164 resultados para crianças usuárias de drogas
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A infecção por Helicobacter pylori (Hp) é uma das infecções bacterianas mais comuns em todo o mundo. As maiores prevalências da infecção foram encontradas nos países em desenvolvimento, onde, em geral são altas já na infância. O método diagnóstico considerado mais acurado para a infecção por Hp, em crianças, é o exame endoscópico com biópsias gástricas. Alguns autores referem que o único aspecto macroscópico que pode predizer a infecção é o da presença de nodosidades na mucosa gástrica. Este aspecto é denominado de gastrite endoscópica nodular. A especificidade da gastrite endoscópica nodular para a infecção por Hp, entretanto, recentemente foi questionada por outros autores. Realizamos um estudo transversal em uma amostra de crianças (um a 12 anos) com dor abdominal crônica, que preenchiam os critérios para a realização de endoscopia digestiva alta, no Hospital da Criança Conceição e no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, de setembro de 1997 a setembro de 1999. O objetivo principal foi verificar a associação entre a infecção por Hp e a gastrite endoscópica nodular nessas crianças. A amostra foi constituída de 185 crianças de ambos os sexos, com baixa renda familiar, cujos pais apresentavam baixo nível de escolaridade. Foi realizado estudo histológico das lâminas de biópsia gástrica (no mínimo cinco fragmentos, corados com H-E ou Giemsa), conforme o Sistema Sydney modificado. A infecção por Hp foi caracterizada pela presença de Hp na lâminas de biópsias gástricas dos pacientes e a gastrite folicular, pela presença de folículos linfóides bem formados, em mucosa gástrica inflamada. A prevalência da infecção por Hp nas crianças com dor abdominal crônica foi de 27% (IC 95%: 20,8-34,0). Foi demonstrada uma associação muito forte entre a infecção por Hp e a gastrite endoscópica nodular nessas crianças (P<0,001; RP = 29,7). Houve um aumento da prevalência tanto da infecção por Hp como da gastrite endoscópica nodular com a idade dos pacientes. A gastrite endoscópica nodular , embora tenha demostrado uma baixa sensibilidade (44,0%), apresentou um valor preditivo positivo de 91,7% para a infecção por Hp. Tanto o teste de urease, como a gastrite endoscópica nodular mostraram-se muito específicas, 94,5% e 98,5%, respectivamente, para o diagnóstico da infecção. Quando se combinou o teste de urease com o aspecto de gastrite endoscópica nodular, encontrou-se, uma sensibilidade muito baixa (34,7%), mas uma especificidade de 100% para a infecção por Hp. A sensibilidade do teste de urease, isolado, para a infecção foi de 60,4% e o seu valor preditivo positivo de 80,5%. O aspecto endoscópico (gastrite endoscópica nodular) teve associação com o microscópico (gastrite folicular) (P<0,001). Houve uma forte e significativa associação entre a infecção por Hp e a gastrite crônica ativa ( P<0,001; RP = 10,8). O mesmo foi demonstrado entre a gastrite nodular e a gastrite crônica ativa (P<0,001; RP = 8,6). Também foi verificado um nítido aumento das razões de prevalência da gastrite crônica ativa e da gastrite endoscópica nodular, com a acentuação dos graus de densidade de Hp. Finalmente, foi demonstrada a importante correlação entre o grau de intensidade da gastrite, verificado no exame histológico, e a gastrite endoscópica nodular (r = 0,97; P<0,001). A prevalência da infecção por Hp encontrada em Porto Alegre, nas crianças, foi menor do que a de outras cidades brasileiras e similar àquela registrada em algumas cidades do primeiro mundo. A presença de nodosidade na mucosa gástrica foi a alteração, à endoscopia, mais freqüentemente verificada nas crianças com infecção por Hp. Considerando a baixa prevalência da infecção encontrada na nossa amostra, a presença de gastrite endoscópica nodular significa uma elevada probabilidade de infecção por Hp, dado o alto valor preditivo verificado. O achado negativo para a gastrite endoscópica nodular, entretanto, não exclui a possibilidade da presença de infecção por Hp. Uma maior colonização bacteriana da mucosa gástrica estaria associada ao aparecimento da gastrite endoscópica nodular, já que a sua prevalência aumentou com os graus de densidade de Hp, assim como ocorreu com a gastrite crônica ativa. E quando ocorre, nas crianças, há maior probabilidade de se tratar de uma gastrite mais ativa e mais intensa.
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Objetivo: Estudar a concordância no diagnóstico radiológico da doença respiratória aguda baixa (DRAB) em crianças. Métodos: Sessenta radiogramas do tórax de crianças menores de cinco anos foram avaliados, individualmente, por três médicos: um radiologista pediátrico (RP), um pneumologista pediatra (PP) e 1 pediatra experiente no atendimento de sala de emergências (PE). Todas as crianças tinham procurado atendimento por apresentar um quadro agudo de infecção respiratória com aparente participação pulmonar. Os avaliadores desconheciam os diagnósticos originais, mas receberam uma ficha padrão com dados clínicos e laboratoriais dos pacientes no momento da consulta inicial. Variáveis: Agrupadas em cinco categorias: a) qualidade técnica do filme; b) localização da alteração; c) padrões radiográficos; d) outras alterações radiográficas; e) diagnóstico. Análise Estatística: Para estudar a concordância entre as três duplas posíveis de observadores, utilizou-se a estatística de Kappa, aceitándo-se os valores ajustados para viés de prevalência (PABAK). Resultados: Os valores Kappa totais de cada dupla de observadores (RP x PP, RP x PE e PP x PE) foram 0.41, 0.43, e 0.39 respectivamente, o que representa em média, uma concordância interobservadores moderada (0.41). Outras variáveis: “qualidade técnica” teve uma concordância regular (0.30); com “localização”, foi moderada (0.48); com “padrões radiográficos” foi regular (0.29); com “outras alterações radiográficas” foi moderada (0,43); e com “diagnóstico”, regular (0.33). Quanto à concordância global intraobservadores, a mesma foi moderada (0.54), com valores menores dos descritos na literatura. Conclusões: A variabilidade interobservadores é inerente à interpretação dos achados radiológicos, e determinar o diagnóstico exato da DRAB nas crianças tem seus desafíos. Nossos resultados foram similares aos descritos na literatura.
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No Brasil, são poucos e recentes os estudos sobre sujeitos que apresentam autismo e psicose infantil. Tanto no campo da saúde quanto no da educação, faltam dados sistematizados sobre quem são e onde estão estas crianças. Considerando a importância social e constitutiva da escola e da educação, o presente estudo buscou investigar os processos de escolarização de sujeitos com Psicose Infantil, analisando os serviços, os percursos e as possibilidades. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com caráter exploratório, na qual são investigados 42 pessoas com psicose e autismo infantil. Os elementos investigados foram sistematizados e analisados a partir da abordagem da escola francesa de psicanálise, da pedagogia institucional e da aproximação entre os campos da educação e educação especial. Considerando a análise histórica e a discussão diagnóstica, foi possível reconhecer a diversidade dos sujeitos. Observou-se uma pluralidade de espaços educacionais. Nesse sentido, os alunos com melhor desempenho educacional apresentavam em comum trajetória em escolas regulares desde a educação infantil; atendimento clínico, psicanaliticamente orientado, desenvolvido em período semelhante ao tempo de escolarização; interlocução entre profissionais da saúde e educação, sob forma de acompanhamento e construção de estratégias que favoreceram o percurso e de desempenho escolar. Espera-se que esta dissertação possa contribuir com a construção de um novo olhar sobre as possibilidades desses sujeitos, engendrando novas formas de reconhecimento e legitimação de suas expressões e percursos.
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A rua tem sido utilizada como contexto de desenvolvimento por crianças e adolescentes. É importante questionar como essa trajetória, permeada de eventos de risco, pode afetar ou influenciar o desenvolvimento moral e emocional dessa população. As emoções morais, como culpa, vergonha, orgulho, são constantes e universais. No entanto, as variações em seu conteúdo moral resultam da interação com o contexto histórico e cultural. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo investigar e descrever a expressão das emoções morais de crianças e adolescentes em situação de rua a partir da aplicação de uma entrevista semi-estruturada e do instrumento psicológico Scripted Cartoon Narrative Bullying. Através da inserção ecológica no contexto da rua, foram selecionadas 17 participantes, de ambos os sexos, com idades variando entre 11 e 16 anos (M= 14,05 ; DP = 1,24), para participarem da pesquisa. Os resultados apresentam uma descrição da expressão das emoções morais de crianças e adolescentes no contexto ecológico da rua. Integrando os resultados encontrados pode-se afirmar que as crianças e os adolescentes em situação de rua possuem e expressam emoções morais que refletem suas vivências cotidianas. Ou seja, a rua e a trajetória de vida dessa população não impede o desenvolvimento moral e emocional, mas essas vivências oferecem diferentes conceitos e interesses morais e afetivos. Pode-se concluir que esses meninos e meninas apresentam respostas diferentes, de forma mais significativa, na organização das suas expressões afetivas e emocionais às transgressões. Os achados sugerem que essas respostas e expressões são construídas nas suas experiências sociais, incluindo as de maltrato, violência e vitimização.
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O presente estudo investiga como modelos musicais televisivos se manifestam na expressão musical de crianças em fase inicial da escolarização. Tomando como referência as teorias sobre aprendizagem social e televisão (Brée 1995; Ferés 1996, 200; Lurçat 1998; Morduchowicz 2001), pedagogia crítica (Giroux e Mclaren 1995; Giroux 1999) e sobre a educação musical no cotidiano (souza 2000), a pesquisa tem como questões centrais) o que as crianças aprendem de música com programas de televisão? Como interpretar essas experiências vividas pelas crianças? Adotou-se como metodologia o estudo de caso por visões pré-determinadas. A coleta de dados foi realizado com um grupo de 12 crianças de 9 e 10 anos, localizados em uma Escola pública de Porto Alegre-RS. Foram utilizadas como técnicas de coleta de dados entrevistas focais e espontâneas bem como observaçoes diretas com atividades formais e informais (Yin 2001). Basicamente o que interessa na televisão para as crianças que participaram deste estudo é a música. A preferência por programas que têm múscias se justifica pela presença de algum cantor e um gênero musical específico, com os quais as crianças se identificam. As situações de aprendizagem musical decorrem da sistematização frente à programação televisiva. Destaca-se a participação da familia e dos amigos nesse processo. O encontro com outras crianças na Escola ajuda a definir um repertório comum, sendo possível aprendê-lo no contato diário pois todos têm os mesmos interesses no repertório eleito. O estudo contribui para uma visão diferenciada do papel da mídia no cotidiano de crianças e os processos de apropriação musical televisiva.
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Na presente tese, buscamos investigar o discurso do psicólogo sobre o sujeito dependente de drogas para analisar os aspectos ideológicos constitutivos deste discurso, tendo como referencial teórico-analítico a Análise do Discurso de linha francesa. Escolhemos como espaço discursivo o discurso do psicólogo sobre o sujeito dependente de drogas e o discurso do sujeito usuário e dependente de drogas onde analisamos o funcionamento das designações utilizadas para referir-se ao sujeito que depende de drogas. Por conseguinte, trabalhamos com o discurso sobre e com o discurso do sujeito dependente. Dividimos nossa investigação em duas partes. Na primeira parte apresentamos os conceitos que sustentarão o trabalho, entre eles o conceito de sujeito e sentido, determinados pelas posições ideológicas em jogo no processo sócio-histórico em que o discurso é produzido e pela intervenção do inconsciente. Trabalhamos com os conceitos de imaginário, real e simbólico e com a designação bem como com categorias que nela intervêm como silêncio e memória. Ao final desta primeira parte, mostramos as repercussões decorrentes da concepção de sujeito e sentido da Análise do Discurso para a analise do trabalho clínico. Na segunda parte da tese apresentamos nossa metodologia, mostramos a constituição do corpus e preparamos as análises. Fazem parte do corpus discursivo desta tese seqüências discursivas extraídas do discurso de oito psicólogos; de dois sujeitos dependentes de drogas em tratamento e de quatro sujeitos usuários de drogas que não estão em tratamento. Dividimos o corpus em dois Recortes. No primeiro Recorte, analisamos as imagens que o psicólogo tem de seu lugar e seu discurso sobre o sujeito dependente de drogas e, no segundo Recorte, estudamos o discurso do sujeito usuário e dependente de drogas sobre o sujeito dependente de drogas. No percurso do trabalho, foi possível identificar que todas as posições-sujeito ocupadas pelo psicólogo estão inscritas numa mesma formação discursiva, existindo deslizamentos de sentidos que não representam uma ruptura com a formação ideológica. A prática discursiva do psicólogo está determinada pelo seu próprio processo histórico de constituição, que impõe a neutralidade e objetividade na clínica assim como os sentidos que devem circular sobre os sujeitos a serem tratados. Nossas análises indicam que não existe neutralidade na prática discursiva do psicólogo: os sentidos que se produzem nessa formação discursiva são regulados pelas identificações com os sentidos dominantes da Psicologia. Comparando o discurso dos psicólogos com o do próprio sujeito dependente, não existem posições ideologicamente contrárias. De acordo com a análise de nosso corpus o sujeito dependente de drogas e em tratamento se encaixa nas expectativas do psicólogo e faz um movimento de incorporação dos sentidos do discurso do psicólogo.
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Este estudo teve como objetivo analisar e interpretar como ocorre a comunicação entre as crianças, os pais e os treinadores em aulas e eventos esportivos de uma escolinha de basquetebol da Secretaria Municipal de Esportes, Recreação e Lazer de Porto Alegre. Para o desenvolvimento da investigação, foram utilizados os princípios metodológicos que orientam a pesquisa qualitativa, sendo um estudo do tipo etnográfico. Como instrumento de coleta de informações foram utilizadas, as observações, entrevista semi-estruturada, diário de campo e análise de documentos. A análise e interpretação das informações foram realizadas a partir das seguintes categorias de análise: Comunicação entre crianças e pais sobre motivos que levam a criança a aderir à escolinha esportiva de basquetebol, comunicação entre pais e treinadores sobre a proposta da escolinha e comunicação entre as crianças, os pais e o treinador, nas aulas e nos eventos esportivos. Os motivos que levam os pais a colocarem seus filhos na escolinha esportiva são muitas vezes divergentes dos desejos das crianças. Foi notado que a maioria dos pais quando perguntados sobre a proposta pedagógica da escolinha esportiva desconheciam esta proposta da Secretaria Municipal de esportes, recreação e lazer de Porto Alegre. Para os treinadores a sua comunicação com os pais ocorre antes de um evento marcante. A comunicação dos treinadores que foram observados em aulas era coerente também nos eventos com a proposta pedagógica que orientava o programa de iniciação esportiva; porém, isso não ocorria com todos os treinadores que participavam dos eventos Foi visto que esta atitude demonstra que está havendo uma mensagem ambígua na comunicação de alguns treinadores que em dias de eventos não atendem a proposta a ser seguida do esporte-participação tendo finalidades divergentes ao participar dos mesmos. Ao chegarmos nesse momento da investigação, podemos dizer que através da análise das informações que fizemos, ficou evidente que no programa não existe um assessoramento aos pais e que os poucos momentos que acontecem são reuniões antes de um evento marcante. Como contribuição da pesquisa, ficamos com a certeza de que o programa de iniciação esportiva de basquetebol deveria incluir em seu trabalho um projeto efetivo de assessoramento às crianças e aos pais, sendo estendido a todos os treinadores que participam dos eventos esportivos promovidos pelo programa. Essa atitude provavelmente contribuiria para que ocorresse uma otimização na comunicação entre todos os segmentos que participaram do estudo.