2 resultados para Ambiente escolar Pesquisa
Resumo:
As estratgias de malevolncia implicam que um indivduo pague um custo para infligir um custo superior a um oponente. Como um dos comportamentos fundamentais da sociobiologia, a malevolncia tem recebido menos ateno que os seus pares o egosmo e a cooperao. Contudo, foi estabelecido que a malevolncia uma estratgia vivel em populaes pequenas quando usada contra indivduos negativamente geneticamente relacionados pois este comportamento pode i) ser eliminado naturalmente, ou ii) manter-se em equilbrio com estratgias cooperativas devido disponibilidade da parte de indivduos malevolentes de pagar um custo para punir. Esta tese prope compreender se a propenso para a malevolncia nos humanos inerente ou se esta se desenvolve com a idade. Para esse efeito, considerei duas experincias de teoria de jogos em crianas em ambiente escolar com idades entre os 6 e os 22 anos. A primeira, um jogo 2x2 foi testada com duas variantes: 1) um prmio foi atribudo a ambos os jogadores, proporcionalmente aos pontos acumulados; 2), um prmio foi atribudo ao jogador com mais pontos. O jogo foi desenhado com o intuito de causar o seguinte dilema a cada jogador: i) maximizar o seu ganho e arriscar ter menos pontos que o adversrio; ou ii) decidir no maximizar o seu ganho, garantindo que este no era inferior ao do seu adversrio. A segunda experincia consistia num jogo do ditador com duas opes: uma escolha egosta/altrusta (A), onde o ditador recebia mais ganho, mas o seu recipiente recebia mais que ele e uma escolha malevolente (B) que oferecia menos ganhos ao ditador que a A mas mais ganhos que o recipiente. O dilema era que se as crianas se comportassem de maneira egosta, obtinham mais ganho para si, ao mesmo tempo que aumentavam o ganho do seu colega. Se fossem malevolentes, ento prefeririam ter mais ganho que o seu colega ao mesmo tempo que tinham menos para eles prprios. As experincias foram efetuadas em escolas de duas reas distintas de Portugal (continente e Aores) para perceber se as preferncias malevolentes aumentavam ou diminuam com a idade. Os resultados na primeira experincia sugerem que (1) os alunos compreenderam a primeira variante como um jogo de coordenao e comportaram-se como maximizadores, copiando as jogadas anteriores dos seus adversrios; (2) que os alunos repetentes se comportaram preferencialmente como malevolentes, mais frequentemente que como maximizadores, com especial nfase para os alunos de 14 anos; (3) maioria dos alunos comportou-se reciprocamente desde os 12 at aos 16 anos de idade, aps os quais comearam a desenvolver uma maior tolerncia s escolhas dos seus parceiros. Os resultados da segunda experincia sugerem que (1) as estratgias egostas eram prevalentes at aos 6 anos de idade, (2) as tendncias altrustas emergiram at aos 8 anos de idade e (3) as estratgias de malevolncia comearam a emergir a partir dos 8 anos de idade. Estes resultados complementam a literatura relativamente escassa sobre malevolncia e sugerem que este comportamento est intimamente ligado a preferncias de considerao sobre os outros, o paroquialismo e os estgios de desenvolvimento das crianas.************************************************************Spite is defined as an act that causes loss of payoff to an opponent at a cost to the actor. As one of the four fundamental behaviours in sociobiology, it has received far less attention than its counterparts selfishness and cooperation. It has however been established as a viable strategy in small populations when used against negatively related individuals. Because of this, spite can either i) disappear or ii) remain at equilibrium with cooperative strategies due to the willingness of spiteful individuals to pay a cost in order to punish. This thesis sets out to understand whether propensity for spiteful behaviour is inherent or if it develops with age. For that effect, two game-theoretical experiments were performed with schoolboys and schoolgirls aged 6 to 22. The first, a 2 x 2 game, was tested in two variants: 1) a prize was awarded to both players, proportional to accumulated points; 2), a prize was given to the player with most points. Each player faced the following dilemma: i) to maximise pay-off risking a lower pay-off than the opponent; or ii) not to maximise pay-off in order to cut down the opponent below their own. The second game was a dictator experiment with two choices, (A) a selfish/altruistic choice affording more payoff to the donor than B, but more to the recipient than to the donor, and (B) a spiteful choice that afforded less payoff to the donor than A, but even lower payoff to the recipient. The dilemma here was that if subjects behaved selfishly, they obtained more payoff for themselves, while at the same time increasing their opponent payoff. If they were spiteful, they would rather have more payoff than their colleague, at the cost of less for themselves. Experiments were run in schools in two different areas in Portugal (mainland and Azores) to understand whether spiteful preferences varied with age. Results in the first experiment suggested that (1) students understood the first variant as a coordination game and engaged in maximising behaviour by copying their opponents plays; (2) repeating students preferentially engaged in spiteful behaviour more often than maximising behaviour, with special emphasis on 14 year-olds; (3) most students engaged in reciprocal behaviour from ages 12 to 16, as they began developing higher tolerance for their opponent choices. Results for the second experiment suggested that (1) selfish strategies were prevalent until the age of 6, (2) altruistic tendencies emerged since then, and (3) spiteful strategies began being chosen more often by 8 year-olds. These results add to the relatively scarce body of literature on spite and suggest that this type of behaviour is closely tied with other-regarding preferences, parochialism and the childrens stages of development.
Resumo:
RESUMO - Introduo: Os distrbios osteomioarticulares envolvem diversas condies donde se destacam a lombalgia e a escoliose, a primeira considerando o fato que a sua prevalncia tem vindo a aumentar em adolescentes consistindo num problema crescente de sade pblica que envolve custos indiretos e a escoliose pela ausncia de estudos nacionais. Diversos fatores fsicos, genticos, mecnicos, comportamentais e ambientais podem estar envolvidos na patognese das lombalgias e escolioses. O ambiente escolar, incluindo as posturas adotadas pelos alunos e o transporte das mochilas escolares, e alguns hbitos de estilos de vida constituem fatores que podem contribuir para o desenvolvimento destes distrbios osteomioarticulares. Este estudo tambm aborda o estado ponderal, nomeadamente o excesso de peso e a obesidade, pois este referido frequentemente como um potencial fator de risco destes distrbios osteomioarticulares (apesar de ainda apresentar controvrsia na literatura), alm de ser, por si s, atualmente considerado como um dos mais graves problemas de sade pblica a nvel mundial. Objetivos do estudo: (1) determinar a prevalncia pontual, anual e ao longo da vida de lombalgia, assim como a prevalncia de escoliose em adolescentes da regio do Algarve; (2) identificar os fatores associados ao desenvolvimento destes distrbios osteomioarticulares; (3) determinar a prevalncia de excesso de peso e de obesidade e explorar a sua eventual associao com a prevalncia de lombalgia e escoliose em adolescentes; (4) comparar os resultados obtidos nos diferentes mtodos antropomtricos (ndice de massa corporal - IMC, medio das pregas cutneas e circunferncia abdominal) e verificar a sua concordncia. Material e mtodos: O desenho deste estudo foi de natureza observacional, analtico e transversal. O estudo foi aprovado pela Comisso de tica da Administrao Regional de Sade do Algarve, pela Direo Regional de Educao do Algarve, pela Direo-Geral de Inovao e de Desenvolvimento Curricular, Ministrio da Educao e Cincia, e pelas Direes dos Agrupamentos de Escolas que participaram do projeto. A amostra incluiu 966 adolescentes da regio do Algarve, sul de Portugal, com idades compreendidas entre os 10 e 16 anos (12,241,53 anos), sendo 437 (45,2%) do sexo masculino e 529 (54,8%) do feminino. O mtodo de amostragem foi aleatrio estratificado, com base nos concelhos da regio do Algarve, assumindo que poderia existir heterogeneidades geogrficas. Os instrumentos de medida foram aplicados num nico momento (2011/2012) e incluram o Questionrio de Lombalgia e Hbitos Posturais para caracterizar a presena de lombalgia e os hbitos posturais adotados pelos alunos em casa e na escola, o escolimetro para avaliar a presena de escoliose, a balana, o estadimetro (sendo posteriormente calculado o IMC), o adipmetro e a fita mtrica. A anlise dos dados incluiu tcnicas de estatstica descritiva, grficas e analticas aplicadas todas as variveis em estudo. Para determinar a associao entre as variveis do estudo foi utilizada a estatstica inferencial, nomeadamente o teste de independncia do Qui-quadrado. Para analisar as correlaes entre as medidas obtidas com os mtodos antropomtricos (na sua forma quantitativa), foi utilizado o coeficiente de Spearman. A influncia das diversas variveis na presena de lombalgia foi aferida atravs de regresses logsticas binrias, sendo os resultados apresentados como odds ratios brutos e ajustados e respetivos intervalos de confiana. Resultados: O presente estudo revelou uma elevada prevalncia de lombalgia (anual: 47,2%; pontual: 15,7%; ao longo da vida: 62,1%). As raparigas apresentaram 2,05 de probabilidade de apresentar lombalgia comparativamente aos rapazes (IC 95%: 1,58-2,65; p<0,001), assim como os alunos com idades mais avanadas (13-16 anos) comparativamente aos mais novos (10-12 anos) que tiveram 1,54 de chances (IC 95%: 1,19-1,99; p=0,001). Os alunos que indicaram adotar uma postura de sentado com a coluna vertebral posicionada incorretamente apresentaram 2,49 de probabilidade de revelar lombalgia (IC 95%: 1,91-3,24; p<0,001), os alunos que afirmaram se posicionar de forma inadequada para assistir televiso ou jogar videojogos tiveram a probabilidade de 2,01 (IC 95%: 1,55- 2,61; p<0,001) e aqueles que adotaram a postura de p incorretamente tiveram 3,39 de chance de apresentar lombalgia (IC 95%: 2,19-5,23; p<0,001). A escoliose esteve presente em 41 (4,2%) alunos. As raparigas apresentaram a maior prevalncia (4,5% versus 3,9%) do que os rapazes e o mesmo foi observado nas raparigas que apresentaram a menarca tardia (8,6% versus 3,3%) e os que foram classificados como magros (7,1%), no sendo no entanto estas diferenas estatisticamente significativas. Relativamente prevalncia de excesso de peso e obesidade, os valores variaram de 31,6%, 61,4% e 41,1% de acordo com a medio do IMC, pregas cutneas e circunferncia abdominal, respetivamente. Os valores obtidos com a avaliao dos trs mtodos antropomtricos apresentaram um elevado alto grau de correlao entre o IMC e as pregas cutneas (p<0,001; r=0,712), entre o IMC e circunferncia abdominal (p<0,001; r=0,884) e entre a circunferncia abdominal e as pregas cutneas (p<0,001; r=0,701). Concluses: O presente estudo revelou valores de prevalncia de lombalgia semelhante a estudos anteriores sendo que os alunos com idade mais avanada, ou do sexo feminino ou aqueles que adotavam a postura sentada e de p de forma inadequada ou os que transportavam indevidamente a mochila escolar apresentaram a maior prevalncia. Quanto presena de escoliose, observou-se uma baixa prevalncia no sendo verificada nenhuma associao significativa com os fatores analisados. Relativamente ao estado ponderal, verificou-se uma elevada prevalncia de excesso de peso e obesidade, com a utilizao dos trs mtodos antropomtricos: IMC, medio das pregas cutneas e circunferncia abdominal, tendo sido verificado um elevado grau de correlao entre estes trs mtodos antropomtricos. Este estudo contribuiu para determinar a magnitude destes distrbios osteomiarticulares nesta populao especfica, assim como seus possveis fatores associados. De acordo os resultados obtidos no presente estudo, torna-se necessrio aes de interveno nas escolas, envolvendo no somente os alunos, mas toda a comunidade escolar, com o objetivo de preveno destes distrbios osteomioarticulares atravs da promoo de hbitos de vida saudvel.