2 resultados para Trânsito - Congestionamento - São Paulo

em Repositorio Académico de la Universidad Nacional de Costa Rica


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A atividade profissional dos motoboys é um fenômeno urbano – especialmente, das grandes cidades brasileiras – bastante recente e cada vez mais integrada à paisagem urbana de São Paulo. Devido ao seu rápido e exponencial crescimento, aliado à dinâmica e a natureza de sua atividade profissional – que se vale de uma motocicleta para realizar entregas e coletas rápidas de mercadorias e documentos dos mais diversos –, que os motoboys passam a ser alvos certos e constantes nas mais diversas controvérsias no trânsito paulistano. É neste sentido que se enseja desmistificar o surgimento dessa atividade profissional para além de um sentido de espontaneidade, como também, problematizar o foco de sua dinâmica ligado aos conflitos no trânsito. Assim, esta atividade profissional que se traduz como produto e necessidade de um contexto histórico de fin de siècle, revela parte das transformações sócio-espaciais na cidade de São Paulo na transição do século XX para o XXI, encarnando dois pólos de um mesmo problema a partir da nova condição da cidade e do mundo do trabalho, denotando novos usos e intensidade de circulação no espaço urbano, bem como, elevando em outro patamar os conflitos e acidentes no trânsito paulistano.

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Os espaços de desindustrialização objetos da pesquisa mostram o movimento de passagem de lugares produzidos no processo de industrialização para lugares de expansão do mercado imobiliário. Estamos diante da produção de novas centralidades em lugares já constituídos da cidade, transformando a paisagem e a vida social desses lugares. Essa incorporação dos espaços de desindustrialização pelas atividades mais dinâmicas da economia produz uma transformação radical dos lugares, produzindo uma valorização do espaço, que induz um aprofundamento da segregação sócio-espacial na cidade, pois destitui os próprios moradores de seus lugares habituais de sociabilidade e mobiliza as classes empobrecidas para lugares distantes do centro, mais desprovidos de infra-estrutura. Por outro lado, a vida proposta pelos novos equipamentos que se instalam nos lugares (condomínios verticais fechados e espaços de consumo voltados para classes com maior poder de consumo) se fecham à cidade, colocando a auto-segregação como uma solução dos problemas urbanos (violência, trânsito, falta de espaços de lazer, falta de espaços verdes, etc.), naturalizando a segregação. Nossa reflexão sobre a reestruturação de espaços de desindustrialização nos coloca diante da necessidade de pensar a orientação do processo de produção do espaço hoje, implicando uma preocupação sobre a vida urbana concreta dos habitantes da cidade.