2 resultados para Marguerite, soeur
em Biblioteca Digital de Teses e Dissertações Eletrônicas da UERJ
Resumo:
O presente trabalho tem como intuito investigar as possíveis implicações entre a angústia e a mulher. Nosso objetivo principal é pesquisar de que maneira a mulher experimenta a angústia e como este estado afetivo irrompe na vida psíquica feminina. Para tanto, recorremos a uma pesquisa na bibliografia psicanalítica sobre o tema, sobretudo na obra de Freud e no ensino de Lacan. Partimos da indicação daquele autor de que a angústia de castração, que se demonstra estruturante da vida psíquica do homem, não se apresenta como a base da angústia no outro sexo. O correlato da angústia de castração é o medo de perder o amor, que nos remete à investigação de um período arcaico da história da mulher: sua relação pré-edipiana com a mãe. Este primeiro enlace amoroso, que a mulher reeditará constantemente a cada novo encontro amoroso, servirá de base para toda sua vida erótica. Serviremo-nos, a fim de ilustrar esta questão, do romance O Amante, de Marguerite Duras, e da obra de Camille Claudel que demonstram a intrínseca relação devastadora entre a mulher, a angústia, o amor e a mãe.
Resumo:
A presente tese investiga as poéticas do trágico nas obras teatrais de Eurípides (Grécia, c. 484 406 a.C.), Johann Wolfgang von Goethe (Alemanha, 1749 1832) e Federico García Lorca (Espanha, 1898 1936) e defende que, nos três autores, as concepções estéticas do trágico se constituem principalmente sobre a representação poética do filicídio materno. A antinomia trágica engendrada, metaforicamente, no assassinato da criança pelas mãos daquela que lhe deu a vida é tema de Medeia (431 a.C.), Tragédia de Margarida (1790) e Yerma (1934), obras fundamentais para compreender a visada trágica dos três poetas aqui, em respectivo, estudados. O conflito com o sagrado e com a razão, ao apontar para a afirmação trágica do corpo e do feminino, frequenta as três obras. O paralelismo entre as dimensões política e estética é, por conseguinte, patente nos três dramas, ao mesmo tempo em que cada um dos autores, com contexto e assinatura próprios, configura uma ideia estética acerca do trágico inteiramente singular. O diálogo entre literatura e filosofia, ou entre intuição e conceito, atravessa, nesta tese, a leitura do trágico na metáfora do filicídio. Sob tal perspectiva, a Medeia de Eurípides impõe-se no centro do debate entre socráticos e sofistas, e aborda temas, como o domínio das paixões sobre a razão, que também aliciaram autores como Platão, Aristóteles e Nietzsche. A Gretchentragödie, de Goethe, apresenta-se, por sua vez, como obra poética aonde convergem as mais calorosas discussões estéticas do moderno pensamento alemão, como as questões do sublime (Kant, Schiller) e da vontade (Schopenhauer). Yerma, de García Lorca, será também uma obra de convergência filosófica, expressando a nueva manera espiritualista que marca a última fase da produção lorquiana: a perspectiva trágica de Nietzsche, na afirmação do corpo como grande razão, assim como o diálogo de Lorca com o pensamento de Miguel de Unamuno sobre El sentimiento trágico de la vida, caracteriza uma espécie de tragédia às avessas, que nega o sagrado e afirma o trágico como síntese libertária do eu, do corpo e do feminino