Reabilitação técnica/cultural (re)conhecimento, celebração e bem-estar

"Reabilitação técnica/cultural (re)conhecimento, celebração e bem-estar"

Green mitigation strategy for cultural heritage: bacterial potential for biocide production

Several biosurfactants with antagonistic activity are produced by a variety of microorganisms. Lipopeptides (LPPs) produced by some Bacillus strains, including surfactin, fengycin and iturin are synthesized nonribosomally by mega-peptide synthetase (NRPS) units and they are particularly relevant as antifungal agents. Characterisation, identification and evaluation of the potentials of several bacterial isolates were undertaken in order to establish the production of active lipopeptides against biodeteriogenic fungi from heritage assets. Analysis of the iturin operon revealed four open reading frames (ORFs) with the structural organisation of the peptide synthetases. Therefore, this work adopted a molecular procedure to access antifungal potential of LPP production by Bacillus strains in order to exploit the bioactive compounds synthesis as a green natural approach to be applied in biodegraded cultural heritage context. The results reveal that the bacterial strains with higher antifungal potential exhibit the same morphological and biochemical characteristics, belonging to the genera Bacillus. On the other hand, the higher iturinic genetic expression, for Bacillus sp. 3 and Bacillus sp. 4, is in accordance with the culture antifungal spectra. Accordingly, the adopted methodology combining antifungal screening and molecular data is represent a valuable tool for quick identification of iturin-producing strains, constituting an effective approach for confirming the selection of lipopeptides producer strains.

Creative Practices Around the Production of Cork

Cork, as a natural product provided by the bark of the cork oak tree, is an important staple of the Portuguese economy and important to Portuguese culture. It is a sustainable product with a positive ecological footprint, from harvesting to industrial production, with the advantage of creating a local economic model through regional labour activity and distribution. Within the balance between nature-human-economy to create a sustainable system, cork production in Portugal represents a human and social dimension. By focusing on that dimension and by creating an awareness of the cultural and social impact of the activity and by re-appraising the meaning of the material within the culture, the study reframes a consideration of the actual place of labour and production. The human, geophysical, historical, social, economic, ecological and cultural aspects of the place are observed as regards their relation to work or labour in that physical space. A pilot study is being developed in the village of Azaruja in the district of Évora, Portugal. In this small locality, cork is very important in terms of the relationships between the physical subsistence of their residents and the local natural resources, because it structures the place in its cultural, social and economical dimensions. This paper outlines the theoretical foundations, the process and the outcomes of the participatory ecodesign project titled Creative Practices Around the Production of Cork which was initiated by a Portuguese artist/design researcher and developed further through the collaboration with the other two authors, one a Portuguese visual artist/researcher and the other a Turkish fashion designer/theorist. The investigation focuses on questions that expand the notion of place for artists and designers, filtered through the lenses of manual labourers in order to understand their physical, social, cultural and economic relationship with the environment. To create the process of interaction with the place and the people, a creative collaborative dynamic is developed between the authors with their range of artistic sensibilities and the local population. To adopt a holistic notion of sustainability and cultural identity a process of investigation is designated to: (1) analyse, test and interpret - through the dissemination of life stories, visual representation of the place and the creation of cork objects - the importance of culture related to the labour activity of a local natural resource that determines and structures the region; (2) to give public recognition to those involved, taking into account their sense of belonging to the place and in order to show the value of their sustainable labour activities related to local natural resources; (3) to contribute to the knowledge of the place and to its dynamism through an aesthetic approach to labour activities. With reference to fields of knowledge such as anthropology, the social arts and sustainable design, a practice-based research is conducted with collaborative and participatory design methods to create an open model of interaction which involves local people in the realization of the project. Outcomes of this research will be presented in the paper as a survey analysis with theoretical conclusions.

A (re)fundação do Aqueduto da Água da Prata, em Évora 1533-37: Novos dados arqueológicos

INTRODUÇÃO: O AQUEDUTO DA ÁGUA DA PRATA, do alto do seu estatuto de monumento nacional e de maior projeto de aparato público do Renascimento português, tem exercido ao longo dos séculos um considerável fascínio sobre os que estimam o património histórico da cidade de Évora. E muitas são as razões que justificam um tal sentimento. Além das duas evocadas, talvez valha a pena arrolar a mais pueril de todas: a de que o velho aqueduto quinhentista, resistindo às vicissitudes do tempo, ainda hoje continua a cumprir a sua função original- o abastecimento de água potável e perene a Évora. E não se julgue que este aqueduto se limita à imagem iconográfica do arcaria agigantando-se à passagem da muralha medieval: uma complexa rede de nascentes e sistemas de adução, a montante, e um notável património urbano constituído, sobretudo, por fontes e chafarizes, a jusante, dão corpo a uma vasta estrutura hidráulica de captação, transporte e distribuição de água com mais de 19 km de extensão. E, este sim, é o verdadeiro monumento, tão utilitário quanto grandioso, que os antigos documentos designam, apropriadamente, por Cano Real da Agua da Prata. Naturalmente, nem todo este cano real resistiu ao tempo, sobretudo o troço rural entre S. Bento de Cástris e as nascentes do Divor, onde a estrutura hidráulica original foi edificada com evidente simplicidade de recursos. O seu avançado estado de ruína, obrigou, inclusivamente, a uma profunda reforma iniciada em 1873, de que resultou a catual configuração do Aqueduto, visível, sobretudo, entre a estrada de Arraiolos (monte das Pinas) e Metrogos. Esta reforma foi ampliada em sucessivas campanhas de beneficiação até cerca de 1930, época em que se iniciou a rede de distribuição domiciliária de água com a construção dos reservatórios de chegada, a central elevatória e o depósito elevado, marcas arquitetónicas ainda hoje bem visíveis na cidade, algumas das quais oportunamente integradas num itinerário expositivo municipal. Neste contexto, é natural que a relação afetiva comungada pela generalidade dos eborenses com este património monumental também se insinue na escrita familiar e sincera dos "eborógrafos". E muitos foram - entre nomes de diferentes épocas e desigual dimensão biográfica - os que lhe dedicaram generosas páginas de divulgação histórica4 , contributos científicos diversos, projetos de investigação arquitetónica e arqueológica, estudos de recuperação e valorização patrimonial, e até, como nos assegura Diogo Barbosa Machado, um "Tratado do Aqueducto Real da Fonte da agua da prata dedicado ao Senado da Cidade de Évora, em cujo Cartorio fe guarda" (MACHADO, 1741: 72), obra assinada pelo vereador (1605-1606) e Provedor do Cano, Agostinho de Moura Peçanha, e da qual parece não restar memória nos nossos arquivos. Diga-se, a propósito, que este acentuado interesse público pelo aqueduto de Évora, em especial nos últimos anos, tem sublinhado a importância da dinamização e rentabilização do seu enorme potencial turístico, lúdico e cultural, sendo bom exemplo a recente criação do "Percurso Ambiental da Água da Prata", por iniciativa camarária. Em muitos destes aspetos nos revemos tributários, quando não devedores. Talvez por isso nos sentimos tentados, desde há vários anos, a avançar no estudo e salvaguarda deste importante património local. Vontade adiada, diga-se, sobretudo pela manifesta falta de disponibilidade para levar a cabo um projeto de investigação, coerente e consequente, no mínimo tocado por algum ensaio de novidade. Contudo, em 2007, circunstâncias várias levaram-nos a interessar definitivamente pelo tema. Uma das que mais terá pesado resultou da leitura do um artigo publicado na revista Monumentos com o título "o sistema hidráulico quinhentista da cidade de Évora". Nele, os seus reputados autores sentenciavam a inexistência de um aqueduto romano anterior à obra quinhentista por mera impossibilidade técnica, afirmando-o com tal segurança que nem sentiram necessidade de esboçar a mais leve argumentação topográfica em defesa da sua tese. Dito assim, ficámos a imaginar se valeria o esforço tentar reabilitar alguma vez o tema do aqueduto romano. Em boa hora o decidimos fazer. E partimos do princípio de que a interpretação dos factos devia ser feita por cuidadosa recolha de prova que a diligência (não raras vezes a ventura) permitisse carrear com sucesso. E sendo correta esta premissa, a sua oportunidade ganhou mais força com a materialização de resultados concretos a compulsar toda a bibliografia para confronto de dúvidas e incoerências; a recolher indícios de estruturas e materiais arqueológicos; a esmiuçar a toponímia e a cartografia; a rever os locais-chave uma e outra vez; a seguir pistas abandonadas; a filtrar informação variada no mesmo crivo da dúvida; a entusiasmar gente da historiografia local a acreditar na viabilidade de hipóteses. Foi, justamente, esta a metodologia adotada ao decidirmo-nos pelo tema do Aqueduto. E, ao segui-la, julgamos ter logrado alcançar, além de um lastro de legitimidade científica, as bases conceptuais de um projeto de investigação consistente e coerente onde muito ajudou a imediata estudaram a hidráulica em Évora. ...