4 resultados para Laos
em REPOSITÓRIO ABERTO do Instituto Superior Miguel Torga - Portugal
Resumo:
A pertinência da rutura e reconstrução dos laços sociais nas pessoas em situação de sem-abrigo leva-nos à abordagem dos seus processos idiossincráticos de emergência e manutenção do capital social nos laços sociais. A investigação pretende, através dos discursos de pessoas que experienciam a situação de sem-abrigo, compreender como emerge e se mantém o capital social nos laços sociais. Assim, utilizou-se a entrevista semiestruturada para aceder às suas narrativas. A escolha dos participantes teve em consideração a acessibilidade e disponibilidade dos indivíduos na cidade de Coimbra. Das narrativas dos seis entrevistados verificou-se que apresentam um capital social vulnerável associado a uma escassa rede de apoio (formal e/ou informal). Emergiu dos seus discursos que um dos principais fatores que concorre para a emergência da situação de sem-abrigo é a rutura com os diferentes tipos de laços sociais, sobretudo os familiares, que potencia a diminuição da rede de suporte, e tem repercussões nas diferentes dimensões do capital social, dificultando a sua emergência. A rutura dos laços de filiação e parentescos foram identificados pelos entrevistados como o principal fator para a emergência da situação de sem-abrigo, evidenciando também uma quebra dos níveis de confiança para a possível criação de novos laços ou reativação/reconstrução dos laços quebrados. As conclusões da presente investigação constituem um contributo para o Serviço Social, na medida em que um conhecimento mais aprofundado da situação de sem-abrigo, pelas suas próprias vozes, assim como dos seus laços sociais e das suas ruturas, e das dificuldades sentidas na emergência e manutenção do capital social, permitirão a concertação de estratégias de intervenção mais ajustadas à realidade com estas pessoas e com este problema social.
Resumo:
No quadro da teoria da vinculação, é possível estabelecer relações de vinculação ao longo de toda a vida, sendo que, apesar dos jovens institucionalizados rejeitarem estabelecer novas relações de vinculação numa fase inicial, acabam por procurá-las, desde que essa figura desempenhe funções de cuidador responsivo, de modo estável e apoiante. Este estudo tem como objetivo principal perceber se as crianças e jovens acolhidos em Lares de Infância e Juventude (LIJ) estabelecem relações de vinculação com os cuidadores formais e compreender como essa relação foi construída. Foram utilizados os questionários Important People Interview (IPI; Kobak e Rosenthal, 2010) e Hierarquização das Figuras Significativas por Campos de Vida (HFSCV), criado para incluir os jovens que consideram não terem desenvolvido relações de vinculação com os cuidadores formais do LIJ. Foi, ainda, realizada uma entrevista semiestruturada. Apesar de usarmos uma metodologia quantitativa para análise dos resultados dos dois primeiros questionários, esta investigação prima sobretudo pela abordagem qualitativa, através do recurso à técnica de análise conteúdo das entrevistas. O estudo foi realizado no LIJ “Comunidade Juvenil de São Francisco de Assis”, localizado em Coimbra, contando com a participação de 16 jovens de ambos os géneros, com idades entre os 13 e os 19 anos (M=16; DP=1,8), com tempo de permanência no LIJ igual ou superior a 2 anos contínuos. Estes 16 jovens constituem a amostra total da investigação, sobre a qual incidiu a primeira parte do estudo (abordagem quantitativa), ao que se seguiu a segunda parte do estudo (abordagem qualitativa), que contou com a participação de uma subamostra de 11 jovens, pertencentes à amostra total. Os resultados sugerem que a maioria dos jovens estabeleceu relações de vinculação com os cuidadores formais do LIJ, sendo que a maioria das hierarquias das figuras de vinculação foram constituídas com base nos laços de familiaridade e na ligação afetiva com os seus cuidadores formais. Os jovens destacaram a compreensibilidade, confiabilidade e disponibilidade para o auxílio como sendo as características que determinaram a sua preferência em relação aos cuidadores formais do LIJ. Refira-se, ainda, que as situações que ativam a procura destas figuras estão relacionadas com a necessidade de apoio e proteção. O presente estudo sugere que é possível um LIJ promover relações semelhantes às desenvolvidas em meio familiar e atuar de forma reparadora ao nível das relações de vinculação. / In the attachment theory framework, one can establish attachment relationships throughout one's life. In the case of institutionalized youngsters, even though at first they seem to refuse new attachment relationships, these adolescents end up looking for them, if the person is perceived as a responsive, stable and supportive caregiver. The main goal of this study is to understand whether children and young people taken into Child and Youth Residential Care establish attachment relationships with formal caregivers and, if so, understand how that relationship is built. We have used the questionnaires Important People Interview (IPI; Kobak & Rosenthal, 2010) and Hierarquização das Figuras Significativas por Campos de Vida (HFSCV) (Hierarchization of Significant Figures by Life Fields), created to include the youngsters who consider not have developed attachment relations with Residential Care's formal caregivers. We have also conducted a semi-structured interview. Even though we used a quantitative methodology to process the results of the two inquiries, this research nevertheless privileges a qualitative approach, thorough the technique of analysis of interview content. The study was conducted at the “Comunidade Juvenil de São Francisco de Assis” residential care institution, in Coimbra, Portugal. It had the participation of 16 youngsters of both genders, with ages between 13 and 19 (M=16; DP=1,8), who had been staying at the home for two or more years, non-interrupted. These 16 adolescents are therefore the total sample for this study, and all of them were submitted to the first part (the quantitative approach) of the research. For the second part (the qualitative approach) we worked with a subsample of 11 youngsters, chosen from the initial sample of 16. Results suggest that most young people have indeed developed attachment relationships with residential care's formal caregivers, and most hierarchies of attachment figures were built based on familiarity and affection bonds with their formal caregivers. The subjects have highlighted understanding, trustworthiness and helpfulness as the features that best determine their preference regarding formal caregivers. We must note that the need for protection and support is what enables young people to look out for attachment figures the most. The current study suggests that it is possible for Child and Youth Residential Care to promote relationships similar to those developed in family environment and acts as repairing in what concerns attachment relationships.
Resumo:
Objetivos: Analisar as caraterísticas sociodemográficas e das redes sociais pessoais dos idosos de acordo com a composição das redes centrada na família. Metodologia: Para caraterizar as redes sociais pessoais utilizámos o Instrumento de Análise da Rede Social e Pessoal – Idosos (IARSP-idosos) (Guadalupe, 2010; Guadalupe e Vicente, 2012) e um questionário para descrever sociodemograficamente a amostra. Participantes: A amostra é constituída por 567 idosos (M = 75,53 anos), com predominância do sexo feminino (64,1%). A maioria é casada (53,8%) e detém a 4ª classe (51,3%). Os participantes, na sua maioria, têm filhos (87,8%) e não vivem sós (79,4%). Resultados: As redes são compostas em média por 8 elementos, dominadas por laços familiares (M = 76,90%). São redes coesas, com relações interpessoais duradouras, com pouca dispersão geográfica e elevada frequência de contactos. O apoio percebido nas redes é sobretudo emocional e informativo. Quanto à sua composição, 43,7% dos idosos têm uma rede exclusivamente familiar, 53,4% redes com família e outros campos relacionais e apenas 2,8% apresentam redes sem família. Os idosos com 76-85 anos, casados e com agregado familiar numeroso têm maior probabilidade de pertencer a redes exclusivamente familiares. Os idosos mais jovens e divorciados tendem a pertencer a redes mais diversificadas, enquanto as mulheres e os indivíduos solteiros e sem filhos têm maior probabilidade de não ter laços familiares nas suas redes, compensando a sua ausência com relações de amizade e de vizinhança. As redes exclusivamente familiares estão associadas a maior perceção de apoio emocional, material e instrumental, companhia social e reciprocidade de apoio. As redes com família e outras composições caraterizam-se por ter mais elementos e uma maior dispersão geográfica. As redes sem família são as mais reduzidas e são normalmente homogéneas para o género feminino e a nível etário, no grupo idoso. Conclusões: Fica patente o papel central das famílias nas redes e no apoio informal. Contudo, será essencial potenciar a diversificação e manutenção dos vínculos promovendo o acesso a novos contactos ao longo de todo o ciclo vital, de forma a garantir uma rede social pessoal diversificada e efetiva, em vínculos e recursos, que complemente as necessidades e favoreça o bem-estar da pessoa idosa. / Objectives: To analyze the sociodemographical and personal social networks characteristics of the elderly according to the composition of the networks centered on the families. Methodology: For characterizing the personal social networks we used the Instrumento de Análise da Rede Social Pessoal (IARSP-Idosos) (Guadalupe, 2010; Guadalupe e Vicente, 2012) and for sociodemographic characteristics we used a questionnaire. Participants: The sample consisted of 567 elderly (M = 75.53 years), mainly female (64.1%). The majority are married (53.8%) and have the 4th grade (51,3%). Overall the participants have offspring (87.8%) and do not live alone (79.4%). Results: On average, the networks have 8 elements, mostly relatives (M = 76.90%). The networks are cohesive, long-lasting, have a low geographical spread and we observed a high frequency of contacts. The networks provide mostly emotional (M = 2.64) and informative support (M = 2.37). Regarding its composition, 43.7% of the elderly have an exclusively family network, 53.4% have networks with family members and other relational fields and only 2.8% have no relatives in their networks. The elderly whose age is between 76-85 years, married and with a large household are more likely to belong to exclusively family networks. Younger and divorced elderly tend to belong to more diverse networks, as women and individuals unmarried and without offspring are more likely to do not have family bounds in their networks, with a higher proportion of friends and neighbors. Exclusively family networks are associated with greater perception of emotional, material and instrumental support, social company and reciprocal support. Networks with family and other fields are characterized by having more elements and a greater geographical spread. The social networks without family are smaller and are usually homogeneous for female gender and age, in the elderly group. Conclusions: The role of families in providing informational support is clear. However, it will be essential to enhance the diversification and maintain ties that promote access to new contacts throughout our entire life, to ensure a diversified social network that will be effective in bonds and resources that complement the needs and encourages the well-being of the elderly.
Resumo:
A população “sem-abrigo” e todos os problemas envolventes, como a pobreza e a exclusão social apresentam uma complexidade cada vez mais inquietante e preocupante na nossa sociedade. O fenómeno multifacetado dos sem-abrigo constitui um grave problema social. A pertinência deste estudo prende-se com a escassez de investigação relativa à população sem-abrigo e perceber melhor a sua complexidade, nomeadamente no que respeita à caracterização psicológica dos indivíduos sem-abrigo. Neste sentido, o presente estudo tem como objectivo conhecer melhor esta população através da recolha de informação relativa aos seus receios, valores, prazeres, percepção do motivo da sua situação, consumo de substâncias psicotrópicas, contacto com a família e amigos. Paralelamente pretendemos avaliar os sentimentos de vergonha (em função de experiências negativas precoces), de paranóia e emoções negativas (depressão, ansiedade e stress) nesta população específica e analisar a relação entre estas variáveis. A amostra é constituída por 56 sujeitos na condição de sem-abrigo, com uma média de idade de 40,86 e de 7 anos de escolaridade, sendo a maioria (n=49) do sexo masculino. O protocolo de avaliação, para além do questionário psicossocial desenvolvido para o efeito, incluía ainda escalas para medir a Depressão, Ansiedade e Stress (DASS-21), Vergonha Externa (OAS), Vergonha Interna (ISS) e Paranóia (GPS). Os dados do nosso estudo permitiram pôr em evidência algumas das dificuldades mais significativas dos sem-abrigo, nomeadamente, as rupturas dos laços familiares, o desemprego e a toxicodependência entre outros. Constatámos que os sem-abrigo da nossa amostra apresentam valores médios mais elevados de paranóia, vergonha externa e interna, quando comparados com os valores da população normal. Verifica-se ainda que quando mais escolarizada é a nossa amostra, menor sintomatologia depressiva e relacionada com o stress apresenta. Encontrámos correlações significativas positivas e moderadas entre as variáveis em estudo. Dada a escassez de investigação em indivíduos sem-abrigo, e apesar das limitações inerentes a este estudo, esperamos ter dado um contributo para alargar o conhecimento deste complexo fenómeno, nomeadamente no que respeita à caracterização psicológica destes indivíduos. / The homeless population and all the related issues such as poverty and social exclusion are a complex and increasingly worrying concern of our society. The multifaceted phenomenon of homelessness is a serious social problem. The relevance of this study relates to the scarcity of research on the homeless population and to better understand its complexity, particularly the psychological characteristics of the homeless individuals. As such, this study aims to better understand this population by collecting information on their fears, values, pleasures, perception of the reason for their situation, consumption of psychotropic substances, contact with family and friends. Simultaneously we intend to evaluate the feelings of shame (due to early negative experiences), paranoia and negative emotions (depression, anxiety and stress) in this specific population as well as analyse the relationship between these variables. The study sample is based on 56 individuals in the condition of homelessness, mostly male (n = 49), with an average age of 40.86 and 7 years of schooling. In addition to the psychological questionnaire developed for this purpose, the evaluation protocol also included scales to measure Depression, Anxiety and Stress (DASS-21), External Shame (OAS), Internal Shame (ISS) and Paranoia (GPS). The data in our study allowed to highlight some of the most significant problems of homelessness, including disruption of family ties, unemployment, drug abuse and others. We learnt that the homeless in our sample have a higher average number of paranoia, internal and external shame, when compared to the normal population. We have also found that the more educated our sample is, the less are the depressive symptoms and stress-related features. Among the studied variables, we have found significant positive and moderate correlations. Given the scarcity of research on homeless individuals and despite the limitations of this study, we hope to have contributed to increase the knowledge on this complex phenomenon, especially concerning the psychological characterization of these individuals.