Emigra����o madeirense para a Venezuela (1940-1974)

A Ilha da Madeira, rodeada pelo Oceano Atl��ntico, foi sempre um ponto estrat��gico de passagem de barcos, de diversos pa��ses, pelos mais variados motivos. O contacto com os tripulantes originou um crescente desejo de emigrar, de conhecer o que estava para al��m do vasto mar. Come��aram a circular not��cias sobre as facilidades de emprego noutros pa��ses que se estavam a desenvolver, como Brasil, Cura��au, ��frica do Sul, Venezuela, bem como noutras partes do mundo. O trabalho na Ilha era ��rduo. O madeirense, cansado de trabalhar em terrenos de dif��cil cultivo e de transportar mercadoria ��s costas por caminhos ��ngremes e perigosos, deixou-se incentivar por estas not��cias, que eram real��adas pelos engajadores. O ilh��u come��ou a olhar para a emigra����o como uma possibilidade de melhorar as condições de vida e de trabalho. As novidades do sucesso de outros conterr��neos na Venezuela motivaram os madeirenses. Depois de obterem a documenta����o necess��ria, nomeadamente a autoriza����o consular (permisso) e o termo de responsabilidade ou carta de chamada, partiam para este pa��s com o desejo de lucro. Come��ando, muitas vezes, a trabalhar por conta de outrem, os madeirenses, por serem empreendedores, rapidamente tornavam-se comerciantes. Dominaram e enriqueceram nas mais diversas actividades: padarias, snacks de sandes e sumos (fuentes de soda), mercearias (abastos), restaurantes, constru����o civil, ag��ncias de viagens, transportes colectivos, entre outras. A par da documenta����o hist��rica, h�� que considerar o tratamento liter��rio da emigra����o para a Venezuela: a cria����o da imagem do pa��s de acolhimento, do ���outro���, o venezuelano, e do ���eu��� emigrante, o portugu��s, que se depara com uma situa����o existencial de diferen��a. A literatura recorre a aspectos relacionados com o ambiente s��cio-cultural e com a ��poca em quest��o: o casamento por procura����o, a partida do homem que deixa a noiva ou a mulher em terra natal, as remessas enviadas pelos emigrados, a viagem no transatl��ntico Santa Maria, um dos mais prestigiosos navios da Companhia Colonial de Navega����o, entre outros assuntos. Em suma, a literatura funciona como um espelho da realidade da hist��ria da emigra����o.