On the brink of madness: Leituras do tema da loucura na obra pr��-heteron��mica de Fernando Pessoa

O tema da loucura na obra pessoana tem sido objecto de v��rias aproxima����es interpretativas, decorrentes da multiplicidade de textos que fazem eco do fen��meno e da sua persist��ncia enquanto topos ao longo de praticamente toda a sua produ����o. Na sua acep����o literal, manteve constantes interfer��ncias com a dimens��o emp��rica do autor sobretudo quando sustentadas na conting��ncia de certos textos basilares, os quais t��m vindo a ser questionados quanto ao seu valor estritamente testemunhal. Como fen��meno desde cedo relacionado com a cria����o art��stica, a loucura surge neste estudo n��o apenas na representatividade da condi����o distintiva do sujeito criador mas ainda como figura����o da conting��ncia que envolve qualquer acto criativo que tome a linguagem na sua dimens��o essencialmente metaf��rica e amb��gua. Neste sentido, o presente trabalho pretende a abertura de v��rias vias de leitura do fen��meno atrav��s da an��lise crítica dos vocabul��rios relativos a diferentes ��mbitos e concep����es de loucura e a sua rela����o com o g��nio (cap��tulos I e II), focando o seu interesse no que diz respeito a alguma produ����o pessoana pr��-heteron��mica, nomeadamente Charles Robert Anon, Alexander Search (cap��tulo III) e Jean Seul de M��luret (cap��tulo IV), a que acrescentaremos o Primeiro Fausto (cap��tulo IV), de modo a conseguirmos estabelecer uma poss��vel rela����o entre as primeiras experi��ncias de alteriza����o e a descoberta simult��nea da irredutibilidade do discurso liter��rio face a tentativas de literaliza����o e de racionaliza����o da linguagem, defendidas por outros modelos (paradigma biologista). A identifica����o da ambiguidade e da ironia nas suas mais variadas acep����es como componentes essenciais da aprendizagem do valor contingente do processo de cria����o contribuir�� tanto para a defini����o da autonomiza����o da literatura como para a redescri����o moderna do sujeito criador, paradoxalmente investido do pathos criativo anunciado no Romantismo e confrontando-se com os seus limites, que corresponder��o aos da pr��pria linguagem, situa����o de crise de que a figura����o do louco l��cido ser�� um dos t��picos mais produtivos. ABSTRACT: The theme of madness in the Pessoa work has been the subject of several interpretive approaches, from the multiplicity of texts that echo the phenomenon and its persistence as a topos priority over virtually all its production. ln its physiological sense, remained constant interference with the empirical dimension of the author when sustained in the contingency of certain basic texts that have been questioned as to their strictly testimonial value. As early phenomenon associated with artistic creation, the madness in this study is not only representative in the distinctive condition of the subject creator but also as the contingency figuration involving any creative act to take the language mainly in its essential metaphorical and ambiguous dimension. Accordingly, this work intends to open several analysis manners of the phenomenon through critical analysis of vocabularies for different areas and concepts of madness and its special relationship with the genius (Chapters I and II), focusing its interest in respect to some of the previous-heteronomy Pessoa production, including Charles Robert Anon, Alexander Search (Chapter III) and Jean Seul de M��luret (Chapter IV), and the Primeiro Fausto (Chapter IV), among others, to establish a possible relationship between changing early experiences and the discovery simultaneous literary discourse of irreducibility in the face of the attempts of literacy and the rationalization of language defended by other models (biologist paradigm). The identification of the ambiguity and irony in its many different meanings as essential components of learning the contingent value of the creation process which will contribute to the definition of empowerment in the literature as to the redescription of the modem subject creator that paradoxically had the creative pathos announced in Romanticism and from the confrontation with its limits, which will correspond to the language itself, the crisis situation from which the mad-lucid figuration will be one of the most productive topics.