2 resultados para Vistos

em Repositório Aberto da Universidade Aberta de Portugal


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Neste trabalho apresenta-se o resultado das escavações realizadas respectivamente em 1998 e em 2001 nos núcleos de menires de Lavajo I e de Lavajo II, distanciados cerca de 250 m na direcção NNE e separados pelo pequeno vale do Lavajo. Os locais, actualmente, são intervisíveis, graças à implantação destacada no terreno: Lavajo I situa-se no topo de colina enquanto Lavajo II ocupa a linha de festo de uma encosta, conferindo ao local visibilidade tanto do lado sul como do lado norte. O conjunto de Lavajo I é constituído actualmente por três monólitos, todos de grauvaque: um, quase inteiro, de tendência fálica, é actualmente o maior menir de grauvaque conhecido em território português, atingindo o comprimento máximo de 3,14 m; outro, quase completo, fragmentado em três grandes blocos, possui formato estelar; o restante apresenta-se muito incompleto, dele se conservando apenas uma lasca da sua face frontal. É crível, no entanto, que pudessem existir mais monólitos, tendo em conta os abundantes fragmentos de grauvaque ali observados, quase todos com fracturas frescas. Todos os menires de Lavajo I se apresentam decorados, com destaque para o maior deles, o qual exibe complexa decoração estreitamente relacionada com a morfologia do suporte lítico. Apenas para este foi possível determinar o local de implantação, correspondente a um alvéolo de planta circular e fundo aplanado, parcialmente danificado pelos trabalhos realizados em 1994, que conduziram ao seu reerguimento, infelizmente feito de forma pouco cuidada e incorrecta, visto ter sido colocado no terreno em posição invertida. Seja como for, na zona culminante daquele pequeno cabeço, implantaram-se três menires decorados, os quais não podem ser vistos isoladamente, já que se articulariam directamente com o conjunto de Lavajo II, que se avista ao longe, do outro lado do pequeno vale do Lavajo e na linha de festo da encosta, da qual ocupa a parte média. Neste segundo local, identificaram-se quatro estelas-menir não decoradas, todas de grauvaque, das quais apenas uma, representada por fragmento de pequenas dimensões, se encontrava in situ. Foi, no entanto, possível reconstituir a posição relativa das restantes, através da escavação integral do respectivo alvéolo, correspondente a rasgo alongado, orientado Este-Oeste, aberto no substrato geológico, constituído por xistos do Carbónico Superior finamente folheados. Deste modo, é de concluir que as estelas menir se dispunham em linha, constituindo um painel lítico contínuo. No interior do alvéolo, recolheram-se diversos artefactos ali ritualmente depositados aquando da fundação do monumento, cuja tipologia indica o Neolítico Final, cronologia aliás compatível com a do conjunto megalítico de Lavajo I, tendo presente a iconografia patente nos menires. Muito embora não se conheça ainda suficientemente o padrão de povoamento da região no Neolítico Final, estes dois núcleos megalíticos podem ser interpretados como marcadores de territórios e/ou de espaços sagrados, sendo de destacar a existência, durante todo o ano, de água nas proximidades imediatas, recurso escasso e precioso, que propiciaria a horticultura. Por outro lado, a natureza das matérias-primas utilizadas na confecção dos artefactos encontrados (sílex, anfibolito), para além de outros materiais de circulação transregional muito mais alargada (fibrolite), evidencia a forte interacção destas populações tanto com o interior do Baixo Alentejo (Zona de Ossa/Morena), como com o litoral algarvio ou andaluz, compatível com estádio de desenvolvimento económico do final do Neolítico do sul peninsular. Numa vasta região, correspondente a todo o sotavento algarvio, onde o megalitismo não funerário era até agora totalmente desconhecido, os testemunhos ora estudados constituem, doravante, uma das expressões mais interessantes e significativas do Sudoeste peninsular.

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Vivemos uma era em que os distintos pontos geográficos do globo se tornaram mais próximos em virtude do estreitamento proporcionado pelo profundo avanço tecnológico dos meios de transporte, mas também pela evolução vertiginosa das novas tecnologias de comunicação que têm permitido fazer com que eventos ocorridos numa determinada região do planeta sejam vistos num outro ponto geográfico, com diferença de apenas algumas horas ou mesmo em tempo real. Graças a esse avanço tecnológico e ao consequente desenvolvimento do processo comercial de transmissão e receção de sinal de televisão por satélite e/ou por cabo, a par do veloz fluxo de informação, são também disponibilizados aos recetores conteúdos de entretenimento que refletem práticas culturais com características marcadamente identitárias, de outras sociedades. Considerando que determinadas condicionantes históricas e económicas do mundo não possibilitam um fluxo bidirecional dos referidos produtos televisivos e o facto de as empresas prestadoras destes serviços se dedicarem exclusivamente à venda de produtos, cujos conteúdos retratam práticas culturais de determinados países (em melhores condições de desenvolvimento económico e tecnológico) existe a possibilidade de se estar diante de um processo de difusão cultural e de aculturação de que são alvo os cidadãos dos países recetores dos referidos conteúdos. Este trabalho pretende efetuar uma análise do impacto das telenovelas brasileiras no comportamento dos luandenses, baseando-se numa pesquisa desenvolvida nos sete municípios da Província de Luanda. Os resultados da pesquisa revelam a presença de componentes culturais brasileiras em práticas sociais dos luandenses há várias gerações e mostram o papel transformador que as telenovelas brasileiras continuam a desempenhar nesta sociedade. A ausência nos canais de televisão locais de mensagens e imagens das representações endógenas favorece a apropriação de práticas culturais exógenas emitidas pelas produções brasileiras e a sua ressignificação no quotidiano local.