28 resultados para Ácido glutâmico Teses


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A homocistinria um erro inato do metabolismo caracterizado, bioquimicamente, pela deficincia da enzima cistationina--sintase, resultando no acmulo tecidual de homocistena. Os pacientes afetados apresentam sintomas neurolgicos e vasculares caractersticos, como retardo mental e arteriosclerose, cuja fisiopatologia desconhecida. No presente trabalho, avaliamos os efeitos in vitro e in vivo da homocistena sobre alguns parmetros bioqumicos. Primeiramente, observamos o efeito in vitro da exposio de homogeneizados de crtex parietal de ratos ao cido flico, avaliando a inibio causada pela homocistena sobre a atividade da Na+,K+-ATPase de membranas plasmticas. Nos estudos in vivo, investigamos o efeito do pr-tratamento com cido flico sobre a inibio das enzimas Na+,K+-ATPase e butirilcolinesterase em crtex parietal e em soro de ratos submetidos hiperhomocisteinemia aguda, respectivamente. Considerando que a Na+,K+-ATPase suscetvel ao ataque de radicais livres, ns determinamos o efeito da hiperhomocisteinemia aguda sobre alguns parmetros de estresse oxidativo, como a formao de substncias reativas ao cido tiobarbitrico e o contedo total de grupos tiis em crtex parietal de ratos. Finalmente, investigamos o efeito do cido flico sobre a reduo da atividade da Na+,K+-ATPase em crtex parietal e sobre o aumento do ndice de dano ao DNA em sangue total de ratos submetidos hiperhomocisteinemia crnica. Nossos resultados mostraram que a homocistena in vitro reduz, significativamente, a atividade da Na+,K+-ATPase e que o cido flico previne esse efeito. Estudos cinticos com o substrato ATP revelaram que a homocistena inibe de forma no-competitiva a enzima Na+,K+-ATPase. Os estudos in vivo confirmaram que a hiperhomocisteinemia aguda diminui as atividades das enzimas Na+,K+-ATPase e butirilcolinesterase e que o pr-tratamento com cido flico tambm previne os efeitos causados pela homocistena. Por outro lado, a hiperhomocisteinemia aguda no alterou os parmetros de estresse oxidativo analisados. A hiperhomocisteinemia crnica inibiu a Na+,K+-ATPase em crtex parietal e aumentou o ndice de dano ao DNA em sangue total de ratos e, novamente, o tratamento com cido flico previne tais efeitos. Esses resultados, em conjunto, revelam os efeitos da homocistena sobre alguns parmetros bioqumicos e colaboram com o entendimento da fisiopatologia da homocistinria. Alm disso, os resultados sugerem que o cido flico, j utilizado por alguns pacientes homocistinricos, poder ser uma importante ferramenta teraputica utilizada na preveno dos efeitos neurolgicos e vasculares da homocistena.

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O objetivo deste trabalho foi avaliar a influncia da imerso no desinfetante a base de cido peractico 0,2% (STERILIFE, Lifemed Produtos Mdicos Comrcio Ltda, So Paulo, SP) sobre as propriedades de resistncia flexural, soro e solubilidade do compsito odontolgico BelleGlass HP (Kerr, Orange, USA). Para cada ensaio foram confeccionados dez corpos de prova do compsito, utilizando-se as matrizes determinadas pela especificao no 4049 da International Organization for Standardization (ISO), sendo cinco submetidos a trs imerses no desinfetante durante 10 minutos, intercaladas por 10 minutos em gua destilada estril e os outros cinco serviram como grupo controle. Para o ensaio de resistncia flexural, aps os corpos de prova ficarem imersos em gua a 37 C, por 24 horas, foram levados Mquina de Ensaio Universal DL 2000 (EMIC, So Jos dos Pinhais, Paran, Brasil). A norma ISO n0 4049 exige uma resistncia flexural mnima de 100 MPa. Para os ensaios de soro e solubilidade os corpos de prova foram submetidos a ciclos a 37 C em um dessecador por 22 horas e, 2 horas em um segundo dessecador, a 23C, at a obteno de uma massa constante (m1). Aps 7 dias em banho de gua a 37 C, procedeu-se avaliao da massa do corpo de prova hidratado (m2). Posteriormente as amostras retornaram para o primeiro dessecador e todo o ciclo foi repetido at encontrar-se a terceira massa (m3) recondicionada. A norma ISO n0 4049 exige valores menores ou iguais a 40 g/mm3 e 7,5g/mm3 para a aprovao, em relao soro e solubilidade. Os resultados deste trabalho mostraram que as propriedades de resistncia flexural, soro e solubilidade do compsito BelleGlass HP de todos os corpos de prova dos grupos experimental e controle atenderam s exigncias da especificao. Portanto pode se prever que o procedimento da imerso neste desinfetante no trar prejuzo s restauraes indiretas do compsito considerando as propriedades avaliadas.

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Durante a respirao celular, cerca de 1 a 3% do oxignio metabolizado produz espcies reativas de oxignio (ERO). Entretanto, para defender o organismo do efeito dessas espcies, existem vrios sistemas antioxidantes, dependendo do organismo, da clula ou do tecido em questo. A Vitamina A (retinol) e seu derivados exercem uma infinidade de efeitos em diversos processos biolgicos, destacando-se a embriognese, viso, regulao de processos inflamatrios, crescimento, proliferao e diferenciao de clulas normais e neoplsicas. Embora o potencial antioxidante da vitamina A e carotenides tenha sido descrito primeiramente, sabe-se hoje que, sob diferentes condies, essas molculas podem se comportar de uma maneira pr-oxidante. Por isso, atualmente so melhores descritas como molculas redox ativas. Apesar dos nossos trabalhos anteriores demonstrarem um efeito pr-oxidante do retinol em culturas de clulas de Sertoli, o mecanismo exato pelo qual esse efeito verificado permanece a ser elucidado. Uma vez que o cido retinico (AR) o metablito mais ativo do retinol, foram verificados os efeitos da suplementao de AR em culturas de clulas de Sertoli, com o objetivo de verificar se os efeitos anteriormente observados com o retinol devem-se metabolizao do mesmo a AR. Nossos resultados mostraram que o AR em baixas doses no aumentou os nveis de TBARS. Alm disso, na concentrao de 1 nM o AR foi capaz de diminuir os nveis de TBARS. Entretanto, quando as clulas foram tratadas com altas doses de AR foi observado um aumento destes nveis, alm de uma diminuio da viabilidade celular. Uma vez que altas doses de AR induziram um aumento na lipoperoxidao e diminuram a viabilidade celular, ns decidimos investigar somente os efeitos de doses fisiolgicas (nM) de AR. Foram dosadas as atividades da SOD, CAT e GPx em clulas de Sertoli tratadas com AR. A atividade da SOD encontrou-se aumentada em todas as doses testadas. A atividade da GPx mostrou-se aumentada nas clulas tratadas com 0,1 nM, 1 nM e 10 nM e a atividade da CAT aumentou somente com 1 nM de AR. Esses resultados sugerem que o AR em doses fisiolgicas aumenta a atividade das enzimas antioxidantes, protegendo, assim, as clulas do estresse oxidativo, como pode ser observado nos ndices de lipoperoxidao e viabilidade celular. Todavia, o mecanismo pelo qual o AR induz a gerao de ERO desconhecido. Ento ns decidimos verificar a ao anti ou pr-oxidante in vitro do AR. Na concentrao suprafisiolgica de 10 M, AR foi capaz de degradar a 2-deoxiribose, um substrato especfico do radical hidroxil, sugerindo que a auto-oxidao do mesmo capaz de gerar radicais livres. Alm disso, o potencial antioxidante total do AR foi avaliado: altas concentraes de AR (110 M) aumentaram a gerao de radicais livres. Esses resultados demonstram, pela primeira vez, que o cido retinico capaz de gerar radicais livres e sugerem, pelo menos em parte, que alguns efeitos induzidos por AR podem ser mediados por ERO geradas a partir da degradao espontnea do cido retinico. Classicamente, os efeitos biolgicos dos retinides esto relacionados sua converso em cido retinico atravs da modulao da expresso de genes. Entretanto, recentes trabalhos tm demonstrado que os retinides possuem aes biolgicas que no envolvem sua interao com receptores nucleares. Assim, alguns autores sugerem que o mecanismo de regulao dos retinides tambm seja por modificao do estado redox celular. As concentraes de AR utilizadas nesse trabalho variaram de faixa do fisiolgico at a do farmacolgico. Sabe-se que as clulas de Sertoli sintetizam AR a partir do retinol circulante; isso pode ser uma das explicaes dos efeitos observados em clulas de Sertoli tratadas com altas doses de retinol, uma vez que a metabolizao de grandes concentraes de retinol poderia acarretar uma grande formao de cido retinico.

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O poli (cido L-lctico) (PLLA) um material de grande interesse na rea cientfica, por ser um polmero biodegradvel e bioabsorvvel, e pela sua grande utilizao na rea biomdica. Este estudo teve como objetivo a sntese de PLA atravs de policondensao direta e em meio supercrtico (scCO2) e sua caracterizao. As duas rotas buscam um processo limpo de sntese dos polmeros, livre de solvente orgnico. Alm disso, procurou-se reduzir os custos de obteno utilizando matria-prima nacional (cido lctico P.A. comercial). As reaes de polimerizao de PLLA realizada por policondensao e em scCO2 foram feitas em dois estgios. No primeiro estgio da sntese, para ambos os processos, o pr-polmero do cido lctico foi obtido atravs de uma reao simples de condensao, com retirada de gua, sob atmosfera inerte de N2 e 160C. Na segunda etapa, para a reao de policondensao, o polmero PLLA, foi obtido a partir do pr-polmero em uma temperatura de 140C e sob presso reduzida por o tempo desejado (100h, 200h e 350h). As reaes em meio scCO2 foram realizadas em um reator de ao inoxidvel de 100 mL equipado com uma barra de agitao magntica, sob presso de CO2 (80atm) e a 90C por 4 horas. Em ambas as reaes de polimerizao foram usadas complexos de estanho como catalisador. No incio deste trabalho foram realizadas algumas reaes utilizando o D, L-cido lctico em scCO2. Tambm foi realizada a sntese do lactide e a polimerizao deste por abertura de anel. Para efeito comparativo, tambm foi realizada a polimerizao do lactide comercial. Os polmeros obtidos foram caracterizados por espectroscopia de Ressonncia Magntica Nuclear de Prton (1HRMN), por espectroscopia de infravermelho (IV), por cromatografia de permeao em gel (GPC), por calorimetria exploratria de varredura (DSC) e pela tcnica de anlise termogravimtrica (TGA) A reao de policondensao revelou ser uma rota sinttica excelente na obteno de polmeros de PLA com peso molecular variados. A formao dos polmeros a partir do monmero de cido lctico foi confirmada pelo desaparecimento da banda de OH em 3500 cm-1 no espectro de infravermelho. O espectro de 1H-RMN de ambos os polmeros, mostrou um sinal atribudo ao hidrognio do grupo CH3 em 1,52 ppm e um sinal atribudo aos hidrognios do grupo do CH em 5,16 ppm, que esto de acordo com a literatura. Os polmeros obtidos possuem potencial para uso clnico como materiais de implante.

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O cido glutrico (AG) o principal metablito acumulado nos tecidos e fluidos corporais de pacientes afetados por acidemia glutrica tipo I (AG I), um erro inato do metabolismo da via catablica dos aminocidos lisina, hidroxilisina e triptofano causado pela deficincia severa da atividade da enzima glutaril-CoA desidrogenase. Clinicamente, os pacientes apresentam macrocefalia ao nascimento e uma hipomielinizao ou desmielinizao progressiva do crtex cerebral. Crises de descompensao metablica com encefalopatia aguda ocorrem nestes pacientes principalmente entre 3 e 36 meses de vida, levando a uma marcada degenerao estriatal, que a principal manifestao neurolgica da doena. Depois de sofrer essas crises, os pacientes apresentam distonia e discinesia que progridem rapidamente e os incapacita para as atividades normais. Apesar dos sintomas neurolgicos severos e achados neuropatolgicos com atrofia cerebral, os mecanismos que levam ao dano cerebral na AG I so pouco conhecidos. O objetivo inicial do presente trabalho foi desenvolver um modelo animal por induo qumica de AG I atravs da injeo subcutnea do AG em ratos Wistar de forma que os nveis cerebrais deste composto atinjam concentraes similares aos encontrados em pacientes (~0,5 mM) para estudos neuroqumicos e comportamentais. Observamos que o AG atingiu concentraes no crebro aproximadamente 10 vezes menores do que no plasma e 5 vezes menores do que nos msculos cardaco e esqueltico. O prximo passo foi investigar o efeito desse modelo sobre parmetros do metabolismo energtico no crebro mdio, bem como nos tecidos perifricos (msculo cardaco e msculo esqueltico) de ratos de 21 dias de vida Verificamos que a produo de CO2 a partir de glicose no foi alterada no crebro mdio dos ratos, bem como a atividade da creatina quinase no crebro mdio, msculo cardaco e msculo esqueltico. A atividade do complexo I-III da cadeia respiratria estava inibida em crebro mdio de ratos (25%), enquanto no msculo esqueltico estavam inibidas as atividades dos complexos I-III (25%) e II-III (15%) e no msculo cardaco no foi encontrada nenhuma inibio dos complexos da cadeia respiratria. Em seguida, testamos o efeito in vitro do AG sobre os mesmos parmetros do metabolismo energtico e observamos uma inibio das atividades do complexo I-III (20%) e da sucinato desidrogenase (30%) no crebro mdio na concentrao de 5 mM do cido. A produo de CO2, a partir de glicose e acetato, e a atividade da creatina quinase no foram alteradas pelo AG no crebro mdio dos animais. Assim, conclumos que o AG interfere no metabolismo energtico celular, o que poderia explicar, ao menos em parte, a fisiopatogenia da AG I.

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A acidemia metilmalnica uma desordem metablica hereditria caracterizada bioquimicamente pelo acmulo tecidual de cido metilmalnico (MMA) e clinicamente por deteriorao neurolgica progressiva e falncia renal. Os avanos no tratamento dessa doena alcanados nos ltimos anos possibilitaram uma diminuio significativa na mortalidade dos mesmos. Entretanto, a morbidade continua alta, pois a maioria dos pacientes afetados por acidemia metilmalnica, mesmo recebendo o melhor tratamento disponvel no momento, apresenta graus variveis de comprometimento do sistema nervoso central refletido em retardo mental e atraso no desenvolvimento psicomotor. No presente estudo investigamos os efeitos in vivo da administrao crnica do MMA em ratos Wistar durante o seu desenvolvimento (do 5 ao 28 dia de vida ps-natal) sobre o comportamento dos mesmos na tarefa do labirinto aqutico de Morris. A tarefa foi realizada aps um perodo de recuperao dos animais de 30 dias com o intuito de verificar dano neurolgico permanente ou de longa durao nos animais. O labirinto aqutico de Morris uma tarefa bastante til para a avaliao de aprendizado e memria espaciais. O protocolo da tarefa foi ligeiramente modificado para servir ao propsito de nosso trabalho, ou seja, o de avaliar o efeito da administrao crnica de drogas sobre o comportamento de ratos. Verificamos que a administrao crnica de MMA no provocou efeito no peso corporal, velocidade de natao e na fase de aquisio da tarefa. Porm, o tratamento prejudicou o desempenho dos animais no treino reverso, o que condizente com comportamento perseverativo. Tambm avaliamos o efeito do cido ascrbico, que foi administrado isoladamente ou em combinao com o MMA para testarmos se o estresse oxidativo poderia estar relacionado com as alteraes comportamentais observadas no grupo tratado com MMA. Observamos que este antioxidante preveniu as alteraes comportamentais provocadas pelo MMA, indicando que o estresse oxidativo pode estar envolvido com o efeito encontrado. Passamos ento a avaliar o efeito in vitro do MMA sobre parmetros de estresse oxidativo, mais especificamente na tcnica de dosagem de substncias reativas ao cido tiobarbitrico (TBA-RS), que um parmetro de lipoperoxidao, e sobre o potencial antioxidante total do tecido (TRAP) e a reatividade antioxidante do tecido (TAR), que so parmetros de defesas antioxidantes teciduais. O MMA na concentrao de 2,5 mM aumentou a lipoperoxidao in vitro em homogeneizado de estriado e hipocampo de ratos e diminuiu o TRAP e o TAR em homogeneizado de estriado de ratos. Tais resultados indicam fortemente que o MMA induz estresse oxidativo. Finalmente investigamos o efeito in vitro do MMA sobre a atividade enzimtica dos complexos da cadeia respiratria em vrias estruturas cerebrais e em rgos perifricos em ratos de 30 dias de vida no sentido de melhor esclarecer os mecanismos fisiopatolgicos dos danos teciduais desta doena. Verificamos que o MMA causou uma inibio significativa da atividade do complexo II da cadeia respiratria em estriado e hipocampo quando baixas concentraes de sucinato foram utilizadas no meio de incubao. Alm disso, verificamos que este efeito inibitrio do MMA sobre o complexo II ocorreu somente aps exposio do homogeneizado ao cido por pelo menos 10 minutos, alm do que esta inibio no foi prevenida pela co-incubao com o inibidor da xido ntrico sintetase N- nitro-L-argininametilester (L-NAME) ou por uma associao de catalase e superxido dismutase. Estes resultados sugerem que as espcies reativas de oxignio e nitrognio mais comuns no esto envolvidas neste efeito, tornando improvvel que a inibio do complexo II da cadeia respiratria seja mediada por estresse oxidativo. O MMA tambm causou uma inibio do complexo II-III em estriado, hipocampo, rim, fgado e corao; e inibiu o complexo I-III em fgado e rim. O complexo IV no foi afetado pela incubao com o cido em nenhuma das estruturas testadas. Portanto, tomados em seu conjunto, estes resultados indicam que o MMA bloqueia a cadeia respiratria. Os resultados de nosso trabalho indicam que a administrao crnica de MMA em ratos em desenvolvimento provocou alteraes comportamentais de longa durao provavelmente mediadas por radicais livres, pois tais alteraes foram prevenidas pelo antioxidante cido ascrbico. O MMA tambm induziu estresse oxidativo in vitro em estriado e hipocampo e inibiu de forma diferenciada os complexos da cadeia respiratria nos tecidos estudados, sendo que as estruturas mais vulnerveis a esta ao foram o estriado e o hipocampo. Finalmente, nossos resultados sugerem que antioxidantes podem ajudar a prevenir, ou pelo menos atenuar, os danos teciduais provocados pelo MMA na acidemia metilmalnica.

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A acidemia glutrica do tipo I (AG I) um erro inato do metabolismo causado pela deficincia da glutaril-CoA desidrogenase (GCDH), uma enzima responsvel pelo catabolismo da lisina, hidroxilisina e triptofano. A deficincia da atividade da GCDH leva ao acmulo nos fluidos corporais e no crebro predominantemente de cido glutrico (AG) e em menor grau do cido 3- hidroxiglutrico e do cido glutacnico. Clinicamente, os pacientes apresentam macrocefalia ao nascimento e uma hipomielinizao ou desmielinizao progressiva do crtex cerebral. Crises de descompensao metablica ocorrem usualmente entre 6 e 24 meses de vida, resultando numa destruio irreversvel de regies cerebrais suscetveis, em particular o estriado, e subseqentemente alteraes severas dos movimentos, como distonia e discinesia. Apesar dos sintomas neurolgicos severos e alteraes neuropatolgicas cerebrais importantes (atrofia cerebral), os mecanismos que levam ao dano cerebral na AG I so pouco conhecidos. No presente estudo, investigamos o efeito in vitro do AG sobre vrios parmetros do sistema glutamatrgico, tais como a unio de glutamato a membranas plasmticas sinpticas na presena e ausncia de sdio, a captao de glutamato por fatias cerebrais e a liberao de glutamato induzida por potssio por preparaes sinaptossomais de crtex cerebral e estriado ou crebro mdio de ratos ao longo do desenvolvimento. Primeiro, observamos que o AG diminui a unio de glutamato Na+-independente a membranas sinpticas de crtex cerebral e crebro mdio de ratos de 7 e 15 dias de vida, evidenciando uma possvel competio entre o glutamato e o AG por stios de receptores glutamatrgicos. Visto que uma diminuio da unio de glutamato Na+- independente pode representar uma interao do AG com receptores glutamatrgicos, investigamos se AG interage com receptores glutamatrgicos pela adio de antagonistas de receptores NMDA e no-NMDA. Verificamos que, em crtex cerebral de ratos de 15 dias de vida, o AG e o CNQX (antagonista de receptores no-NMDA) diminuem a unio de glutamato em 20 e 40 %, respectivamente, e que a co-incubao desses compostos no provoca um efeito aditivo, sugerindo que a unio do AG e do CNQX ao receptor no-NMDA ocorre provavelmente atravs do mesmo stio. Resultados semelhantes foram encontrados em crebro mdio de ratos de 15 dias de vida. Por outro lado, o AG no alterou a unio de glutamato na presena de sdio tanto em crtex cerebral como em crebro mdio e/ou estriado, sugerindo que o AG no compete pelos transportadores de glutamato. Tambm observamos que o AG diminui a captao de glutamato por fatias de crtex cerebral de ratos de 7 dias de vida, o que pode provavelmente resultar num excesso de glutamato na fenda sinptica levando excitotoxicidade, o que pode ser relacionado com o dano cerebral caracterstico dos pacientes com AG I. A inibio da captao de glutamato por fatias no foi prevenida pela pr-incubao com creatina e N-acetilcistena, sugerindo que essa ao do AG provavelmente no se deva a um efeito indireto reduzindo o metabolismo energtico ou aumentando a produo de radicais livres. Finalmente, verificamos que o AG no alterou a liberao de glutamato estimulada por potssio por sinaptossomas. Assim, conclumos que o AG pode alterar o sistema glutamatrgico durante o desenvolvimento cerebral, resultando em possveis aes deletrias sobre o SNC que podem explicar ao menos em parte a neuropatogenia da AG I.