3 resultados para Papas-Retratos
em Repositório Digital da UNIVERSIDADE DA MADEIRA - Portugal
Resumo:
Universidade da Madeira
Resumo:
Nas últimas três décadas do século XIX, dado o estado de abatimento sentido no país, Eça de Queiroz, plenamente integrado no ambiente buliçoso e efervescente da sua geração, compara a situação de Portugal com a da Grécia, países que considera caóticos, dadas as políticas de rotina e sem imaginação que não conduzem o país ao desenvolvimento e ao progresso. De facto, Portugal não consegue acompanhar o ritmo dos outros países europeus e obriga os portugueses a emigrar. A principal característica da sua escrita é a ironia, aproximando-se da posição socrática, uma arma de intervenção intelectual, de cariz ético, vinculadora e libertadora, que lhe permite intervir e depurar problemas do seu tempo, procurando construir um Portugal como entendia que deveria ser. Durante o percurso de vida que permeia a publicação de As Farpas e de Uma Campanha Alegre, e na correspondência e a obra literária, Eça de Queiroz questiona o “sonho americano”, que muitos portugueses quiseram experimentar, e o brasileiro, no âmbito de uma vasta crítica à sociedade burguesa. A defesa da mudança do rumo da emigração portuguesa da América do Norte para o Brasil prende-se com a relação de ilusão/desilusão que marca a sua experiência consular em Havana e as viagens que faz. O pensamento do escritor e cônsul evolui para o entendimento da emigração, como a arte, é considerada uma das forças civilizadoras da humanidade. Muitas da suas personagens circulam entre o Velho e Novo Mundo, têm um pé dentro e outro fora do país, migram pelas mais variadas razões, fazendo retratos nas suas obras das suas movimentações, construindo uma estética sobre o país que se baseia na ética dos valores humanos que possui e na experiência que adquiriu.
Resumo:
A presente dissertação dedica-se à análise da produção ficcional de Helena Marques, com particular incidência em O Último Cais e A Deusa Sentada, de modo a problematizar algumas das temáticas mais recorrentes do imaginário da autora, numa perspetiva comparatista. Incidindo sobre o universo feminino, este estudo analisa a condição da mulher na Ilha da Madeira, no período que compreende o século XIX e XX, evocando realidades sociais, históricas, culturais e ideológicas que deixam entrever algumas das raízes socioculturais da escritora e o seu contributo literário na exposição da condição da mulher na busca da sua afirmação numa sociedade patriarcal e, assim, de uma nova identidade. Na galeria dos retratos femininos apresentada por Helena Marques, depreende-se, em particular, entidades ficcionais que representam a mulher subjugada pelo poder patriarcal, e circunscrita a uma cláusula insular e cultural, mas também a mulher lutadora, emancipada e profissionalmente bem-sucedida, que anuncia a mudança da sua condição, a mulher do século XX.