20 resultados para transtornos de ansiedade
Resumo:
Esta pesquisa insere-se no debate que considera estarmos vivendo na era da medicalização, dos transtornos ou das patologizações (CONRAD, 1992; ROSE, 2001; VICENTIN, 2010). Com efeito, nas últimas décadas, tem crescido o número de doenças mentais diagnosticadas em crianças, especificamente, que consideraríamos normais pela perspectiva de Canguilhem (2010), mas que o olhar médico-científico as considera portadoras de doenças mentais. Assim, discursos ou dispositivos de poder psiquiátricos são constituídos para transformar comportamentos diferentes em patologias de modo que possam agir sobre os corpos, autorizadamente. Dentre eles, está o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), analisado como objeto empírico nesta pesquisa, que se constitui num campo discursivo mais amplo denominado medicalização (CONRAD, 1992; ROSE, 2001; FOUCAULT, 1988; ILLICH, 1975), composta por diversas instituições como: psiquiatria, indústrias farmacêuticas, escolas, família, leis, associações de portadores do transtorno e mídias não especializadas. Esta constituição ocorre pelo deslocamento analítico de um comportamento do âmbito sociocultural para o campo médico que passa a ser diagnosticado e tratado como se fosse patológico. Para levantar as informações a respeito do TDAH, analisamos as falas de 5 psiquiatras, obtida por meio de entrevistas semiestruturadas, 114 reportagens do jornal Folha de São Paulo, publicadas no período compreendido entre 1997 e 2011, o site da Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA) e algumas de suas produções (congressos, materiais informativos e textos de seus membros) e, finalmente, os Projetos de Lei (PL’s) em tramitação nas casas legislativas da cidade e do estado de São Paulo e da Federação. Valendo-nos de importantes conceituações pertinentes à Genealogia do Poder e à Arqueologia do Saber (FOUCAULT, 2007; VEYNE, 2011), bem como à Teoria do Discurso (HOWARTH, 2000), procuramos compreender de que modo o discurso medicalizante produz efeitos de poder sobre os corpos, transformando a falta de atenção e o excesso de atividade da criança em transtorno mental. Percebemos que isto é feito, dentre outras finalidades, para ampliar a performance ou o desempenho dos indivíduos, exigido tanto pelas escolas quanto pela economia de nossa sociedade. Tal exigência constitui-se na sociedade denominada normalizada (FOUCAULT, 2006), de risco (BAUMAN, 2008; BECK, 2010) ou de controle (DELEUZE, 1992), em que os possíveis prejuízos para o indivíduo e para a sociedade devem ser contidos por meio do controle dos corpos. Para tanto, a ciência, baseada nos conhecimentos da genética e da neurologia, disseca o corpo em suas partes doentes, constituindo uma nova forma de sujeição (DELEUZE; GUATTARI, 1996), o anormal. A anormalidade se apresenta na fronteira entre os comportamentos esperados e os desviantes, na medida em que estes últimos surgem como embaraço à sociabilidade e, principalmente, à produtividade. Normalizar seria então a função tanto do poder disciplinar quanto do biopoder, poderes sobre a vida (FOUCAULT, 1988) que agem sobre os corpos e a população, respectivamente, sintetizados nesta pesquisa com o nome crítico de medicalização. Além disso, ao constituirmos este campo discursivo, percebemos que, embora haja resistências, a medicalização da criança por meio do TDAH no Brasil tem triunfado em suas pretensões, tendo, na promulgação das leis e na identificação do transtorno apropriada pelo senso comum, as derradeiras fronteiras do poder sobre os corpos.
Resumo:
O trabalho ocupa um inegável espaço na vida dos indivíduos, sendo este rico de sentido individual e social, é um meio de produção da vida de cada um ao prover subsistência, criar sentidos existenciais ou contribuir na estruturação da identidade e da subjetividade. O cenário atual de adoção e uso das Tecnologias de Informação e Comunicação pelas organizações e pessoas, demonstra um crescimento da incorporação de dispositivos tecnológicos que têm o potencial de alterar as características espaciais e temporais do trabalho, aumentando a mobilidade do trabalhador. Considerando-se o fato de que o indivíduo ao deslocar-se, ao mover-se pelo espaço, anexa ou remodela sua identidade pessoal, profissional, cultural, social ou política a partir da mobilidade, o objetivo final desta pesquisa foi refletir sobre de que maneira os impactos positivos e negativos gerados pela intensa mobilidade geográfica demandados pelo exercício da profissão, são percebidos por trabalhadores docentes de curso de pós-graduação lato sensu em Administração que se deslocam de um território para outro(s), com a finalidade de exercerem suas atividades docentes. Realizou-se para tanto uma revisão bibliográfica acerca de sentido do trabalho, apresentando, a seguir, algumas reflexões sobre as alterações ocorridas nas relações de trabalho em decorrência de mutações no mundo do trabalho, abordando, por fim, o tema Mobilidade da força de trabalho. Após esta etapa, buscou-se compreender, na ótica desses trabalhadores docentes, por meio de entrevistas pessoais analisadas à luz do método de análise de conteúdo, os caminhos percorridos e significados atribuídos por eles a estas vivências, procurando perceber como os trabalhadores docentes em destaque representam o olhar sobre si e sobre os outros, visando demonstrar o significado (positivo e negativo) da mobilidade espacial, as práticas cotidianas e estratégias de sociabilidade e interação com e no local de destino. Pode-se concluir que, apesar de haver alguns fatores que podem tornar os constantes deslocamentos geográficos destes trabalhadores um elemento negativo para eles, uma vez que são fontes de alta demanda física e mental, geradoras de estresse, sobrecarga, tensão emocional, cansaço, ansiedade, desânimo, frustração e descontentamento em relação ao trabalho, levando-os ao afastamento constante do contexto social, podendo resultar em consequências graves para a saúde deste trabalhador. Estes constantes deslocamentos geográficos tornam-se, contudo, um elemento positivo, uma vez que possibilitam o incremento às suas práticas docentes, por meio das vivências enriquecidas pelos contactos estabelecidos, pelas aprendizagens realizadas e pelas capacidades de relacionamento em meios multiculturais adquiridas, tornando-se espaço de autorrealização, inserção e reconhecimento social, prestígio, status e de senso de utilidade.
Resumo:
Nesta tese, falamos do corpo construído socialmente, vinculado à subjetividade e à identidade do indivíduo e que está impregnado por elementos sociais e culturais. Para Giddens (2009), o controle do corpo é fundamental para que o indivíduo preserve aquilo que o autor chama de segurança ontológica – ou seja, para que ele tenha um sentido pessoal para a vida e pontos de referência que o ajudem a seguir adiante no cotidiano. Na cultura de consumo, sua aparência tende a ser normatizada e o culto ao corpo, entre outros aspectos, tem o apelo de autoindulgência. Nosso objetivo principal é compreender, dentro de um contexto de normatividade estética, o discurso e as práticas de consumo dos indivíduos em relação ao próprio corpo, identificando de que modo isso se conecta à sua segurança ontológica. Para alcançar esse objetivo, procuramos: (a) entender o olhar o indivíduo em relação a seu próprio corpo, avaliando de que forma isso tem relação com sua segurança ontológica; (b) examinar a presença do mercado no tripé indivíduo-corpo-segurança ontológica; (c) identificar e analisar elementos discursivos relacionados à aparência física, procurando entender o papel do consumo nesse contexto e (d) investigar as motivações que levam o indivíduo a agir ou não em conformidade com a norma estética, analisando as práticas de consumo relacionadas ao corpo. A coleta de dados primários foi feita por meio de entrevistas qualitativas. Foram entrevistados homens e mulheres, de atividades profissionais variadas, de 18 a 50 anos, pertencentes às classes A, B e C (ABEP, 2012), todos eles residentes no Rio de Janeiro. Este campo aconteceu no período de outubro de 2012 a julho de 2013. Os dados foram analisados a partir da abordagem de análise do discurso, considerando-se sua linha francesa e, particularmente a visão pecheutiana. Esta pesquisa conclui, em linha com autores como Giddens (2002), Goffman (1978) e Schouten (1991), que o corpo é algo importante na noção do indivíduo sobre si mesmo e faz parte de sua construção identitária. Além disso, a maneira como o sujeito lida com a mensagem normativa do mercado traz indícios sobre sua segurança ontológica. O indivíduo ontologicamente seguro não é aquele que descarta o mercado e cujas práticas de consumo relativas ao corpo fogem à norma estética. O que o diferencia daquele cuja segurança ontológica é frágil é sua motivação para aderir a determinado estímulo e a forma como ele lida com essas escolhas de consumo. Depreendemos que o indivíduo com segurança ontológica tem menos ansiedade em suas opções relativas ao corpo e não tem o olhar do outro como uma sombra quando toma decisões sobre sua própria aparência. Diferentemente, os indivíduos sem segurança ontológica são mais ansiosos diante da mensagem do mercado. Há, em algum grau, sofrimento quando não atendem a norma estética e, portanto, a aparência do corpo ganha um espaço importante em suas vidas.
Resumo:
O empreendedor tem intrigado acadêmicos há anos. Portanto, inúmeras abordagens têm sido aplicadas para entender quem é o empreendedor, sua personalidade e comportamentos. As principais escolas de estudo sobre o tema são a escola de traços psicológicos e a escola de processos ou comportamentos. No entanto, a academia ainda carece de uma definição concreta do indivíduo responsável pelo fenômeno do empreendedorismo. Em uma tentativa de esclarecer essa questão esta pesquisa sugere uma nova abordagem para a compreensão da pessoa do empreendedor com base nos valores pessoais de Schwartz. O objetivo da tese é compreender o perfil de valores de empreendedores sociais e comerciais a fim de determinar as semelhanças e diferenças nas suas preferências de valores que orientam o comportamento empreendedor de ambos e o enfoque social de um e privado do outro. Para este fim a versão mais curta do Questionário de Perfil Valores de Schwartz foi aplicada a uma amostra de 44 empreendedores sociais e 71 comerciais. A primeira proposição da tese era que os empreendedores sociais e comerciais possuiriam um perfil de valores. A segunda era que este perfil de valores seria determinado pelo princípio organizador da ansiedade com preferência pelos valores “livres de ansiedade” em decorrência das características empreendedoras que enfatizam busca pela auto-expansão, crescimento e promoção do alcance de metas. Dessa forma os valores mais importantes para ambos os tipos de empreendedores seriam auto-determinação, estimulação, hedonismo, universalismo e benevolência. A terceira proposição era que os empreendedores sociais e comerciais atribuiriam a mais alta importância ao valor auto-determinação. A quarta propunha que os empreendedores sociais dariam maior importância do que os comerciais para benevolência e universalismo visto que esses valores presumem apreciação pelos outros, preservação e valorização do bem-estar das pessoas mais próximas bem como de qualquer ser vivo em geral. Os resultados das análises descritivas e dos testes de hipóteses apontam para a validação de todas as proposições menos a última. No entanto, apesar da quarta proposição não haver sido estatisticamente comprovada, houve uma leve tendência dos empreendedores sociais darem maior importância do que os comerciais aos valores de auto-transcendência. Conseqüentemente, para maiores esclarecimentos sobre esse tópico, outros estudos com amostras maiores e randômicas devem ser realizadas.
Resumo:
Monitoramento realizado pela FGV/ DAPP em redes sociais mostra que “risco” e “medo” estão entre as palavras mais associadas às citações ao surto. Entre 7 e 14 de agosto, foram registradas 61 mil menções à doença que já matou mais de mil pessoas e infectou quase duas mil em Serra Leoa, Libéria, Guiné e Nigéria. Nos Estados Unidos, uma pesquisa divulgada pela rede Fox News mostrou que seis em cada dez americanos temem que o surto chegue ao país. Ontem, o Comitê Olímpico Internacional (COI) informou que restringirá a participação de atletas procedentes de regiões infectadas nos Jogos Olímpicos da Juventude, que começam hoje, na China. E a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou informe tratando da ansiedade gerada pela epidemia.