2 resultados para Literatura e Currículo de Ensino Fundamental. Curitiba. Norbert Elias
em Repositório Institucional da Universidade de Aveiro - Portugal
Resumo:
A diversidade, complexidade e imprevisibilidade que caracterizam a sociedade actual exigem da Escola uma articulao eficaz entre as aprendizagens e a realidade sociocultural dos alunos, de modo a promover a formao de cidados instrudos, competentes, crticos e aptos para aprender a aprender ao longo da vida. Neste sentido, crucial contextualizar e gerir o currículo, adequando-o multiplicidade e idiossincrasias dos alunos e seus contextos, assegurando-lhes aprendizagens funcionais e de qualidade. A implementao do processo de Reorganizao Curricular do Ensino Bsico, consubstanciado atravs da promulgao do Decreto-Lei n. 6/2001, de 18 de Janeiro, ambiciona(va) melhorar a eficcia de resposta da escola ao seu mandato social, atribuindo a esta a centralidade na reconceptualizao do currículo nacional em funo dos contextos com que trabalha. Para tal, a auto-implicao, a negociao e a colaborao so pressupostos indispensveis a um processo de gesto curricular centrado na escola e operacionalizado no contexto das suas diferentes estruturas. Nesta perspectiva, estruturas de gesto curricular intermdia como o conselho de turma e o departamento curricular, assumem particular nfase na promoo e desenvolvimento de prticas de colaborao docente fulcrais a processos de gesto curricular. Assim, analisar e aprofundar conhecimento sobre condies facilitadoras, bem como factores de dificultao, do desenvolvimento de prticas de colaborao docente no contexto das referidas estruturas, identificadas na sequncia da implementao da orientao de poltica curricular traduzida no referido decreto-lei constituiu o principal objectivo subjacente a este estudo. Procurou-se relacionar esta anlise com dimenses de cultura profissional e organizacional, que a literatura e a investigao revistas documentam como factores relevantes na transformao de prticas curriculares. O presente estudo decorreu em dois momentos: o primeiro, no ano lectivo de 2006/2007, assumiu uma natureza predominantemente quantitativa, privilegiando-se como tcnica de recolha de dados o inqurito por questionrio aplicado 2718 professores que se encontravam a leccionar Cincias da Natureza, Cincias Naturais ou Cincias Fsico-Qumicas na rede de escolas pblicas com 2 e 3 Ciclos da Direco Regional de Educao do Norte (DREN) e do Centro de rea Educativa (CAE) de Aveiro, o qual foi complementado com a realizao de uma entrevista semi-estruturada a seis professores de Cincias Fsicas e Naturais; o segundo momento, realizado no ano lectivo de 2007/2008, adoptou uma metodologia de investigao, essencialmente, qualitativa estudo de caso desenvolvido numa escola bsica com 2 e 3 ciclos com doze professores pertencentes a um conselho de turma e com oito professores de Cincias Fsicas e Naturais afectos ao departamento curricular de Matemtica e Cincias Experimentais. Este momento caracterizou-se pela: i) realizao de dois percursos formativos, um com professores do conselho de turma e outro com os professores de Cincias Fsicas e Naturais; ii) observao de reunies de trabalho em contexto das estruturas supramencionadas; iii) planificao, implementao e avaliao de uma aula em regime de co-docncia, abordando uma temtica na perspectiva Cincia, Tecnologia e Sociedade e iv) realizao de entrevistas a todos os professores participantes, aos Presidentes do Conselho Executivo e do Conselho Pedaggico e Coordenadora do Departamento Curricular de Matemtica e Cincias Experimentais. O sistema de anlise de dados utilizado visou a compreenso das dinmicas de trabalho docente desenvolvidas no processo de gesto curricular no contexto das estruturas de gesto intermdia em anlise. Neste sentido, privilegiaram-se a anlise estatstica e de contedo como tcnicas de tratamento dos dados. Os resultados deste estudo apontam para a prevalncia de uma cultura docente fortemente individualizada, balcanizada e burocratizada, facto que restringe o desenvolvimento de prticas de gesto curricular e de dinmicas de trabalho docente sustentadas e adequadas ao contexto e necessidades especficas dos alunos. Sugerem, igualmente, que o desenvolvimento de prticas de colaborao docente no consequncia directa da deciso espontnea e voluntarismo dos professores ou de uma imposio externa no assumida pelos mesmos, mas sim de uma convergncia de factores de responsabilizao, reconhecimento da utilidade e eficcia da colaborao, e incentivo organizacional que se revelaram pouco significativos no estudo em causa. Por outro lado, indiciam que uma efectiva colaborao docente implica transformaes no plano das culturas, que no decorrem dos normativos, e potenciada por processos de negociao, onde os diferentes actores educativos partilham responsabilidades e uma autonomia cimentada numa viso colectiva e integradora do projecto educativo e curricular da escola. No sentido de contribuir para a consolidao do conhecimento no domnio em estudo, consideramos necessria a realizao de outras investigaes centradas no mesmo objecto de estudo, mas desenvolvidas em outros contextos escolares.
Resumo:
A reorganizao curricular do Ensino Bsico de 2001 representou uma mudana de paradigma: uma aposta na flexibilidade, na integrao e na autonomia. Uma das principais inovaes desta reforma foi a criao de reas curriculares no disciplinares, entre elas a Formao Cvica. Uma dcada volvida qual o impacto desta deciso? Estudos anteriores revelaram o uso administrativo e burocrtico da Formao Cvica, ao servio do Diretor de Turma e das suas responsabilidades de gesto da turma e resoluo de conflitos. Num cenrio de defraudamento das expetativas iniciais depositadas neste domnio no disciplinar e convencidos que estvamos da importncia de potenciar espaos reais de promoo da Cidadania nas escolas desencademos um estudo de modelizao dupla investigao-formao que nos permitisse compreender qual o papel da formao de professores neste domnio e os respetivos limites e potencialidades da Formao Cvica. Com base no pressuposto de que a ao de qualquer professor em contexto de sala de aula depende do conhecimento profissional que possui acerca de um determinado domnio curricular e reconhecendo a ausncia de mecanismos de formao especfica para a concretizao dos tempos letivos de Formao Cvica, estruturmos o nosso trabalho com o intuito de contribuir para a construo de conhecimento sobre a natureza da formao de professores em Formao Cvica. Realizado no contexto da formao contnua de professores, o presente estudo desenvolveu-se em duas etapas fundamentais que se foram interligando entre momentos de investigao, reflexo, formao, recolha e anlise de dados. A abordagem metodolgica que se delineou para todas as fases assumiu um cariz qualitativo e crtico-interpretativo. Numa primeira fase, realizmos um estudo exploratrio que nos permitiu identificar concees, prticas e contextos no domnio da Formao Cvica. Selecionmos uma escola no distrito de Aveiro e entrevistmos 10 professores do 3. CEB, coordenao e direo da escola, analismos documentos oficiais e observmos aulas. Conclumos que a operacionalizao da Formao Cvica est refm de um conjunto de condicionalismos, entre eles: a ausncia de orientaes curriculares; a sobreposio de funes do Diretor de Turma; o no reconhecimento das funes pedaggicas de uma rea no disciplinar; a ausncia de preparao cientfica e pedaggica dos professores responsveis por este tempo letivo. A segunda fase do estudo contemplou a conceo, desenvolvimento, implementao e avaliao de um percurso formativo projetado com base nos resultados do estudo exploratrio e da reviso da literatura realizada para o efeito. O percurso formativo, desenvolvido na modalidade de Oficina de Formao (OF), envolveu e alicerou-se no potencial das tecnologias (participao numa comunidade online; criao de blogues; desenvolvimento de recursos digitais) e envolveu sete professores. Dos professores participantes na OF, foram analisados em detalhe o percurso formativo de trs professoras de diferentes escolas do ensino bsico e com diferentes nveis de experincia letiva em Formao Cvica. A realizao deste percurso formativo permitiu-nos: i) identificar processos de reconstruo do conceito de cidadania e do lugar da Formao Cvica; ii) identificar uma viso mais alargada e transformadora da Formao Cvica ao invs de abordagens restritas de cariz administrativo; ii) analisar a importncia da partilha de experincias, do feedback, do suporte e da reflexo no processo formativo para o desenvolvimento das prticas pedaggico-didticas; iv) conceptualizar o conhecimento profissional docente associado Formao Cvica. Consideramos que este estudo contribui para a necessria reflexo sobre o espao e o papel da Educao para a Cidadania no sistema educativo Portugus, assim como para o debate da afirmao da Formao Cvica (com esta ou outra designao mas necessariamente com novos contornos), em particular no currículo do ensino bsico. Sustentamos ainda a importncia fundamental da formao contnua (de carcter ativo e reflexivo) e da construo partilhada do conhecimento para o desenvolvimento profissional dos professores de Formao Cvica, necessrio para dar resposta aos desafios da Educao para a Cidadania.