44 resultados para Arqueologia Marítima


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Esta obra trata da sucessão cultural registada na Estremadura portuguesa desde a emergência das sociedades complexas do Calcolítico até à chegada dos Romanos, correspondendo a um lapso de tempo entre os finais do IV milénio e os finais do século II a.C. Embora corresponda apenas a intervalo temporal de aproximadamente três mil anos, é o que, no registo material da nossa Pré-História e Proto-História, se afigura mais rico e diversificado de informação, com o desenvolvimento e fixação de regionalismos culturais, que na Estremadura cunharam identidades próprias, as quais persistiram nalguns casos até época recente, no quotidiano dos seus habitantes. A percepção geral desta evolução, bem como as suas determinantes, é o primeiro, e talvez mais importante objectivo desta obra, a par de outros a seguir enunciados: – a génese dos povoados fortificados calcolíticos, em resultado da crescente intensificação económica e da especialização das produções – a Revolução dos Produtos Secundários (RPS), que decorreu ao longo de boa parte do III milénio a.C. – a par do crescimento demográfico, que determinou, por seu turno, a competição inter-grupos, com a consequente necessidade de fortificação; – a monumentalização / fortificação de alguns dos sítios habitados como expressão da coesão social da respectiva comunidade, acompanhada da emergência de diferenciações inter e intra-comunitárias, indício de diferenciação social, em crescente afirmação, decorrente do processo de desenvolvimento económico complexo, característico do Calcolítico; – as arquitecturas defensivas do III milénio a.C., como expressão pública indissociável da monumentalização acima referida: exemplos mais importantes no território estremenho, distribuição geográfica, características principais, semelhanças e diferenças; neste âmbito, importa conhecer as diversas teorias explicativas para o seu surgimento, desde o modelo difusionista e orientalista vigente em Portugal (dos anos 40 aos anos 70), passando pelo modelo indigenista (anos 80), até às formas difusionistas mitigadas, de expressão regional, dos finais da década de 80 em diante, e principais argumentos invocados; – a desarticulação do modelo de sociedade calcolítica, caracterizada pela concentração da população em sítios fortificados ou pelo menos implantados predominantemente em locais altos e defensáveis; – os moldes em que se processou a acentuação das influências mediterrâneas no decurso do Calcolítico (em especial na metade meridional do território): a generalização do comércio transregional calcolítico e a intensificação e especialização das produções, no quadro da Revolução dos Produtos Secundários (RPS), exemplificada pela exploração de jazidas cupríferas, como veículo de difusão de novas técnicas (metalurgia), matérias-primas exógenas (marfim) e artefactos ideotécnicos de características até então desconhecidas (generalização do culto da divindade feminina e correspondentes expressões simbólicas, algumas de âmbito estritamente regional), acompanhada da difusão, de Sul para Norte, de novas arquitecturas funerárias (tholoi); – sobre o Campaniforme, fenómeno cultural com identidade própria da fase média e tardia do Calcolítico estremenho, serão discutidas as características e cronologia da sua emergência, na Estremadura (um dos pólos mais importantes, a nível europeu) no quadro da sociedade calcolítica pré-existente: tipo de povoamento e de necrópoles, bem como as relações estabelecidas com as comunidades de tradição cultural mais antiga; o faseamento interno do “fenómeno”, com base nas diferenças identificadas no registo material (em particular a tipologia das cerâmicas); e principais tipos artefactuais que o integram. O campaniforme deverá ser entendido como uma expressão material específica, associada a um novo tipo de povoamento, que resultou do decréscimo do interesse oferecido pelos sítios fortificados edificados no início do Calcolítico. Neste sentido, corresponde a período de transição para a Idade do Bronze: existem argumentos, com base no registo arqueológico (jóias de ouro, artefactos de prestígio) que ilustram o incremento do processo de diferenciação social, então verificado, ao contrário do que uma abordagem mais superficial, com base simplesmente no reordenamento demográfico, faria supor; – o registo arqueológico do Bronze Pleno configura a acentuação dos regionalismos, apesar de similitudes do sistema de povoamento face ao período imediatamente anterior, o que indicia realidades socioeconómicas comparáveis. Importa, assim, conhecer as principais características dos escassos povoados identificados, bem como a organização social a ele subjacente, a partir dos testemunhos arqueológicos conhecidos, incluindo os de carácter funerário; – segue-se o Bronze Final, período dominado pela plena afirmação do comércio transregional atlântico-mediterrâneo, favorecido pela própria realidade geográfica do território português. Devem valorizar-se os testemunhos materiais desse período e as respectivas balizas cronológicas: Assim, deverão os leitores ficar familiarizados com as produções de carácter atlântico, como as armas, objectos utilitários e respectivas tipologias e com as de cunho mediterrâneo (com destaque para objectos de indumentária e de carácter cultual, embora estes últimos quase se desconheçam na área estremenha), cujo comércio e difusão foi suportado pela existência de solidariedades económicas transregionais, baseadas em prováveis pactos formalmente estabelecidos entre comunidades vizinhas. Os respectivos territórios, de norte a sul do País, apresentar-se-iam cada vez melhor delimitados; o mesmo deverá ter-se verificado na Estremadura. A caracterização da respectiva economia será, por isso, objecto da análise e discussão; embora de base agro-pastoril (com importância evidente na Estremadura dadas as características dos solos e a quase inexistência de minérios de cobre ou de estanho), a produção de peças metálicas de bronze assumiu importância crescente, como se conclui pelas ocorrências conhecidas. O reforço e a consolidação das elites então verificada, eram necessários para a boa gestão de grandes povoados muralhados que despontam no Bronze Final; na Estremadura, embora os testemunhos de tais centros demográficos não sejam particularmente evidentes, no fim da Idade do Bronze desponta um vigoroso povoamento de altura; seria a partir desses locais que as elites da época, de cunho guerreiro, administrariam territórios bem delimitados. Também a existência de outros testemunhos arqueológicos são concorrentes para a percepção da realidade social: as jóias auríferas, tornadas então relativamente frequentes, deixam transparecer influências ora atlânticas ora mediterrâneas, por vezes reunidas numa única peça (técnicas e tipologias decorativas), expressivas das correntes culturais que, então, se faziam sentir na Estremadura; também as armas, são testemunho da afirmação das elites guerreiras, encontrando-se representadas por exemplares cujas principais características devem ser conhecidas. As diversas práticas funerárias, apesar de escassamente representadas, revelam influências continentais (cremação e campos de urnas, já fora da área estremenha, mas dela próxima: caso dos campos de urnas de Tanchoal e de Meijão, Alpiarça) e mediterrâneas (inumações na tholos da Roça do Casal do Meio, Sesimbra), que traduzem um mosaico cultural complexo, reforçando a ideia de se tratar de região receptora de influxos culturais de diversas áreas geográficas em simultâneo: é, no essencial, a comprensão global desta realidade, a um tempo económica, social e cultural, coroando um longo processo de diferenciação social, por um lado e, por outro, de intensificação económica e interacção cultural, que lhe está subjacente, que deverá ter-se presente. Por último, segue-se o estudo e caracterização das principais estações e materiais da Idade do Ferro, de início (I Idade do Ferro) profundamente marcadas pela presença, directa ou indirecta, de colonizadores fenícios; depois, pelos comerciantes de origem púnica (II Idade do Ferro) e, enfim, pelos exércitos itálicos. Trata-se, em suma, de processo de características próprias, sempre determinado pelas influências mediterrâneas, largamente dominantes face às originárias do interior peninsular, as quais cunharam uma realidade cultural com características próprias, que persistiu no decurso da dominação romana.

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A introdução da economia neolítica (agricultura e domesticação) no território português ficar-se-ia a dever, segundo J. Zilhão, à presença directa de pequenos grupos implantados na região do maciço calcário da Estremadura os quais, depois de algumas centenas de anos, mediante processo de interacção finalmente desencadeado com os grupos mesolíticos sediados na parte mais interior do estuário do Tejo, estão na origem da subsequente expansão da economia de produção neolítica pelo interior do território hoje português. A teoria do "enclave neolítico" do maciço calcário estremenho, decorrente da aceitação do modelo da "colonização pioneira" preconizado por J. Zilhão foi, depois, alargada pelo mesmo autor à região do Baixo Alentejo e do Algarve, mas a mesma poderia aplicar-se à região da Figueira da Foz onde, nos inícios do século XX, António dos Santos Rocha escavou as estações de Várzea do Lírio e de Junqueira.

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O Algar da Manga Larga tem-se revelado uma das mais importantes cavidades verticais em Portugal e, apesar de ser já conhecido pelos espeleólogos desde há mais de trinta anos, continua a fornecer dados com relevante significado científico. No decurso de uma acção de pesquisa espeleológica promovida pela AESDA no referido Algar foi fotografado um conjunto de ossos de carnívoro, jacentes numa galeria a cerca de 95 metros abaixo da entrada da cavidade. As respectivas características morfológicas e biométricas indicavam tratar-se de um grande felídeo, remetendo para espécie actualmente extinta na Europa, nomeadamente o leopardo, Panthera pardus (L., 1758). A evidente importância paleontológica dos testemunhos ósseos levou a que se desencadeasse um conjunto de procedimentos com o objectivo de os salvaguardar adequadamente e de promover o seu estudo. Para esse efeito, realizaram-se os contactos necessários e procedeu-se ao registo e à recolha das peças em apreço atribuindo especial atenção à sua integridade e conservação. Seguiram-se as tarefas ligadas ao estudo biométrico comparativo dos restos osteológicos. A presença deste e outros vestígios faunísticos, nomeadamente de gato-bravo, em zonas profundas e de difícil acesso desta gruta, indiciam a existência de condutas que estão ou estiveram em contacto com o meio exterior, as quais não foram ainda referenciadas. Deste modo, para além do evidente interesse paleontológico da descoberta, é possível serem extrapoladas interpretações com aplicação no âmbito da exegese da própria cavidade, situação que levou já à descoberta de uma galeria não registada. Este trabalho tem vindo a ser amplamente divulgado junto da comunidade espeleológica nacional e internacional, inclusivamente no 14º Congresso Internacional de Espeleologia que se realizou em 2005 na Grécia. O estudo paleontológico está concluído e a aguardar publicação em revista da especialidade (CARDOSO & REGALA, no prelo).

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Quantification of the marine radiocarbon reservoir effect (R) is essential in order to calibrate conventional 14C dates from marine shell samples with reliability. R also provides information concerning the intensity of coastal upwelling in marine regions influenced by this phenomenon. 14C ages of closely associated marine samples (mollusk shells) and terrestrial samples (goat bones) from São Vicente Island, Cape Verde Archipelago, permitted the first calculation of the marine 14C reservoir effect in this region. A R weighted mean value of 70 ± 70 14C yr was obtained. This value is in accordance with the previously published oceanographic conditions of the region indicating the existence of a seasonal active upwelling regime.

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Contributo para a história da Arqueologia e dos movimentos de protecção do Património em Portugal, centrado em polémica ocorrida na segunda década do século XX, a propósito do dólmen de Pedralta (Côta, Viseu) e da remoção de alguns dos seus esteios pintados para o Instituto de Antropologia da Universidade do Porto. Permanece actual a argumentação dos que defendiam a preservação destes e de outros elementos patrimonais in situ.

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As Ferrarias del Rey, em Barcarena, foram o mais bem sucedido dos empreendimentos metalúrgicos reais portugueses dos séculos XV a XVII. Vocacionadas para a metalurgia do ferro e com data de fundação documentada no ano de 1487, constituem o mais antigo complexo oficinal português orientado exclusivamente para a produção de armamento. Para além da sua dimensão, ímpar à época em Portugal, foi a sua componente tecnológica que verdadeiramente diferenciou as Ferrarias das restantes oficinas então existentes.

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This paper deals with the importance, quantity and diversity of Late Bronze Age sites known around the Tagus estuary. The material culture points out to the existence of cultural stimuli from very different origins: from the Iberian Peninsula inner, the North Atlantic and the Mediterranean basin, related to the social organization and the economy of the populations that inhabited this region between the XIII century BC and the IX century BC, according to the available radiocarbon data. These populations interacted with the first Phoenicians that arrived to the region at the end of this period, after episodic relations of trading with their antecedents, from Central Mediterranean region.

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Resultados da primeira reunião geral de investigadores das áreas científicas da Arqueobotânica e Zooarqueologia a trabalhar em Portugal, realizada em Outubro de 2014, no Museu Nacional de Arqueologia (Lisboa). Identificando um conjunto de dificuldades comuns às duas disciplinas, os presentes decidiram criar um grupo de trabalho informal para fomentar o diálogo profissional e com as instituições universitárias, a tutela (administração central e regional), as empresas e a comunidade arqueológica em geral.

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Dá-se a conhecer a existência de uma litografia – a última de um conjunto de 10 representando dolmenes portugueses, relativa a materiais arqueológicos com eles relacionados. Trata-se das primeiras reproduções de um báculo e de quatro placas de xisto executadas em Portugal para publicação científica, a qual, contudo, não se veio a concretizar, em resultado da extinção em 1868 da Segunda Comissão Geológica de Portugal. Através da pesquisa bibliográfica foi possível traçar o percurso de tais exemplares desde a época em que se conservavam no museu da referida comissão até ao seu actual paradeiro no Museu Nacional de Arqueologia, passando pelo Museu da Escola Politécnica de Lisboa. Tal realidade reflecte as vicissitudes da investigação pré-histórica em Portugal na segunda metade do século XIX / inícios do século XX.

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The analysis of a faunal collection from a storage silo found in the castle of Aljezur, dating from the Almohad period (XII/XIIIth centuries AD), is presented. It appears that the community occupying the castle concentrated on hunting species such as the rabbit, wild boar, red deer and Iberian lynx, while evidences of stockbreeding were scarce and centered upon caprines with horses and chicken playing minor role. The presence of a large dog has been assumed to be an aid for hunting but possibly also in herd keeping. With the exception of the lynx, all large mammals evidenced traces of consumption. The domestic cat is taken to represent a pet whereas the lynx had probably a role as a fur provider. It should be noted that equids and the pond turtle were probably food items. Rodents are taken to represent commensals whereas the toad of the Genus Bufo probably represented an intrusive element.

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Apresenta-se síntese sobre o faseamento do Neolítico na Estremadura, território onde o Autor tem desenvolvido boa parte da sua investigação, tomando como referência as estações onde tem dirigido escavações ou em cujas publicações tem participado. A natureza e características das referidas estações e dos seus espólios, a par da respectiva cronologia absoluta, serão, assim, os elementos essenciais deste contributo, sem prejuízo da sua correlação e discussão num quadro mais alargado, com base na informação disponível para outras estações com interesse comparativo.

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For the past 15 years, a succession of stable isotope studies have documented the abrupt dietary transition from the Mesolithic to the Neolithic in Western and Northern Europe. Portugal, with its Late Mesolithic shell middens and burials apparently coexisting with the earliest Neolithic, further illustrates the nature of that transition. Individuals from Neolithic contexts there had significantly different diets to their Mesolithic counterparts. No evidence was found for a transitional phase between the marine oriented Mesolithic subsistence regimes and the domesticated, terrestrial Neolithic diet. Two later Neolithic individuals, however, showed evidence for partial reliance on marine or aquatic foods. This raises questions about the possible persistence of marine dietary regimes beyond the Mesolithic period. This article is followed by a brief note by Mary Jackes and David Lubell.