55 resultados para discursive pracitices [práticas discursivas]
em Lume - Repositório Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Resumo:
Esta investigao busca compreender as relaes de saber-poder nas prticas de leitura de estudantes do ensino superior privado. A pesquisa de campo foi composta por entrevistas individuais com alunos e professores, pela realizao de discusses coletivas com um grupo de estudantes e pela anlise de documentos de uma faculdade privada na cidade de Porto Alegre. A partir do referencial terico da anlise das prticas discursivas de Michel Foucault, discute-se as relaes entre os percursos de vida das estudantes que participaram das entrevistas coletivas, o contexto scio-histrico, os discursos universitrios sobre a leitura e a identificao dos dispositivos presentes nas instituies escolares que afetam os modos de ler dos estudantes. Os resultados apontam a existncia de regularidades nas prticas de leitura no ensino superior privado, as quais acabam por constituir a "Cultura do Polgrafo". Essa prtica caracterizada pela indicao de leitura por parte dos docentes, de textos, geralmente retirados de livros e/ou revistas, para serem fotocopiados pelos alunos. A Cultura do Polgrafo atravessada pela lgica da fragmentao e do consumo de leituras. Constatou-se que a maioria dos alunos chega ao ensino superior com poucas experincias com a leitura de textos complexos e conceituais, assim sendo, os estudantes tm enfrentado muitas dificuldades para compreenderem a linguagem dos textos cientficos. Uma das estratgias que os alunos lanam mo para lidarem com as tarefas de leitura exigidas a fragmentao dos textos, na qual os alunos dividem os textos em partes, ficando cada um responsvel pela leitura de apenas um pedao do texto fotocopiado. O suporte fotocpia afeta a qualidade das leituras e a relao dos estudantes com o espao da biblioteca. A Cultura do Polgrafo tem funcionado como um dispositivo de banalizao e de esvaziamento do sentido das prticas de leitura, as quais so percebidas pelos discentes, principalmente, como uma obrigao para o cumprimento das tarefas universitrias.
Resumo:
Esta Tese iniciou com a realizao do Curso “Uma releitura da dicotomia corpo/organismo” oferecido para professores/as de biologia do Ensino Mdio da Rede de Educao Pblica da cidade de Porto Alegre, RS. Nela, problematizo as pedagogias empregadas no estudo do corpo visto como um fenmeno “puramente” biolgico. Tenho como propsitos interrogar a concepo disciplinar do corpo como a-histrico ou fixo, pr-determinado na herana, gentica e/ou histrica, ou como pura anatomia e fisiologia, sem relao com o meio onde vive e as maneiras como vive, como, tambm, chamar a ateno para o papel de algumas prticas discursivas presentes na famlia, na mdia e nas prticas escolares vinculadas ao campo da disciplina biolgica que se entrelaam no meio social fabricando os corpos. O entendimento de que os sentidos que atribumos ao corpo so produzidos nos processos de significao cultural levou-me a estabelecer aproximaes com algumas proposies do campo dos Estudos Culturais nas suas verses ps-estruturalistas e de Foucault. O Curso foi gravado em fitas de videocassete que foram transcritas descritas e analisadas. A estratgia de anlise compreendeu examinar nas falas e em outras produes – os cartazes – como o corpo foi narrado por esses/as professores/as de biologia e, tambm, nas cenas das atividades, como foram criados determinados significados ao corpo. Numa tentativa de empreender uma anlise articulada s circunstncias em que a pesquisa se processava, fui estabelecendo conexes entre o que ia emergindo no estudo e as anotaes que eu havia feito no transcorrer do Curso, com autores/as de distintas disciplinas. No Curso foram desenvolvidas atividades com os propsitos de pensar e de discutir sobre as implicaes de algumas prticas habituais na constituio do corpo e da vida das pessoas. Dentre essas atividades, trs compem esta Tese que foi organizada na forma de artigos. A atividade intitulada Histrias dos nomes, em que discuto as implicaes de alguns marcadores sociais, especialmente os nomes, na constituio das identidades das pessoas. A atividade denominada Com quem sou parecido/a? Como ser parecido/a?, em que discuto como algumas prticas que atuam nas famlias constrem as parecenas atribudas s pessoas e aos grupos familiares, instituindo os pertencimentos/as excluses. A atividade intitulada Implicaes da disciplina biolgica e das mdias na constituio do corpo e da vida, em que discuto os efeitos das prticas discursivas veiculadas na mdia e existentes nas prticas escolares ligadas ao ensino de biologia que, ao se correlacionam no meio social, constrem os significados que atribumos ao nosso corpo e nossa vida. Analisar as narrativas desses/as professores/as sobre suas experincias relativamente a distintas instituies sociais, as famlias, a mdia, a educao escolarizada e, nela, a disciplina biolgica, possibilitou-me entender os corpos e as vidas como configurados nas prticas de significao que os inscrevem cotidianamente. Tais sistemas de significao, que codificam, moldam e regulam as percepes, os gestos, os sentimentos, os hbitos, as maneiras de agir das pessoas em relao a elas mesmas e aos demais, fabricam os corpos e governam a vida das pessoas. Essas compreenses permitiram-me, tambm, interrogar a pretensa existncia do corpo como dotado de essncias universais biolgica, histrica e/ou transcendental, de um corpo fixo, estvel e universal. E, ainda, problematizar as prticas discursivas da disciplina biolgica presentes na educao escolarizada, uma vez que elas engendram uma maneira particular do que e como ver o corpo humano. Os pressupostos que regem as estratgias disciplinares, ao assumirem uma posio dominante nas salas de aula, vm excluindo as vozes e as experincias dos/as estudantes em relao ao seu corpo e sua vida, o que tm dificultado conexes com os seus saberes e prticas. Dessa forma, as disciplinas vm atuando mais no controle dos corpos do que na produo de saberes relevantes s vidas dos/as alunos/as.
Resumo:
A propaganda poltica, enquanto modo dos agentes sociais colocarem-se na esfera de visibilidade pblica, procura desenvolver prticas discursivas capazes de persuadir a audincia desde os parmetros espetaculares da lgica miditica. Ao mesmo tempo, os governos devem prestar contas sociedade que os elegeu. Nesta perspectiva, esta dissertao analisa o programa de televiso “Cidade Viva” da Prefeitura de Porto Alegre (RS), sob a administrao da Frente Popular. Com uma metodologia relacionada aos estudos de discurso, so investigados os recursos publicitrios e jornalsticos que transformam o “Cidade Viva” num programa com estratgias hbridas de comunicao. Tais estratgias levam em conta um contexto simblico onde o campo da mdia parece exercer, cada vez mais, papel central.
Resumo:
Esta tese, intitulada uma histria de governamento e de verdades – Educao Rural no Rio Grande do Sul (1950-1970), analisa como a educao rural constituiu-se em dispositivo que desenvolveu minucioso esforo de governamento da populao rural no perodo estudado A pesquisa inscreve-se no campo das discusses educacionais que examinam relaes de poder-saber e est considerando a perspectiva que toma a educao em seu papel na fabricao ativa dos indivduos. A investigao trata de um processo de produo de subjetividades de crianas, jovens e docentes para novos tempos vividos entre as dcadas de 1950 a 1970 e analisa investimentos estratgicos levados a efeito atravs da Revista do Ensino do Rio Grande do Sul e do manual didtico Escola Primria Rural. Conclui que tais investimentos no queriam produzir apenas os rurais escolares, mas tambm pretendiam atingir, o mais amplamente possvel, as comunidades rurais, as famlias; em ltima instncia, queriam atingir a vida dessas populaes, regulando-a, governando-a. Na primeira parte do trabalho, o objetivo montar o baralho da estratgia analtica, situando, alm do corpus discursivo, a perspectiva dos estudos Culturais Contemporneos e as contribuies da teorizao de Michel Foucault. Assim, so anunciadas as concepes utilizadas para realizao de uma analtica do governamento. Na segunda parte, faz-se uma leitura das prescries endereadas ao magistrio gacho e, atravs dele, comunidade. Inicialmente, so examinados alguns investimentos de poder sobre os escolares, tecnologias que colocaram em ao instrumentos disciplinares com vistas ao aparelhamento da escola, formao-atualizao docente e a educao integral dos estudantes, atravs do Clube Agrcola A seguir, a analtica realizada utilizou o conceito de biopoder desenvolvido por Foucault, para mostrar os investimentos de um poder poltico sobre o conjunto da populao rural. Inmeras campanhas, programas e projetos foram veiculados prescrevendo um conjunto de coisas ensinveis, relativas ao modo de vida da populao. Observa-se como docentes e estudantes rurais tiveram a pauta de um currculo cultural constituda por enunciados que pretenderam mudar a mentalidade da populao, modernizando-a. A mudana de hbitos dizia respeito alimentao, agricultura, sade e economia, bem como a cuidados com o corpo, a casa e o meio ambiente. Por fim, a investigao teve como propsito mostrar os sujeitos escolares rurais como efeito das prticas discursivas a que estiveram submetidos. O trabalho buscou problematizar o sujeito escolar rural descrito e prescrito pelos discursos em anlise, interrogando como os rurais constituram-se em objeto de conhecimento possvel e desejvel.
Resumo:
O tecido desta pesquisa se guiou pelo olhar da Psicologia Social, ‘par e passo’ com a busca pela anlise histrica. A perspectiva da Psicologia aqui considerada entende que os processos sociais e os sujeitos nesses inseridos, so destes produtores e produzidos, e os critrios da verdade so construdos a partir das convenes sociais e dos regimes de poder presentes nas relaes humanas. O interesse na pesquisa e interveno em Sade do Trabalhador, e a percepo da pertinncia social que a atividade em teleatendimento tem atualmente no setor produtivo instigaram essa investigao. Considera as modificaes do trabalho com o advento de novas tecnologias no contexto de globalizao do capital, e as formas que o a atividade de trabalho em telefonia tomou. H uma pluralidade de intercruzamentos que essa atividade profissional tm apresentado atravs das problemticas a respeito das condies e da organizao do trabalho e das queixas de sade que chegam aos sindicatos dos trabalhadores (o SINTTELRS ), e que outros estudos j tm apontado. O objetivo do estudo foi apontar as relaes entre os modos de gesto e o processo sade-doena de teleoperadores, buscando investigar como se configura a organizao do trabalho (modos de gesto) no campo das telecomunicaes, identificar como essas caractersticas se expressam nas condies de sade dos trabalhadores e trabalhadoras, e visibilizar as polticas de recursos humanos prevalecentes. Baseou-se no aporte metodolgico da produo de sentidos no cotidiano, no mbito da Psicologia Social, a anlise das prticas discursivas (SPINK; FREZZA, 2000). A pesquisa emprica foi realizada buscando os dados dos quatro maiores ‘call centers’ sediados no Rio Grande do Sul. A coleta de dados foi realizada com entrevistas e textos da pgina eletrnica de uma instituio de referncia no setor, visita s empresas e dirio de campo. A partir das anlises um outro olhar permitiu narrar outra histria sobre polticas de gesto e sade em teleatendimentos. A constituio e a caracterizao do trabalho nos ‘call centers’ descritos apresentam organizaes que se estruturam no perfil dos modelos flexveis, e os modos de gesto ilustram esta bricolagem do ‘novo’ e do ‘velho’, quando encontra-se recolocado o receiturio fordista/taylorista com as estratgias tpicas da gesto da excelncia. As polticas de recursos humanos se focam no estmulo e na manuteno da capacidade produtiva, e no h, efetivamente, uma poltica de sade que atente para o componente organizacional na gnese dos sintomas de LER/DORT e de sofrimento psquico, expressado com o termo genrico ‘estresse’. A concepo de sade que embasa alguns programas de preveno no ultrapassa a condio de sade pensada como ausncia de doena, apontando para a necessidade de expandir a discusso da regulamentao de parmetros especficos para esta atividade, especialmente no que concerne reinveno de uma sade ocupacional na direo de uma sade dos trabalhadores.
Resumo:
Abordagem qualitativa e exploratria com o objetivo de apreender como uma equipe multidisciplinar de um servio de emergncia de um hospital de ensino de Porto Alegre, RS, concebe e transita ante o problema fuga de pacientes do hospital. A coleta de dados transcorreu entre novembro e dezembro de 2004 por meio de grupo focal, sendo que este se consolidou com dez sujeitos. A tcnica de conduo da dinmica grupal foi no diretiva, permitindo conhecer como aes e reaes se do na equipe multidisciplinar. Os dados foram tratados com nfase na anlise de contedo gerando trs categorias: Uma certa ambivalncia; Emergncia: um local de (des)controle; Medos e inseguranas. Uma certa ambivalncia permeou as discusses mostrando que fuga pode ser tambm compreendida como forma de evitao dos membros da equipe multidisciplinar. Apesar de certa identificao com pacientes e da banalizao do problema da fuga, prticas de cuidado enfatizam a observao e a vigilncia. O local e a organizao do trabalho foram uma tnica nas discusses, reforando a existncia de prticas discursivas que se apiam na necessidade de observao e controle Medos e inseguranas constantemente foram referidos, em decorrncia do risco de culpabilizao e responsabilizao profissional. Nesta perspectiva, o estudo aponta para a condio catica com que se deparam os servios de emergncia, sendo um reflexo das polticas de sade. Este panorama sugere a necessidade de considerar novas formas de acompanhamento domiciliar ou ambulatorial. Para tanto, cogita-se tambm ser necessrio rever a vocao social da instituio hospitalar e das profisses que abriga.
Resumo:
Este um estudo qualitativo do tipo descritivo-exploratrio segundo Parse et al.(1985). Tem por objetivos conhecer as crenas e prticas da nutriz e seus familiares em relao ao aleitamento materno e identificar o tipo de ajuda familiar recebida por ela ao aleitar seu beb. O estudo realizou-se em uma vila na zona sul de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, e teve como sujeitos nove nutrizes e oito familiares que as apoiaram no aleitamento materno. Os dados foram coletados atravs de entrevistas semi-estruturada, sendo aps submetidos anlise de contedo do tipo temtica, conforme Bardin (1977). Os temas que emergiram a partir da anlise dos dados so quatro: crenas e prticas relacionadas a vantagens da amamentao; crenas e prticas relacionadas ao lactente; crenas e prticas relacionadas nutriz; e ajuda familiar. A famlia quem est mais prxima da nutriz quando essa retorna para casa,e , portanto, so os familiares que ajudam durante o processo de amamentar o beb. Normalmente, a famlia possui crenas vindas de geraes passadas ou determinadas pelo contexto econmico, cultural e social em que vive. , ento , fundamental que os profissionais de sade conheam essas crenas da nutriz e de seus familiares e que busquem momentos de troca e de interao que favoream o sucesso do aleitamento materno.
Resumo:
Nesta Tese investigo como a sexualidade vem sendo tratada nas salas de aula das sries iniciais do Ensino Fundamental, do municpio de Rio Grande/RS. Para tanto, analiso narrativas de professoras das sries iniciais que participaram do curso “Discutindo e refletindo sexualidade-AIDS com professoras das sries iniciais do Ensino Fundamental”. Nesse estudo, tomo a sexualidade como uma construo histrica e cultural, que inscreve comportamentos, linguagens, desejos, crenas, identidades, posturas no corpo, atravs de estratgias de poder/saber sobre os sexos. O entendimento de que questes centrais, no estudo da sexualidade, referem-se ao papel das culturas, dos seus sistemas de significao e relaes de poder, uma vez que essas encontram-se implicadas na constituio dos sujeitos, levou-me a estabelecer algumas conexes com os Estudos Culturais nas suas vertentes ps-estruturalistas, bem como com algumas proposies de Foucault. Tais entendimentos moveram-me na direo de examinar como as prticas escolares das professoras das sries iniciais atuam nos processos de inscrio da sexualidade das crianas. Nesse sentido, utilizei como uma estratgia metodolgica a realizao do curso acima referido, que funcionou como um espao narrativo, no qual as professoras participaram de um processo de contar, ouvir, e contrapor histrias a respeito das prticas escolares relacionadas sexualidade. Outra estratgia correspondeu anlise das narrativas dessas professoras – falas, textos, desenhos, cartazes, dramatizao –, produzidas durante as atividades desenvolvidas no transcorrer do curso. Num primeiro movimento analisei todos os encontros que compuseram o curso, a fim de conhecer tanto os discursos como as estratgias predominantes nas pedagogias dessas professoras. Esse percurso mostrou-me aqueles encontros em que se tornaram visveis as estratgias utilizadas pelas professoras para tratarem a sexualidade em suas salas de aula. Assim, elegi os seguintes encontros: “Como fui parar a dentro? – Sistema reprodutor feminino e masculino” e “Sexualidade e AIDS na sala de aula”. Esses movimentos configuraram esta Tese na forma de trs artigos: “Discutindo e refletindo sexualidade-AIDS com professoras das sries iniciais do Ensino Fundamental”; “Falando com professoras das sries iniciais do Ensino Fundamental sobre sexualidade na sala de aula: a presena do discurso biolgico”, e “Sexualidade nas salas de aula: pedagogias escolares das professoras das sries iniciais do Ensino Fundamental”. Esse estudo possibilitou-me ver que, nos espaos e nas prticas escolares, se fala rotineiramente na sexualidade: seja nas disposies dos corpos conforme os sexos – nas filas e na sala de aula, nas brincadeiras –; seja naquelas situaes vinculadas s prticas de sala de aula, quando a sexualidade torna-se presente atravs dos programas escolares, dos projetos de educao sexual, das palestras e/ou das perguntas e outras “manifestaes” das crianas, em que atuam geralmente os discursos hegemnicos como o biolgico, o da famla-reproduo e o da criana inocente-assexuada. Assim, no espao escolar articulam-se distintos discursos e prticas direcionados sexualidade das crianas atravs de estratgias de inscrio das identidades de gnero e sexuais nos seus corpos, como tambm de regulao dos fenmenos biolgicos, como a gravidez, as doenas sexualmente transmissveis e a AIDS.