4 resultados para CLIMA MEDITERRÂNICO
em Repositório Científico da Universidade de Évora - Portugal
Resumo:
A pegada hídrica de uma cultura representa o volume de água necessário para produzir, relacionando as necessidades hídricas da cultura com a produção. As suas componentes, pegadas hídricas azul, verde e cinzenta, referem-se respectivamente aos volumes de água superficial e subterrânea, precipitação e de água necessária para assimilar a poluição utilizados pela cultura. A determinação das pegadas hídricas azul e verde é normalmente conseguida através da estimativa da evapotranspiração cultural, aplicando coeficientes culturais a uma evapotranspiração de referência, calculada a partir de dados meteorológicos. No presente estudo foram utilizadas medições da evapotranspiração para estimar a pegada hídrica de um olival super-intensivo na região de Évora. As necessidades hídricas foram medidas utilizando um método de fluxo de seiva para determinar a transpiração e o método micrometeorológico das flutuações instantâneas para medir directamente a evapotranspiração. Esta técnica foi utilizada durante um período de tempo limitado, enquanto as medições do fluxo de seiva, que foram efectuadas para períodos alargados, permitiram a extensão dos registos. A evapotranspiração medida directamente apresentou valores de cerca de 3 mm d-1 e o quociente entre evapotranspiração real e evapotranspiração de referência é próximo de 0,6 para o mesmo período. Comparou-se a estimativa da pegada hídrica obtida com o procedimento habitual com a resultante de medições in-situ e utilizando técnicas de deteção remota. A pegada hídrica do olival sob estudo foi inferior às simulações encontradas na literatura, o que pode ser explicado por diferenças na densidade de plantação, produção e gestão da rega. O olival em estudo obteve uma produção elevada, com um azeite que preencheu as características essenciais à classificação de azeite extra virgem, o mais valorizado, o que contraria o efeito do elevado consumo de água, resultando numa pegada hídrica inferior à de olivais não regados ou com menor densidade de plantação.
Resumo:
O presente estudo teve como objetivo a caracterização de variações anátomo-fisiológicas que decorrem do processo de aclimatação sazonal em bovinos leiteiros com alto (Altas) e baixo (Baixas) potencial leiteiro, com vista a selecionar animais que conciliem bons desempenhos produtivos e índices de adaptabilidade que possibilitem a mudança de homeostase face às condições climáticas presentes no clima mediterrânico. O estudo foi realizado numa herdade comercial, situada no Alentejo, utilizando 13 vacas multíparas (6 Baixas e 7 Altas), durante três períodos: P1 (animais aclimatados ao verão; presença de stresse térmico); P2 (animais aclimatados ao verão; termoneutralidade); P3 (animais aclimatados ao inverno; termoneutralidade). Em stresse térmico (P1), verificaram-se maiores esforços termolíticos e maiores armazenamentos de calor no grupo das Altas. Observou-se também que a produção de leite das Altas foi afetada pelo stresse térmico, evidênciando uma redução 24-48h após os valores de temperatura retal mais elevados. Nesta situação, as Baixas apresentaram uma variação na produção oposta à das Altas. Em P1, os valores de proteína e de gordura no leite foram significativamente mais baixos que em P3, em ambos os grupos. A ureia no leite foi significativamente mais elevada nas Altas durante o P1, revelando potencial como biomarcador de stresse térmico. Do P1 para o P3 obser-vou-se uma redução gradual do hematócrito, da hemoglobina e da triiodotironina (T3). As Altas apresentaram uma maior redução de triiodotironina (T3) que as Baixas, como consequência de uma maior intensidade de aclimatação. Nos pelos não se registaram diferenças entre os períodos, o que contrasta com alguma bibliografia. Porém, a ausência da insolação direta poderá ter sido um fator determinante; ABSTRACT: The main objective of the present study was the characterization of anatomical and physiological variations that occur in the seasonal acclimatization process of dairy cows with high (Altas) and low (Baixas) milk yield potential. In this way it should be possible to do a selection of animals with good productive traits and also with adaptability indexes that allow a change in homeostasis to cope with the climatic conditions of the mediterranean climate. Meteorological, clinical, productive, physiological and anatomical data were collected. The study was conducted in an Alentejo's dairy farm, using 13 multiparous cows (6 with low milk yield and 7 with high milk yield), during three periods: P1 (animals acclimated to summer, in heat stress); P2 (animals acclimated to summer, thermoneutrality); P3 (animals acclimated to winter; thermoneutrality). In thermal stress (P1), the high milk yield group (Altas) shown greater thermolytic efforts and also higher heat storage. The milk yield in this group was also affected by heat stress, showing a decrease in production when the rectal temperature increased, with a delay of 24-42 hours. In this situation the Baixas group showed an opposite milk production variation. In P1, the protein and fat milk content was lower than in P3, in both groups. Milk urea levels were significantly higher during P1 in the Altas group, revealing potential as an heat stress biomarker. Hematocrit, hemoglobin and triiodothyronine (T3) values gradualy decreased from P1 to P3. T3 values were lower in Altas than in Baixas group, as a consequence of a more intense acclimatization. The hair analysis didn’t show the standard seasonal acclimatization process, indicating the absence of direct solar radiation as a determinant factor.
Resumo:
A paisagem e o clima são dois elementos essenciais para o desenvolvimento do turismo em muitas regiões. Por outro lado, podem constituir fortes elementos de atracção turística e, também, funcionam como atributos especiais para a promoção turística de uma cidade ou vila. Em muitos casos, a paisagem e o clima influem no processo de decisão do turista sobre o destino que pretende visitar. É no clima e na exuberância da paisagem que se encontra um dos maiores atractivos turísticos da Ilha da Madeira. Por isso, tanto a paisagem como o clima são recursos de grande valor na consolidação da oferta turística. O presente artigo pretende analisar a importância da paisagem e do clima na promoção do destino Madeira.
Resumo:
A circulação atmosférica é fortemente influenciada pela superfície da Terra, reflectindo a estrutura espacial da orografia, das massas de água e da cobertura do solo. As heterogeneidades observadas na superfície do planeta são uma das razões da existência de energia disponível, a partir da qual se pode manter um ciclo de conversões de Energia e Entropia, que estão na base da circulação observada. Não quer isto dizer, no entanto, que qualquer alteração significativa e permanente da superfície se traduza necessariamente numa correspondente alteração climática. Na verdade, existem certos condicionamentos dinâmicos que favorecem o efeito das grandes e médias escalas horizontais, de tal modo que uma alteração intensa mas localizada no espaço pode ter um efeito desprezável, enquanto uma outra alteração mais ténue mas extensa pode ser muito mais significativa. O conceito de escala tem por isso um papel central na Meteorologia. Convencionalmente fala-se em quatro escalas distintas na dinâmica da Atmosfera - a Escala Planetária (dezenas de milhares de km), a Escala Sinóptica (milhares de km), a Mesoscala (dezenas de km) e a Microscala - verificando-se que as duas escalas intermédias têm um papel fundamental na definição do clima observado em cada local. Na latitude de Portugal, em particular, observa-se que os regimes de circulação médios e a precipitação são em grande medida condicionados pela escala sinóptica, especialmente no período de Inverno, em que ocorre a maior parte da precipitação sob a forma de precipitação frontal. No entanto é também bem conhecida a influência de circulações de mesoscala no estabelecimento de diferenciação climática entre locais relativamente próximos. Por outro lado, o valor local de diversos parâmetros atmosféricos é muitas vezes fortemente condicionado por condições que ocorrem numa escala horizontal ainda mais pequena, influenciando por exemplo a exposição ao Sol ou ao Vento com consequências, por vezes significativas, em termos de Temperatura. O empreendimento do Alqueva, dada a natureza das alterações introduzidas e a sua extensão horizontal, implicará com certeza alterações microclimáticas e poderá implicar alterações na circulação de mesoscala da região envolvente. Na verdade, é aparentemente um dos poucos empreendimentos localizados capaz de ter efeito à escala regional, em termos climáticos.