As representações da nas primeiras sociedades camponesas do Alentejo Central (Portugal)

O Alentejo Central é detentor de um dos mais importantes conjuntos megalíticos a nível europeu. Esta importância decorre não só do elevado número de monumentos megalíticos conservados, mas também do numeroso e variado espólio progressivamente recolhido que nos permite compreender, em parte, a forma como viviam estas sociedades. Os projetos de investigação realizados nas últimas décadas em torno de alguns núcleos megalíticos alentejanos permitiu, por um lado, proceder a uma revisão e medição da orientação das antas e, por outro, compreender melhor as suas diversas e originais manifestações artísticas que se encontram profundamente marcadas por um simbolismo associado aos astros. De fato, em termos gerais, existe algum consenso sobre o simbolismo existente em torno da escolha das orientações dos monumentos megalíticos (funerários e não funerários) marcadamente associados ao Sol e/ou à Lua, ou hipoteticamente, a outras constelações. Nesta comunicação apontam-se e caracterizam-se sucintamente algumas destas orientações e as representações gráficas em espólios (cerâmicas, placas de xisto…) mais significativas e exemplificativas da importância da LUZ, na vida e nas crenças religiosas destas primeiras sociedades camponesas.

O Megalitismo no Alentejo (Portugal): as intervenções de Manuel Heleno (1931-1939) e o seu contributo para a Arqueologia portuguesa

Entre a primavera de 1931 e a primavera de 1945, Manuel Heleno, Diretor do Museu Etnológico e Professor na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, dedicou-se ao inventário e escavação de centenas de monumentos megalíticos no Alentejo Central. Apesar do volume de informação recolhido este investigador, acabou por não publicar os seus dados o que trouxe graves consequências para o estudo do megalitismo funerário alentejano. Para além de uma caracterização dos trabalhos realizados por Manuel Heleno, apresenta-se um conjunto de reflexões sobre questões relacionadas com a produção e divulgação de informação, em Arqueologia e a responsabilidade social do arqueólogo.

A new look into the archaeological materials from the Museum of Évora, Portugal – the case study of the Zambujeiro Dolmen

This paper presents the results of a multidisciplinary and multi-analytical study of the amber beads, red pigments, lithic arrowheads and selected ceramics from the Museum of Évora’s collection of the Zambujeiro Dolmen. Amber beads were studied by Attenuated Total Reflectance Fourier Transformed Infrared Spectroscopy (ATR-FTIR) and Pyrolysis coupled to Gas Chromatography and Mass Spectrometry (Py-GC/MS) to confirm their chemical nature and provenance. The red pigments, frequently found in funerary Neolithic context of the Iberian Peninsula, were studied with micro-Raman, and Scanning Electron Microscopy coupled to Energy Dispersive X-Ray Spectroscopy (SEM-EDS) to identify their chemical nature and provenance. The lithic arrowheads were analysed by portable X-Ray Fluorescence (p-XRF), micro X-Ray Diffraction (XRD), SEM-EDS, and Laser Ablation Inductively Coupled Plasma Mass Spectrometry (LA-ICP-MS). The ceramic materials were studied to infer provenance and production technology by p-XRF, XRD and SEM-EDS; ceramic contents were evaluated by GC/MS. The studies have shown that while some materials travel hundreds or thousands of kilometres to arrive to the Zambujeiro Dolmen, local materials were also used in the items selected by the communities to honour their deceased.