1 resultado para supervision
em Repositório da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Brazil
Resumo:
O estudo assume como problema de investigao analisar as contribuies da Comunicao Alternativa e Ampliada (CAA) aos processos comunicativos de alunos sem fala articulada no contexto da escola, destacando nesses processos o papel potencializador dos interlocutores. Fundamenta-se na abordagem de linguagem e na noo de enunciado discutidas por Bakhtin e nas contribuies de Vigotski sobre a relao entre desenvolvimento e aprendizagem, postulando que a aquisio e o desenvolvimento da linguagem ocorrem no curso das aprendizagens, ao longo da vida. As anlises e reflexes empreendidas evidenciam uma discusso acerca da linguagem que se desloca da dimenso orgnica para a dimenso da constituio do sujeito como humano. Sob essa viso, outros conceitos, como os de lngua, fala, interao verbal, dialogia, enunciao, aprendizagem e desenvolvimento so problematizados e tambm considerados como elementos fundantes e presentes nas relaes comunicativas entre os sujeitos sem fala articulada e seus interlocutores. Na primeira etapa, o estudo busca conhecer as formas organizativo-pedaggicas de cinco Secretarias Municipais de Educao da Regio Metropolitana de Vitria e da Secretaria de Estado da Educao no que diz respeito identificao dos alunos com Paralisia Cerebral, sem fala articulada, ao acompanhamento tcnico-pedaggico e formao de professores que atuam na Educao Especial. Na segunda etapa, objetiva conhecer a processualidade da organizao do trabalho pedaggico instituda nos contextos escolares e investiga os processos comunicativos em/com dois alunos com severos comprometimentos motores e de fala em duas escolas de Ensino Fundamental, localizadas no municpio de Serra e de Vitria. Nesta etapa, opta pela pesquisa- ao colaborativo-crtica por contribuir, terica e metodologicamente, para sustentar os fazeres individuais e coletivos nos lcus de investigao. Os resultados revelam que, institucionalmente, ainda no se conhece quem so e quantos so os alunos com Paralisia Cerebral sem fala articulada no contexto de suas reais necessidades. Esse desconhecimento atribudo pelas gestoras das Secretarias Municipais de Educao investigadas ao considerarem que, via de regra, so tomadas apenas as informaes do Educacenso-INEP. As identificaes pontuais, quando ocorrem, so decorrentes de estratgias internas adotadas, sendo uma delas o assessoramento pedaggico das equipes s escolas. No que tange ao ensino, aprendizagem e avaliao, o estudo constata que so atravessados por concepes equivocadas sobre os sujeitos com Paralisia Cerebral sustentadas, sobretudo, pela baixa expectativa e pelo pouco esforo quanto sua escolarizao. Constata tambm que o uso dos recursos de CAA potencializa os processos comunicativos dos alunos investigados e, movimentados pela linguagem, possibilita-lhes enunciar e fixar posies, opinies e decises, assegurando-lhes mais autonomia e fluidez do processo comunicacional. As formas de mediao dos interlocutores assim como as dinmicas dialgicas por eles utilizadas com os alunos se constituem como elementos importantes nos processos de comunicao e interao. A espera do outro, o apoio e o incentivo reformulao daquilo que se quer expressar, as modificaes e alteraes no jogo dialgico so exemplos dessa mediao. Quanto s aes de reorganizao do trabalho pedaggico, o estudo registra maior articulao e colaborao entre professores da classe, professora da Educao Especial e estagiria no planejamento das aulas, dos contedos, com a insero no notebook para um dos alunos; o uso das pranchas de comunicao, por ambos os alunos e seus interlocutores, como ao inovadora nos contextos escolares; a realizao de atividades pelos alunos, com gradativa autonomia, a partir da disponibilizao de recursos de TA/CAA (pasta de contedos temticos, figuras imantadas, quadro metlico, ponteira, plano inclinado, notebook); a proposio de aes intencionais de alfabetizao, a partir da reorganizao de espaos-tempos no cotidiano da escola. Conclui que as discusses tericas e prticas das questes relacionadas com a linguagem, com os processos cognitivos e com o uso de recursos de TA/CAA alavancam mudanas na concepo dos profissionais das escolas pesquisadas que, ainda, sob uma viso reducionista quanto s formas de comunicao e de interao verbal, impem limites escolarizao dos alunos com deficincia.