2 resultados para Historicidade
em Biblioteca Digital da Produção Intelectual da Universidade de São Paulo
Resumo:
A proposta é uma abordagem de "Garota de Ipanema" de Jobim e Vinicius e de um poema de Safo, "Ode a Anactória" (século VII a.C.), que abriga um verso que diz, literalmente: "Esse modo de andar que desperta o desejo". E aí, aproveitando a deixa, desenvolvo um cotejo entre outros fragmentos de Safo e essa canção paradigmática da MPB, datada de 1962. Trata-se de um contraponto com 27 séculos de permeio e que - por maior que seja o cuidado em respeitar a historicidade do afeto (e não cometer anacronismos) - revela surpreendentes invariantes. Mas entre Safo e Jobim/Vinicius há Freud, ou melhor, Jensen, com a sua Gradiva - que tematiza, exatamente, o andar da mulher desejada. Por sua vez, o musicólogo Almir Chediak vê um paralelo entre o desenho melódico da partitura de "Garota de Ipanema" e as ondas do mar, no seu movimento de fluir e refluir; e no gráfico apresentado, de fato, delineia-se esse ritmo iconizado. Efetivamente, a onda, o passo ondulante, o ritmo, o tema, "o doce balanço, caminho do mar": tudo converge nessa brasileiríssima canção, que patenteia, no entanto, tão instigantes recorrências com a lírica grega arcaica.
Resumo:
O presente artigo pretende sublinhar a necessidade de se atentar para a historicidade do conceito de democracia. Para tanto, após indicar o fato de que tal conceito recobre significados díspares e, por vezes, contraditórios, contrasta-se as perspectivas de Norberto Bobbio e de Jacques Rancière para ilustrar essa equivocidade. Diante disso, é feita uma breve incursão pela história conceitual de Reinhart Koselleck para indicar que a equivocidade do conceito de democracia decorre da sedimentação que nele há de múltiplas experiências históricas. Finalmente, após essa incursão pela história conceitual são mobilizadas algumas análises atuais acerca do conceito de democracia para ressaltar sua indeterminação e complexidade.