3 resultados para retórica medieval
em Repositório da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Brazil
Resumo:
Esta pesquisa propõe um estudo sobre a construção de ethé e do humor em artigos de opinião intergenéricos assinados por Elio Gaspari. Partindo da hipótese de que, nos textos, a construção discursiva de ethé alheios constitui a principal estratégia argumentativa, buscamos verificar como, pela utilização de recursos retóricos e humorísticos, é possível construir ethé de figuras expressivas da política brasileira. Para tanto, selecionamos oito artigos de opinião publicados em forma de e-mail no jornal Folha de S. Paulo. Uma vez estruturados a partir do processo intergenérico, esses artigos de opinião simulam trocas de e-mail entre personalidades políticas, evidenciando ethé dessas personalidades, o que os torna um lugar propício para se observar o ponto de vista retórico da construção de imagem. Assim, ao mostrar como se dá a construção de ethé dos políticos nos artigos intergenéricos, este trabalho se torna relevante na medida em que pode ampliar reflexões em torno dos artifícios utilizados em textos opinativos para levar o auditório a aderir ao posicionamento do orador. Para a condução deste estudo, adotamos os construtos teóricos desenvolvidos por estudiosos da Retórica (Retórica aristotélica e Nova Retórica), dos gêneros e do humor. As análises revelaram a constituição, pelo viés do humor, de ethé positivos dos políticos que atuam como remetentes dos e-mails e de um ethos negativo daqueles que desempenham o papel de destinatário. Ainda foi possível constatar que, ao construir ethé de outras personagens, o orador acaba construindo representações de si. Concluímos, assim, que é por meio do recurso ao ethos e ao humor que o orador busca obter a adesão de seu auditório, levando-o a partilhar seu posicionamento crítico acerca da política brasileira.
Resumo:
O currículo traz subjacente a si, as ideias de seu tempo, o olhar de sua sociedade para questões humanas e outras tacitamente políticas. Traz em seu escopo toda uma trama de heranças históricas e a marca pessoal daqueles que se dedicaram a sua construção. E desta forma, analisar as tramas de um currículo de matemática é muito mais que olhar uma sequência de conteúdos linearmente organizados. É, sobretudo, entender, que aquela construção foi tecida de forma a sustentar um corpo de ideias que diz sobre seu tempo. Esta pesquisa evidenciou o processo de elaboração e instituição do currículo mínimo pela Seeduc/RJ e trouxe questionamentos e inquietações de naturezas cognitivas e sociais. Uma primeira inquietação concerne ao descarte de conteúdos do currículo anterior, que configura agora, este novo currículo. Esse processo de elaboração e instituição refletiu a inexistência de diálogo entre os diversos segmentos sociais e profissionais do campo educacional. Interesses governamentais interferiram diretamente nos educacionais, subtraindo a democracia das ações de políticas públicas implementadas. Ficou evidente que não houve clareza conceitual quando dessa e em contraste até mesmo com propostas nacionais e a legislação vigente. Através do Currículo Mínimo buscou-se unificar toda a rede de ensino da Seeduc/RJ, dentro de uma perspectiva academicista limitada, desconsiderando as especificidades locais e de cada grupo. Desta forma, foi desconsiderada a dialética educacional e a retórica da matemática enquanto disciplina acadêmica, que é uma forma particular da relação social. O processo instituído evidencia uma visão de professores passivos e alunos considerados mínimos.
Resumo:
Esta dissertação aborda a construção retórica da comicidade em peças teatrais. Para tanto, propõe a investigação das estratégias retóricas que enfatizam o efeito cômico no esquete “A encalhada”, de Ingrid Guimarães e Aloísio de Abreu – uma das nove cenas que compõem o espetáculo Cócegas (EMI, 2004), interpretado pelas atrizes brasileiras Heloísa Périssé e Ingrid Guimarães. O embasamento teórico para este trabalho é fornecido, principalmente, pelos tratados da Retórica Antiga (ARISTÓTELES, 1991, 2000a, 2005; CÍCERO, 1950, 1991; QUINTILIANO, 1836), pelos estudos da Nova Retórica (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 1996; REBOUL, 1998; MEYER, 1994, 2007a, 2007b) e por obras que versam sobre a comédia (FRYE, 1973; MENDES, 2008). Finda a análise dos componentes verbais e não verbais do esquete, constata-se que a recorrência de algumas técnicas no plano da expressão, como o disfemismo, a repetição, a alusão; e a constituição do caráter ansioso e imoderado da protagonista são estratégias fundamentais na produção do efeito cômico em “A encalhada”. Além disso, verifica-se que interação entre os diferentes expedientes retóricos do esquete é capaz de incitar, no auditório, paixões eufóricas, como a confiança e a simpatia; e disfóricas, como a inveja.