28 resultados para Rinite Alérgica Sazonal
Resumo:
A alergia alimentar múltipla é uma resposta imune adversa a mais do que um alimento. Quando uma criança é alérgica a vários alimentos, o quadro clínico pode ser grave e a evicção dos alergénios implicados leva a restrições dietéticas importantes. Descrevemos o caso de uma criança de quatro anos com eczema atópico grave e alergia alimentar múltipla. Apresentou Imunoglobulina (Ig)E específica positiva aos oito meses para leite, trigo, centeio, cevada, glúten, soja, ovo (gema e clara) e iniciou evicção destes alimentos. Aos 20 meses tentou introduzir trigo, suspendendo após agravamento do eczema atópico. Aos três anos teve reacção anafiláctica após contacto com queijo. Aos quatro anos mantém evicção de leite, ovo, trigo, glúten, cevada e centeio. As restrições alimentares nestes doentes são grandes, havendo necessidade de controlo rigoroso dos alimentos ingeridos para evicção de reacções adversas e prevenção de carências nutricionais. É importante a abordagem multidisciplinar.
Resumo:
A asma induzida pelo exercício (AIE), apesar de entidade muito prevalente na criança asmática,apresenta aspectos etiopatogénicos não totalmente esclarecidos. De igual modo, os aspectos metodológicos das provas de provocação utilizadas para o diagnóstico da AIE não estão normalizados. Objectivos: Foram objectivos deste trabalho estudar sensibilidade e especificidade de diferentes parâmetros funcionais (DEMI vs VEMS) e equipamentos(bicicleta ergométrica vs tapete rolante) utilizados nas provas de esforço, monitorizar a ocorrência de respostas tardias ao esforço e correlacionar os resultados com os de uma prova de provocação brônquica inespecífica normalizada (metacolina). Métodos: Foram incluídas 22 crianças com asma e 10 com rinite (grupo controle), com 7-15 anos. Todas as crianças foram submetidas a três provas de provocação efectuadas no intervalo de 1 mês, provas de esforço em tapete rolante (T) e com bicicleta ergométrica (B) e prova de metacolina, efectuadas sob condições ambientais controladas e com interrupção da medicação relevante. Resultados: Sensibilidade: T - redução VEMS >=10%=82%; B - redução VEMS>=10%=57%; T - redução DEMI>=10%=86%; B - redução DEMI >=10%=81%. Especificidade: T & B - redução VEMS >=10%=100%; T - redução DEMI>=10%=40%; B - redução DEMI>=10%=33%. Não se identificaram respostas broncoconstritoras tardias ao exercício. As crianças asmáticas com prova de esforço positiva apresentaram uma reactividade à metacolina significativamente superior à dos asmáticos com prova negativa.Conclusões: A prova de esforço em tapete rolante representa o melhor teste para diagnóstico da AIE na criança. O parâmetro funcional normalizado a ser utilizado deverá ser o VEMS, aceitando-se uma redução de 10% como critério de positividade. Os doentes com resposta positiva ao esforço foram igualmente mais reactivos à prova de metacolina, isto é apresentam hiperreactividade brônquica inespecífica mais grave, o que substancia o interesse da terapêutica preventiva anti-inflamatória com corticóides tópicos e/ou antileucotrienos no controle da AIE.
Resumo:
A dermatite atópica é uma doença inflamatória crónica da pele, tendo por base diversos mecanismos etiopatogénicos. Considerando a sua heterogeneidade, foi, recentemente, introduzida outra designação para esta patologia - Síndroma Eczema / Dermatite Atópica (SEDA). A associação com alergia alimentar ou respiratória parece ser variável entre as diferentes populações. Objectivo: Analisar um grupo de doentes referenciados à Consulta de Imunoalergologia com o diagnóstico de SEDA, com o intuito de avaliar a associação desta síndrome com a alergia alimentar e doença respiratória nesta população. Métodos: Do número total de primeiras consultas do nosso Serviço durante os anos 2000-01 (n = 3436) foram seleccionados todos os doentes com história de SEDA. A população foi analisada quanto a idade, sexo, existência de alergia alimentar, doença respiratória e resultados de testes cutâneos (TC) por picada. Resultados: Foram encontrados 193 doentes com uma idade média de 7,5 anos de idade (1 -54 anos) e relação F/M = 1 / 1,5. Eram 68 (35,8%) os doentes com SEDA isolada. SEDA associada a doença respiratória foi identificada em 113 (58,5%) e a alergia alimentar em 19 (9,8%) - na maioria dos casos manifestando-se por urticária / angioedema. Os TC revelaram-se positivos para aeroalergénios em 74% e para alergénios alimentares em 18% da amostra. Os TC foram positivos em 58,9% dos doentes com SEDA isolada, 84,2% dos doentes com alergia alimentar e 92% com doença respiratória. Conclusão: Em contraste com outras séries, foi encontrada uma baixa prevalência de alergia alimentar, na maioria dos casos manifestada por reacções imediatas. Mais de metade dos doentes estudados apresentava doença respiratória alérgica associada a uma elevada prevalência de sensibilização a aeroalergénios. Estes resultados reflectem a heterogeneidade das populações com SEDA e a importância dos aeroalergénios na nossa população.
Resumo:
Introdução: A tropomiosina dos invertebrados é o pan-alergénio que une crustáceos, moluscos, aracnídeos, insectos e parasitas, encontrando-se significativa homologia de sequência entre as proteínas dos vários grupos. Os perceves são um tipo de crustáceo particularmente apreciado e consumido no nosso país; no entanto, a alergia a este crustáceo é uma situação bastante rara da qual só existe um trabalho publicado na literatura. Caso clínico: Apresentamos o caso de uma criança do sexo masculino, de 9 anos de idade, com asma brônquica, rinoconjuntivite alérgica e eczema atópico, sensibilizada a ácaros e baratas. Aos 7 anos, 10 minutos após a primeira ingestão de perceves, refere síndrome de alergia oral, angioedema periorbitário e rinoconjuntivite. Aos 8 anos, ocorreram 4 episódios semelhantes após ingestão de caracol, camarão, lula e choco (referindo ingestão prévia destes alimentos sem queixas). Aos 9 anos, refere episódio de urticária da face e angioedema periorbitário com inalação de vapores de cozedura de camarão. Foram realizados testes cutâneos por prick que se revelaram positivos para perceves, camarão, caracol, lula, choco, polvo e amêijoa em natureza, e para gamba, caranguejo e mexilhão com extractos comerciais. Os doseamentos de IgE específica sérica revelaram-se positivos para camarão, caracol, lula, polvo e amêijoa, bem como para perceves e tropomiosina recombinante. Foi efectuado SDS-PAGE immunoblotting com extracto de perceves que revelou várias fracções alergénicas com grande variação de pesos moleculares (19-88 kDa); foi ainda efectuado estudo de inibição com D. pteronyssinus, que inibiu várias fracções fixadoras de IgE no extracto de perceves. Discussão: Apresenta-se um caso raro de uma criança, com quadro de alergia respiratória associada a sensibilização a ácaros e baratas, com alergia alimentar a crustáceos –incluindo a perceves – e moluscos gastrópodes, bivalves e cefalópodes. Foram caracterizados os alergénios implicados na alergia a perceves e demonstrada a presença da tropomiosina como alergénio implicado, bem como a reactividade cruzada entre estes crustáceos e os ácaros.
Resumo:
O impacto da asma brônquica nas últimas décadas, nomeadamente em idade pediátrica, associando prevalências significativas a uma tendência, gravidade e custos crescentes, tem levado a que se efectuem múltiplos estudos para esclarecer causas, avaliando riscos, permitindo a elaboração de programas de prevenção. Estudos epidemiológicos bem desenhados, aplicados a amostras populacionais significativas, permitem identificar determinantes independentes da asma, viabilizando a actuação. Se muito se tem avançado no conhecimento das bases fisiopatológicas da doença alérgica, é com alguma preocupação que sentimos que a comunidade médica, mesmo a especializada, não sente as evidências epidemiológicas como aplicáveis à sua população de asmáticos. “Precisamos de mais estudos”, é declaração comum. Com este trabalho, centrado em três rastreios efectuados com a coordenação dos autores, pretendemos demonstrar que existem factores preveníveis, moduláveis, que podem permitir reduzir a morbilidade da doença asmática. Entre estes, o tabagismo passivo assume uma relevância ímpar, por ser o principal factor de risco para a gravidade da asma pediátrica em Portugal.
Resumo:
Objectivos: Determinar a prevalência e caracterizar o perfil dos doentes com rinossinusite aguda e crónica, em Portugal Continental. Desenho do estudo: Estudo epidemiológico transversal. Metodos: Aplicação de um questionário a um grupo representativo de 5.116 indivíduos de ambos os sexos, entre os 14 e os 65 anos. Resultados: A prevalência total de rinossinusite foi de 13,7%(11,3% aguda e 2,4% crónica), sendo mais frequente em mulheres, nas faixas etárias dos 30 aos 39 anos e acima dos 60 anos, nas zonas de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), Alentejo e Algarve. A prevalência de rinossinusite crónica é maior no Norte (50%), em inquiridos com idade media de 43 anos. A rinossinusite crónica é frequentemente acompanhada de outras patologias e sintomas e motiva mais consultas médicas do que a rinossinusite aguda. Conclusão: A sensibilização para a importância do diagnóstico correcto, ao mesmo tempo que se contraria a tendência da automedicação recorrente de relevância extrema na prevenção e tratamento da rinossinusite.
Resumo:
The role of atopy on cystic fibrosis (CF) progression remains unclear but evidence suggests that it may influence the appearance of co-morbid conditions such as CF asthma or allergic bronchopulmonary aspergillosis (ABPA). Recognising asthma in patients with CF is not always easy but the identification of atopic markers favours the diagnosis. Physicians should be aware of this fact in order to achieve a better control of respiratory symptoms in patients with CF. Bronchial mucosa inflammation and abnormal mucus predispose to mould colonisation. These patients are at higher risk of allergic sensitisation, especially when atopic susceptibility is present. In the particular case of A. fumigatus, allergic sensitisation precedes ABPA development, which occurs in up to 10% of CF patients. Progression of lung function deterioration is most strikingly pronounced in patients with ABPA. Therefore, sensitisation with A. fumigatus should be regularly tested in patients with CF, especially those at higher risk. Recombinant allergens constitute an important advance in differentiating Aspergillus sensitisation from ABPA itself.
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Background: Allergic rhinitis and asthma (ARA) are chronic inflammatory diseases of the airways that often coexist in children. The only tool to assess the ARA control, the Control of Allergic Rhinitis and Asthma Test (CARAT) is to be used by adults. We aimed to develop the Pediatric version of Control of Allergic Rhinitis and Asthma Test (CARATkids) and to test its comprehensibility in children with 4 to 12 years of age. Methods: The questionnaire development included a literature review of pediatric questionnaires on asthma and/or rhinitis control and two consensus meetings of a multidisciplinary group. Cognitive testing was carried out in a cross-sectional qualitative study using cognitive interviews. Results: Four questionnaires to assess asthma and none to assess rhinitis control in children were identified. The multidisciplinary group produced a questionnaire version for children with 17 questions with illustrations and dichotomous (yes/no) response format. The version for caregivers had 4-points and dichotomous scales. Twenty-nine children, 4 to 12 years old, and their caregivers were interviewed. Only children over 6 years old could adequately answer the questionnaire. A few words/expressions were not fully understood by children of 6 to 8 years old. The drawings illustrating the questions were considered helpful by children and caregivers. Caregivers considered the questionnaire complete and clear and preferred dichotomous over the 4-points scales. The proportion of agreement between children and their caregivers was 61%. The words/expressions that were difficult to understand were amended. Conclusion: CARATkids, the first questionnaire to assess a child’s asthma and rhinitis control was developed and its content validity was assured. Cognitive testing showed that CARATKids is well-understood by children 6 to 12 years old. The questionnaire’s measurement properties can now be assessed in a validation study.
Resumo:
Introdução: Os vírus respiratórios são uma importante causa de morbilidade e constituem a principal causa de dificuldade respiratória na infância. Os agentes mais frequentes são o vírus sincicial respiratório (VSR) e rínovirus humano (RV). Outras agentes menos comuns incluem os vírus influenza, parainfluenza, adenovírus e os mais recentemente identificados coronavírus, metapneumovírus humano e bocavírus humano. O objectivo foi descrever as infecções por vírus respiratórios numa amostra de crianças internadas. Métodos: Foi feita uma revisão dos pedidos de pesquisa de vírus respiratório em crianças abaixo dos 5 anos, internadas por infecção respiratória entre 1 de Outubro de 2010 e 15 de Fevereiro de 2012 e dos respectivos processos clínicos. Resultados: Foi realizada pesquisa de vírus respiratórios por imunoflorescência directa em 664 crianças, com resultados positivos em 268 (40.4%): VSR (n=240, 89.6%), metapneumovírus (n=10), influenza A (n=7), parainfluenza (n=6), adenovírus (n=2) e 3 casos de co-infecção. O maior número de casos positivos ocorreu entre Dezembro 2010 e Janeiro 2011 (n=263, 39.6% do total de casos positivos) e Dezembro 2011 e Janeiro 2012 (n=183, 27.6% do total de casos positivos). A maioria das crianças apresentava infecções adquiridas na comunidade (n=605, 91.1%), com dificuldade respiratória em 422 casos (69.8%). Os restantes casos correspondiam a infecções nosocomiais (n=59, 8.9%). A infecção por VSR foi mais frequente em crianças abaixo dos seis meses (65.2%, p<0.0001) e associou-se de forma estatisticamente significativa a dificuldade respiratória (96.3%, p<0.0001), hipoxémia e corticoterapia sistémica (35.6%, p=0.0001). A maioria das crianças com sibilância recorrente apresentava dificuldade respiratória (91.9%, p<0.0001). Discussão: Nas infecções respiratórias na infância com necessidade de internamento destaca-se a preponderância de infecções por VSR, com padrão sazonal típico (com pico de incidência nos meses de Inverno) e o maior risco de internamento em infecções por VSR abaixo dos 6 meses de idade.
Resumo:
Introdução: A dermite das pálpebras é uma dermatose comum cuja etiologia é muitas vezes difícil de determinar, embora o eczema de contacto alérgico constitua a etiologia mais comum em doentes submetidos a provas epicutâneas. Este é um estudo retrospectivo de 5 anos para avaliar as etiologias e os alérgenos mais frequentes em doentes com eczema de contacto alérgico das pálpebras. Materiais e Métodos: Identificaram-se todos os doentes com dermite das pálpebras submetidos a provas epicutâneas na Consulta de Dermatologia do Hospital Curry Cabral no período de 2009-2013 (5 anos) por meio de uma base de dados informatizada. Resultados: No período de 5 anos (2009-2013) foi testado um total de 1341 doentes, dos quais 117 (8,7%) foram testados por dermite das pálpebras. A etiologia mais frequente foi o eczema de contacto alérgico (54 doentes) seguida de eczema atópico (22 doentes). A resina Formoltoluenosulfonamida foi o alérgeno mais frequentemente identificado. O grupo de alérgenos mais frequentemente apurado foi o dos conservantes, seguido dos grupos das fragrâncias e fármacos.
Resumo:
Introdução: As provas epicutâneas (PE) são o exame complementar de diagnóstico indicado para avaliação de suspeita de dermite de contacto alérgica. Idealmente, devem ser realizadas sem que o doente se encontre sob imunossupressores. Existem contudo situações clínicas em que tal não é possível, não havendo informação disponível acerca de como realizar e valorizar os resultados das PE nestes doentes. O objectivo do presente trabalho é rever a literatura no que concerne à realização de PE sob imunossupressão iatrogénica. Material e Métodos: Revisão da literatura relevante para o tema publicada até Janeiro de 2015 e indexada à Medline. Resultados: De acordo com o reportado na literatura, foram realizadas PE em 77 doentes sob corticóide sistémico, 78 doentes sob ciclosporina (CyA), 6 sob azatioprina, 10 sob metotrexato (MTX), 4 sob micofenolato de mofetil (MMF), 11 sob fármacos anti-factor de necrose tumoral e 7 sob fármaco anti-IL-12/23. Foram ainda descritos 15 casos de realização de PE sob associação de imunossupressores. Verificaram-se reacções positivas em todos os grupos. Conclusão: O tratamento concomitante com imunossupressores não deve ser uma contra-indicação para realização de PE, estando descritas reacções positivas em doentes sob prednisolona, azatioprina, CyA, MTX, MMF, infliximab, etanercept, adalimumab e ustecinumab. Os resultados negativos ou duvidosos devem, contudo, ser interpretados de forma cautelosa.