3 resultados para organizações trabalho saúde


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Este estudo de investigao teve subjacente a preocupao com a exposio microbiolgica acidental nos profissionais de saúde, sabendo que os acidentes de trabalho por exposio microbiolgica acidental constituem um dos principais riscos de transmisso ocupacional de infeces por contacto com sangue e outros fluidos corporais. Os agentes infecciosos mais frequentemente envolvidos neste tipo de acidente so os vrus da hepatite B, C e o vrus da imunodeficincia humana (VIH). Teve como objectivo identificar e caracterizar os acidentes de trabalho por exposio microbiolgica acidental ocorridos nos profissionais de saúde de um Hospital Central da regio de Lisboa durante os anos de 2002 a 2006 e conhecer as Representaes e os Comportamentos dos profissionais de saúde aquando da ocorrncia de uma exposio microbiolgica acidental. Tratou-se de um estudo descritivo e exploratrio, inserido numa abordagem quantitativa e qualitativa. Os participantes deste estudo foram os profissionais de saúde (mdicos, enfermeiros e tcnicos de diagnstico e teraputica) que tenham sofrido um acidente de trabalho com exposio microbiolgica acidental do ano de 2002 at Julho do ano de 2007, tendo-se constitudo uma amostra no probabilstica de 20 participantes utilizando a tcnica de amostragem por convenincia e que se disponibilizaram a participar no estudo aps o Consentimento Informado. Para a realizao do estudo optou-se por recorrer a um conjunto de mtodos de colheita de dados, privilegiando a anlise documental atravs do questionrio epidemiolgico de caracterizao e anlise dos acidentes de trabalho e do processo de saúde individual e da realizao de uma entrevista semi-directiva no mbito da qual se aplicou um questionrio de caracterizao scio-demogrfica, apoio social e actividades de tempos livres, aspectos relacionados com a percepo sobre os riscos a que se encontram expostos no ambiente hospitalar e com o circuito de notificao do acidente de servio/trabalho. Elaborou se um guio de entrevista semi-directiva de acordo com os objectivos da investigao. Optou-se por uma metodologia quantitativa no que diz respeito anlise dos acidentes de trabalho que envolveram exposio microbiolgica durante o perodo em estudo e dos dados scio-demogrficos do questionrio aplicado no mbito da entrevista, atravs do programa informtico pakage estatstico Statistica/Program for Social Sciences-SPSS para Windows (verso 12). Posteriormente optou-se por uma metodologia qualitativa no que concerne ao tratamento dos dados relativos s entrevistas efectuadas, que consistiu na anlise de contedo temtico das entrevistas. A anlise dos resultados obtidos revelaram que os acidentes de trabalho ocasionados por material perfuro-cortante entre os profissionais de saúde so frequentes devido ao nmero elevado de manipulao destes instrumentos, principalmente de agulhas e apresentam prejuzos aos profissionais e Instituio. Verifica-se que dos 305 acidentes notificados, a categoria profissional que tem o maior nmero de notificaes a dos enfermeiros com 142 acidentes no total dos anos representando 46,6%. A picada acidental o tipo de acidente mais frequente com 205 acidentes o que representa 67% do total. O instrumento que esteve associado directamente com a ocorrncia destes acidentes foram as agulhas (41,6%), nomeadamente as agulhas subcutneas (18,8%), as agulhas intravenosas (9,4%), as agulhas intramusculares (5%), outras agulhas (8,4%). As lminas de bisturi representam 13,1% dos acidentes ocorridos nos anos de 2002 a 2006. Estes acidentes podem oferecer riscos saúde fsica e mental dos profissionais de saúde, com repercusses psicossociais, levando a mudanas nas relaes sociais, familiares e de trabalho. Da forma como o indivduo vivncia e ultrapassa a situao e dos meios encontrados para lidar com o stress provocado pelo acidente, depende o seu bem-estar futuro na profisso e na Organizao evitando o turnover. Todos os entrevistados manifestam a percepo que o maior risco na sua actividade a relacionada com a exposio a agentes biolgicos com nfase na preocupao em adquirir uma doena infecto-contagiosa. A percepo do risco de contaminao atravs do sangue e fluidos corporais est relacionada com a ideia do VIH conduzir a uma doena fatal e incurvel apesar de existir uma perspectiva de esperana e qualidade de vida devido aos avanos das teraputicas actualmente. Os sentimentos e as emoes ocasionadas aps a exposio microbiolgica e manifestadas pelos participantes so a ansiedade, o medo, a angstia e a preocupao, raramente referem a frustrao e a revolta por se sentirem trados, da a importncia do apoio social que tiveram por parte da saúde ocupacional, da famlia e amigos, bem como dos colegas de trabalho, fundamental para ultrapassar um episdio crtico da sua vida. No entanto a representao que tm das doenas como o VIH/SIDA e das hepatites B e C, como podem ser prevenidas e o nvel de controlo que sentem exercer sobre os factores de transmisso, reflectem a percepo de que as medidas preventivas podem reduzir o risco de contaminao. Uma das concluses deste estudo prende-se com a necessidade de reformulao do circuito de notificao dos acidentes de trabalho, com o objectivo de diminuir o tempo e os vrios constrangimentos durante o percurso. A anlise dos dados referentes aos acidentes de servio por exposio microbiolgica, os relatrios de anlise das causas, a seleco e avaliao dos instrumentos aplicados promovem a criao de uma cultura de segurana. Como medidas organizacionais, a preveno pressupe o treino e a formao dos profissionais de saúde nos procedimentos de preveno da transmisso da infeco, o incentivo notificao das exposies e o desenvolvimento de um sistema adequado de monitorizao e gesto das exposies ocupacionais. Sendo que a preveno destes acidentes passa essencialmente pela introduo de dispositivos mdicos com sistemas de segurana, por prticas de trabalho seguras, e pela formao dos profissionais de saúde.

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Na ltima dcada, verificou-se uma preocupao crescente dos profissionais e instituies de saúde, pelas questes associadas segurana dos doentes e vrios estudos revelaram ao mundo que nos hospitais os incidentes associados aos cuidados de saúde so frequentes. O relatrio To Err is Human reforou a evidncia de que ocorriam cerca de dez eventos adversos, em cada 100 episdios de internamento e que 50% destes, poderiam ter sido evitados. Em Portugal um estudo epidemiolgico sobre eventos adversos em contexto hospitalar levado a cabo pela Escola Nacional de Saúde Pblica, evidenciou em 2010 uma taxa de incidncia de 11,1%. Torna-se evidente a necessidade de uma interveno global nas questes da segurana do doente, pelo que, a organizao Mundial de Saúde lanou vrios desafios, sendo um deles a criao e implementao de Sistemas de Relatos de Incidentes nas organizações de saúde. A principal finalidade destes sistemas a partilha e aprendizagem com os erros de forma a encontrar solues para a sua preveno. Este artigo tem como objetivo apresentar a experincia do Centro Hospitalar de Lisboa Central na implementao de um sistema de relato de incidentes de segurana do doente ao longo de treze anos.

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Rev-se a histria dos erros e acidentes na prestao dos Cuidados de Saúde, nomeadamente as concluses do Harvard Medical Practice Study e da publicao To Err is Human, onde se conclua que s nos EUA morriam por ano entre 44.000 e 98.000 doentes por erros evitveis no Sistema de Saúde. Estes erros seriam dominantemente o resultado de erros de profissionais honestos e cumpridores operando em sistemas de desenho faltoso. Em termos gerais, estima-se que, em cada 100 internamentos hospitalares, 10 sejam eivados de um qualquer erro, erros que em 2/3 dos casos no provocam acidentes, em 1/3 causam danos ligeiros ou moderados e em cerca de 5% provocam danos irreversveis. Mais de metade seria, contudo, evitvel e ocorrem em todas as reas da actividade, nomeadamente a prescrio de medicamentos e os ambientes de alta tecnologia como os blocos operatrios e as unidades intensivas. Rev-se a taxonomia dos erros e dos acidentes e analisam-se as suas causas determinantes, normalmente multifactoriais. Os mecanismos dos acidentes em Saúde englobam factores humanos e de equipa, factores organizacionais, factores de ambiente e o acaso. A complexidade das tarefas condiciona, igualmente a performance. Como conseguir um sistema de saúde mais seguro? Certamente, colocando nfase mais nos sistemas do que nas pessoas e redesenhando sistemas, de forma a torn-los error proof, e investindo simultaneamente nos prestadores, nos processos de trabalho e nas organizações, mas tambm nos doentes e na sociedade. Em resumo, promovendo uma Cultura Organizacional de Segurana, centrada em equipas, ou seja, uma cultura just em que as pessoas no so punidas por cometer erros, s as violaes de processo sero exemplarmente punidas, ainda uma cultura de reporte de eventos e uma cultura de aprendizagem em torno dos erros. As questes de segurana dizem respeito a todos prestadores, sistema, doentes e sociedade e esto intimamente ligadas Qualidade na prestao de Cuidados de Saúde.