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em Portal do Conhecimento - Ministerio do Ensino Superior Ciencia e Inovacao, Cape Verde
Resumo:
O estudo realizou um diagnóstico ambiental na Ribeira da Barca, Concelho de Santa Catarina, Ilha de Santiago, no sentido de se identificar, avaliar, e caracterizar as alterações na paisagem, causadas pelas actividades extractivas nas crateras da Ribeira da Barca, estimar a quantidade de inertes extraídas ao longo do tempo. O trabalho de levantamento de campo foi realizado entre Novembro de 2010 e Maio de 2011. A paisagem estudada enquadra-se bem num processo de transformação por acções antropogénicas negativas, relativamente à extracção ao comércio de areia e brita. O leito da ribeira apresenta-se totalmente esburacado, com cavas de dimensões que variam desde de 2,6 m até 46,90 m de comprimento, largura de 2,90m até 28,10 m; altura/profundidade de 0,12 m até 2,70 m , provocando uma distorção no carácter visual de todo o leito. Das vinte e três (23) cavas monitorizadas durante seis meses de estudo 26,1% das cavas (cerca de 6), tiveram uma evolução considerável, em termos de comprimento, largura e altura/profundidade; 34,8% (cerca de 8) tiveram uma evolução menos considerável; 39,1% das cavas (cerca de 9 ) não evoluíram. Torna-se necessária adequar uma estratégia que possa agir de forma "positiva" baseada num processo de recuperação da paisagem.
Resumo:
A extracção clandestina de areia, nas faixas costeiras e nos leitos das ribeiras, tem sido prática de muitos agregados familiares cabo-verdianos. Nas últimas décadas, a praia de Calhetona (Ilha de Santiago) foi um dos muitos locais que sofreram degradação ambiental significativa, devido à realização desta actividade sem quaisquer planos de extracção e de posterior recuperação das áreas degradadas. Este trabalho, através da conjugação de recolha de dados por inquérito, observação directa e pesquisa documental e bibliográfica, teve como objectivos a caracterização da comunidade (que habita no bairro de Ponta Calhetona) que se dedica à extracção de areia na praia de Calhetona, a descrição da dinâmica da actividade extractiva, a avaliação da percepção que a comunidade tem relativamente às consequências da sua actividade e a descrição do impacte ambiental resultante da extracção de areia. Da análise dos inquéritos, efectuados em Fevereiro de 2012, a 25 chefes de agregados familiares que efectuam a extracção de areia na praia de Calhetona, constata-se que estes são maioritariamente mulheres, predominantemente com idade compreendida entre os 40 e os 59 anos, domésticas, com baixa escolaridade, com famílias numerosas e/ou alargadas a seu cargo e dedicando-se à extração de areia à mais de 10 anos. Os inquiridos, face à situação de vulnerabilidade económica, à falta de emprego e à grande procura de areia para a construção civil, vêem nesta actividade uma fonte de rendimento. Contudo, o proveito obtido desta actividade difícil e potencialmente perigosa é reduzido. Quem efectivamente beneficia são os camionistas que compram a areia a quem procede à extracção e a vendem ao consumidor final pelo dobro do preço. Os inquiridos demonstram uma consciência generalizada dos diversos impactes ambientais negativos resultantes da sua actividade, mas alegam que a extracção de areia é uma das poucas alternativas existentes para providenciar o sustento dos seus agregados familiares. Com base na comparação do estado actual da praia de Calhetona com relatos de habitantes locais, relativos às características da mesma no passado, verifica-se que nos últimos 40-50 anos, desde que se iniciou a intensa extracção de areia nesta praia, o seu aspecto físico se degradou claramente. Essa degradação caracteriza-se principalmente pelo recuo da linha de costa, pela quase ausência de areia e pela salinização dos solos localizados nas proximidades da praia, para além dos consequentes impactes negativos sobre a desova das tartarugas e o turismo balnear.