8 resultados para Discursive Practices [práticas discursivas]
em Lume - Repositório Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Resumo:
Esta investigao busca compreender as relaes de saber-poder nas prticas de leitura de estudantes do ensino superior privado. A pesquisa de campo foi composta por entrevistas individuais com alunos e professores, pela realizao de discusses coletivas com um grupo de estudantes e pela anlise de documentos de uma faculdade privada na cidade de Porto Alegre. A partir do referencial terico da anlise das prticas discursivas de Michel Foucault, discute-se as relaes entre os percursos de vida das estudantes que participaram das entrevistas coletivas, o contexto scio-histrico, os discursos universitrios sobre a leitura e a identificao dos dispositivos presentes nas instituies escolares que afetam os modos de ler dos estudantes. Os resultados apontam a existncia de regularidades nas prticas de leitura no ensino superior privado, as quais acabam por constituir a "Cultura do Polgrafo". Essa prtica caracterizada pela indicao de leitura por parte dos docentes, de textos, geralmente retirados de livros e/ou revistas, para serem fotocopiados pelos alunos. A Cultura do Polgrafo atravessada pela lgica da fragmentao e do consumo de leituras. Constatou-se que a maioria dos alunos chega ao ensino superior com poucas experincias com a leitura de textos complexos e conceituais, assim sendo, os estudantes tm enfrentado muitas dificuldades para compreenderem a linguagem dos textos cientficos. Uma das estratgias que os alunos lanam mo para lidarem com as tarefas de leitura exigidas a fragmentao dos textos, na qual os alunos dividem os textos em partes, ficando cada um responsvel pela leitura de apenas um pedao do texto fotocopiado. O suporte fotocpia afeta a qualidade das leituras e a relao dos estudantes com o espao da biblioteca. A Cultura do Polgrafo tem funcionado como um dispositivo de banalizao e de esvaziamento do sentido das prticas de leitura, as quais so percebidas pelos discentes, principalmente, como uma obrigao para o cumprimento das tarefas universitrias.
Resumo:
Esta Tese iniciou com a realizao do Curso “Uma releitura da dicotomia corpo/organismo” oferecido para professores/as de biologia do Ensino Mdio da Rede de Educao Pblica da cidade de Porto Alegre, RS. Nela, problematizo as pedagogias empregadas no estudo do corpo visto como um fenmeno “puramente” biolgico. Tenho como propsitos interrogar a concepo disciplinar do corpo como a-histrico ou fixo, pr-determinado na herana, gentica e/ou histrica, ou como pura anatomia e fisiologia, sem relao com o meio onde vive e as maneiras como vive, como, tambm, chamar a ateno para o papel de algumas prticas discursivas presentes na famlia, na mdia e nas prticas escolares vinculadas ao campo da disciplina biolgica que se entrelaam no meio social fabricando os corpos. O entendimento de que os sentidos que atribumos ao corpo so produzidos nos processos de significao cultural levou-me a estabelecer aproximaes com algumas proposies do campo dos Estudos Culturais nas suas verses ps-estruturalistas e de Foucault. O Curso foi gravado em fitas de videocassete que foram transcritas descritas e analisadas. A estratgia de anlise compreendeu examinar nas falas e em outras produes – os cartazes – como o corpo foi narrado por esses/as professores/as de biologia e, tambm, nas cenas das atividades, como foram criados determinados significados ao corpo. Numa tentativa de empreender uma anlise articulada s circunstncias em que a pesquisa se processava, fui estabelecendo conexes entre o que ia emergindo no estudo e as anotaes que eu havia feito no transcorrer do Curso, com autores/as de distintas disciplinas. No Curso foram desenvolvidas atividades com os propsitos de pensar e de discutir sobre as implicaes de algumas prticas habituais na constituio do corpo e da vida das pessoas. Dentre essas atividades, trs compem esta Tese que foi organizada na forma de artigos. A atividade intitulada Histrias dos nomes, em que discuto as implicaes de alguns marcadores sociais, especialmente os nomes, na constituio das identidades das pessoas. A atividade denominada Com quem sou parecido/a? Como ser parecido/a?, em que discuto como algumas prticas que atuam nas famlias constrem as parecenas atribudas s pessoas e aos grupos familiares, instituindo os pertencimentos/as excluses. A atividade intitulada Implicaes da disciplina biolgica e das mdias na constituio do corpo e da vida, em que discuto os efeitos das prticas discursivas veiculadas na mdia e existentes nas prticas escolares ligadas ao ensino de biologia que, ao se correlacionam no meio social, constrem os significados que atribumos ao nosso corpo e nossa vida. Analisar as narrativas desses/as professores/as sobre suas experincias relativamente a distintas instituies sociais, as famlias, a mdia, a educao escolarizada e, nela, a disciplina biolgica, possibilitou-me entender os corpos e as vidas como configurados nas prticas de significao que os inscrevem cotidianamente. Tais sistemas de significao, que codificam, moldam e regulam as percepes, os gestos, os sentimentos, os hbitos, as maneiras de agir das pessoas em relao a elas mesmas e aos demais, fabricam os corpos e governam a vida das pessoas. Essas compreenses permitiram-me, tambm, interrogar a pretensa existncia do corpo como dotado de essncias universais biolgica, histrica e/ou transcendental, de um corpo fixo, estvel e universal. E, ainda, problematizar as prticas discursivas da disciplina biolgica presentes na educao escolarizada, uma vez que elas engendram uma maneira particular do que e como ver o corpo humano. Os pressupostos que regem as estratgias disciplinares, ao assumirem uma posio dominante nas salas de aula, vm excluindo as vozes e as experincias dos/as estudantes em relao ao seu corpo e sua vida, o que tm dificultado conexes com os seus saberes e prticas. Dessa forma, as disciplinas vm atuando mais no controle dos corpos do que na produo de saberes relevantes s vidas dos/as alunos/as.
Resumo:
A propaganda poltica, enquanto modo dos agentes sociais colocarem-se na esfera de visibilidade pblica, procura desenvolver prticas discursivas capazes de persuadir a audincia desde os parmetros espetaculares da lgica miditica. Ao mesmo tempo, os governos devem prestar contas sociedade que os elegeu. Nesta perspectiva, esta dissertao analisa o programa de televiso “Cidade Viva” da Prefeitura de Porto Alegre (RS), sob a administrao da Frente Popular. Com uma metodologia relacionada aos estudos de discurso, so investigados os recursos publicitrios e jornalsticos que transformam o “Cidade Viva” num programa com estratgias hbridas de comunicao. Tais estratgias levam em conta um contexto simblico onde o campo da mdia parece exercer, cada vez mais, papel central.
Resumo:
Esta tese, intitulada uma histria de governamento e de verdades – Educao Rural no Rio Grande do Sul (1950-1970), analisa como a educao rural constituiu-se em dispositivo que desenvolveu minucioso esforo de governamento da populao rural no perodo estudado A pesquisa inscreve-se no campo das discusses educacionais que examinam relaes de poder-saber e est considerando a perspectiva que toma a educao em seu papel na fabricao ativa dos indivduos. A investigao trata de um processo de produo de subjetividades de crianas, jovens e docentes para novos tempos vividos entre as dcadas de 1950 a 1970 e analisa investimentos estratgicos levados a efeito atravs da Revista do Ensino do Rio Grande do Sul e do manual didtico Escola Primria Rural. Conclui que tais investimentos no queriam produzir apenas os rurais escolares, mas tambm pretendiam atingir, o mais amplamente possvel, as comunidades rurais, as famlias; em ltima instncia, queriam atingir a vida dessas populaes, regulando-a, governando-a. Na primeira parte do trabalho, o objetivo montar o baralho da estratgia analtica, situando, alm do corpus discursivo, a perspectiva dos estudos Culturais Contemporneos e as contribuies da teorizao de Michel Foucault. Assim, so anunciadas as concepes utilizadas para realizao de uma analtica do governamento. Na segunda parte, faz-se uma leitura das prescries endereadas ao magistrio gacho e, atravs dele, comunidade. Inicialmente, so examinados alguns investimentos de poder sobre os escolares, tecnologias que colocaram em ao instrumentos disciplinares com vistas ao aparelhamento da escola, formao-atualizao docente e a educao integral dos estudantes, atravs do Clube Agrcola A seguir, a analtica realizada utilizou o conceito de biopoder desenvolvido por Foucault, para mostrar os investimentos de um poder poltico sobre o conjunto da populao rural. Inmeras campanhas, programas e projetos foram veiculados prescrevendo um conjunto de coisas ensinveis, relativas ao modo de vida da populao. Observa-se como docentes e estudantes rurais tiveram a pauta de um currculo cultural constituda por enunciados que pretenderam mudar a mentalidade da populao, modernizando-a. A mudana de hbitos dizia respeito alimentao, agricultura, sade e economia, bem como a cuidados com o corpo, a casa e o meio ambiente. Por fim, a investigao teve como propsito mostrar os sujeitos escolares rurais como efeito das prticas discursivas a que estiveram submetidos. O trabalho buscou problematizar o sujeito escolar rural descrito e prescrito pelos discursos em anlise, interrogando como os rurais constituram-se em objeto de conhecimento possvel e desejvel.
Resumo:
O tecido desta pesquisa se guiou pelo olhar da Psicologia Social, ‘par e passo’ com a busca pela anlise histrica. A perspectiva da Psicologia aqui considerada entende que os processos sociais e os sujeitos nesses inseridos, so destes produtores e produzidos, e os critrios da verdade so construdos a partir das convenes sociais e dos regimes de poder presentes nas relaes humanas. O interesse na pesquisa e interveno em Sade do Trabalhador, e a percepo da pertinncia social que a atividade em teleatendimento tem atualmente no setor produtivo instigaram essa investigao. Considera as modificaes do trabalho com o advento de novas tecnologias no contexto de globalizao do capital, e as formas que o a atividade de trabalho em telefonia tomou. H uma pluralidade de intercruzamentos que essa atividade profissional tm apresentado atravs das problemticas a respeito das condies e da organizao do trabalho e das queixas de sade que chegam aos sindicatos dos trabalhadores (o SINTTELRS ), e que outros estudos j tm apontado. O objetivo do estudo foi apontar as relaes entre os modos de gesto e o processo sade-doena de teleoperadores, buscando investigar como se configura a organizao do trabalho (modos de gesto) no campo das telecomunicaes, identificar como essas caractersticas se expressam nas condies de sade dos trabalhadores e trabalhadoras, e visibilizar as polticas de recursos humanos prevalecentes. Baseou-se no aporte metodolgico da produo de sentidos no cotidiano, no mbito da Psicologia Social, a anlise das prticas discursivas (SPINK; FREZZA, 2000). A pesquisa emprica foi realizada buscando os dados dos quatro maiores ‘call centers’ sediados no Rio Grande do Sul. A coleta de dados foi realizada com entrevistas e textos da pgina eletrnica de uma instituio de referncia no setor, visita s empresas e dirio de campo. A partir das anlises um outro olhar permitiu narrar outra histria sobre polticas de gesto e sade em teleatendimentos. A constituio e a caracterizao do trabalho nos ‘call centers’ descritos apresentam organizaes que se estruturam no perfil dos modelos flexveis, e os modos de gesto ilustram esta bricolagem do ‘novo’ e do ‘velho’, quando encontra-se recolocado o receiturio fordista/taylorista com as estratgias tpicas da gesto da excelncia. As polticas de recursos humanos se focam no estmulo e na manuteno da capacidade produtiva, e no h, efetivamente, uma poltica de sade que atente para o componente organizacional na gnese dos sintomas de LER/DORT e de sofrimento psquico, expressado com o termo genrico ‘estresse’. A concepo de sade que embasa alguns programas de preveno no ultrapassa a condio de sade pensada como ausncia de doena, apontando para a necessidade de expandir a discusso da regulamentao de parmetros especficos para esta atividade, especialmente no que concerne reinveno de uma sade ocupacional na direo de uma sade dos trabalhadores.
Resumo:
Abordagem qualitativa e exploratria com o objetivo de apreender como uma equipe multidisciplinar de um servio de emergncia de um hospital de ensino de Porto Alegre, RS, concebe e transita ante o problema fuga de pacientes do hospital. A coleta de dados transcorreu entre novembro e dezembro de 2004 por meio de grupo focal, sendo que este se consolidou com dez sujeitos. A tcnica de conduo da dinmica grupal foi no diretiva, permitindo conhecer como aes e reaes se do na equipe multidisciplinar. Os dados foram tratados com nfase na anlise de contedo gerando trs categorias: Uma certa ambivalncia; Emergncia: um local de (des)controle; Medos e inseguranas. Uma certa ambivalncia permeou as discusses mostrando que fuga pode ser tambm compreendida como forma de evitao dos membros da equipe multidisciplinar. Apesar de certa identificao com pacientes e da banalizao do problema da fuga, prticas de cuidado enfatizam a observao e a vigilncia. O local e a organizao do trabalho foram uma tnica nas discusses, reforando a existncia de prticas discursivas que se apiam na necessidade de observao e controle Medos e inseguranas constantemente foram referidos, em decorrncia do risco de culpabilizao e responsabilizao profissional. Nesta perspectiva, o estudo aponta para a condio catica com que se deparam os servios de emergncia, sendo um reflexo das polticas de sade. Este panorama sugere a necessidade de considerar novas formas de acompanhamento domiciliar ou ambulatorial. Para tanto, cogita-se tambm ser necessrio rever a vocao social da instituio hospitalar e das profisses que abriga.
Resumo:
A escola nas aldeias Guarani do Rio Grande do Sul um acontecimento recente. Algumas TEKO decidiram no abrig-la em seu meio, considerando que a educao tradicional, assentada na cosmologia Guarani, suficiente para o seu viver e, portanto, prescindem dos saberes escolares. Outras, evidenciando a necessidade de saberes que se relacionam escola – como a escrita, a leitura, a Lngua Portuguesa e o sistema monetrio, entre outros –, a solicitam e a acolhem, iniciando processos e prticas de escolarizao que afirmam o desejo de se apropriar de instrumentos que permitam um dilogo mais eqitativo com a sociedade no indgena. Num movimento de interlocuo com os gestores das polticas pblicas, tensionam a Secretaria de Estado da Educao para criar condies de implementar a Escola Especfica e Diferenciada nas aldeias. No entanto, experimentam a ambigidade de uma aproximao e de um afastamento, de um querer e um no querer a escola em suas aldeias, pois intuem as mudanas que poder desencadear no modo de vida tradicional. Para compreender os processos de implementao da escola do povo Guarani, e os significados que atribuem educao escolar, dirigi o olhar e aprofundei o estudo em trs aldeias do Rio Grande do Sul: TEKO JATATY (Cantagalo, municpio de Viamo), TEKO ANHETENGU (Lomba do Pinheiro, Porto Alegre) e TEKO IGUA´POR (Pacheca, municpio de Camaqu). Os movimentos de aproximao com a cosmologia Guarani e com o universo das aldeias, constitudo atravs de um estar-junto sensvel, e o com-viver com a totalidade cosmolgica de cada lugar pesquisado possibilitou a elaborao de um contorno antropolgico etnogrfico que busca dizer dos Guarani desde si. A perspectiva terica, assentada principalmente na aproximao da Educao com uma Antropologia Filosfica latino-americana, possibilitou a compreenso do pensamento indgena e da ambigidade do “ser” europeu e do “estar” americano, presente nas aldeias e fora delas tambm. A pesquisa mostra que h nos preceitos educacionais da cosmologia Guarani um admirvel mundo a ser desvendado, em que os significados de cada gesto, de cada ao mostram a integridade de um povo que sobrevive e se recria e a escola na aldeia poder se inserir nesse universo e dialogar com todos os princpios que compem a educao tradicional e a cosmologia Guarani.
Resumo:
Este estudo analisa oito dimenses do currculo, da prtica pedaggica e da avaliao, no ano letivo de 2004, em duas turmas de alfabetizao de escolas pblicas de Porto Alegre – uma Estadual e outra Municipal. O processo de alfabetizao numa escola organizada por Sries comparado com o realizado na escola organizada por Ciclos de Formao. Os resultados encontrados nestas duas prticas so comparados com os resultados obtidos numa prtica de alfabetizao investigada em 1984 (Veit, 1990), na mesma Escola Estadual. Esta investigao foi baseada na teoria do socilogo Basil Bernstein (1996, 1998) e inspirada nas definies operacionais de uma pesquisa realizada em Lisboa por Morais et al. (1993). A comparao entre os trs contextos educacionais apresentou diferenas acentuadas entre as ideologias de um e de outro sistema de ensino, sendo possvel distinguir, na Escola Estadual, uma modalidade de Pedagogia Visvel e, na Escola Municipal, uma Pedagogia Invisvel.