4 resultados para Leishmaniose visceral Teses
em Biblioteca de Teses e Dissertações da USP
Resumo:
Introduo: A leishmaniose visceral (LV) um importante problema de sade pblica no Brasil, com cerca 3000 mil casos notificados anualmente. Nos ltimos anos, a LV tem ampliado sua distribuio em vrios estados do pas, associada principalmente aos processos socioambientais, antrpicos e migratrios. A LV causada pela infeco com Leishmania infantum chagasi, transmitida, principalmente, por Lutzomyia longipalpis (Diptera: Psychodidae). Este flebotomneo apresenta ampla distribuio nas Amricas, todavia, evidncias sugerem que se constitui em um complexo de espcies crpticas. A dinmica de transmisso da LV modulada por fatores ecolgicos locais que influenciam a interao entre populaes do patgeno, do vetor e dos hospedeiros vertebrados. Portanto, o estudo das variveis associadas a esta interao pode contribuir para elucidar aspectos dos elos epidemiolgicos e contribuir para a tomada de decises em sade pblica. Objetivo: Avaliar parmetros relacionados capacidade vetorial da populao de Lu. longipalpis presente em rea urbana do municpio de Panorama, estado de So Paulo. Mtodos: Foram realizadas capturas mensais durante 48 meses para avaliar a distribuio espao-temporal de Lu. longipalpis e investigar a circulao de Le. i. chagasi. Tambm foram realizados os seguintes experimentos com o vetor: captura-marcao-soltura-recaptura para estimar a sobrevida da populao e a durao do seu ciclo gonotrfico, a atratividade dos hospedeiros mais frequentes em reas urbanas, a proporo de repasto em co, infeco experimental e competncia vetorial. Resultados: Observou-se que no municpio de Panorama, Lu. longipalpis apresentou as frequncias mais elevadas na estao chuvosa (entre outubro e maro), maior densidade em reas com presena de vegetao e criao de animais domsticos, locais aonde tambm foi demonstrada a circulao natural de espcimes de Lu. longipalpis infectados com Le. i. chagasi. Alm disto, foi corroborado que a populao de Lu. longipalpis apresentou hbito hematofgico ecltico, altas taxas de sobrevivncia e que foi competente para transmitir o agente da LV. Nos experimentos de laboratrio foi evidenciada a heterogeneidade na infeco de fmeas de Lu. longipalpis desafiadas a se alimentarem em ces comprovadamente infectados por L. i. chagasi e o rpido desenvolvimento do parasita neste vetor natural. Concluses. As observaes do presente estudo corroboram a capacidade vetora de Lu. longipalpis para transmitir a Le. i. chagasi e ressaltam a importncia da espcie na transmisso do agente etiolgico da LV. Aes de manejo ambiental, educao e promoo sade so recomendadas s autoridades municipais para diminuir o risco potencial de infeco na populao humana e canina, considerando-se o elevado potencial vetor de Lu. longipalpis e a presena de condies que favorecem a interao dos componentes da trade epidemiolgica da LV.
Resumo:
INTRODUO: Leishmaniose visceral (LV) uma doena negligenciada que afeta milhes de pessoas no mundo e que constitui um grave problema de sade pblica. OBJETIVOS: Descrever no tempo e no espao, a disperso de Lutzomyia longipalpis e a expanso da LV no estado de So Paulo (SP); identificar fatores associados a estes processos. MTODOS: Foram realizados estudos descritivos, ecolgicos e de anlise de sobrevida. Informaes sobre o vetor e os casos foram obtidas na Superintendncia de Controle de Endemias e no Sistema de Informaes de Agravos de Notificao para o perodo de 1997 a 2014. A rea de estudo foi composta pelos 645 municpios de SP. Foram produzidos mapas temticos e de fluxo e calcularam-se incidncia, mortalidade e letalidade por LV em humanos (LVH). Utilizou-se a tcnica de anlise de sobrevida (Curvas de Kaplan-Meier e Regresso de Cox) para a identificao de fatores associados disperso do vetor e expanso da LV. RESULTADOS: A partir da deteco de Lu. longipalpis em Araatuba em 1997, deram-se a ocorrncia do primeiro caso canino (LVC) (1998) e o primeiro caso humano (LVH) autctones (1999) em SP. At 2014, foi detectada a presena do vetor em 173 (26,8 por cento ) municpios, LVC em 108 (16,7 por cento ) e LVH em 84 (13 por cento ). A expanso dos trs fenmenos ocorreu no sentido noroeste para sudeste e se deram a velocidades constantes. Na regio de So Jos do Rio Preto, a disperso do vetor deu-se por vizinhana com municpios anteriormente infestados, a expanso da LV relacionou-se com os municpios sede das microrregies e a doena ocorreu com maior intensidade nas reas perifricas dos municpios. A presena da Rodovia Marechal Rondon e a divisa com o Mato Grosso do Sul foram fatores associados ocorrncia dos trs eventos, assim como a presena da Rodovia Euclides da Cunha para presena do vetor e casos caninos, e, presena de presdios para casos humanos. CONCLUSES: A disperso do vetor e da LV em SP iniciou-se, a partir de 1997, prximo divisa com o estado do Mato Grosso do Sul, avanou no sentido noroeste para sudeste, na trajetria da rodovia Marechal Rondon, e ocorreu em progresso aritmtica, com as sedes das microrregies de SP tendo papel preponderante neste processo. A ocorrncia autctone de LVC e LVH iniciou-se na sequncia da deteco de Lu. longipalpis em Araatuba e de seu espalhamento por SP e no a partir dos locais onde anteriormente ele j estava presente. O uso da anlise de sobrevida permitiu identificar fatores associados disperso do vetor e a expanso da LV. Os resultados deste estudo podem ser teis para aprimorar as atividades de vigilncia e controle da LV, no sentido de retardar sua expanso e/ou de mitigar seus efeitos, quando de sua ocorrncia.
Resumo:
A leishmaniose visceral uma zoonose de grande importncia para a sade pblica, com ampla distribuio geogrfica e epidemiologia complexa. Apesar de diversas estratgias de controle, a doena continua se expandindo, tendo o co como principal reservatrio. Levando em considerao que anlises espaciais so teis para compreender melhor a dinmica da doena, avaliar fatores de risco e complementar os programas de preveno e controle, o presente estudo teve como objetivo caracterizar a distribuio da leishmaniose visceral canina e relacionar sua dinmica com caractersticas ou feies espaciais no municpio de Panorama (SP). A partir de dados secundrios coletados em um inqurito sorolgico entre agosto de 2012 e janeiro de 2013, 986 ces foram classificados como positivos e negativos de acordo com o protocolo oficial do Ministrio da Sade. Posteriormente uma anlise espacial foi conduzida, compreendendo desde a visualizao dos dados at a elaborao de um mapa de risco relativo, passando por anlises de cluster global (funo K) e local (varredura espacial). Para avaliar uma possvel relao entre o cluster detectado com a vegetao na rea de estudo, calculou-se o ndice de Vegetao por Diferena Normalizada (NDVI). A prevalncia da doena encontrada na populao de ces estudada foi de 20,3% (200/986). A visualizao espacial demonstrou que tanto animais positivos quanto negativos estavam distribudos por toda a rea de estudo. O mapa de intensidade dos animais positivos apontou duas localidades de possveis clusters, quando comparado ao mapa de intensidade dos animais negativos. As anlises de cluster confirmaram a presena de um aglomerado e um cluster foi detectado na regio central do municpio, com um risco relativo de 2,63 (p=0,01). A variao espacial do risco relativo na rea de estudo foi mapeada e tambm identificou a mesma regio como rea significativa de alto risco (p<0,05). No foram observadas diferenas no padro de vegetao comparando as reas interna e externa ao cluster. Sendo assim, novos estudos devem ser realizados com o intuito de compreender outros fatores de risco que possam ter levado ocorrncia do cluster descrito. A prevalncia, a localizao do cluster espacial e o mapa de risco relativo fornecem subsdios para direcionamento de esforos do Setor de Vigilncia Epidemiolgica de Panorama para reas de alto risco, o que pode poupar recursos e aperfeioar o controle da leishmaniose visceral no municpio.
Resumo:
O diagnstico da leishmaniose tegumentar (LT) baseia-se em critrios clnicos e epidemiolgicos podendo ser confirmado por exames laboratoriais de rotina como a pesquisa direta do parasito por microscopia e a intradermorreao de Montenegro. Atualmente, os mtodos moleculares, principalmente a reao da cadeia da polimerase (PCR), tm sido considerados para aplicao em amostras clnicas, devido a sua alta sensibilidade e especificidade. Este trabalho teve como objetivo a padronizao e validao das tcnicas de PCR-RFLP com diferentes iniciadores (kDNA, its1, hsp70 e prp1), visando o diagnstico e a identificao das espcies de Leishmania presentes em amostras de DNA provenientes de leses de pele ou mucosa de 140 pacientes com suspeita de leishmaniose tegumentar. Para tal, realizamos ensaios de: 1) sensibilidade das PCRs com os diferentes iniciadores, 2) especificidade dos ensaios utilizando DNAs de diferentes espcies de referncia de Leishmania, de tripanossomatdeos inferiores e de fungos, 3) validao das tcnicas de PCR-RFLP com os iniciadores estudados em amostras de DNA de leses de pele ou mucosas de pacientes com LT. Os resultados dos ensaios de limiar de deteco das PCR (sensibilidade) mostraram que os quatro iniciadores do estudo foram capazes de detectar o DNA do parasito, porm em quantidades distintas: at 500 fg com os iniciadores para kDNA e its1, at 400 fg com hsp70 e at 5 ng com prp1. Quanto especificidade dos iniciadores, no houve amplificao dos DNAs fngicos. Por outro lado, nos ensaios com os iniciadores para kDNA e hsp70, verificamos amplificao do fragmento esperado em amostras de DNA de tripanossomatdeos. Nos ensaios com its1 e prp1, o padro de amplificao com os DNAs de tripanossomatdeos foi diferente do apresentado pelas espcies de Leishmania. Verificou-se nos ensaios de validao que o PCR-kDNA detectou o parasito em todas as 140 amostras de DNA de pacientes e, assim, foi utilizado como critrio de incluso das amostras. A PCR-its1 apresentou menor sensibilidade, mesmo aps a reamplificao com o mesmo iniciador (85,7% ou 120/140 amostras). Para os ensaios da PCR-hsp70, as amostras de DNA foram amplificadas com Repli G, para obter uma sensibilidade de 68,4% (89/140 amostras). A PCR-prp1 no detectou o parasito em amostras de DNA dos pacientes. Quanto aos ensaios para a identificao da espcie presente na leso, a PCR-kDNA-RFLP-HaeIII e a PCR-its1- RFLP-HaeIII permitem a distino de L. (L.) amazonensis das outras espcies pertencentes ao subgnero Viannia. A PCR-hsp70-RFLP-HaeIII-BstUI, apesar de potencialmente ser capaz de identificar as seis espcies de Leishmania analisadas, quando utilizada na avaliao das amostras humanas permitiu apenas a identificao de L. (V.) braziliensis. No entanto, uma tcnica com vrias etapas e de difcil execuo, o que pode inviabilizar o seu uso rotineiro em centros de referncia em diagnsticos. Assim, recomendamos o uso dessa metodologia apenas em locais onde vrias espcies de Leishmania sejam endmicas. Finalmente, os resultados indicam que o kDNA-PCR devido alta sensibilidade apresentada e facilidade de execuo pode ser empregada como exame de rotina nos centros de referncia, permitindo a confirmao ou excluso da LT.