8 resultados para soteriologia budista
em ReCiL - Repositório Científico Lusófona - Grupo Lusófona, Portugal
Resumo:
A meditação em torno do Budismo é o centro da articulação da vida filosófica de Antero de Quental. Tendo partido de uma visão pessimista e nihilista do Budismo, Antero foi-se aproximando duma visão do Budismo, histórica e culturalmente bem alicerçada, que lhe permitiu encontrar a via para a solução das aporias da Civilização Ocidental. A constatação deste facto impõe uma visão renovada do pensamento de Antero, quer ao nível da especulação filosófica (de que se ocupa este texto), quer ao nível da meditação poética.
Resumo:
Sendo um poeta aparentemente simples, Alberto Caeiro tem lugar de destaque na gaLibertador’ e ‘Revelador da Realidade’ são duas expressões usadas pelos discípulos que assim o descrevem, evidenciando um processo em que o conhecimento da realidade se relaciona directamente com uma libertação ou livramento. Parece, de facto, ser projecto do poeta a procura de tal conhecimento, descrito e ilustrado no conjunto dos seus versos. E a verdade encontrada das coisas, vazias e passageiras como bolas de sabão, assemelha-se ao que na filosofia budista se refere à sua verdadeira natureza; a vacuidade, cuja compreensão directa é fonte de paz, porventura a mesma que reconhecemos na admirável serenidade do mestre.
Resumo:
Sintetizaram-se os aspectos históricos principais referentes à introdução do budismo na Europa, nomeadamente das escolas do Zen, do Theravada e do chamado Budismo Tibetano, dada a influência que as mesmas iriam ter na posterior introdução em Portugal. Apresentou-se, cronologicamente, uma visão genérica da história do budismo em Portugal, desde a sua introdução, por finais dos anos setenta, à fundação das diferentes escolas budistas passando pela União Budista Portuguesa e realçando algumas das principais actividades e realizações empreendidas pelas mesmas até aos dias de hoje.
Resumo:
Pretende-se estudar a relação entre marga (ou caminho) do dharma budista e a via crucis ou o sentido de kénosis (ou despojamento) cristão. Numa reflexão preliminar levantam-se enquadramentos e dificuldades deste contexto relacional na cultura e língua portuguesa, sobretudo a partir da sua tradição espiritual e cristã. Numa segunda parte, alargando-se o estudo ao diálogo ecuménico, chama-se a atenção para o âmbito espiritual do encontro. Tendo em conta as principais características do dharma budista, salienta-se a iluminação nirvânica e respectiva tipologia mística. Comparase, depois, com o traço encarnacional e de sofrimento do caminho cristão revisto na kénosis de Cristo, interrogando-se convergência com o despojamento budista. Conclui-se pela necessidade de superar a linguagem do religioso em ordem a uma iluminativa consciência trans-linguística.
Resumo:
O objectivo do estudo é indagar até que ponto um dos aspectos fundamentais da espiritualidade budista - shunyata, a vacuidade - se pode considerar directa ou indirectamente presente no texto medieval português do século XIV, Vida do honrado infante Josaphate filho del rey Avenir, versão cristianizada da história do Buda que circulou por todo o medievo cristão.
Resumo:
Neste texto, o nosso principal propósito foi o de reflectir sobre a visão de Basílio Teles do humano e, ao mesmo tempo, a sua perspectiva do divino. Como veremos, a sua perspectiva do divino não é “transcendentalista”. Mas, poderá ser, por essa razão, “budista”? Essa será a questão à qual procuraremos responder.
Resumo:
A leitura que Manuel Laranjeira (1877-1912) faz do conceito budista nirvana não difere essencialmente da mais comum no Ocidente do século XIX. Aparentemente, a única particularidade da sua análise é ser de cariz médico. Defende-se neste texto que este ensaio, contextualizado no conjunto da produção de Laranjeira e de outros autores portugueses seus coevos – sobretudo Guerra Junqueiro e Teixeira de Pascoaes – tem, no entanto, outras virtualidades de leitura, no que concerne à cultura portuguesa. Por um lado, enquanto análise do pessimismo, diagnostica ou adivinha um “nirvana” nacional. Por outro lado, parece anunciar, ainda que de forma negativa, uma linha do pensamento e da cultura portuguesa que se debruçou sobre o Oriente e o Budismo.
Resumo:
Tendo como prerrogativa o desmascaramento da pretensão, inserida em qualquer essência fenoménica e psicológica, de afirmar-se como uma entidade autónoma, isolada e independente, como puro “em si”, e à revelação de como, contrariamente, qualquer realidade empírica tenha de tal forma uma natureza impermanente subentendendo-se como uma rede de relações e de interligações, a teoria da anatta-, juntamente com a da anicca, representam no âmbito do ensinamento budista talvez o que mais se assemelha ao conceito de askesis filosófica formulado no Ocidente por uma certa tradição de pensamento tendo como raízes Heraclito, Platão, Hegel e Nietzsche e que descobre dois de entre os mais originais intérpretes em Novalis e Pessoa. De facto, quer no primeiro quer no segundo, o filosofar configura-se como uma arte de compor e recompor- se a si mesmo, um percurso de iniciação a si que passa inexoravelmente pelo abandono da posição da própria auto-referencialidade e da aceitação ontognoseológica do outro no seio do idêntico. Mediante esta operação de descentralização, que em Pessoa começa e se dissolve no interior da estratégia estética da heteronímia, onde a palavra poética transfigura-se no interstício, na abdicação e fingimento, o sujeito descobre-se diferença e relação e é-lhe finalmente possível reconhecer-se como totalidade e de reflectir-se nela.