6 resultados para Bernich, Emile -- Correspondance
em Lume - Repositório Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Resumo:
O objetivo do presente trabalho é construir recursos operatórios de leitura que permitam articular, desde um ponto de vista epistemológico, lingüística e psicanálise. Esta temática surge de uma problemática de pesquisa atual, relativa à crescente demanda, endereçada a lingüística, por diferentes práticas clínicas nas quais a linguagem está implicada. Neste sentido, procura-se relacionar um paradigma de linguagem com uma teoria da subjetividade apropriada tanto à reflexão clínica quanto à reflexão epistemológica. Desta forma, esta dissertação opta por um estudo teórico, visando a construção de operadores conceituais que possibilitem a articulação entre a psicanálise lacaniana e as teorias da linguagem de Saussure, Jakobson e Benveniste, utilizando como corpus de análise essas próprias teorias lingüísticas e psicanalíticas. Portanto, seu procedimento analítico pode ser qualificado como metateórico. Quatro critérios são utilizados para a seleção dos autores: 1°) as três teorias são, cada uma a seu modo, estruturalistas – isso significa que a estrutura é o conceito operador que permite pensar as proposições que estão na base de cada teoria (seus axiomas); 2°) as três teorias estabelecem proposições sobre o objeto língua – isso requer perguntar quais axiomas sobre a língua cada teoria teve que construir para dar conta da estrutura. Desses dois critérios deriva-se um terceiro; 3°) as três teorias conformam três “sistemas de linguagem” que não dissolvem o “objeto língua” para se constituírem em sua especificidade (diluindo-a em objetos de outros domínios teóricos, exteriores ao campo da linguagem – ou da lingüística – propriamente dito, tais como, por exemplo, a biologia, a psicologia, a sociologia). Cada sistema é representado por um nome próprio : I – Sistema de Linguagem elaborado por Saussure; II – Sistema de Linguagem tratado por Jakobson; III – Sistema de Linguagem concebido por Benveniste. Como critério de fechamento, temos que : 4°) as três teorias interessam de perto ao Sistema de Linguagem da psicanálise lacaniana. A relação entre tais teorias deverá servir de suporte de leitura à interlocução estabelecida no campo interdisciplinar sobre a presença da linguagem nas diferentes clínicas, assim como revitalizar os campos conceituais tanto da lingüística quanto da psicanálise.
Resumo:
Este trabalho propõe-se a estudar os sentidos das preposições essenciais do português, a partir da Teoria da Enunciação de Émile Benveniste. As preposições consideradas advêm de um corpus de dados retirado de gramáticas contemporâneas do português. Ao abordar a descrição do sentido das preposições nas gramáticas e estudos lingüísticos brasileiros, constatamos que essa descrição é baseada em noções paradigmáticas constantes e genéricas, tais como espaço e tempo. A partir dos textos de análise de Benveniste, constatamos que o estudo da língua depende da consideração de uma dupla sintaxe, a saber, sintaxe da língua e sintaxe da enunciação, de uma dupla definição de sentido, a saber, valor e referência, de uma dupla definição de unidade, a saber, locução e enunciado e de uma dupla definição de língua, a saber, língua enquanto sistema de signos (língua) e língua enquanto comunicação intersubjetiva (língua-discurso). Constatamos ainda que a dupla consideração do sentido depende da postulação de uma unidade intermediária entre língua e língua-discurso, dita locução ou signo-palavra. Além disso, tal estudo nos mostra que uma metodologia de análise do sentido depende da simultânea consideração das relações de dissociação de forma e integração de sentido entre signos-palavra. A partir do estudo dos textos da Teoria da Enunciação, observamos que, para o estudo do sentido das preposições, devemos considerar que o significado genérico e repetível da locução na língua é determinado pela referência única e irrepetível da locução no enunciado Assim, as noções genéricas de espaço e tempo das preposições enquanto signo transformam-se em sentidos particulares a partir das relações sintagmático-semânticas de integração da preposição enquanto signopalavra. Para estudar os sentidos das preposições, construímos um corpus de fatos constituído de textos extraídos da versão online do jornal Zero Hora do ano de 2004. Com o auxílio do aplicativo Wordsmith, identificamos a estrutura de locuções da língua enquanto sistema de signos. A partir de 24 análises enunciativas das preposições, constatamos que as noções de espaço ou de tempo das preposições são determinadas pela posição singular que o locutor e, por vezes, o alocutário ocupa em cada enunciado, ou seja, pela sintaxe da enunciação.