37 resultados para Baixada Fluminense (RJ) Condições sociais
Resumo:
O currculo traz subjacente a si, as ideias de seu tempo, o olhar de sua sociedade para questes humanas e outras tacitamente polticas. Traz em seu escopo toda uma trama de heranas histricas e a marca pessoal daqueles que se dedicaram a sua construo. E desta forma, analisar as tramas de um currculo de matemtica muito mais que olhar uma sequncia de contedos linearmente organizados. , sobretudo, entender, que aquela construo foi tecida de forma a sustentar um corpo de ideias que diz sobre seu tempo. Esta pesquisa evidenciou o processo de elaborao e instituio do currculo mnimo pela Seeduc/RJ e trouxe questionamentos e inquietaes de naturezas cognitivas e sociais. Uma primeira inquietao concerne ao descarte de contedos do currculo anterior, que configura agora, este novo currculo. Esse processo de elaborao e instituio refletiu a inexistncia de dilogo entre os diversos segmentos sociais e profissionais do campo educacional. Interesses governamentais interferiram diretamente nos educacionais, subtraindo a democracia das aes de polticas pblicas implementadas. Ficou evidente que no houve clareza conceitual quando dessa e em contraste at mesmo com propostas nacionais e a legislao vigente. Atravs do Currculo Mnimo buscou-se unificar toda a rede de ensino da Seeduc/RJ, dentro de uma perspectiva academicista limitada, desconsiderando as especificidades locais e de cada grupo. Desta forma, foi desconsiderada a dialtica educacional e a retrica da matemtica enquanto disciplina acadmica, que uma forma particular da relao social. O processo institudo evidencia uma viso de professores passivos e alunos considerados mnimos.
Resumo:
Este estudo foi elaborado a partir da proposta de fortalecimento das relaes comunitrias entre a Universidade Federal do Esprito Santo e as comunidades jongueiras e caxambuzeiras. Destina-se a apresentar a pesquisa realizada em territrios negros sob a inspirao do Jongo e do Caxambu, reconhecidos como Patrimnio Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (Iphan). A pesquisa foi desenvolvida no norte do Estado do Esprito Santo e tem como recurso analtico e conceitual estudos sobre etnicidade no campo da educao. Sua proposta ampliar e constituir-se como base para a implementao da Lei n. 10.639/2003, considerando a descrio das categorias religiosidade, territorialidade, memrias, cultura negra, cultura popular e tradio, com base nas narrativas dos sujeitos. Relaciona as prticas culturais do jongo e do caxambu como elementos importantes para a reconstruo da histria do negro no Sudeste brasileiro. O tema de investigao foi construdo sob a inspirao terica dos estudos culturais referenciados em Stuart Hall (2008), Canclini (1997), Santos (2008, 2009), Certeau (2005) e na produo simblica das interpretaes sociais, das fronteiras tnicas para descrever as diferenas percebidas pelos sujeitos. Trabalhou-se basicamente propondo as mltiplas interpretaes a partir do vivido. O estudo refora a importncia das africanidades na formao de professores e a discusso do Patrimnio Imaterial do Jongo como possibilidades de saberes-fazeres no campo do currculo escolar. Os caminhos da pesquisa partem de uma base etnogrfica, conjugando a metodologia da histria oral temtica com a pesquisa participante e a pesquisa ao, interligando as memrias dos sujeitos, suas narrativas e vivncias ao fazer pedaggico no cotidiano das comunidades. Ressalta a relao intercultural e territorial que identifica jongueiros e caxambuzeiros. Os resultados da pesquisa descrevem as condições dessas prticas, da visibilidade das polticas culturais, da produo das identidades jongueiras no norte do Estado do Esprito Santo, sob o ponto de vista dos sujeitos elencados.
Resumo:
Muitos alimentos so conhecidos apenas em alguns grupos humanos, por diversas razes. Outros, entretanto, tornaram-se praticamente universais, sendo conhecidos e apreciados em quase todas as sociedades humanas com condições econmicas que permitam sua incluso no mbito do comrcio internacional. Um deles, em especial, est no foco de interesse da presente investigao. No se trata de alimento relevante para a composio dos hbitos alimentares cotidianos em qualquer grupo humano, mas que ocupa posio privilegiada em termos de preferncia em diferentes lugares do mundo: o chocolate. O presente trabalho buscou conhecer e analisar fatores que influenciam o consumo de chocolate de um conjunto de pessoas e as modalidades de explicao ou justificao que apresentam para o seu padro de consumo e para o tipo de interesse que tm pelo chocolate. Para a coleta de dados foi utilizado um questionrio com 62 questes fechadas e 1 questo aberta - que utilizou a tcnica da evocao. Participaram 313 homens e mulheres, a maioria na faixa etria entre 16 e 25 anos. Foram exploradas variveis como situao scio-econmica, peso corporal, estado de sade, frequncia e quantidade de chocolate consumido, preferncia em relao ao consumo de alimentos em geral, alm de terem sido verificadas quais situaes os participantes admitem estarem associadas a variaes no padro de consumo de chocolate, tendo sido includas tanto situaes estressantes quanto relaxantes. Foram abordados tambm alguns pontos considerados controversos a respeito do consumo de chocolate, que so objeto de interesse cientfico e merecem grande ateno dos meios de comunicao. Houve interesse especial na discusso das diferenas encontradas quando os padres de consumo de homens e mulheres so comparados. Ficou evidente, no grupo de participantes, que a influncia de muitos dos aspectos considerados sobre o consumo do chocolate no se processam de forma idntica sobre homens e mulheres. Confirma-se a grande difuso cultural da ideia de que mulheres comem mais chocolate que homens e que a seleo de alimentos feminina mais sensvel a fatores associados a variaes de estados afetivos, o que pode ter papel na discusso de dependncias e transtornos alimentares. Em consonncia com a literatura sobre comportamento alimentar, os dados apoiam a proposio de que insuficiente considerar apenas fatores culturais ou biolgicos, de maneira isolada, para explicar os motivos que levam ao consumo de determinados alimentos.
Resumo:
Objetivo: Investigar a avaliao de mes de recm-nascidos pr-termo (RNPT) egressos de unidades de terapia intensiva neonatal (UTIN) quanto interao me-beb e uso de chupeta nos primeiros dois anos. Mtodo: O planejamento do estudo longitudinal foi baseado na Teoria Bioecolgica do Desenvolvimento Humano, com foco nos processos proximais (PP), utilizando entrevistas gravadas com 62 mes de RNPT no contexto da UTIN e 33 aos seis, 12, 18 e 24 meses de idade do beb, considerando Grupo-A (chupeta) e Grupo-B (no usou chupeta). Resultados: A vivncia em UTIN foi considerada evento impactante na vida das mes, mas expectativas futuras para a relao me-beb foram positivas. A tentativa de oferta da chupeta foi 96,2% e seu uso aos seis meses foi 50% (n=52), significativamente associado com prematuridade pela relao peso/idade-gestacional (p-valor=0,044), dificuldades para estabelecer aleitamento materno exclusivo (AME) (p=0,012) e primiparidade (p=0,02). Apresentaram relao com menor frequncia de chupeta: AME 3 meses (p=0,026) e tempo de aleitamento materno 6 meses. A chupeta configurou-se como uma das representaes sociais sobre objetos de beb, elaboradas pelas participantes aos 12 meses de idade do beb. Caractersticas de temperamento calmo/tranquilo da me foram mais frequentes no Grupo-A e o temperamento nervoso/agitado/irritado no Grupo-B (p-valor=0,041). No Grupo-A predominou o temperamento do beb calmo/fcil-de-cuidar/independente, enquanto no Grupo-B as caractersticas de temperamento agitado/bagunceiro/teimoso/agressivo (p-valor=0,026), associado tambm necessidade de vrias tentativas de oferta da chupeta (p-valor=0,006). No Grupo-A, o nmero de pessoas para apoio social foi uma ou duas (77,8%), enquanto no Grupo-B foram trs a sete (66,7%), p-valor=0,001. A contribuio da chupeta como auxiliar nos PP foi indiferente para mes que controlavam o hbito, enquanto o uso irrestrito facilitava a resoluo do choro, liberando a me para outras tarefas, atuando como limitador dos PP. A anlise da evoluo e complexidade dos PP demonstrou no haver interferncia pelo uso da chupeta, tendo sido mais efetivos quando as mes tinham maior escolaridade e nas classes econmicas A e B. Concluso: Aspectos culturais influenciaram na oferta da chupeta, mas sua aceitao ocorreu principalmente em RNPT pequeno para idade gestacional, diante das dificuldades para AME, menor extenso do apoio social e temperamento do beb calmo/fcil-de-cuidar/independente, tambm associado aceitao mais fcil da chupeta. O uso irrestrito da chupeta demonstrou atuar como limitador dos processos proximais.
Resumo:
A intensa atividade humana devasta grandes extenses de florestas nativas, seja para expanso da agricultura seja para suprir a crescente demanda do mercado por madeira, de uma forma ou de outra os pequenos fragmentos florestais remanescentes sofrem constantes presses antrpicas, contudo, o uso de espcies arbreas adaptadas pode contribuir para a proteo desses recursos naturais. Buscou-se neste estudo avaliar os padres fenolgicos de 109 espcies florestais arbreas pertencentes a 37 famlias e 82 gneros, dentre nativas e exticas, com nove anos de idade, para diferenciar as mais adaptadas e com potencial de serem utilizadas em programas de reflorestamento. O estudo foi realizado na Fazenda Experimental do Incaper, em Jucuruaba, municpio de Viana-ES, (UTM E-345524, N- 7741039). Foram realizadas anlises qumicas do solo na rea plantada e os dados climatolgicos obtidos na estao meteorolgica de Viana. O estudo baseou-se na observao do nmero de plantas sobreviventes de cada espcie e da avaliao do seu crescimento. Foram realizadas observaes das fenofases de brotao, senescncia de folhas, florao e frutificao. As avaliaes fenolgicas foram realizadas em intervalos mensais, no perodo de novembro de 2012 a outubro de 2013. Realizou-se a medio da altura das rvores, dimetro altura do peito (DAP), ndice de enfolhamento, taxa de sobrevivncia e clculo do ICC (ndice Combinado de Crescimento), bem como a determinao das espcies mais adaptadas. Das 109 espcies estudadas, 64,22% apresentaram adaptao funcional e estrutural s condições de solo e clima da regio experimental, 42,22 % floresceram e frutificaram e 90% apresentaram senescncia e brotao acompanhando a sazonalidade climtica. Vinte e nove espcies apresentaram ICC maior do que o ICC mdio. A maioria das espcies destacou-se como alternativa para recuperao da cobertura vegetal local, com destaque para Inga uruguensis e Schizolobium amazonicum. As anlises de fluorescncia da clorofila revelaram que o aparato fotossinttico da Schizolobium amazonicum foi capaz de proteg-la da fotoinibio e promover boa converso da energia luminosa em fotoqumica.
Resumo:
Organizadores: Joo Fragoso; Manolo Florentino; Antonio Carlos Juc de Sampaio; Adriana Pereira Campos
Resumo:
A luminosidade desponta como um dos fatores abiticos de maior importncia no estabelecimento das plantas, podendo ocasionar alteraes a nvel fisiolgico e anatmico, interferindo diretamente no desenvolvimento das mesmas e consequentemente, sua produtividade. O cacaueiro (Theobroma cacao Malvaceae) possui grande interesse econmico devido utilizao de suas sementes para produo de manteiga de cacau e chocolate. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi comparar caractersticas fisiolgicas e anatmicas de dois gentipos de cacaueiro (PH 16 e IPIRANGA 01), submetidos a diferentes condições de radiao solar de modo a inferir a respeito das condições de luminosidade mais favorveis ao desenvolvimento dos mesmos. Foram realizadas anlises de crescimento, teor de pigmentos, trocas gasosas e anatmicas caulinares e foliares. O delineamento experimental foi em Blocos casualizados (DBC), com 4 repeties em arranjo fatorial 2 x 5, constitudo de dois gentipos e 5 nveis de luminosidade (0% - pleno sol -, 18%, 30%, 50% e 80% de sombreamento), totalizando 40 parcelas com 10 plantas cada. Os dados obtidos foram submetidos anlise de varincia e regresso. Os resultados de crescimento indicam maior adaptao, de ambos os gentipos, em condições de irradincia alta a moderada. O ndice de qualidade de Dickson demonstrou maior capacidade de sobrevivncia em condições de campo a nveis altos de irradincia para o gentipo PH 16 e a nveis de irradincia moderada para IPIRANGA 01. Os teores de pigmentos fotossintetizantes de IPIRANGA 01 mostram-se mais elevados na condio de 30% de sombreamento, enquanto que, para PH 16 os maiores teores foram observados em 50% de sombreamento. Ambos os gentipos demonstraram altas taxas de A, Ci, E, A/E, A/Gs e A/Ci, sob elevadas irradincias, assim como adaptaes anatmicas caulinares e foliares a maiores luminosidades, tais como, maior espessamento do limbo foliar, parnquima palidico, esponjoso, limbo foliar, epiderme adaxial e densidade estomtica, alm de maior densidade e frequncia de elementos de vaso e espessura do xilema secundrio. Os gentipos PH 16 e IPIRANGA 01 apresentaram uma grande plasticidade em relao aos diferentes nveis de irradincia, no entanto, constatou-se que PH 16 apresentou melhor desempenho sob condições de alta irradincia, como as obtidas nos tratamentos a pleno sol e 18% de sombreamento, enquanto que, IPIRANGA 01 mostrou-se mais adaptado sob sombreamento moderado, a 30% de sombra.
Resumo:
Esta dissertao volta-se para a investigao da modernizao da cidade de Vitria durante a passagem do sculo XIX ao XX. Trata-se, especificamente, da tentativa de compreender a modernizao de Vitria no seu contedo arcaico, no sentido de, no conjunto das estratgias do poder, preservarem-se interesses de estruturas sociais anteriores, para um novo contexto econmico e sociopoltico. O referencial terico de anlise pressups apreender a cidade (seu espao construdo) articulada estrutura econmica, enquanto condições urbanas necessrias reproduo do capital. Para tal efeito, foi necessrio compreender as implicaes da metamorfose da riqueza, representada anteriormente pela propriedade do escravo e transferida para a propriedade da terra. Nessa tarefa, investigamos a hegemonia dos interesses da instncia mercantil-exportadora do capital que dominou o aparelho de Estado e dirigiu o processo. A interferncia dessa frao do capital no processo foi compreendida a partir da estruturao do poder no Esprito Santo processada na reorganizao das bases da produo de caf na transio do trabalho escravo para o livre. Atravs da modernizao da cidade, foram criadas novas alternativas de valorizao do capital por intermdio da construo da cidade (habitaes, edifcios pblicos, infraestrutura e servios urbanos). Contudo, no se verificou de forma significativa desdobramento do excedente acumulado na esfera do comrcio em atividades produtivas modernas (multiplicadoras da riqueza). Nesse processo, surge a perspectiva de a valorizao da propriedade imobiliria como expresso do desenvolvimento das condições gerais da produo e da reproduo do trabalho possibilitar rendas futuras crescentes ao capital. O que indica uma urbanizao fundamentalmente dominada pelos interesses mercantil-exportadores e patrimonialistas, revelando um forte trao de atraso da modernizao da cidade em seu papel de centro comercial da economia regional.
Resumo:
O Patrimnio Cultural da Sade consiste nos bens materiais e imateriais que expressam o processo da sade individual e coletiva nas suas dimenses cientfica, histrica e cultural. Com a insero do Brasil, atravs da COC-Fiocruz e do Ministrio da Sade, na Rede Latino-americana de Patrimnio Cultural da Sade, iniciou-se o incentivo ao estudo da histria da medicina e da arquitetura hospitalar, buscando tambm a proteo e a salvaguarda da memria das edificaes hospitalares histricas. O sculo XIX foi marcado pela construo de vrias edificaes voltadas para o controle e recluso dos pobres, essas instituies eram: a Casa de Correo, a Santa Casa da Misericrdia, o Hospcio de Pedro II, o Asilo da Mendicidade e as Instituies de acolhimento de Menores. Dessas edificaes destacam-se a Santa Casa da Misericrdia, o Hospcio de Pedro II e o Asilo da Mendicidade que formam o Patrimnio Arquitetnico da Sade tombado em nvel federal. O Hospital da Santa Casa da Misericrdia foi construdo em 1840-1852 sob os modernos preceitos da medicina do sculo XIX. A edificao at hoje mantm o uso hospitalar e apresenta um estado de conservao bom em seu exterior. Porm as condições internas foram consideradas ruins devido falta de salubridade e higiene nos ambientes. O Hospital da Santa Casa um Hospital de Referncia, realiza atendimentos ambulatoriais, cirrgicos e de internao. O Hospcio de Pedro II foi criado para atender exclusivamente os alienados do Imprio. O estilo neoclssico e a monumentalidade da edificao o fizeram ser reconhecido como Palcio dos Loucos. O hospcio funcionou at 1944 e quatro anos depois a edificao foi cedida Universidade do Brasil, que adaptou sua arquitetura ao uso educacional. A edificao apresenta estado de conservao regular, com exceo da rea central composta pela Capela que est ruim, devido ao incndio de 2011. O Palcio dos Loucos tornou-se Palcio Universitrio, modificando sua identidade atravs das mudanas que foram feitas em sua arquitetura. O Asilo da Mendicidade foi criado em 1876 para fechar o pentgono asilar. A edificao panptica buscava a efetiva observao e controle dos internos. A edificao funcionou como Asilo para mendigos at 1920, quando transformou-se em Hospital de So Francisco de Assis. Posteriormente o hospital seria transferido para a Universidade do Brasil, que funcionou como hospital escola at 1978. O Hospital foi desativado e ficou sem uso por dez anos, quando enfim voltou a funcionar como um estabelecimento destinado aos mais pobres. O conjunto da edificao o que apresenta o pior estado de conservao, considerado de ruim a pssimo. Comprovou-se com essa pesquisa que o mais importante para a preservao das caractersticas arquitetnicas e artsticas do bem a manuteno do uso, seja ele qual for. Os novos usos devem ser adequados tambm s caractersticas e capacidade da arquitetura em questo. Atravs de reformas e planos adequados, os hospitais oitocentistas, que hoje se apresentam como Patrimnio Arquitetnico da Sade, podem manter um uso similar para o qual foi construdo, como uma edificao voltada promoo da sade da populao.
Resumo:
Estudos realizados no campo das masculinidades mostraram que a adeso e identificao de determinados grupos a um conjunto de regras e comportamentos que definem o ser homem implicava em adoecimento e submisso a um regime que supostamente lhes oferece vantagens e poder. Compreender como diferentes grupos constituem-se em relao diviso social sexual torna-se relevante principalmente se considerarmos sujeitos que fogem ao padro que define modos de ser homem e ser mulher. Esta tese objetivou investigar as representaes sociais de masculinidades e de amor de sujeitos com identidades de gnero e orientaes sexuais diversas, especificamente: identificar e analisar representaes sociais de masculinidade e amor de travestis, homens gays e homens heterossexuais; apreender experincias de preconceito e discriminao vividas em funo da identidade de gnero e orientaes sexuais. A pesquisa foi realizada em duas etapas: entrevistas semiestruturadas com 21 travestis; aplicao de questionrios com questes abertas e fechadas em 52 homens gays, 40 homens heterossexuais e 39 travestis. Os dados coletados na primeira etapa foram submetidos aos procedimentos da anlise de contedo categorial temtica. O tratamento dos dados coletados na segunda etapa foi realizado atravs do software ALCESTE. Os homens heterossexuais representam a masculinidade a partir de uma perspectiva evolutiva, ancorada no discurso biolgico e cientfico que descarta as influncias da cultura na constituio dos sexos e identidades de gnero. Nos homens gays encontramos aproximaes das representaes dos sujeitos ao modelo da masculinidade hegemnica fortemente identificada imagem do homem heterossexual, bem como elementos que ora apresentam aproximaes, ora distanciamentos desse padro. As travestis tambm utilizam elementos da ideia de masculinidade hegemnica para construo desta representao, objetivando-a na construo do modelo do homem forte e viril, sobre o qual no se identificam mas direcionam seu desejo. Os trs grupos representam o amor como elemento estranho masculinidade, posto que este objeto que pertence feminilidade. O amor distancia-se da construo da representao social de masculinidade de homens heterossexuais, elemento estranho e conflituoso s representaes dos homens gays e valor que corresponde a uma tica para o grupo de travestis. Nesse contexto, as experincias de preconceito e discriminao pouco modificam a elaborao das representaes de heterossexuais; influenciam fortemente a construo da imagem de homem e mulher por onde homens gays e travestis alimentam suas identificaes. Conclumos apostando na defesa da emergncia de prticas e identidades sexo-diversas como artifcios potentes desestabilizao do padro da dominao masculina para determinao de sexos e identidades.
Resumo:
Os mtodos de anlise de estruturas de conteno de solo reforado sob condições de trabalho, em geral, desconsideram a contribuio da face para o equilbrio da estrutura. Visando estudar a influncia do peso especfico da face e das propriedades relacionadas rigidez da mesma sobre o desempenho das estruturas de solo reforado, so realizadas simulaes numricas de diversas estruturas, utilizando a verso de dupla preciso do programa CRISP92-SC. Avalia-se, tambm, o emprego de diferentes tipos de elementos para a representao da face. Verifica-se que a face rgida impe reduo significativa das solicitaes mximas de trao nos reforos e dos deslocamentos das estruturas de solo reforado. A influncia do peso especfico da face sobre a estabilidade interna dos macios reforados mostrase desprezvel e constata-se que a rigidez flexo e a rigidez axial da face, funo da sua geometria e do seu mdulo de Young, so parmetros influentes no comportamento das estruturas de conteno de solo reforado. As variaes da trao no reforo e da resultante de fora cortante na face, em decorrncia do enrijecimento da face, so analisadas e prope-se uma relao entre elas. Quanto forma de representao de uma face com rigidez expressiva, na simulao de uma estrutura de solo reforado com o CRISP92-SC, observado que a representao da face, seja por elementos de viga, seja por elementos quadrilteros, no altera os resultados da anlise.
Resumo:
Analisa as representaes de estudantes da Universidade Federal do Esprito Santo (Ufes) sobre o sistema de reserva de vagas (cotas) e sobre os estudantes cotistas. Desenvolve a anlise a partir dos seguintes objetivos especficos: identificar os fatores que contribuem para a formao e a reformulao das representaes sociais no que diz respeito ao ser estudante universitrio; verificar se existem discrepncias nas representaes de cada grupo em relao aos itens abordados; caracterizar os componentes que constituem o sentimento de pertena ao grupo estudantes universitrios e compreender como se desenvolvem as relaes intra e inter grupos entre os estudantes cotistas e no cotistas da Ufes. Utiliza como metodologia estudo de caso nico, com mltiplas unidades de anlise, posto que participaram estudantes de diferentes cursos e centros de ensino. Realiza a coleta de dados por meio de entrevista em profundidade por ser consagrada para este tipo de pesquisa. O nmero de entrevistados baseou-se no critrio de saturao. A sistematizao dos dados se deu a partir da anlise de contedo das entrevistas utilizando a Teoria das Representaes Sociais. As categorias de anlise foram criadas a partir de dois aspectos, os objetivos da pesquisa e as falas dos estudantes. Observa que o acolhimento dos estudantes cotistas bem como, do sistema de reserva de vagas, se deu inicialmente por meio da comparao entre as condições de concorrncia no vestibular entre estudantes oriundos de escolas pblicas e particulares; que o sentimento de pertena ao grupo estudantes universitrios se concretiza mais em relao aos fazeres prprios da universidade do que em relao a qualquer outra condio vivida pelos estudantes, inclusive o ser ou no cotista. Aponta para novos temas a serem discutidos e modos de esclarecer os estudantes de escolas secundrias pblicas sobre seus direitos em relao ao cumprimento da Lei n 12.711, de 2012 que estabeleceu a reserva de vagas nas Instituies de Ensino Superior pblicas no Brasil.
Resumo:
O estudo teve por objetivo investigar, a partir de duas instituies de ensino superior pertencentes ao grupo Kroton no Esprito Santo, o impacto das mudanas trazidas para o trabalho docente decorrente do processo de insero da educao superior na Bolsa de Valores. Essas instituies so a Faculdade Pitgoras de Guarapari e a Faculdade Pitgoras de Linhares. At 2007, juridicamente, essas instituies eram sociedades limitadas e no pertenciam ao grupo Kroton. Eram conhecidas como Faculdades Integradas Padre Anchieta de Guarapari (Fipag) e Faculdade de Cincias Aplicadas Sagrado Corao (Unilinhares), respectivamente. Em 2008, a Kroton adquire essas duas faculdades e comea a oper-las a partir da marca Pitgoras. Portanto, esta pesquisa consiste em um estudo de caso das unidades Pitgoras localizadas no Estado do Esprito Santo. Busca compreender, fundamentada em entrevista semiestruturada com 12 professores e ex-professores, como eram a organizao e as condições do trabalho docente antes de essas instituies serem adquiridas pela Kroton e o que mudou aps sua aquisio. Para a realizao da anlise terica, a pesquisa se apoiou em Karl Marx, Franois Chesnais e Dermeval Saviani. Ao final, a hiptese de que, aps a aquisio da Fipag e da Unilinhares pela Kroton, houve uma intensificao da explorao do trabalho docente e uma reduo da autonomia do professor no que concerne s atividades de planejamento e ensino foi confirmada: pelo excessivo acrscimo de trabalho (Termo e Aula Estruturada); pela diversidade de disciplinas a que o professor esteve sujeito a ministrar; pelo regime de tenso que balizou a organizao do trabalho (aumento das demisses); pela excluso da participao do professor na escolha do referencial terico e metodolgico. Em parte, esses aspectos so fruto da combinao do taylorismo com a governana corporativa e atuaram de forma a reduzir a participao do professor nas atividades ligadas ao planejamento e ensino, reforando, com isso, as relaes sociais de dominao inerentes ao trabalho alienado.
Resumo:
O Sistema nico de Sade (SUS) pode ser considerado uma das maiores conquistas sociais consagradas na Constituio de 1988, representando a materializao de uma nova concepo acerca da sade no Brasil. As diretrizes do SUS so importantes instrumentos indutores de mudanas e modernizao da gesto, incluindo aspectos relativos organizao da assistncia, como sua humanizao e tambm a busca de maiores nveis de desempenho e responsabilidade institucional para com os resultados alcanados. Diversos autores tem se debruado sobre o tema gesto, porm, qual o modelo de gesto que conseguiria combinar um papel ativo, de liderana e de coordenao para gestores com autonomia? Este estudo objetiva analisar a prtica da gesto nos servios de sade do municpio de Itapemirim/ES, buscando compreender as mltiplas e complexas dimenses que orientam essa prtica, tendo como principal fonte as entrevistas de seus gestores. O municpio adota uma poltica de gesto participativa na sade com vrias instncias formais e pratica um investimento em sade acima do preconizado pela Constituio Federal o que permite um investimento em estruturao e oferta de servios pblicos. Do ponto de vista metodolgico, o estudo adota a abordagem qualitativa atravs de entrevistas semiestruturadas, focalizando a gesto como um mundo social e expresso dos processos presentes nas organizaes e que atravessam os relatos coletados. Foram entrevistados trs gestores, sendo esses, Secretrio Municipal de Sade, Diretora da Ateno Primria em Sade e Coordenadora de Estratgia Sade da Famlia do municpio de Itapemirim. A anlise do material emprico teve como um de seus eixos o estudo do percurso profissional dos gestores, especialmente os processos que os levaram funo de gesto. A contingncia marca essas trajetrias que se desenrolam em um contexto em que, em alguns dos casos, percebe-se que no existe qualquer exigncia quanto formao de gesto. Outro eixo abordado so as prticas de gesto onde so examinados os sentidos que o exerccio da funo de gestor tem para os sujeitos, como tambm as suas estratgias de trabalho, planejamento e ferramentas de uso. O exame das prticas de gesto norteia-se pela anlise das possibilidades e limites para desencadear processos de mudana. Os depoimentos apontam as caractersticas dessas experincias de gesto, que procuram construir condições para processos de mudana, seja atravs das experincias anteriores desses gestores ou das estratgias de trabalho e do sistema de gesto articulado que procuram desenvolver. Os projetos profissionais dos gestores entrevistadas vo claramente se definindo no mbito da gesto: se veem, no mais como profissionais de sua rea de formao original (enfermeiro, farmacutico ou cirurgio dentista), mas acima de tudo como gestores, alimentados pelo reconhecimento de suas capacidades de mobilizao e de desenvolvimento de mudanas relativas a outras realizaes no campo da gesto.
Resumo:
A pesquisa desta tese investiga as mediaes das categorias de raa e de classe social no processo de implementao do modelo de cotas sociais da Ufes para ingresso nos cursos de graduao, entre 2006 a 2012, como parte das aes afirmativas dessa universidade. Tal modelo, para incluir a populao afro-brasileira no ensino superior do Esprito Santo, respeitou estritamente os critrios de renda e de origem escolar pblica, no adotando o critrio tnico-racial que contemplaria especificamente os negros e os indgenas. Diante disso, o autor busca sustentar a tese de que, considerando o padro das relaes raciais brasileiras produtor de assimetrias entre grupos com marcas raciais distintas, no caso de negros e brancos, as desigualdades raciais tm na operacionalizao do racismo seu mote ofensivo e poderoso, ao mesmo tempo em que a classe social isolada insuficiente na compreenso e superao do problema racial do Brasil. Portanto, na adoo de polticas de combate s desigualdades raciais no ensino superior, caberia tambm a utilizao de medidas etnicamente referenciadas. Autores como Hall (2008) e Fraser (2006), ao trazerem a dimenso articulada e bifocal das injustias simblicas e das injustias econmicas, permitem entender a complementaridade e as dinmicas entre ambas, deslocando-se de determinismos classistas que invisibilizam o racismo como instrumento opressor nas relaes sociais. Como objetivos especficos, considera: compreender o processo de construo do modelo de cotas da Ufes, para ingresso nos cursos de graduao implementado em 2008, sob a perspectiva do debate da relao entre raa e classe; examinar as polticas de aes afirmativas como respostas s demandas histricas dos afro-brasileiros no contexto da sociedade brasileira; avaliar a posio de professores e alunos de cursos de graduao da Ufes diante do ingresso de alunos cotistas, sobretudo afro-brasileiros e pobres; e investigar a relao das polticas classistas, no caso especfico das cotas sociais, na superao das assimetrias raciais. Adota como procedimentos metodolgicos a metodologia dialtica de pesquisa considerando todas as contradies entre raa e classe no processo de implementao de aes afirmativas na Ufes. Como instrumentos de pesquisa, utiliza entrevistas de professores e alunos cotistas e no cotistas de cursos variados da universidade, assim como documentos referentes temtica. Os resultados apontam para uma oxigenao da universidade depois de uma entrada maior de negros e pobres, principalmente nos cursos mais elitizados, pois as cotas operam uma dimenso pedaggica de ampliar a diversidade social na academia, trazendo outras demandas, outras 10 afetividades, outras lgicas de mundo e concepes de sociedade para a nica universidade pblica do Esprito Santo. Indica que os mecanismos discriminatrios e estigmatizantes interpessoais e institucionais, vividos no contexto das cotas sociais e explcitos na pesquisa, no inviabilizam a importncia das aes afirmativas, pois apontam para a universidade repensar e ressignificar seus currculos e aes pedaggicas homogeneizantes no sentido de ampliar a ideia de incluso e de democratizao de seus espaos. Reitera que a raa, em seu vis poltico e cultural, operante de forma relacional e independente com a classe social no contexto da produo das assimetrias raciais brasileiras, de maneira que a ao de uma no nega a ao da outra, mesmo na relao entre ambas. Enfatiza a importncia do entendimento e da materialidade das aes afirmativas como polticas de reconhecimento que combateriam as desigualdades simblicas na Ufes. Aponta a relevncia das polticas de assistncia estudantil, conjugadas s cotas, como polticas de redistribuio econmica, que lidariam com as dificuldades ou ausncias materiais dos discentes, principalmente dos cotistas. Conclui que as cotas tnico-raciais nas universidades brasileiras so instrumentos legtimos de luta pela educao, um direito social de oportunidade dos grupos historicamente apartados de princpios constituidores da emancipao, da cidadania, dos direitos humanos, da justia social, da igualdade e da diferena.