1 resultado para atitudes de adolescentes
em Repositório Científico da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
Resumo:
Introdução: Estimativas recentes apontam para que cerca de 20% das crianças e adolescentes sejam afetados por problemas de saúde mental com expressão antes dos 18 anos de idade. Esta suscetibilidade dos adolescentes está associada a uma forte relutância e a atrasos na procura de ajuda profissional que podem não só agravar o problema, como comprometer o seu potencial de desenvolvimento em todas as áreas (Loureiro, 2013; Jorm, 2014). A intenção de procura de ajuda em saúde mental é uma variável importante, sendo determinada por fatores individuais (e.g. crenças pessoais, normas de género internalizadas, estratégias de coping, autoeficácia, resiliência, estigma) e sociais (e.g. acessibilidade e apoio social) que influenciam as atitudes da pessoa no sentido da procura ou evitamento da ajuda (Rosa, Loureiro e Sousa, 2014). Objetivos: Avaliar o efeito da idade, género e tipo de perturbação na intenção de procurar ajuda em saúde mental. Metodologia: Estudo quantitativo de nível II, descritivo e correlacional. Utilizou-se uma amostra de 757 adolescentes (59,8% raparigas e 40,2% rapazes), com idades compreendidas entre os 10 e os 18 anos (média = 14,33, DP = 2,19). A colheita de dados foi realizada entre maio e junho de 2014, utilizando-se como instrumento a Mental Health Literacy Scale (MentaHLiS). Realizou-se análise descritiva e para a comparação entre os grupos recorreu-se ao teste qui-quadrado. Resultados: Os resultados revelam uma associação com significado estatístico entre a intenção de procurar ajuda e as variáveis 'tipo de perturbação' (p = 0,029) e 'idade' (p < 0,001). No que respeita ao tipo de perturbação, a intenção de procurar ajuda surge associada sobretudo à depressão e ao abuso de álcool. Relativamente à idade, são os mais jovens (10-14 anos) que revelam uma maior intenção em procurar ajuda. O género não apresenta um efeito estatisticamente significativo (p = 0,817). Conclusões: Os resultados permitem-nos concluir, contrariamente ao que acontece com outros estudos, que o género dos adolescentes não é uma variável associada à intenção de procurar ajuda. Por outro lado, reforçam a ideia de que existem múltiplos determinantes que contribuem para os trajetos no processo de procura de ajuda, sendo o tipo de perturbação e a idade, dois fatores que, apesar de pouco estudados, deverão ser considerados.