1 resultado para Governo Lula (2003 - )
em RUN (Repositório da Universidade Nova de Lisboa) - FCT (Faculdade de Cienecias e Technologia), Universidade Nova de Lisboa (UNL), Portugal
Resumo:
O presente trabalho de investigação estuda a estratégia de polÃtica externa brasileira enquanto causa para a emergência internacional do Brasil. Pretendemos compreender em que medida as opções de polÃtica externa determinaram a emergência internacional do Brasil durante o perÃodo dos Governos de Lula da Silva (2003-2006 e 2007-2010). A emergência internacional é aqui entendida enquanto uma atitude de aumento do protagonismo internacional do paÃs e da influência das decisões e do desenho do sistema internacional. Ao mesmo tempo tentou verificar-se se essa emergência ocorreu em simultâneo com a ascensão do Brasil a um novo estatuto na hierarquia dos Estados no sistema internacional, tendo em conta o seu objectivo de contribuir para uma ordem multipolar. A nossa investigação, sustentada pelas abordagens Realista Neoclássica e Construtivista, partiu da premissa de que as estratégias de polÃtica externa do Brasil têm sido marcados por uma tendência para projectar a influência internacional do Brasil, e que, com Lula da Silva, a recuperação de uma polÃtica externa assertiva e pragmática contribuiu para o sucesso dessas tentativas. Por conseguinte, a capacidade do Brasil em criar condições de estabilidade interna (redução da pobreza e crescimento económico) e regional terão estado também na base da sua projecção internacional. Simultaneamente, a reorganização do sistema internacional a par da rentabilização das oportunidades, e uma nova postura na formulação da polÃtica externa pelos actores responsáveis, formam o puzzle que permitiu dar continuidade e consolidar, durante os dois mandatos de Lula, ao percurso de ascensão do Brasil no sistema internacional. A investigação permitiu-nos retirar quatro conclusões essenciais: i) é indiscutÃvel o peso da variável actores na emergência internacional do Brasil enquanto resultado de polÃtica externa; ii) a região não foi determinante na emergência internacional do paÃs, mas influenciou, indirectamente, essa aspiração ao permitir que o Brasil se projectasse como um interlocutor válido e como uma Potência Regional; iii) a estratégia desenvolvida com as Grandes Potências não determinou a emergência internacional do Brasil e iv) as dimensões Sul-Sul e Multilateral da estratégia externa do Brasil tiveram um efeito directo na emergência internacional do paÃs ao tornarem possÃvel a actuação autónoma e independente do paÃs. Em sÃntese, o revisionismo que caracterizou a polÃtica externa do Brasil não foi feito por confrontação com os Estados Unidos (ou com a União Europeia), pelo contrário, com ambos os actores se manteve uma relação assertiva. Foi ainda possÃvel verificar a existência não apenas de uma polÃtica externa assertiva, mas também reactiva e personalizada, o que pode ser caracterÃstico dos Estados que estão no «meio», os quais serão provavelmente menos imunes à s caracterÃsticas dos contextos e dos actores, do que os que estão no topo da hierarquia.