2 resultados para Navios

em Repositório Digital da UNIVERSIDADE DA MADEIRA - Portugal


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A Ilha da Madeira, rodeada pelo Oceano Atlântico, foi sempre um ponto estratégico de passagem de barcos, de diversos países, pelos mais variados motivos. O contacto com os tripulantes originou um crescente desejo de emigrar, de conhecer o que estava para além do vasto mar. Começaram a circular notícias sobre as facilidades de emprego noutros países que se estavam a desenvolver, como Brasil, Curaçau, África do Sul, Venezuela, bem como noutras partes do mundo. O trabalho na Ilha era árduo. O madeirense, cansado de trabalhar em terrenos de difícil cultivo e de transportar mercadoria às costas por caminhos íngremes e perigosos, deixou-se incentivar por estas notícias, que eram realçadas pelos engajadores. O ilhéu começou a olhar para a emigração como uma possibilidade de melhorar as condições de vida e de trabalho. As novidades do sucesso de outros conterrâneos na Venezuela motivaram os madeirenses. Depois de obterem a documentação necessária, nomeadamente a autorização consular (permisso) e o termo de responsabilidade ou carta de chamada, partiam para este país com o desejo de lucro. Começando, muitas vezes, a trabalhar por conta de outrem, os madeirenses, por serem empreendedores, rapidamente tornavam-se comerciantes. Dominaram e enriqueceram nas mais diversas actividades: padarias, snacks de sandes e sumos (fuentes de soda), mercearias (abastos), restaurantes, construção civil, agências de viagens, transportes colectivos, entre outras. A par da documentação histórica, há que considerar o tratamento literário da emigração para a Venezuela: a criação da imagem do país de acolhimento, do “outro”, o venezuelano, e do “eu” emigrante, o português, que se depara com uma situação existencial de diferença. A literatura recorre a aspectos relacionados com o ambiente sócio-cultural e com a época em questão: o casamento por procuração, a partida do homem que deixa a noiva ou a mulher em terra natal, as remessas enviadas pelos emigrados, a viagem no transatlântico Santa Maria, um dos mais prestigiosos navios da Companhia Colonial de Navegação, entre outros assuntos. Em suma, a literatura funciona como um espelho da realidade da história da emigração.

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O trabalho que aqui se apresenta surge no âmbito do Mestrado em “Gestão Cultural”. O tema tratado nesta dissertação é a evolução das artes performativas no Funchal Oitocentista (1820 -1913). A presente investigação debruça-se sobre um conjunto de espaços para espectáculos e sobre os diversos grupos e associações de índole artística que circularam por esta cidade, tornando as suas actuações de grande importância na vida Funchalense. A interligação entre as actividades artísticas, a gestão dos espaços necessários à sua realização e o funcionamento da sociedade funchalense, distante da Capital portuguesa mas situada na rota dos navios que se dirigiam aos outros continentes, é o assunto abordado e desenvolvido neste trabalho. Este estudo contempla a análise da construção ou aproveitamento dos diversos espaços utilizados para artes performativas na cidade, o caso específico do Teatro Municipal Baltazar Dias, os artistas que visitaram Funchal na época em estudo, os artistas locais que actuaram no Funchal Oitocentista e o seu público espectador.