresso almejado do Emigrante, por ter alcançado uma nova conformação social e identitária, ou por ter verificado que esses lugares longínquos nem sempre são uma utopia. Tratando-se de um estudo desenvolvido no âmbito da Gestão Cultural, foi nossa intenção organizar uma exposição e uma jornada em torno destes assuntos, de modo a levar ao público um tema relevante e sempre actual.