2 resultados para Fonoaudiólogo
em Biblioteca Digital da Produção Intelectual da Universidade de São Paulo
Resumo:
Este trabalho tematiza a questão do objeto em Fonoaudiologia, discute a pretensa unidade do campo e aponta a inexorabilidade de sua divisão para a concretização de seu estatuto científico. Para fazê-lo assume a linguagem em seus processos patológicos sob a instância da clínica como seu objeto, mas indica a necessidade de se desnaturalizar a linguagem, redefinindo-a como instância simbólica de subjetivação. Isto a afasta definitivamente da Audiologia, aqui entendida como ramificação das ciências ditas biológicas, e do reducionismo a que tem sido submetida ao ser concebida apenas como prática. Por outro lado, instaura o fonoaudiólogo como clínico terapeuta, comprometido com a linguagem de seu paciente e sua cura. Reconhece, ainda, outra paternidade para a Fonoaudiologia, indicando a Lingüística e a Psicanálise - quando adotam as mesmas concepções de sujeito e de linguagem - como lugares de peculiar interesse na constituição do saber fonoaudiológico. Uma vez realocada a Fonoaudiologia terá, diante de sí, a tarefa de reconhecer a clínica como seu espaço privilegiado de problematização de questões, das quais a primeira será o enfrentamento da constituição de seu método clínico. Finalmente, alerta-se o fonoaudiólogo para a ameaça de nova dominação caso não se marque a distinção entre as formas de interpretação que identificam a clínica fonoaudiológica e a particularizam em relação à clínica psicanalítica.
Resumo:
O implante coclear (IC) tem sido indicado para crianças deficientes auditivas de grau severo e/ou profundo que não tem benefício com o aparelho de amplificação sonora individual (AASI), e que apresentem família adequada e motivada para o uso do dispositivo, bem como condições adequadas de reabilitação na cidade de origem. Atualmente, a procura pelo IC também ocorre por pais surdos, fluentes na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), que recorrem a este tratamento para oferecer outra realidade para seus filhos. O ambiente destas crianças é bilíngue, dado pela LIBRAS dos pais e pela linguagem oral dos familiares próximos, do fonoaudiólogo e da escola. Neste sentido, o presente estudo visou acompanhar quatro crianças deficientes auditivas implantadas, sendo duas crianças filhas de pais deficientes auditivos fluentes na LIBRAS (expostas a ambiente bilíngue) e duas crianças filhas de pais sem alterações auditivas (expostas a ambiente oral). Para tanto, as habilidades de audição e de aquisição da linguagem oral foram comparadas nas quatro crianças implantadas. Foi possível observar que as quatro crianças apresentaram habilidades auditivas e de linguagem semelhantes ao longo do primeiro ano de uso do IC. Contudo, a partir disto, as crianças inseridas em ambiente bilíngue apresentaram melhor desempenho auditivo e linguístico, comparado ao desenvolvimento das outras crianças. As crianças inseridas em ambiente bilíngue podem se beneficiar do IC, desenvolvendo habilidades auditivas e de linguagem similares às das crianças inseridas em ambiente oral. Ressalta-se que os benefícios do dispositivo são obtidos a partir de aspectos multifatoriais, e estudos mais aprofundados são necessários.