2 resultados para Individuality
em Repositório Institucional da Universidade de Aveiro - Portugal
Resumo:
Este estudo centrou-se num Curso de Licenciatura em Enfermagem e teve como objetivo compreender a influência da relação supervisiva no desenvolvimento da identidade profissional dos estudantes. Os eixos estruturantes que suportam esta investigação e que concorrem para a definição do seu objeto de estudo articulam-se em torno da relação supervisiva, do desenvolvimento de competências profissionais e do desenvolvimento da identidade pessoal e profissional em contexto clínico. A formação desenvolvida através da prática clínica destina-se a preparar indivíduos de acordo com a atual realidade socioprofissional, onde os sujeitos, independentemente da singularidade de cada um, desenvolvem saberes adquiridos em sala de aula. Quando comparada com o espaço escolar, a aprendizagem em contexto clínico é condicionada por fatores que se caraterizam por maior imprevisibilidade e obriga frequentemente o estudante a confrontar-se com situações únicas e impares. A identidade dos estudantes torna-se assim construída e vivida a partir de um conjunto de dimensões que ocorrem no decurso das vivências clínicas. Metodologicamente optou-se por um estudo etnográfico no âmbito do paradigma qualitativo, numa abordagem longitudinal segundo a lógica do estudo de caso. A natureza dos dados a recolher englobou ainda o recurso a procedimentos de natureza quantitativa. Como técnica de recolha de dados recorremos à observação participante, entrevistas semiestruturadas e questionários. O estudo desenvolveu-se numa Escola Superior de Enfermagem da Zona Norte do país e fizeram parte da população 69 estudantes de uma turma de segundo ano, quatro tutores e um professor. O plano de estudo da referida escola está organizado de forma a que a aprendizagem dos estudantes seja progressivamente integradora de saberes interligando a componente teórica com a componente prática. Assim, os ensinos clínicos estão distribuídos entre o 2º e o 4º ano. Da análise e discussão dos dados e subsequentes conclusões ressalta que, quer a relação supervisiva, quer os contextos clínicos, foram influenciadores do desenvolvimento de competências profissionais, bem como da identidade pessoal e profissional dos estudantes. Verificamos que os dois contextos clínicos estudados – medicina e cirurgia – favoreceram o desenvolvimento de competências distintas, no entanto complementares. Tornou-se visível que, os supervisores do contexto de medicina, possuidores de uma visão holística da profissão de enfermagem, promoveram nos estudantes uma visão integradora do doente, resultante de uma contínua atitude reflexiva sobre a Pessoa Humana. Por sua vez, no contexto de cirurgia, caraterizada por intervenções mais invasivas e mais centradas no tratar, as competências mais valorizadas pelos tutores, embora que de uma forma não verbalmente assumida, foram do domínio técnicocientífico, com especial relevo pelas competências instrumentais.
Resumo:
Ao longo de todo o séc. XX, o jazz construiu um espaço alternativo às dicotomias heurísticas tradicionais, como por ex. tradição/inovação, erudito/popular, composição/improvisação, entre outras. Por entre discursos polarizados, o jazz afirmou-se como domínio musical conciliador de diferenças culturais e sociais, configurando um espaço novo de mediação, um “jazz art world” como definido pelo sociólogo Paul Lopes. Nesse espaço, a individualidade sempre assumiu enorme centralidade, em virtude do papel particularmente criativo do performer e também da sua relação elástica com os «modelos» referenciais para a performance. Assim, o jazz afigura-se um domínio privilegiado para a expressão da individualidade e, por conseguinte, para a construção e identificação de uma «identidade musical», tal como a expressão é proposta nesta tese. Para a discussão destes problemas conceptuais, esta tese recorre, como estudos de caso, a um conjunto de pianistas portugueses: António Pinho Vargas (1951-), Mário Laginha (1960-), João Paulo Esteves da Silva (1961-) e Bernardo Sassetti (1970-2012). É traçada a sua trajectória pessoal e formativa, e é apresentada uma análise da sua produção musical, com recurso à «teoria das tópicas» enquanto modelo particularmente orientado para a análise da música popular. No sentido de compreender os processos de construção das identidades musicais destes pianistas, são ainda abordadas outras temáticas, como a própria definição de «jazz», o jazz enquanto música dialógica, ou os fluxos diaspóricos do jazz (incluindo as respectivas implicações e variantes terminológicas, como “jazz diaspora”, “musical cosmopolitanism” e “glocalization”). Recorrendo a pesquisa bibliográfica, trabalho de campo (mormente a entrevista) e técnicas de análise musical, esta tese realiza uma exploração aprofundada destes tópicos e do trabalho dos músicos em particular. Desta forma, pretende oferecer um contributo para uma reflexão conceptual sobre o jazz em geral no âmbito dos jazz studies, e também para um mapeamento estilístico e identitário do jazz em Portugal.