67 resultados para Saúde pública Financiamento
Resumo:
RESUMO - INTRODUO: A promoo de health-enhancing physical activity (HEPA), entendida como atividade fsica para a saúde, revela-se um dos aspectos fulcrais do trabalho de ao intersectorial da saúde pública e um dos principais desafios atuais no combate a esta pandemia da inatividade fsica de consequncias na saúde, econmicas, ambientais e sociais. A inatividade fsica est identificada como sendo um dos fatores de risco que contribui largamente para a mortalidade global. Anlises s abordagens polticas de promoo da atividade fsica para a saúde so importantes instrumentos de sistematizao da informao relacionada com o estudo deste problema. OBJETIVOS: objetivo deste estudo analisar polticas e estratgias de ao intersectorial na promoo da atividade fsica para a saúde em Portugal. Em especfico, elencar e analisar: 1) principais polticas e estratgias atuais dos diferentes sectores; 2) considerao de qual o papel do sector da saúde no assunto; 3) fatores-chave e critrios de sucesso para a implementao de polticas de promoo de HEPA. METODOLOGIA: Estudo qualitativo, descritivo e transversal, por meio de entrevistas semiestruturadas e abertas pelos sectores da saúde, educao, desporto, transportes/planeamento urbano e ao social; anlise documental, relativamente aos ltimos 3 anos, com anlise de contedo quanto aos critrios de sucesso presentes. RESULTADOS: Foram encontradas vrias categorias nas dimenses macroambiente, microambiente e individual dos determinantes da atividade fsica no trabalho dos diferentes sectores; o sector da saúde no foi habitualmente considerado como devendo proporcionar administrao para a ao intersectorial neste domnio; foram identificados os critrios: com menor expresso no material analisado, aos quais atribuda maior importncia e aqueles com menor aplicabilidade nos documentos analisados. CONCLUSES: No podemos afirmar que exista uma abordagem poltica/estratgica integrada de abrangncia nacional, operacional, no que respeita promoo da atividade fsica para a saúde. So limitadas as concluses pelas caractersticas inerentes ao tipo de estudo desenhado, no entanto, pensamos ter contribudo para descrever as principais polticas e estratgias de ao intersectorial na promoo de HEPA em Portugal. Estudos mais abrangentes em termos de nveis de governao, sectores envolvidos e perodo temporal devero ser desenvolvidos de forma a potenciar o desenvolvimento da atividade fsica e saúde pública.
Resumo:
RESUMO - A Responsabilidade Social actuar de modo justo, digno e responsvel com todos os stakeholders. Por outro lado a Saúde Pública tem como principal objectivo promover a saúde dos indivduos, comunidades e sociedades como um todo, incidindo nos determinantes de saúde. As empresas tm adoptado inmeras aces e politicas socialmente responsveis que contribuem para o aumento da concretizao dos objectivos a longo prazo. As empresas criam cdigos de tica e de conduta, redigem relatrios sociais, aderem a normas e certificaes internacionais, promovem auditorias internas e externas, desenvolvem polticas laborais para evitar problemas e escndalos que afectem a reputao da empresa, apoiam cada vez mais causas sociais, preocupamse com o bem-estar e as condies de trabalho dos colaboradores e com o ambiente. Todos os esforos e investimentos parecem ser poucos quando se observa a possibilidade de maior reconhecimento e retorno financeiro. Existem diversas concepes para o que ser-se socialmente responsvel e de como a empresa deve agir enquanto cidad. Ao mesmo tempo, so muitas as actividades que podem ser desenvolvidas no que diz respeito responsabilidade social das empresas na rea da promoo da saúde pública. Este estudo pretende criar uma ligao entre o conceito de Responsabilidade Social das Empresas e de Saúde Pública e, nesse sentido, procurar associar os objectivos das aces desenvolvidas pelas empresas estudadas com os objectivos prosseguidos pela Saúde Pública.
Resumo:
Durante sculos o papel do Estado na vida econmica e social das naes foi crescendo, atingindo um desenvolvimento assinalvel a partir da segunga guerra mundial, em execuo do novo paradigma que dela resultou. Desenvolvimento que conheceu fortes crticas com paragem e posterior inverso de sentido durante a dcada de 80 em que se gerou alguma diluio da interveno do Estado, criando-se um movimento de relativo cepticismo relativamente bondade, eficincia e aos custos daquela interveno. Foi nesse contexto e paralelamente com o aumento da vontade de intervir do sector privado que surgiram as chamadas trs vagas de interveno privada, sucessivamente dirigidas s actividades públicas (i) em sectores industriais, comerciais ou de servios no estratgicos, (ii) no domnio das infra-estruturas e, finalmente, (iii) na rea social, recorrendo com diferentes nveis de sucesso, a diversos processos, da privatizao s parcerias pblico-privadas (PPP), passando pela empresarializao. O movimento de reforma nascido de reservas quanto eficincia do sector pblico no passou ao lado da saúde, particularmente do hospital pblico, em que assumiu objectivos e modos especficos, das reformas de gesto s reformas de financiamento e s reformas organizacionais , para, na sequncia do movimento anteriormente ocorrido noutros domnios, tambm recorrer s parcerias pblico-privadas. Depois de situar estas iniciativas no contexto do movimento que rodeou o aumento da interveno privada na produo e na prestao pública, o artigo procura identificar os requisitos de compatibilidade das parcerias pblico-privadas com sistemas de saúde organizados e que perseguem a universalidade da cobertura, a acessibilidade e compreensividade dos cuidados e a equidade do acesso, com especial ateno ao facto de (designadamente em Portugal) a partilha de riscos e tarefas poder atribuir ao sector privado a gesto das dimenses clnicas da prestao.
Resumo:
RESUMO - Inseridos num contexto onde as unidades prestadoras de cuidados de saúde no possuem autonomia para fixar os seus prprios preos, estuda-se atravs do presente documento o processo de definio de preos do internamento hospitalar portugus entre 1993 e 2001, no sentido de aferir o grau de sinalizao proporcionado ao mercado, uma vez que, na sua essncia, um sistema de preos constitui um sistema de incentivos influenciador de comportamentos produtivos ao nvel prestador. Utilizou-se a base de dados nacionais do sistema de classificao de doentes Grupos de Diagnstico Homogneos e foi caracterizada a evoluo e tendncia dos pesos relativos dos produtos do internamento hospitalar portugus. Foi tambm avaliada a relao da estrutura de preos com a quantidade produzida, a eficincia tcnica e as necessidades em saúde da populao portuguesa durante o perodo considerado. Apesar de existir alguma instabilidade durante o perodo analisado, o ponto de partida e de chegada no diferiu significativamente. No foi encontrado nenhum padro de variao que explicasse a instabilidade encontrada entre os produtos mais complexos, mais produzidos ou os que apresentaram maior/menor variao ao longo da dcada de 90. A hiptese relativa correlao entre a evoluo de preos e as variveis quantidade, eficincia e necessidades tambm foi infirmada. Conclui-se que a utilizao do sistema de preos constituiu na sua essncia um sistema de incentivos neutro, no foi sinalizador para os prestadores e possuiu uma forte correlao com o nvel de reposio de custos histricos dos hospitais portugueses.
Resumo:
RESUMO O Problema. A natureza, diversidade e perigosidade dos resduos hospitalares (RH) exige procedimentos especficos na sua gesto. A sua produo depende do nmero de unidades de prestao de cuidados de saúde (upcs), tipo de cuidados prestados, nmero de doentes observados, prticas dos profissionais e dos rgos de gesto das upcs, inovao tecnolgica, entre outros. A gesto integrada de RH tem evoludo qualitativamente nos ltimos anos. Existe uma carncia de informao sobre os quantitativos de RH produzidos nas upcs e na prestao de cuidados domicilirios, em Portugal. Por outro lado, os Servios de Saúde Pública, abrangendo o poder de Autoridade de Saúde, intervm na gesto do risco para a saúde e o ambiente associado produo de RH, necessitando de indicadores para a sua monitorizao. O quadro legal de um pas nesta matria estabelece a estratgia de gesto destes resduos, a qual condicionada pela classificao e definio de RH por si adoptadas. Objectivos e Metodologias. O presente estudo pretende: quantificar a produo de RH resultantes da prestao de cuidados de saúde, em seres humanos e animais nas upcs, do sistema pblico e privado, desenvolvendo um estudo longitudinal, onde se quantifica esta produo nos Hospitais, Centros de Saúde, Clnicas Mdicas e Dentrias, Lares para Idosos, Postos Mdicos de Empresas, Centros de Hemodilise e Clnicas Veterinrias do Concelho da Amadora, e se compara esta produo em dois anos consecutivos; analisar as consequncias do exerccio do poder de Autoridade de Saúde na gesto integrada de RH pelas upcs; quantificar a produo mdia de RH, por acto prestado, nos cuidados domicilirios e, com um estudo analtico transversal, relacionar essa produo mdia com as caractersticas dos doentes e dos tratamentos efectuados; proceder anlise comparativa das definies e classificaes de RH em pases da Unio Europeia, atravs de um estudo de reviso da legislao nesta matria em quatro pases, incluindo Portugal. Resultados e Concluses. Obtm-se a produo mdia de RH, por Grupos I+II, III e IV: nos Hospitais, por cama.dia, considerando a taxa de ocupao; por consulta, nos Centros de Saúde, Clnicas Mdicas e Dentrias e Postos Mdicos de Empresas; por cama.ano, nos Lares para Idosos, considerando a sua taxa de ocupao; e por ano, nas Clnicas de Hemodilise e Veterinrias. Verifica-se que a actuao da Autoridade de Saúde, produz nas upcs uma diferena estatisticamente significativa no aumento das contratualizaes destas com os operadores de tratamento de RH. Quantifica-se o peso mdio de resduos dos Grupos III e IV produzido por acto prestado nos tratamentos domicilirios e relaciona-se esta varivel dependente com as caractersticas dos doentes e dos tratamentos efectuados. Comparam-se os distintos critrios utilizados na elaborao das definies e classificaes destes resduos inscritas na legislao da Alemanha, Reino Unido, Espanha e Portugal. Recomendaes. Apresentam-se linhas de investigao futura e prope-se uma reflexo sobre eventuais alteraes de aspectos especficos no quadro legal portugus e nos planos de gesto integrada de RH, em Portugal. ABSTRACT The problem: The nature, diversity and hazardousness of hospital wastes (HW) requires specific procedures in its management. Its production depends on the number and patterns of healthcare services, number of patients, professional and administration practices and technologic innovations, among others. Integrated management of HW has been developping, in the scope of quality, for the past few years. There is a lack of information about the amount of HW produced in healthcare units and in the domiciliary visits, in Portugal. On the other hand, the Public Health Services, embracing the Health Authoritys power, play a very important role in managing the risk of HW production to public and environmental health. They need to use some indicators in its monitorization. In a country, rules and regulations define hospital waste management policies, which are confined by the addopted classification and definition of HW. Goals and Methods: This research study aims to quantify the production of HW as a result of healthcare services in human beings and animals, public service and private one. Through a longitudinal study, this production is quantified in Hospitals, Health Centers, Medical and Dental Clinics, Residential Centers for old people, Companies Medical Centers and Veterinary and Haemodyalisis Clinics in Amadoras Council, comparing this production in two consecutive years. This study also focus the consequences of the Health Authoritys role in the healthcare services integrated management of HW. The middle production of HW in the domiciliary treatments is also quantified and, with a transversal analytic study, its association with patients and treatments characteristics is enhanced. Finally, the definitions and classifications in the European Union Countries are compared through a study that revises this matters legislation in four countries, including Portugal. Results and Conclusions: We get the middle production of Groups I+II, III and IV: HW: in Hospitals, by bed.day, bearing the occupation rate; by consultation, in Health Centers, Medical and Dental Clinics and Companies Medical Centers; by bed.year in Residential Centers for old people, considering their occupation rate; by year, in Veterinary and Haemodyalisis Clinics. We verify that the Health Authoritys role produces a significative statistical difference in the rise of the contracts between healthcare services and HW operators. We quantify the Groups III and IVs wastes middle weight, produced by each medical treatment in domiciliary visits and relate this dependent variable with patients and treatments characteristics. We compare the different criteria used in the making of definitions and classifications of these wastes registered in German, United Kingdom, Spain and Portugals laws. Recommendations: Lines of further investigation are explaned. We also tender a reflexion about potential changes in rules, in regulations and in the integrated plans for managing hospital wastes in Portugal. RSUM Le Problme. La gestion des dchets d'activits hospitalires (DAH) et de soins de sant (DSS) exige des procdures spcifiques en raison de leur nature, diversit et dangerosit. Leur production dpend, parmi dautres, du nombre dunits de soins de sant (USS), du type de soins administrs, du nombre de malades observs, des pratiques des professionnels et des organes de gestion des USS, de linnovation technologique. La gestion intgre des DAH et des DSS subit une volution qualitative dans les dernires annes. Il existe un dficit dinformation sur les quantitatifs de DAH et de DSS provenant des USS et de la prestation de soins domiciliaires, au Portugal. Dautre part les Services de Sant Publique, y compris le pouvoir de lAutorit de Sant, qui interviennent dans la gestion du risque pour la sant et pour lenvironnement associ la production de DAH et de DSS, ont besoin dindicateurs pour leur surveillance. Dans cette matire le cadre lgal tablit la stratgie de gestion de ces dchets, laquelle est conditionne par la classification et par la dfinition des DAH et des DSS adoptes par le pays. Objectifs et Mthodologie. Cet tude prtend: quantifier la production de DAH et de DSS provenant de la prestation de soins de sant, en tres humains et animaux dans les USS du systme public et priv. travers un tude longitudinal, on quantifie cette production dans les Hpitaux, Centres de Sant, Cliniques Mdicales et Dentaires, Maisons de Repos pour personnes ges, Cabinets Mdicaux d Entreprises, Centres dHmodialyse et Cliniques Vtrinaires du municipe d Amadora, en comparant cette production en deux ans conscutifs; analyser les consquences de lexercice du pouvoir de lAutorit de Sant dans la gestion intgre des DAH et des DSS par les USS; quantifier la production moyenne de DAH et de DSS dans la prestation de soins domiciliaires et, avec un tude analytique transversal, rapporter cette production moyenne avec les caractristiques des malades et des soins administrs; procder l analyse comparative des dfinitions et classifications des DAH et des DSS dans des pays de lUnion Europenne, travers un tude de rvision de la lgislation relative cette matire dans quatre pays, Portugal y compris. Rsultats et Conclusions. On obtient la production moyenne de DAH et des DSS, par Classes I+II, III et IV: dans les hpitaux, par lit.jour, en considrant le taux doccupation; par consultation, dans les Centres de Sant, Cliniques Mdicales et Dentaires et Cabinets Mdicaux d Entreprises par lit.an dans les Maisons de Repos pour personnes ges en considrant le taux doccupation; et par an, dans les Cliniques dHmodialyse et Vtrinaires. On constate que lactuation de lAutorit de Sant produit dans les USS une diffrence statistiquement significative dans laccroissement de leurs contractualisations avec les oprateurs de traitement de DAH et de DSS. On quantifie le poids moyen des dchets des Classes III et IV produit par acte de prestation de soins domicile et on rapporte cette variable dpendante avec les caractristiques des malades et des soins administrs. On compare les diffrents critres utiliss dans llaboration des dfinitions et des classifications de ces dchets inscrites dans la lgis
Resumo:
A importncia e a magnitude da saúde da populao trabalhadora advm, em primeiro lugar, da justa considerao de que se trata do elemento mais dinmico e numeroso da sociedade, do factor essencial da produo de bens e servios e do garante da produtividade econmica (Lefranc, 1988). O desenvolvimento sustentado das sociedades modernas conta com os trabalhadores como o meio de trabalho vivo mais valioso, pelo que a valorizao da sua saúde est com ele directamente correlacionado (Duclos,1984; Dias, 1993). O conhecimento das relaes trabalho e saúde foi e continuar a ser condio necessria, mas no suficiente, para a organizao de intervenes promotoras da saúde e do bemestar no local de trabalho e de medidas profilcticas das doenas e leses relacionadas com o trabalho e com as condies em que este efectuado (OMS, 1981). preciso que a sociedade e as suas estruturas polticas e econmicas assumam a Saúde Ocupacional (SO) como objectivo prioritrio e criem as condies legais, tcnico-profissionais e materiais para a levar prtica (Portugal, 1991a e 2001). O actual estdio da organizao e da prestao de cuidados de Saúde Ocupacional em Portugal fruto de um processo complexo onde intervm factores de natureza poltica, social, econmica e tcnico-cientfica. Estes, interactuando entre si, criaram as condies objectivas e subjectivas para o lanamento, na dcada de sessenta, de um modelo legal de servios de Medicina do Trabalho o qual influenciou o desenvolvimento da saúde dos trabalhadores e a prtica profissional dos mdicos do trabalho (Faria et al., 1985 ). A Medicina do Trabalho como especialidade mdica apresenta a caracterstica mpar de, ao contrrio de outras especialidades, ter sido precedida pela lei, regulamento ou norma (Larche-Mochel, 1996). A sua prtica, tambm muitas vezes entendida como de Saúde Ocupacional, integra-se desde o incio na lgica do sistema legal criado em Portugal na dcada de sessenta que privilegia os cuidados mdicos (Faria et al., 1985). Na evoluo interactiva da saúde no mundo do trabalho, as condies objectivas de natureza estrutural, prprias do crescimento econmico de cada pas ou regio, assumem um papel essencial. No entanto, como a outros nveis sociais, os factores subjectivos ligados aos conhecimentos, experincias e organizao dos parceiros sociais e do poder poltico influenciam a estrutura formal da organizao da Saúde Ocupacional (Duclos, 1984; Dias, 1993). O que ressalta da realidade portuguesa que o inadequado e incongruente modelo poltico organizacional de prestao de cuidados de medicina do trabalho dos anos sessenta (Faria et al., 1985), foi substitudo pela nova legislao de 1994 e 1995, (Decreto Lei 26/94 e Lei 7/95) que d suporte a uma nova estrutura formal de servios de Segurana, Higiene e Saúde no Trabalho (SHST) que est longe de corresponder realidade da evoluo das foras produtivas, da sua organizao e das necessidades de saúde e bem-estar dos trabalhadores (Santos, 1998; Graa, 1999). A reformulao da poltica de Saúde Ocupacional, com a correspondente reorganizao de servios de saúde dirigidos populao trabalhadora, tem sido defendida por alguns autores e entidades desde o incio da dcada de oitenta (Faria et al., 1985; BIT, 1985; Santos; Faria, 1988; Graa, 1999). Recentemente tal necessidade tornou-se uma evidncia constatada por todos os parceiros sociais e pelo poder poltico, o que levou ao desencadear do processo de mudana em curso, que conta como primeiro facto, a aprovao do Acordo de Segurana, Higiene e Saúde no Trabalho, pelo Conselho Permanente de Consertao Social, em Julho de 1991, renovado pelo Acordo sobre Condies de Trabalho, Higiene e Segurana no Trabalho e Combate Sinistralidade do Conselho Econmico e Social de Fevereiro de 2001 (Portugal, 1991a e 2001). De tempos a tempos, a falta de mdicos do trabalho em termos absolutos referenciada na comunicao social por responsveis polticos ou profissionais de saúde ocupacional sem, no entanto, ser conhecida qualquer anlise suficientemente rigorosa da prtica profissional dos actuais mdicos do trabalho diplomados ou legalmente habilitados. Os mdicos do trabalho no so os nicos profissionais de saúde ocupacional, e o seu contributo, apesar de importante, no determinante no desenvolvimento histrico da organizao dos cuidados de saúde populao trabalhadora. Reconhece-se que os parceiros sociais e o poder poltico so os intervenientes principais da evoluo das polticas de saúde ocupacional (Graa, 1993a; Dias, 1993). No entanto, os mdicos do trabalho so necessrios e mesmo fundamentais para pr em prtica as polticas (implcitas e explcitas) de saúde ocupacional. O papel dos mdicos do trabalho to primordial que, no raras vezes, estes assumem um tal protagonismo que susceptvel de ser considerado como uma prtica profissional mais dirigida aos seus prprios interesses, do que virada para as necessidades de saúde dos trabalhadores (Walters, 1984). O papel dos mdicos e a prtica de medicina do trabalho so elementos relevantes no processo de desenvolvimento histrico da saúde dos trabalhadores, de tal modo que a adopo de um determinado modelo de servios de SHST sendo, num dado momento, a resultante da interaco dos diversos factores em presena, torna-se por sua vez um elemento condicionante do pensamento e da prtica profissional dos diversos tcnicos de saúde ocupacional, entre os quais figuram os mdicos do trabalho (BIT, 1985; WHO, 1986 e 1995; Directiva CEE n. 391/1989; Rantanen, 1990). Um primeiro inqurito aos diplomados com o curso de medicina do trabalho (cerca de 500) realizado pela Cadeira de Saúde Ocupacional da ENSP, em 1982, mostrou que cerca de um tero (34,6%) no exercia qualquer actividade profissional relacionada com a saúde ocupacional e os que a praticavam faziam-no essencialmente como actividade secundria (74,4%), em regime de pluriemprego, de tempo parcial (horrio semanal igual ou inferior a 20 horas em 73,4% dos casos e inferior a 10 horas em 24,1%) e em empresas industriais de grande dimenso (66,9%), em unidades de 500 ou mais trabalhadores (Faria et al., 1985). Em 1993, altura em que se inicia o presente estudo, efectuado um novo inqurito aos antigos alunos que representam o ncleo mais numeroso de mdicos com actividade profissional em Saúde Ocupacional no incio da dcada de noventa. A estes junta-se um nmero, relativamente pequeno, de mdicos de empresa habilitados ao abrigo de disposies transitrias e excepcionais contempladas na legislao de organizao de servios mdicos do trabalho de 1962 e 1967 (Portugal, 1991b). A partir de 1991 tm incio os Cursos de Medicina do Trabalho das Universidades de Coimbra e do Porto, com a admisso anual e bianual de candidatos, respectivamente. Os diplomados destas escolas representam um nmero acrescido de profissionais que iniciam a sua actividade neste perodo de transio na organizao dos cuidados de Segurana, Higiene e Saúde no Trabalho (Decreto Lei n 441/91; Decreto Lei n. 26/94; Lei n. 7/95). A Estratgia Global da Saúde Ocupacional para Todos aprovada pela Assembleia Mundial da Saúde em 1995 constitui a estrutura de enquadramento da nova poltica de saúde ocupacional que inclui entre as suas dez prioridades o desenvolvimento de servios orientados para a populao trabalhadora (WHO, 1995). Estes servios devem funcionar bem, de forma competente e compreensiva, centrados na preveno multidisciplinar e incluir a vigilncia do ambiente de trabalho e da saúde dos trabalhadores e a promoo da saúde, conforme a Declarao de Saúde Ocupacional Para Todos aprovada no segundo encontro de Centros Cooperativos para a SO da OMS, realizado em Pequim, em 1994. Este trabalho tem como finalidade conhecer as eventuais inter-relaes entre o novo modelo legal de organizao dos cuidados de Segurana, Higiene e Saúde no Trabalho (SHST), institudo em Portugal nos anos de 1994/1995, e o pensamento e a prtica profissional dos mdicos do trabalho diplomados pela Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa (ENSP/UNL). De um modo mais especfico pretende-se descrever em que medida o novo enquadramento jurdico da MT/SHST/SO, correspondente genericamente fase da Nova Saúde Ocupacional, foi acompanhado de alteraes: (1) da percepo do grau de satisfao dos mdicos do trabalho quanto ao seu papel e estatuto profissionais; (2) do nvel de satisfao relativo formao especializada formal (Curso de Medicina do Trabalho da ENSP/UNL) versus as necessidades da prtica profissional; (3) da efectividade do desempenho profissional e (4) da adequao do novo modelo de organizao de servios de MT/ SHST/SO ao contexto do desenvolvimento scio-econmico e cientfico nacional e ao sentir dos mdicos do trabalho. Quatro grandes temticas vo ser abordadas: (1) politicas, organizao e desenvolvimento da saúde ocupacional nacional e de empresa; (2) papel e funes dos mdicos do trabalho; (3) ensino e necessidades formativas em saúde ocupacional; (4) prtica profissional dos mdicos do trabalho de empresa. Os resultados obtidos sero contextualizados atravs do enquadramento num modelo terico explicativo da evoluo histrica dos cuidados de saúde populao trabalhadora em meio laboral e que alvo de reviso no presente trabalho. Este estudo enquadra-se nos objectivos e temas de investigao prioritrios da Saúde Para Todos (SPT) da regio europeia da OMS, nomeadamente o estudo do funcionamento dos actuais sistemas de assistncia sanitria, tendo em vista a adequada cobertura das necessidades de saúde de
Resumo:
Resumo: A alimentao e o estado nutricional so factores determinantes do estado de saúde e sabe-se hoje que os mecanismos da patognese de vrias doenas crnicas no-transmissveis podem ocorrer no incio da idade adulta. A alimentao influenciada por uma multiplicidade de factores, entre os quais se contam a importncia atribuda alimentao, o peso e imagem corporal e a percepo dos riscos associados escolha de alimentos. Esta investigao teve como objectivos analisar, em estudantes universitrios at aos 30 anos de idade, o estado nutricional, a importncia atribuda a alimentao, as percepes do peso e da imagem corporal e a percepo do risco de doena relacionada com a alimentao. Os objectivos foram cumpridos atravs de dois desenhos de estudo distintos: estudo descritivo transversal e estudo de caso-controlo. Avaliou-se o peso, altura e os permetros da cintura e da anca e construiu-se um questionrio de auto-preenchimento para recolher a restante informao. Encontraram-se valores para a prevalncia de obesidade e excesso de peso de, respectivamente, 6,5% e 24,3% e concluiu-se que existe uma percepo incorrecta do peso e da imagem corporal, mais frequente entre os indivduos obesos. Os obesos tambm consideram a alimentao menos importante que os indivduos normoponderais. A anlise da percepo dos riscos revela que os inquiridos consideram que factores como a obesidade e a inactividade fsica so menos prejudiciais para a saúde do que factores como as alteraes climticas ou as radiaes de telefones mveis. Verificaram-se tambm diferenas entre sexos nos parmetros estudados: relativamente s mulheres, os homens sobrestimam mais frequentemente o peso e a imagem corporal, consideram a alimentao menos importante, julgam-se em menor risco de doena e classificam os factores de risco estudados como menos prejudiciais. Conclui-se que as estratgias de educao alimentar e de promoo da saúde devem considerar as diferenas registadas entre sexos e a importncia atribuda alimentao e as percepes do risco, do peso e da imagem corporal. Abstract: Nutrition and nutritional status are health determinants and its accepted that the mechanisms for the pathogenesis of several chronic non-communicable diseases can occur in early adult age. Nutrition is influenced by a large number of factors, including the value placed on food, weight and body image and the risk perception associated with food choice. Consequently, the analysis of the factors that can influence food behaviour and food choice in young adults can be useful for the control and prevention of nutrition related disease. The objectives of this research were to analyse, in college students up to 30 years of age, nutritional status, value placed on nutrition, weight and body image perceptions and the risk perception of nutrition related disease. Two study designs were used: cross-sectional and case-control. Weight, height and waist and hip circumference were measured and a questionnaire was built to collect the remaining information. Prevalences of 6,5% for obesity and 24,3% for excess weight were found, along with the existence of biased weight and body image perceptions, more frequent in obese subjects. Obese subjects also placed less value on nutrition than non-obese. Risk perception analysis shows that risk factors like obesity and physical inactivity are considered less hazardous than risk factors like climate changes and mobile phone radiation. Men, comparatively to women, overestimated more frequently their weight and body image, placed less value in nutrition, considered themselves less disease susceptible and classified the risk factors studied as less hazardous. The conclusions of this study show that nutrition education and health promotion strategies should consider the gender related differences reported and, also, the value placed on nutrition and weigh, body image and risk perceptions.
Resumo:
Nesta nova era da Globalizao e da urbanizao, em que as fronteiras se abrem ao mundo, pessoas e bens circulam, costumes e tradies so partilhados, os pases em desenvolvimento comeam a ver a sua realidade alterada. Esta , simultaneamente, uma realidade dos pases desenvolvidos. A transio nutricional surge e com ela as alteraes dos comportamentos e atitudes alimentares da populao. Como consequncia directa, mas no imediata de todo este processo, emergem as doenas crnicas, associadas a uma modificao do perfil de saúde das pessoas excesso de peso e obesidade na populao adulta, e tambm nas crianas e adolescentes. Este processo revela-nos um variado espectro de padres socioeconmicos e demogrficos que produzem rpidas mudanas na dieta, no comportamento alimentar e na actividade fsica nas mais variadas regies do globo. Estas alteraes tm consequncias e impactos positivos e negativos no s a nvel dos prprios pases, mas tambm, a nvel do estado de saúde das populaes. Cabo Verde surge neste contexto por ser um pas do continente africano que se distingue de todos os outros PALOPs pelos sinais mais fortes de transio nutricional e em saúde que tem vindo a revelar; pela transio epidemiolgica que tem vindo a passar; pelo forte histrico que tm com os processos de emigrao, nomeadamente para pases como os Estados Unidos da Amrica (USA) e Portugal; e por ser um ponto estratgico politicamente estvel com fortes e variadas relaes externas. A Ilha do Fogo emerge em todo o arquiplago como a ilha mais rural de todas mas tambm como a mais jovem. Se no meio urbano o processo de transio nutricional j visvel em outros pases, como ser em Cabo Verde, mas num meio urbano menor? Este estudo teve como objectivos determinar o estado nutricional das crianas com idades entre os 6 e os 14 anos, que frequentam o EBI nas zonas Urbanas de So Filipe, Cova Figueira e Mosteiros, da Ilha do Fogo em Cabo Verde; e compreender as percepes das alteraes dos comportamentos e dos hbitos alimentares dos encarregados de educao de crianas e adolescentes escolares destas mesmas crianas e adolescentes. Foram utilizadas duas componentes metodolgicas distintas, mas que se complementam: uma quantitativa atravs da qual se realizou a avaliao dos parmetros antropomtricos de 300 crianas e adolescentes, e foi aplicado um recordatrio sobre a sua ingesto alimentar nas ltimas 24h; e uma outra qualitativa, onde foram feitas entrevistas semi-estruturadas a 13 encarregados de educao dessas mesmas crianas e adolescentes, para recolher as suas percepes de como que o desenvolvimento e a urbanizao esto a influenciar os hbitos alimentares nos seus agregados familiares. Os resultados obtidos mostram que no h consenso nas respostas dadas pelos encarregados de educao. O grupo de entrevistados divide-se em dois subgrupos os que por um lado defendem de uma forma bastante forte os hbitos e os comportamentos tradicionais, e os que j aceitam e vivem com as alteraes resultantes da influncia dos processos de globalizao e urbanizao. Apesar de estar ainda numa fase muito inicial da sua transio em saúde, e de ser um meio pequeno e mais rural, a ilha do Fogo em Cabo Verde apresenta j alguns indcios de que o processo est j instalado e que agora uma questo de tempo at que tudo se comece a desenrolar. Os recordatrios sobre ingesto alimentar nas ltimas 24h aplicado s crianas e adolescentes revelam que os hbitos alimentares variam consoante o lugar de acesso, a forma de acesso, o ter dinheiro e a presena dos encarregados de educao. A avaliao do perfil antropomtrico demonstra que todos os parmetros da avaliao encontrados se enquadram no que definido pela Organizao Mundial de Saúde (OMS) e pelo National Center for Health Statistics (NCHS) como valores normais. Valores antropomtricos mdios encontrados para o sexo feminino so sempre ligeiramente superiores aos encontrados para o sexo masculino. Assim sendo possvel afirmar que, mesmo num meio rural como a ilha do Fogo em Cabo Verde, notria alguma influncia dos processos de globalizao e urbanizao na alterao dos comportamentos alimentares das pessoas. E embora isso ainda no se manifeste no perfil antropomtrico das crianas e adolescentes avaliados, provvel que o processo de transio nutricional no possa ser parado dado que as pessoas manifestam alguma disponibilidade para acolher a novidade e os produtos importados que lhes so oferecidos. Inverter este ciclo poder ser uma misso impossvel, tanto mais que o modo de vida urbano se beneficia da maior disponibilidade e variedade de alimentos. No entanto, se forem tomadas medidas nacionais e internacionais, com a definio de polticas públicas na rea da saúde, educao, economia, e comrcio, com uma perspectiva de saúde pública de partilha e de cooperao intersectorial e multidisciplinar, ser possvel minimizar os efeitos e as consequncias destes dois processos na alterao dos comportamentos alimentares da populao foguense.