148 resultados para Saúde e trabalho Aspectos psicológicos
em Biblioteca Digital de Teses e Dissertações Eletrônicas da UERJ
Resumo:
Esta tese explora o campo da Saúde e Segurana no Trabalho - SST destacando as recentes propostas de incluso dos aspectos psicossociais nas abordagens dos chamados "riscos ocupacionais" que tradicionalmente valorizam os aspectos objetivos (qumicos, fsicos, biolgicos, ergonmicos e de acidentes) e as prescries. Em busca de novas fundamentaes teoricometodolgicas, revisita-se conceitos/prticas envolvidos em SST luz de observaes oriundas da atuao como psicloga em um setor de saúde de uma empresa no ramo de energia e de referenciais tericos que tomam como pontos de partida e chegada a atividade, a defasagem entre o trabalho prescrito e o real, o dilogo sinrgico entre os saberes e a dimenso coletiva do trabalho. Dentre os referenciais utilizados destacam-se as contribuies de Georges Canguilhem, em especial sua concepo de saúde, a Psicodinmica do Trabalho e a Ergologia. Sob uma perspectiva ergolgica, aponta-se para norteadores de um redirecionamento, para que a preveno incorpore aquilo que da ordem do no antecipvel, que advm das situaes reais com suas dramticas, encontros de encontros, escolhas e ressingularizaes, para alm do patrimnio acumulado na forma de normas antecedentes (sem desconsider-lo). Nesse sentido, uma vez ressaltada a dimenso gestionria das atividades, seus protagonistas so convocados no apenas a cumprir prescries elaboradas por especialistas, mas tambm a exercer, individual e coletivamente, a coautoria na gesto de sua saúde, segurana, trabalho e vida.
Resumo:
O ser humano que no consegue pr outra finalidade na vida, alm de viver, e no encontra os meios para realizar este fim ou tem dificuldade de encontrar vivo o cenrio limite do transtorno. Como na sociedade capitalista, trabalho sinnimo de garantia de subsistncia, seja da vida do trabalhador, seja do sistema capitalista em si, entendemos que, no capitalismo, encontrar os meios materiais para garantir a continuidade da vida est diretamente relacionado ao trabalho e, assim sendo, as transformaes recentes no mundo do trabalho afetam a qualidade de vida dos trabalhadores sendo causa de transtornos mentais comuns. Tudo mais pode ser instvel, menos a garantia da vida. Por isso elencamos a instabilidade social como chave de leitura, comparando o padro produtivo fordista, pseudoestvel e o processo de transformao era flexvel, de plena instabilidade. A instabilidade social no nova no capitalismo, contudo, informalidade, terceirizao e intensificao do trabalho num cenrio onde a fora de trabalho igualada a uma mercadoria como qualquer outra, por um processo de laissezferizao, so as caractersticas marcantes da instabilidade social contempornea. Por fim, uma anlise documental realizada para balizar a preocupao acadmica com os organismos internacionais, o poder pblico e as organizaes trabalhadoras sobre o tema dos transtornos mentais comuns, identificando disparidade entre os eixos investigados.
Resumo:
H cerca de 20 anos, inicia-se no Brasil uma atividade de trabalho nas reas urbanas: o servio de motoboys, que vem se tornando comum na distribuio de produtos aos clientes. Em paralelo ao crescimento dessa atividade ocupacional, a quantidade de motociclistas que se acidentam grave ou fatalmente nas vias brasileiras est em pleno crescimento, razo pela qual os motoboys vm chamando ateno das autoridades de Saúde Pblica. Tentando compreender as questes que esto na base e em torno desse fenmeno, inicia-se no pas um pequeno, mas consistente, conjunto de produes acadmicas sobre a profisso. Porm, ainda so poucos os estudos que procuram compreender a atividade de trabalho dos motoboys. Menos ainda, so os que investigam dimenses do coletivo produzidas pelos profissionais (tais como o coletivo de trabalho ou o gnero profissional), bem como seus efeitos na constituio de saberes, discursos, valores e estratgias de enfrentamentos aos diversos contraintes da atividade, em particular as dimenses do risco de acidentes de trabalho. Visando responder especificamente a essa questo, que se prope esse trabalho. Para tanto, desenvolveu-se uma pesquisa exploratria em duas perspectivas metodolgicas: por um lado um levantamento quantitativo sobre diversos aspectos do trabalho dos motoboys, tais como o perfil do trabalhador, a organizao do trabalho e alguns efeitos no trabalhador; essa etapa se deu por meio da aplicao de 189 questionrios aplicados em uma amostra proporcional populao identificada de trabalhadores nos principais corredores virios do municpio de Vitria. Por outro lado, se empreendeu um estudo, baseado nos princpios da Ergologia e em diferentes abordagens clnicas do trabalho, especialmente a Clnica da Atividade e a Psicodinmica do Trabalho, por meio do qual se pretendeu realizar uma anlise da atividade de trabalho em parceria com os trabalhadores, procurando identificar as dimenses do coletivo que so produzidas por meio do trabalho, bem como os saberes e estratgias individuais e coletivas para lidar com as exigncias, as presses, as contradies e as eventualidades do cotidiano. Destaca-se, nessa etapa qualitativa, a realizao de uma aproximao etnogrfica dos trabalhadores e a utilizao das tcnicas da autoconfrontao e das instrues ao ssia, essas duas obtidas via Clnica da Atividade. Como resultado, observou-se a existncia de inmeros saberes produzidos e/ou partilhados pelo coletivo, tais como a avaliao dos servios, a gesto do tempo, o planejamento da rota, a mobilizao da rede solidria, a gesto das transgresses, os modos de conduzir, bem como as estratgias coletivas para lidar com o risco, dentre os quais se destacam a explorao positiva do risco e as estratgias baseadas na potncia da virilidade, a capacidade de antecipao, ou o cuidado na proteo de si por meio da sinalizao da presena do trabalhador em trnsito nas vias. Conclui-se, dessa anlise, a existncia de um coletivo de trabalho e, mais particularmente, de um gnero profissional em franca constituio. Este, em contrapartida, est eivado de inmeras contradies e embates que, potencialmente, podem estar atuando para o impedimento da manifestao desse coletivo de trabalho em toda a sua potncia
Resumo:
A presente tese tem por objetivo investigar as possibilidades de contribuio dos conceitos de amar e brincar (pertinentes Biologia do Amar, proposta por Maturana) para a compreenso dos ?modos de compreender/intervir sobre o trabalho?, na perspectiva de uma Psicologia do Trabalho & Organizacional inventiva. A investigao foi realizada a partir de uma experincia do pesquisador, acompanhando um usurio de um Servio de Saúde Mentaldo municpio do Rio de Janeiro, Brasil, em seu trabalho como padeiro em uma Cooperativa de Culinria. Apesar de lidar bem com situaes mais rotineiras, esse usurio demonstrava ter muita dificuldade em lidar com as variabilidades do meio, com situaes que fugiam sua rotina, apresentando um nvel de ansiedade que o impedia de realizar quaisquer tarefas. O pesquisador atuou no sentido de solicitar que ele explicitasse verbalmente o que o afligia,descrevendo todas as situaes ansiognicas, buscando, juntamente com esse paciente, encaminhamentos para tais situaes. Ao final de seis meses, o paciente conseguia lidar com os imprevisveis pertinentes atividade, laborativa ou no. Foram realizadas trs anlises deste caso clnico. Na primeira, utilizou-se a categoria de ritornelo (pertencente Esquizoanlise) e na segunda, o conceito de atividade dirigida (pertencente Clnica da Atividade). Ambas, Esquizoanlise e Clnica da atividade pertencem a um conjunto de materiais tericos apontados como relevantes para se pensar a questo da inveno. Na terceira anlise, foram utilizados os conceitos de amar e brincar. Finalmente, as trs anlises foram articuladas, com o objetivo de investigar as possibilidades de sinergia entre elas. Dentre as concluses, a pesquisa apontou para a existncia de um componente afetivo no processo,sempre coletivo, de criao de normas no trabalho. Apontou ainda para o fato de que este componente afetivo essencial para a manuteno da vitalidade do gnero de atividades profissionais. Por ltimo, e no menos importante, percebeu-se uma natureza frgil deste componente, que com o conceito de trao-ensaio apontamos para sua natureza de exerccio: da ordem de um fazer, que tem de ser praticado em todo momento, ou pode vir a atrofiar-se,tornando mais difcil a manuteno do gnero.
Resumo:
O presente estudo, epidemiolgico e de carter exploratrio, tem como objeti-vo analisar, comparativamente, as relaes entre mobbing (assdio moral) e as di-menses da Sndrome de Burnout em servidores da justia do trabalho. A escolha deste tpico de pesquisa justificada pelo aumento dos nmeros estatsticos e pela evidncia emprica de que o burnout o dano mais prevalente que acomete vtimas de mobbing. Os 552 participantes desta pesquisa constituem uma amostra repre-sentativa, extrada de uma populao de 3239 servidores pblicos. O respectivo plano amostral levou em considerao variveis scio-demogrficas, entre as quais: gnero, cargo, escolaridade e outras de relevncia para a pesquisa. Foram quatro os instrumentos de medida aplicados nos participantes: um questionrio scio-demogrfico, a Escala de Percepo do Assdio Moral no Trabalho - EP-AMT (Mar-tins; Ferraz, 2008), a Escala de Impacto Afetivo do Assdio Moral no Trabalho - EIA-AMT (Martins; Ferraz, 2008) e o Maslach Burnout Inventory General Survey MBI-GS (Maslach; Schaufeli, 1993). Na anlise estatstica, foram utilizados os softwares SPSS V17, Minitab 16 e Excel Office 2010 e, para medir a significncia entre as amostras, foi utilizada a estatstica t de Student. Os resultados desta investigao permitem identificar a existncia de interfaces entre os construtos mobbing e bur-nout. Alm disso, os dados gerados pela pesquisa favorecem a construo de indi-cadores teis ao planejamento de aes em polticas pblicas de preveno, anteci-pao, identificao, interveno e enfrentamento de casos de assdio moral e bur-nout no ambiente laboral, com conseqente preservao da saúde mental dos traba-lhadores desse segmento.
Anlise da atividade de superviso do trabalho: um olhar Psico-social para o gerenciamento na indstria
Resumo:
Analisou-se na tese o deslizamento discursivo em direo ao uso do vocbulo gesto e as mudanas recentemente operadas no trabalho gerencial. Com a suposio de que se apreciado enquanto atividade humana este trabalho no simples e exclusivamente heterodeterminado pelo modelo de gerenciamento segundo os interesses do capital, a proposta foi colocar nfase nos debates de normas e nas possveis reservas de alternativas nas atividades de profissionais que gerenciam, assim como nas possibilidades de seu desenvolvimento em direo a um gerenciamento ergolgico. Visando a contribuir para a discusso sobre se no interior da prpria produo material poderiam coexistir formas de construo de uma sociabilidade efetivamente humana, analisa-se em que medida os profissionais que gerenciam fazem cotidianamente uma gesto (no apenas do outro, tambm de si prprio) na qual so convocados valores outros que os exclusivamente mercantis e econmicos. Adotando-se um olhar para o objeto de pesquisa informado por uma Psicologia Social do Trabalho que privilegia o ponto de vista da atividade, se pretendeu a uma sucessiva aproximao das atividades de superviso do trabalho. Trabalho este que, em tendncia, tem se ampliado no sentido de incluir o gerenciamento da produo, de aproximao com os servios de apoio produo e de incentivo participao dos operadores. A pesquisa de campo foi realizada em uma unidade industrial de uma empresa multinacional privada que fabrica e comercializa produtos pneumticos. No delineamento metodolgico privilegiou-se um enquadramento clnico por meio de mtodo indireto de investigao, com base no princpio de (auto)confrontao, e de uma abordagem dialgica de anlise, fazendo-se uso do dispositivo de Encontros sobre o Trabalho e da tcnica de Instruo ao Ssia. Os resultados indicam que o trabalho de superviso envolve uma integrao de mltiplas determinaes, exigncias e valores. Ressalta-se a existncia de dimenses sociais no trabalho gerencial efetuado pelos supervisores. No processo de anlise de suas atividades de trabalho, realizada por eles prprios, apontam-se indcios de que, mobilizando-se intelectual, cognitiva, afetiva e corporalmente nos debates de normas em suas atividades, buscam por meio de renormatizaes tambm fazer valer suas prprias normas de vida, onde valores relativos ao viver em conjunto e saúde esto presentes. Colocando-se em questo as condies para o pr o trabalho em debate na perspectiva da atividade, discute-se a relao entre o potencial de produo de novas normas nas atividades de superviso e o suposto de um modo ergolgico de gerenciar, reforando-se a posio de que as propostas de gesto participativa no se apresentam por si s como uma abertura para um modo de gerenciamento que d visibilidade gesto cotidiana do trabalho, que sempre, em algum nvel, formulada e operada coletivamente
Resumo:
Esta tese busca explorar as possibilidades contidas do corpo na gesto da atividade de trabalho de motoristas de ambulncias. Trata-se de uma concepo de corpo, no oponente a alma, que se notabiliza pelo pensamento, pela inteligncia, pelo sistema nervoso, pela histria: um corpo-si. O dilogo mantido com a perspectiva ergolgica, aqui convocada, opera-se a partir da concepo de vida, saúde-doena em George Canguilhem, da contribuio ergonmica, dos referenciais da linguagem e trabalho e da etnografia. Para configurao do campo emprico, adotaram-se mtodos e tcnicas apropriados de pesquisa em situao concreta de trabalho, denominadas visitas, instrumentalizadas com tcnicas de entrevistas dialgicas e observaes da atividade, alm de uma pesquisa bibliogrfica e anlise global do trabalho. A pesquisa contou com a participao de motoristas de UTI mvel de uma empresa de transportes de ambulncias da cidade do Rio de Janeiro. A anlise das situaes de trabalho foi inspirada na ergonomia da atividade e nas contribuies da perspectiva dialgica. Dentre os resultados obtidos destacamos: problemas de comunicao na relao de trabalho entre motoristas e a Central de Atendimento (Call Center), estado de m conservao e de desconforto das ambulncias, riscos de doenas no contato com o usurio, insuficincia salarial e atraso no pagamento, indeterminao de pausas durante a jornada, contraintes temporais decorrentes da pilotagem em casos de urgncia e emergncia, ameaas de multas por excesso de velocidade, alm de obstculos emanados do trnsito: engarrafamentos, barulhos, semforos, etc. Enfim, um conjunto de variabilidades e infidelidades do meio de trabalho, que permite aos motoristas produzirem novos usos de si, porque mobilizam a integralidade do corpo para chegar a modos operatrios que deem conta dessas situaes de trabalho, considerando, sobretudo, a gesto da dinmica entre as exigncias de produtividade e qualidade com saúde, segurana e fiabilidade.
Resumo:
Essa pesquisa de mestrado pretende compreender as relaes entre: o homem executivo, o trabalho e as prticas corporativas contemporneas, em uma sociedade capitalista, denominada nesse estudo, modernidade tardia. Para o estudo desse tema foram priorizados pontos de reflexo relacionados prtica corporativa, tais como: pensar o trabalho na contemporaneidade observando suas caractersticas que se aproximam e se distanciam de outros momentos histricos; entender o trabalho, seus significados, suas transformaes e suas estratgias atuais; refletir a respeito da perspectiva que o homem tem sobre o tempo e sua relao com a mudana do seu modo de viver; discutir o processo de desumanizao do trabalho e das relaes interpessoais na contemporaneidade; conhecer as atitudes do homem diante do trabalho e da vida em uma sociedade capitalista; observar e descrever a configurao atual do mercado de trabalho em algumas empresas privadas nacionais e multinacionais no Rio de Janeiro. O estudo das questes citadas permitiu tecer articulaes sobre como o homem contemporneo se relaciona com o trabalho corporativo e com os demais aspectos da vida, bem como sobre o estreitamento do tempo livre e encurtamento da vida em funo do culto da alta performance. A escolha metodolgica realizada nesta pesquisa a abordagem qualitativa e mtodo de entrevista narrativa, que conjuga reflexes tericas investigao emprica, colocando em questo a realidade cotidiana de profissionais que ocupam ou ocuparam posies de liderana em empresas. As modificaes na importncia e desdobramentos do trabalho observados atualmente esto relacionadas com as alteraes na maneira como nossa sociedade tem lidado com o tempo, sua acelerao e com a vida. Vida entendida de forma mais ampla, onde haja espao para a realizao profissional e pessoal em diferentes espaos, bem como a possibilidade de execuo de um trabalho que coadune motivaes, interesses e potencialidades do indivduo com uma contribuio efetiva para a sociedade, alinhada aos valores individuais. A opo de utilizar a terminologia sociedade da modernidade tardia em detrimento de sociedade atual decorre da observao da progressiva incorporao dos ideais capitalistas associados acelerao do tempo e das maneiras de viv-lo, por qual vem passando os processos produtivos, o trabalho, e as demais dimenses da vida humana. O trabalho no mundo corporativo obedece a regras particulares, que alm de articuladas ao modelo econmico vigente, o capitalista, embute prticas e rituais que enfatizam o culto da alta performance. A presente pesquisa pretende analisar o trabalho dos executivos. Para isso, buscaremos analis-lo segundo os modelos adotados em algumas empresas privadas, que consideraremos como o mundo corporativo e as implicaes da adoo desses modelos para o exerccio de uma vida mais plena de sentido existencial, a partir da minha experincia corporativa e da anlise das entrevistas com executivos.
Resumo:
Essa tese teve como objetivo realizar uma investigao terica para analisar a relao entre atividade de trabalho e o desenvolvimento de adultos. Ao enfatizar o conceito de atividade como um ponto de vista a orientar a pesquisa sobre os processos de trabalho e organizacionais, entende-se aqui que o desenvolvimento de adultos (e seus impedimentos) no trabalho, pode ser um fator relevante que auxilia na tarefa de compreender estes processos. O formato de tese pela qual se fez opo foi a de cinco captulos-artigos que, embora tenham autonomia entre si, foram articulados de forma que atendessem o objetivo geral da tese. A dmarche ergolgica serviu como orientao para a mobilizao de diferentes referenciais terico-metodolgicos, buscando coloc-los em dilogo. Procurou-se, primeiramente, explorar as bases tericas que fundamentam o conceito de atividade na Psicologia, particularmente aquele utilizado nas diferentes correntes e abordagens de estudo sobre o trabalho que, no Brasil, fazem parte do campo denominado Psicologia do Trabalho & Organizacional PT&O. Posteriormente foram confrontadas duas abordagens contemporneas que investigam o desenvolvimento de adultos no trabalho sob o ponto de vista da atividade: a Didtica Profissional e a Clinica da Atividade. Em seguida, procurou-se demonstrar que a Abordagem Scio-Tcnica, ao introduzir o tema da Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) nos anos 1960 e 1970, j apontava para questes centrais referentes atividade de trabalho e o desenvolvimento de adultos. Por ltimo, buscou-se uma melhor compreenso acerca do desenvolvimento de adultos a partir de uma anlise situada do trabalho realizado por uma gerente setorial de uma grande empresa pblica. A investigao empreendida, permitiu concluir que o desenvolvimento de adultos no trabalho possibilitado a partir da ocorrncia de dois fenmenos i) confrontao ativa com o meio, fazendo com que os indivduos reconfigurem, mesmo que de forma no consciente, aquilo que eles encontram previamente em uma situao de trabalho. ii) Mediao social, por meio da linguagem, desta vivncia de confrontao com o meio.
Resumo:
Esta tese se prope a explorar as possibilidades de lidar com o trabalho enquanto atividade, compreendendo-o, a partir da perspectiva ergolgica (SCHWARTZ, 2000), portando um paradoxo ou um tipo de dialtica entre o Registro 1 das normas antecedentes que marcam fortemente a antecipao desse trabalho; e o Registro 2 das dimenses singulares do encontro de encontros, que se produz em todo trabalhar. A partir da permanente dialtica entre esses dois registros, a perspectiva ergolgica vai buscar mtodos que sejam capazes de dar visibilidade dimenso gestionria que atravessa todo trabalhar, para que os protagonistas da atividade possam se apropriar de sua atividade, individual e coletivamente, ampliando seus nveis de autonomia frente ao trabalho e vida. O termo ergo(trans)formao afirma uma prtica de pesquisa-interveno que se prope transformadora da realidade, apostando numa interveno micropoltica no seio da experincia social, conforme Rocha e Aguiar (2003). Este modo de compreenso de pesquisa e de afirmao da produo coletiva do conhecimento pauta-se numa abordagem construtivista onde conhecer no representar uma realidade pr-existente, mas um processo de inveno de si e do mundo (KASTRUP, 1999), em um acoplamento direto com a matria. Enfrentamos o seguinte problema: o trabalho pode ser pensado como inveno de si e do mundo, entrando em curto-circuitagem com as formas de produzir em conformidade com organizao formal do trabalho, afirmando o primado do agir prprio do trabalhador como atividade, frente ao acontecimental do trabalho? Para dar conta deste problema, propomos desenvolver uma cartografia, enquanto mtodo de anlise da atividade de trabalho, que possibilite acompanhar a curto-circuitagem entre as formas de produzir em conformidade com organizao do trabalho e o agir prprio do trabalhador. So apresentadas duas experimentaes de ergo(trans)formao desenvolvidas em dois territrios distintos dos mundos do trabalho: o desenvolvimento de uma Oficina de Vendas e a formao de educadores internos, em empresa financeira pblica e a possibilidade de formao educacional e profissional de jovens com transtorno mental grave em uma rede de restaurantes que se desdobra na cartografia do trabalho coletivo e do coletivo de trabalho, tendo um jovem portador de sndrome de Down como protagonista da atividade. As escolhas metodolgicas se fizeram em duas perspectivas distintas e complementares: (1) o mtodo cartogrfico elaborado a partir de Deleuze e Guattari (1995), Guattari e Rolnik (1986), assim como Passos, Kastrup e Escssia (2009); e (2) o que prope Schwartz (1999), o Dispositivo Dinmico de Trs Polos (DD3P), incorporando a reformulao conceitual proposta por Athayde e Brito (2003) denominada Comunidade Ampliada de Pesquisa. Como concluso, refletimos se possvel pensar a atividade inventiva de trabalho, a partir das experimentaes de ergo(trans)formao que apresentamos, considerando suas condies e efeitos e, mesmo, se podemos nome-las assim, levando-se em conta as diferenas de atividades envolvidas. Estas experimentaes nos impuseram pensar o trabalho (enquanto atividade) em sua indissociabilidade com a formao humana e com a produo de subjetividade
Resumo:
O estudo das dimenses psicossociais do trabalho tem aumentado em importncia nas ltimas dcadas, devido ao novo contexto poltico e econmico mundial de globalizao, que determina mudanas no mundo do trabalho e expe trabalhadores a fatores de risco ocupacional, entre eles o estresse. A categoria profissional do Agente Comunitrio de Saúde (ACS), criada no contexto das reformas sanitrias atravessadas pelo Brasil desde a dcada de 80, tem como um dos principais propsitos atuar na reorganizao do sistema de saúde do pas. O ACS tem como especificidade e pr-requisitos a necessidade de ser morador da regio atendida pela Equipe de Saúde da Famlia, fato este responsvel por um aspecto nico dentro do estudo na rea de saúde do trabalhador. Nesse cenrio o enfermeiro exerce papel de liderana e possui uma caracterstica marcante, que a manuteno de constante contato com a comunidade, realizando atividades de grande interao com os ACS, devendo evitar ou minimizar fatores estressores e possveis agravos saúde no mbito da Saúde do Trabalhador. O presente estudo tem como objeto o trabalho do ACS como gerador de estresse ocupacional no Programa de Saúde da Famlia. Tem como objetivo geral discutir o estresse ocupacional na percepo dos ACS no PSF, numa rea Programtica do Municpio do Rio de Janeiro. Trata-se de um estudo descritivo e de abordagem qualitativa. O cenrio do estudo foram Unidades de Saúde da Famlia do Municpio do Rio de Janeiro, e os sujeitos 32 ACS inseridos em trs mdulos do PSF. A coleta de dados foi realizada atravs de entrevistas individuais semi-estruturadas, organizadas e analisadas utilizando a metodologia da Anlise de Contedo, a partir da qual foram identificadas as seguintes categorias: frustrao, trabalho do ACS, representao do trabalho, processo de trabalho, o estresse e relao trabalho x saúde. Os resultados identificam o baixo reconhecimento interferindo na produtividade e na auto-estima, excessiva intensidade e ritmo empregados no trabalho, valorizao da burocracia na execuo do trabalho, violncia como fator de insegurana e reconhece a interferncia do estresse na saúde tanto fsica quanto psquica. A anlise do trabalho do ACS atuante no PSF aponta aspectos que dificultam sua plena atuao, assim como a prtica estende-se para alm dos conceitos normatizados contidos nas Portarias e outros instrumentos que regulamentam suas atribuies. O trabalho real representa um universo mais complexo e rico do que o trabalho prescrito, que nesse estudo, apresentou-se como fonte geradora de tenso, adoecimento e mal estar, expresso nas vocalizaes de queixas.
Resumo:
O cenrio atual das instituies pblicas de saúde caracteriza-se pelas peculiaridades do modelo de reestruturao produtiva, em que o enxugamento da mquina pblica traduz-se num contexto de precarizao das condies de trabalho. Em meio escassez e inadequao dos recursos materiais e ao dficit de recursos humanos, os trabalhadores de enfermagem vem-se diante da necessidade de elaborarem adaptaes e improvisaes de materiais, equipamentos e, at mesmo, de pessoal. Diante desta problemtica, selecionou-se como objeto de estudo: a percepo do trabalhador de enfermagem sobre as adaptaes e improvisaes no trabalho hospitalar e suas implicaes na saúde do trabalhador. Apresenta como objetivos: identificar a percepo dos trabalhadores de enfermagem sobre as adaptaes e improvisaes; descrever as situaes que conduzem os trabalhadores de enfermagem realizao desta prtica e analisar as implicaes das adaptaes e improvisaes na saúde dos trabalhadores de enfermagem. Pesquisa qualitativa e descritiva, cujo cenrio foi um hospital pblico universitrio, localizado na cidade do Rio de Janeiro. Os sujeitos foram vinte trabalhadores das equipes de enfermagem, atuantes nos setores de terapia intensiva e enfermarias cirrgicas. Os dados foram coletados por meio de entrevista semi-estruturada, no ms de julho do ano de 2009. Procedeu-se anlise temtica de contedo, a qual propiciou a criao de quatro categorias empricas: categoria 1: contextos e determinantes das adaptaes/improvisaes; categoria 2: pr-requisitos para a realizao das adaptaes/improvisaes; categoria 3: aspectos subjetivos vinculados prtica do adaptar/improvisar e categoria 4: a face positiva e a face negativa do adaptar/improvisar as repercusses na saúde do trabalhador. Concluiu-se que as percepes dos trabalhadores de enfermagem sobre a prtica do adaptar/improvisar caracteriza-se contraditria ou dialtica, com respostas que envolvem o sofrimento e o prazer; a satisfao e a insatisfao; a motivao e a desmotivao, entre outras contradies. Constatou-se que as adaptaes e improvisaes so elaboradas, predominantemente, para garantir que o cuidado seja prestado, pois diante de um contexto de precarizao, a falta de recursos quase que inviabiliza a prestao do cuidado, e esta prtica caracteriza-se como uma artimanha ou um ajuste no processo de trabalho o qual assegura que a tarefa seja cumprida. Verificou-se que esta prtica tem impactos negativos na saúde, espoliando fsica e psiquicamente os trabalhadores de enfermagem.
Resumo:
Na organizao do trabalho hospitalar h vrios determinantes que acarretam no desgaste psicofsico do trabalhador de enfermagem, mesmo com o discurso de que gostam da profisso e se sentem realizados em cuidar de pessoas enfermas, especialmente, no cuidado de clientes adoecidos com o HIV/Aids. A Psicodinmica do Trabalho uma cincia que possibilita analisar a configurao da organizao laboral, a qual comprovadamente incide na dimenso subjetiva do trabalhador, identificando o sofrimento psquico, o que potencializa o desenvolvimento de doenas mentais, entre elas a Sndrome de Burnout. Nesta perspectiva, o objeto deste estudo trata da organizao do trabalho na Unidade de Doena Infecto-Contagiosa, espao de cuidado de clientes com HIV/Aids e a ocorrncia de Burnout entre os trabalhadores de enfermagem que atuam neste espao laboral. A fim de apreender o objeto traaram-se trs objetivos: a) identificar a percepo dos trabalhadores acerca das caractersticas do trabalho de enfermagem no contexto da Unidade de Doena Infecto-Contagiosa, local de assistncia ao cliente portador do HIV/Aids; b) descrever as repercusses no processo saúde-doena dos trabalhadores de enfermagem decorrente da assistncia ao cliente com HIV/AIDS; e c) analisar as repercusses do processo saúde-doena dos trabalhadores de enfermagem com vistas identificao de situaes do aparecimento da Sndrome de Burnout. Para a realizao desta pesquisa, optou-se pela abordagem qualitativa, de carter descritivo e exploratrio. Os dados foram obtidos nos meses de maio a agosto de 2010, utilizando as seguintes fontes de coleta de informaes: a entrevista semi-estruturada e o formulrio Maslach Burnout Inventory. Optou-se por analisar as informaes atravs do Mtodo de Anlise Temtica de Contedo. Os resultados indicaram que o perfil do profissional de enfermagem era composto por trabalhadores do sexo feminino, que estavam na faixa etria entre 44 e 54 anos de idade, na grande maioria tcnicos de enfermagem com tempo mdio de 2 a 10 anos de trabalho com clientes HIV/Aids. Verificou-se tambm que havia discrepncias marcantes entre o trabalho prescrito e o real, o que acarretava sofrimento para o profissional de enfermagem. Constatou-se tambm que o sofrimento psquico resultava da vivncia cotidiana do processo de morte/morrer do cliente com HIV/Aids, pelo profissional de enfermagem. Alm disso, este sofrimento era determinado tambm pela precarizao das relaes e das condies de trabalho. Concluiu-se que havia vrios trabalhadores com fortes indcios de ocorrncia de Burnout, tanto porque a organizao do trabalho se configurava como incoerente e pouco racional como pelas caractersticas do processo de cuidar do cliente com HIV/Aids. Recomendam-se medidas que promovam a saúde dos trabalhadores de enfermagem e previnam os agravos em seus processos saúde-doena, tais como: a diminuio da carga emocional de trabalho, grupos de reflexo, ginstica laboral, entre outras. preciso haver conscientizao dos gestores, vontade poltica e estmulo da organizao laboral para que os trabalhadores participem.
Resumo:
O presente trabalho visa analisar as condies do processo de trabalho de uma empresa mineradora, de capital multinacional, em usinas de pelotizao, instaladas em Anchieta/ES. Pretende, tambm, examinar os determinantes desse processo e as conseqncias para a saúde dos trabalhadores, levando em considerao sua exposio aos riscos, relacionadas destruio do meio ambiente. Os procedimentos metodolgicos adotados na pesquisa consistiram basicamente de estudo bibliogrfico, anlise documental e aplicao de questionrios aos trabalhadores da empresa residentes nesse municpio. O estudo parte da relao existente entre capital, trabalho e saúde do trabalhador, tendo como marco histrico a revoluo industrial. Destacam-se nesse resgate os diferentes momentos do sistema produtivo capitalista, fazendo um paralelo com os sistemas de saúde em relao ao trabalhador. Verificamos que, com a expanso dos estudos sobre trabalho e saúde do trabalhador, as discusses no ficaram restritas ao cho da fbrica, passando a articular o mundo da produo e o ambiente de trabalho, introduzindo o debate sobre a deteriorao das condies ambientais em escala planetria no atual estgio de desenvolvimento do capitalismo. O campo de anlise em que os aspectos pontuados so examinados a cidade de Anchieta/ES, onde se localiza a empresa pesquisada. O processo de operao das usinas de pelotizao nessa localidade transformou o pequeno lugarejo praiano, que vivia apenas da pesca, da agricultura familiar e do turismo tradicional, no litoral sul do Esprito Santo, em sede de um possvel conglomerado de empresas e indstrias ligadas ao minrio, siderurgia, ao petrleo e gs. Como resultantes dos efeitos desse processo de produo, nas condies de vida dos trabalhadores, observa-se que as alteraes produzidas pela empresa influenciam destrutivamente as duas principais fontes de produo da sua riqueza: a natureza, configurada no meio-ambiente local e nacional, e a fora de trabalho nela alocada que fica submetida a todos os fatores de risco a sua saúde.
Resumo:
A presente tese de doutorado prope-se a investigar o ldico como um ingrediente das situaes de trabalho. Tem-se como referncia terica os materiais oriundos da Ergologia e das abordagens clinicas sobre trabalho: Psicodinmica do Trabalho e Clinica da Atividade. Os autores pesquisados concordam que independentemente de poca histrica, cultura e classe social, jogar e brincar fazem parte da vida da criana, onde real e imaginrio se confundem. O jogo constitui uma funo to fundamental para a humanidade quanto a razo e a fabricao de objetos. A cultura possui um carter essencialmente ldico; no jogo e pelo jogo que a civilizao surge e se desenvolve. O brincar uma atividade humana universal, prpria da saúde, fundamento de todo o viver criativo, assim como da arte e da cultura. O prprio homem medieval muito sensvel ao ldico e convive a cada instante com o riso e com a brincadeira. O foco desta pesquisa foi uma aproximao realidade do trabalho de alguns integrantes de um Programa Adolescente Trabalhador, com idade entre 14 e 18 anos. O campo emprico foi a Gerncia Regional de Logstica do Banco do Brasil, situada no bairro do Andara, no municpio do Rio de Janeiro. Sete adolescentes participaram da Comunidade Ampliada de Pesquisa. O trabalho de campo foi norteado pela preocupao em evitar a supremacia do saber cientfico em relao a saberes advindos da prtica. Este trabalho de pesquisa no se props a pesquisar a realidade de trabalho dos menores, mas investigar os movimentos discursivos produzidos nos Encontros desta Comunidade de Pesquisa. Conforme a abordagem da Clnica da Atividade chama-se ateno para vrios impedimentos da emergncia da dimenso ldica em funo dos constrangimentos da organizao do trabalho. Por fim, questiona-se que modos de gesto olham para a realidade e o real do trabalho e da atividade, aceitando o ldico como foco analtico, incorporando essa reserva de alternativa, investigando toda uma riqueza a potencialmente presente e desconhecida.