10 resultados para Lispector, Clarice, 1920-1977. O mistério do coelho pensante Teses
em Lume - Repositório Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Resumo:
Partindo da considerao geral de que a obra de Clarice Lispector constitui uma totalidade mltipla formada por diversas partes de um conjunto narrativo nico, propomo-nos fazer um corte virtual e nos determos na leitura de Um sopro de vida (Pulsaes), obra pstuma publicada em 1978. Observando nela uma aguda conscincia da linguagem entendida como forma de conhecimento e autoconhecimento veiculada pela experincia literria, partimos assim da reflexo da linguagem como logos e sobre a realidade como representao que se constri na linguagem. Nossa hiptese orienta-se para mostrar que a obra de Clarice Lispector estabelece com a tradio platnico-aristotlica uma relao descontnua e por isso muito mais prxima das tradies filosficas orientais, principalmente do budismo. Retomando uma das reflexes de Jaques Derrida, observamos ento como a obra desta escritora parte de um centro para provocar um descentramento, alcanando assim um novo estatuto do discurso sem fonte, sujeito ou centro absolutos, partilhando com os mitos o seu carter de palavra reveladora e epifnica. Esses descentramentos, presentes em boa parte do pensamento platnico e aristotlico, desaparecem posteriormente da superfcie do pensamento ocidental mantendo-se submersos na literatura. precisamente ali onde se depositam as imagens, mitos, metforas e toda a grande variedade das formas atpicas e descentradas do conhecimento, nas quais a obra de Clarice Lispector encontra um lugar privilegiado. Partindo dessa considerao, propomos que a obra desta escritora estabelece um logos fronteirio, intersticial, intervalar, que encontra no limes, no umbral, o lugar de sua emergncia. Nesse umbral o logos adquire uma relevncia ontolgica: em Clarice Lispector o logos o ser. Assim, segundo mostramos na leitura de Um sopro de vida (Pulsaes), atravs desse logos fronteirio que o pensamento atinge aquilo que somos atrs do pensamento, uma verdade indizvel e incomunicvel. Essas colocaes nos conduzem atravs do pensamento oriental at a filosofia do budismo: analisando cada uma das partes de Um sopro de vida (Pulsaes) desde o ttulo, as epgrafes e a prpria estrutura da narrativa, a ltima parte do trabalho estuda especificamente seus pontos de encontro com o clssico do budismo tibetano conhecido como O livro tibetano dos mortos.
Resumo:
O presente estudo tem o objetivo de mostrar a Alquimia no texto de Clarice Lispector. Esta intertextualidade revelou a existncia de um processo inconsciente ocorrendo na interioridade da escritora, constituindo tambm uma intratextualidade. A este processo a Psicologia Analtica nomeou de Processo de Individuao, isto , uma trajetria psquica interior visando a transformao da personalidade. Este processo foi delineado a partir da leitura psicolgica da alquimia dos nove romances da escritora, enfocando a voz narrativa, as personagens e outras idias alqumicas no texto de Lispector.
Resumo:
Partindo de uma questo terica preliminar a representao e seus modos de articulao este trabalho examina o papel da metalinguagem presente em obras de Clarice Lispector e Julio Cortzar como contributo vigoroso s reflexes tericas, bem como evoluo literria. Com o enfoque temtico centrado basicamente na linguagem, pretendemos defender esse tipo de abordagem comparatista como prtica crtica eficaz no estudo da narrativa latino-americana, especialmente o conto e o romance. A estrutura do mesmo consta de uma introduo que funciona tambm como exposio metodolgica e informa algumas fontes tericas; dois Captulos que consideramos o corpus propriamente dito: o primeiro A paixo segundo Sofia, apresenta aspectos sobre a vida e a obra da escritora, bem como a anlise dos textos de nossa escolha; em exerccio anlogo, o segundo captulo, Un tal Julio, focaliza Cortzar. O terceiro captulo, Os perseguidores na dimenso de Moebius, procura, de um lado, amarrar aquelas que consideramos as linhas de fora comuns s criaes dos dois escritores sempre focalizando a metalinguagem e os pontos de contato e, de outro, indicar alguns dos aspectos que os distanciam. Optamos por no divorciar totalmente os pressupostos tericos do corpus para imprimir um certo dinamismo leitura. As fontes tericas esto distribudas em sincronia com a abordagem analtica que nos pareceu a mais exeqvel na organizao e na traduo de idias em palavras. Na concluso, procuramos uma perspectiva autocrtica, que nos desse uma viso mais ampla sobre o prprio percurso do trabalho realizado nos trs captulos e que contemplasse algum cotejamento entre o texto ficcional contemporneo, a crtica, a filosofia da linguagem e o ser da prpria literatura como responsvel pela evoluo espiritual do homem.
Resumo:
O presente trabalho teve por objetivo avaliar alguns aspectos relacionados zoogeografia e ecologia dos ostracodes da plataforma interna norte do Rio de Janeiro, prximo cidade de Cabo Frio. O material de estudo resultou da anlise de 43 amostras sedimentolgicas coletadas durante a expedio GEOCOSTA RIO II. Este estudo permitiu o reconhecimento de 16 famlias, 49 gneros, 66 espcies e dois gneros que permaneceram em nomenclatura indeterminada. A descrio de uma nova espcie, Actinocythereis brasiliensis sp. n., tambm foi realizada no mbito do presente trabalho. As famlias mais representativas quanto abundncia e o nmero de espcies foram Thaerocytheridae e Cytheruridae, respectivamente. A espcie mais constante na rea foi Caudites ohmerti e, dentre as com maior dominncia esto, Caudites ohmerti, Meridionalicythere? dubia, Callistocythere litoralensis, Paracytheridea bulbosa, Urocythereis dimorphica, Henryhowella inflata, Oculocytheropteron delicatum, Xestoleberis umbonata, Henryhowella macrocicatricosa e Brasilicythere reticulispinosa. As preferncias sedimentolgicas e batimtricas das espcies so tambm discutidas neste trabalho. sugerido que se estenda a distribuio zoogeogrfica, um pouco mais ao norte, para sete espcies: Cushmanidea variopunctata, Neocytherideis impudicus, Hemingwayella advena, Hemingwayella sp., Urocythereis dimorphica, Munseyella cornuta e Basslerites costata. A grande maioria das espcies so caractersticas da plataforma continental sul, sendo que destas o maior percentual pertence Subprovncia Sul-Brasileira. De acordo com a fauna registrada, predominantemente de guas frias, chegamos a concluso que a sua presena se deve, em grande parte, influncia da ressurgncia marinha na rea de estudo A proporo sexual foi de 1,19 machos para 1 fmea. Fmeas ovgeras encontradas entre abril e setembro e o ingresso de juvenis na populao (recrutamento) foi observado em novembro e dezembro de 2000.
Resumo:
O ensino de psicologia no Rio Grande do Sul teve seu incio relacionado criao dos cursos de formao de professores primrios, tambm conhecidos como cursos normais. No estado se destacou o papel do Instituto de Educao General Flores da Cunha, de Porto Alegre. Este instituto foi o principal centro de formao de docentes para o ensino primrio e difusor de novas idias relativas educao, entre elas o estudo dos contedos psicolgicos. Esta dissertao estuda a presena da psicologia nos cursos normais de Porto Alegre no perodo de 1920 a 1950. Aponta as diversas idias psicolgicas que influenciaram as prticas pedaggicas da poca e identifica os primeiros professores que lecionaram esta disciplina. Para tanto, examina documentos oficiais, decretos-lei estaduais e federais, e publicaes que introduziram e regulamentaram o ensino de Psicologia no estado. O estudo argumenta que as idias psicolgicas j se encontravam presentes nos cursos de formaes de professores nas primeiras dcadas de sculo XX, embora s comecem a aparecer como uma disciplina autnoma em 1925. E conclui que o ensino da Psicologia experimentou uma expanso a partir do final da dcada de 1920 que durou at meados dos anos 50, quando ocorreu a fragmentao do currculo dos cursos normais. O ensino da Psicologia despertou o interesse para as questes de desenvolvimento psicolgico infantil, da sade mental e do aconselhamento profissional, reafirmando a existncia de uma relao de complementaridade entre Psicologia e Pedagogia. Este trabalho constituiu-se no somente no primeiro esforo de traar o panorama da presena Psicologia no Rio Grande do Sul, mas tambm de identificar, nestes primrdios, tendncias que influenciam a formao dos psiclogos hoje.
Resumo:
No Brasil, so poucos e recentes os estudos sobre sujeitos que apresentam autismo e psicose infantil. Tanto no campo da sade quanto no da educao, faltam dados sistematizados sobre quem so e onde esto estas crianas. Considerando a importncia social e constitutiva da escola e da educao, o presente estudo buscou investigar os processos de escolarizao de sujeitos com Psicose Infantil, analisando os servios, os percursos e as possibilidades. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com carter exploratrio, na qual so investigados 42 pessoas com psicose e autismo infantil. Os elementos investigados foram sistematizados e analisados a partir da abordagem da escola francesa de psicanlise, da pedagogia institucional e da aproximao entre os campos da educao e educao especial. Considerando a anlise histrica e a discusso diagnstica, foi possvel reconhecer a diversidade dos sujeitos. Observou-se uma pluralidade de espaos educacionais. Nesse sentido, os alunos com melhor desempenho educacional apresentavam em comum trajetria em escolas regulares desde a educao infantil; atendimento clnico, psicanaliticamente orientado, desenvolvido em perodo semelhante ao tempo de escolarizao; interlocuo entre profissionais da sade e educao, sob forma de acompanhamento e construo de estratgias que favoreceram o percurso e de desempenho escolar. Espera-se que esta dissertao possa contribuir com a construo de um novo olhar sobre as possibilidades desses sujeitos, engendrando novas formas de reconhecimento e legitimao de suas expresses e percursos.
Cidade fotografada : memria e esquecimento nos lbuns fotogrficos-Porto Alegre, dcadas de 1920 e 1930
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Esta investigao procurou problematizar a relao fotografia e cidade, a partir da anlise e da interpretao das imagens fotogrficas de Porto Alegre veiculadas atravs dos lbuns editados nas dcadas de 1920 e 1930. A partir de metodologia de anlisequantitativa e qualitativa, tentou-se verificar a construo de uma visualidade de cidade calcado num imaginrio de modernidade urbana. Por um lado, percorreu-se as pginas dos lbuns, tal flneur percorre as ruas da cidade, buscando a tessitura de uma narrativa orientada pela disposio das imagens e pela relao entre as mesmas no interior de cada conjunto. Para cada um dos trs lbuns, nessa direo, foi identificada uma narrativa, denominada olhar dirigido, olhar detido e olhar passageiro. Por outro lado, buscou-se identificar padres de recorrncia temtica e formal na totalidade da amostra estudada, partindo-se do pressuposto de que o vis quantitativo permitiria visualizar a formao de sub-conjuntos orientados pela escolha dos motivos fotografados e pela escolha dos atributos estticos e tcnicos ao fotograf-los. As imagens fotogrficas, assim, foram interpretadas a partir da relao entre visibilidade e invisibilidade, na qual elementos dissonantes do imaginrio em voga so excludos da cena fotografada, ao passo que outros elementos so valorizados como forma de enaltecer a visualidade propugnada. Por meio da seleo de determinadas imagens e da reunio das mesmas em uma coleo, os lbuns fotogrficos, os produtores visuais deram a ver e fizeram ver uma Porto Alegre de feio moderna. Dessa forma, contriburam para a construo e a veiculao de um imaginrio de modernidade urbana, ao mesmo tempo em que contriburam para enaltecer a memria de uma cidade moderna e propagar o esquecimento de uma cidade de traos coloniais que ainda se mantinham no espao urbano.
Resumo:
A tese tem por objetivo analisar o processo de construo identitria dos operrios porto-alegrenses no final do sculo XIX e primeiras dcadas do sculo XX, no qual a interao das vivncias pessoais e sociais considerada de forma relacional, engajando-se, assim, em uma opo historiogrfica na qual a anlise das experincias constitutivas dos sujeitos sociais vm ocupando um espao cada vez maior. Parte-se de trs hipteses norteadoras: 1) A construo da identidade operria tem como um de seus fundamentos a busca de reconhecimento atravs do orgulho de sua capacidade produtiva. Isto implica que os operrios se distingam tanto dos exploradores capitalistas e das classes perigosas quanto da imagem construda pelo discurso dominante, que os associa ao vcio, preguia e indisciplina sempre que eles ameaam sair do controle e/ou reivindicam melhores condies de vida e trabalho; 2) As identidades sociais existem sempre em relao umas com as outras, influenciando-se mutuamente e contribuindo para que ocorram permanentes transformaes identitrias. Optou-se, na tese devido importncia percebida ao longo do trabalho com as fontes por analisar as interfaces entre as identidades operria, tnicas e de gnero; 3) A identidade operria construda no apenas a partir das peculiaridades do local e do contexto em que se encontram os trabalhadores, mas tambm da conjugao dessas peculiaridades com idias, smbolos e caractersticas que aparecem em diversos lugares e circulavam em diferentes pases, possibilitando aos operrios manter contato com as mltiplas dimenses dessa realidade, auxiliando na formao de uma identidade coletiva que ultrapassa barreiras geogrficas. No Primeiro Captulo, foi analisado o processo de construo da identidade operria atravs das operaes de reconhecimento dadas pela aproximao aos iguais e pela valorizao do trabalho, transformado em emblema, bem como pela oposio aos outros, atravs tanto da denncia dos exploradores capitalistas, quanto pela demonstrao das diferenas em relao s classes perigosas. O Segundo Captulo analisou as transformaes identitrias motivadas pela convivncia de novos contingentes populacionais que, chegados cidade a partir da segunda metade do sculo XIX, trouxeram novas caractersticas tnicas e/ou nacionais, que foram redimensionadas e/ou transformadas a partir da convivncia no mundo produtivo. Tambm se analisou as relaes estabelecidas entre as caractersticas identitrias de gnero e operrias, ocasionadas pela crescente entrada do elemento feminino no mercado de trabalho da cidade. No Terceiro Captulo buscou-se compreender as relaes identitrias estabelecidas entre o movimento operrio porto-alegrense com os de outras partes do Brasil e do exterior, observando, para isso, tanto a circulao de militantes locais em outras cidades do interior do Estado e do centro do pas, quanto os textos de autores nacionais e estrangeiros, publicados nos jornais locais, bem como as influncias de militantes que, vindos do centro do pas, aqui residiram. Analisou-se ainda as comemoraes do Primeiro de Maio, observando-se como sua memria e simbologia foram apropriadas e permitiram diferentes vises da data entre o operariado local, transformando-a tanto em momento de festa e confraternizao, quanto em ritual de reconhecimento, distino e luta.
Resumo:
A partir da investigao das atividades de campanha eleitoral promovidas pelas associaes existentes no cenrio urbano da cidade de Porto Alegre da dcada de 1920 percebemos o cdigo operado por essa comunidade para agir, codificar e interpretar o campo poltico. Atravs deste conceito de cultura poltica rearticulamos os significados atribudos s associaes, a sua dinmica burocrtica, s atividades de mobilizao e arregimentao eleitoral. Identificando as regularidades desse espao de sociabilidade e apontamos como esses agentes coletivos e outros personagens atribuem significados s representaes e prticas sociais deste campo enquanto estratgia de projeo e legitimao de seus interesses individuais e coletivos.
Resumo:
Nesta dissertao, analisa-se o impacto do surgimento do novo sindicalismo no ABC Paulista atravs da ao do Sindicato dos Metalrgicos de So Bernardo do Campo e Diadema no processo de abertura poltica. A ao desse importante ator coletivo naquela conjuntura resultou numa gama de novos repertrios de ao coletiva, bem como no reaparecimento da questo operria, aps quase uma dcada de desaparecimento pblico. Esse novo mpeto para a ao, produzido na relao conflitiva com os empresrios e aps com o Estado, serviu no s para produzir uma identidade poltica para os metalrgicos do ABC paulista, com tambm uma agenda de demandas que se ampliava a cada embate e, sobretudo, um tensionamento sobre a esfera poltica, fazendo avanar o contedo nitidamente conservador assumido pela abertura pelo alto. A anlise se concentrou no perodo que vai do ano de 1977 ao ano de 1980, avanando, portanto, sobre a data de fundao do Partido dos Trabalhadores, que serviria de referncia para a entrada do movimento num campo marcadamente poltico-partidrio. A anlise do tema, atravs do uso de diversos materiais, dentre os quais entrevistas inditas com sindicalistas que vivenciaram os acontecimentos, alm de farta documentao da imprensa sindical do perodo, possibilitou situar a dimenso alcanada pela luta sindical naquela conjuntura e a forma como repercutiu na poltica nacional.